sábado, 31 de outubro de 2020

Guerra eleitoral americana mobiliza celebridades e músicos do rock

Marcelo Moreira

"Faça a América Grande Novamente." Então vote em Joe Biden para presidente dos Estados Unidos. Expulsar Donald Trump da Casa Branca deveria ser um dever cívico de todo cidadão norte-americano. Aliás, dever cívico é votar em um país onde o voto não é obrigatório e os índices de comparecimento às urnas são tradicionalmente baixos no berço da democracia.

O slogan do começo do texto é de Trump, usado desde a campanha de 2016, quando ele surpreendentemente ganhou da da democrata Hillary Clinton. Claro que não passa de mais uma trapaça de um milionário embusteiro que não paga imposto e que apoia supremacistas brancos, racistas e nazistas de todos os tipos.

Assim como em 2016, Trump vai perder feio no total de votos populares, mas tem chance de ganhar no colégio eleitoral, que é onde se decide a eleição, com os delegados estaduais. Sua reeleição será uma tragédia.

Não são poucos os analistas políticos pelo mundo que reforçam a ideia de que a democracia está ameaçada nos Estados Unidos por um presidente que não respeita as leis, que ignora o respeito aos direitos humanos e o meio ambiente. 

Sua pavorosa atuação no combate à covid-19 - que o acometeu, inclusive - é a responsável pelo país liderar as estatísticas mundiais de mortes e número de infectados. 

Sua política externa é perigosa por conta das idiotices que fala e pratica em relação à China e pelos acordos espúrios e inacreditáveis que patrocina em relação a algumas nações árabes pouco relevantes no reatamento com Israel.

Não é à toa que um ser execrável e desqualificado como Trump é admirado por uma figura risível como Jair Bolsonaro, presidente do Brasil e ainda mais tosco e primitivo, mas igualmente perigoso e depredador.

É claro que Trump, desprezível e que reúne os priores predicados, atrairia o apoio de artistas controversos e pouco afeitos á democracia. No rock, são vários e notórios os músicos que ignoram os malfeitos e se mostram seduzidos pela "personalidade diferente e por um genuíno sentimento de patriotismo", seja lá o que quis dizer um conhecido ator de TV.

É claro que entre os seus apoiadores está Ted Nugent, conhecido guitarrista de hard rock que fez alguns trabalhos legais nos anos 70 com a banda Amboy Dukes e em carreira solo.



Dave Grohl, dos Foo Fighters, apoia Joe Biden (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Nugent, no entanto, nunca disfarçou suas tendências direitistas, preconceituosas, discriminatórias e homofóbicas, além de racistas. Detesta imigrantes e é um fervoroso defensor do porte de armas. Há quem garanta que também detesta negros, mas até hoje nenhuma declaração pública dele neste sentido apareceu.

O cantor Kid Rock e outro que não tem vergonha de se associar a uma figura nesta campanha. Já o tinha fito em 2016. Para ele, o atual presidente defende os "verdadeiros valores americanos", embora não saiba se expressar direito sobre quais são esses valores.

Surpreendente foi o anúncio o público de Ace Frehley (ex-Kiss), em uma entrevista. Para ele, Trump, como todos os políticos, tem seus esqueletos nos armários, mas parece sincero em suas proposições e em sua atuação pra garantir o melhor para o país.

Do outro lado do Atlântico, o inglês John Lydon/Johnny Rotten, ex-vocalista dos Sex Pistols, deixou-se fotografar em entrevistas com camisetas em apoio a Trump. Ele não pode votar, mas nem assim desistiu de passar vergonha, tendo imensas dificuldades em explicar o porquê de um punk icônico apoiar um republicado direitista que reúne os piores predicados.

Joe Biden, o candidato republicano, reúne as maiores esperanças de vencer e acabar com o reinado de estupidez e de destruição da ética e bom senso que domina a política norte-americana. Tem o apoio da imensa maioria das celebridades do entretenimento e do esporte.

Entre os atores, destacam-se Tom Hanks, Jennifer Aniston, e Dwight Johnson (The Rock), além de gente como Susan Sarandon, Tim Robbins e muitos outros.

No rock, Biden conseguiu o apoio de pesos pesados como Dave Grohl (Foo Fighters), Tom Morello e Zack de la Rocha (Rage Against the Machine) e Jon Bon Jovi, além de personalidades da música alternativa, como integrantes de bandas como Bad Religion. Em relação a outros gêneros musicais, os destaques são Taylor Swift, John Legend e Billie Eilish.

O maior desafio desses artistas será neutralizar uma campanha diversionista de Trump para que eleitores de algumas minorias - negros e hispânicos - não compareçam pra votar em estados importantes, como a Flórida. 

Neste estado, vergonhosamente pastores evangélicos incentivam abertamente latinos com cidadania a ficarem em casa, o que poderia dar algum tipo de vantagem a Trump, segundo alguns analistas.

Misógino, xenófobo, racista e preconceituoso, inacreditavelmente tem uma parcela expressiva de votos de negros e hispânicos, além de mulheres, em todos os segmentos. 

A vantagem de Biden nas pesquisas é grande, mas não o suficiente para lhe dar a vitória. É certeza que terá mais votos que Trump, mas nada lhe garante que tenha mais de 270 delegados para consumar a vitória no colégio eleitoral.

Clique aqui para saber como funciona o sistema de eleição presidencial nos Estados Unidos, em que, de forma preocupante, quem tem mais votos às vezes não ganha, como ocorreu em 2000, com George W. Bush, e em 2016, com Donald Trump.

Notas roqueiras: The Damnnation, Riders Machines, REV, Sepulchral Voice...



The Damnnation (FOTO: DVULGAÇÃO)

 - A nova banda brasileira de metal, The Damnnation, está lançando o videoclipe do single "Apocalypse". A faixa faz parte do EP intitulado 'Parasite', que será lançado em novembro pelo selo Xaninho Discos. A banda também anunciou recentemente que irá se apresentar na 7° Edição do Roadie Crew Online Festival que acontece no dia 9 de Outubro ás 19H30 no canal oficial da Roadie Crew no Youtube. "Apocalypse" traz uma sonoridade nova e extremamente pesada, um estilo diferente dentro do metal extremo sendo difícil de classificar em apenas um gênero específico. O single está disponível em todas as plataformas digitais. Veja em https://www.youtube.com/watch?v=xGy11fruzy8

- Após um período de reestruturação, a banda Riders Machines (Campos dos Goytacazes/RJ)  remasterizou duas canções de seus primórdios. Segundo o vocalista Ig Red, “as músicas 'Are You Ready For Love?' (2016) e 'Poison In Your Heart' (2017) foram as primeiras composições da Riders Machines. Mesmo sendo faixas demos e sem uma grande produção por trás, desde os momentos iniciais de suas composições, eu já sabia que o público ia gostar e se identificar com elas. Foi o nosso ponto de partida e ao mesmo tempo impulso no cenário autoral”. Gravadas no estúdio Hammer, também situado em Campos dos Goytacazes, as músicas foram remasterizadas por Magnus Leal, um dos atuais
guitarristas da banda, e contam com projeto gráfico feito por Eduardo Alves. “Are You Ready For Love?” pode ser conferida em https://www.youtube.com/watch?v=W9ik9emDEIg

- A cantora REV lançou o seu primeiro EP, que compõe o projeto"Strive". O nome escolhido para o trabalho significa "esforçar-se" em inglês, refletindo a jornada de vida da cantora gaúcha, tópico muito
presente nas letras das suas faixas. As cinco músicas autorais, que chegam agora, fazem parte de "Strive
Part 1". Elas foram altamente inspiradas em momentos da vida de REV, entre sua mudança para Los Angeles, saúde mental e relacionamentos.

- Os mineiros do Sepulchral Voice, que divulgam seu álbum de estreia, "Evil Never Rests", lançado em junho desse ano, estão confirmados em dois festivais online que serão realizados nesse final de semana do Halloween/Dia das Bruxas. Um deles é o Ritual Metal Show Festival Online, que será transmitido em dois dias (31/10 e 01/11), a partir das 13h pelo canal do youtube da produtora Macabre Cemetery Producões, com o vídeo/collab para a faixa "Killer Instinct". Ritual Metal Show Festival Online (31/10 - 01/10) - www.youtube.com/channel/UCuYSXPccHvA4tjGl1Euf-Jg

Sean Connery engrandeceu o rock ao 'gravar' uma música dos Beatles

 Marcelo Moreira

Sean Connery como James Bond (FOTO: DIVULGAÇÃO/REPRODUÇÃO)

Um cavalheiro nacionalista, que gostava de futebol de futebol, bons vinhos e de músicas erudita, mas também respeitava os amigos que pensavam diferente - e até colaborava com eles.

Sean Connery, o ator escocês que morreu aos 90 aos neste sábado (31), era muito mais do que o primeiro James Bond-007 no cinema - ninguém encarnou o personagem do escritor Ian Fleming nas telas como ele.

Torcedor fanático, nunca admitiu que a seleção da Escócia nunca passou de um time medíocre em qualquer fase fase da história. 

Como não se lembrar dele nos camarotes do estádio francês na abertura da Copa da França, em 1998, inconformado com a derrota de 2 a 1 para o Brasil, então atual campeão mundial? 

Tempos depois, ele declarou que realmente achou que o time dele poderia ganhar aquele jogo - mero delírio, já que a Escócia foi eliminada na primeira fase, como sempre, ao empatar com Noruega por 2 a 2 e perder vergonhosamente para Marrocos por 3 a 1.

Além 007, ele desempenhou papéis memoráveis o cinema, como pai de Indiana Jones, o soldado alucinado e deslumbrado em "Homem Que Queria Ser Rei", o Robin Hood envelhecido no soberbo "Robin and Marian" e o policial durão de "Os Intocáveis", que lhe valeu o Oscar de ator coadjuvante.

Feiro cavalheiro da Rainha, ganhou o título de Sir, e foi nessa condição conflitante - sempre foi ardoroso defensor da independência da Escócia, que desde 1707 é integrante do Reino Unido - que aceitou colaborar com um projeto de George Martin, um antigo amigo dos anos 60.

Martin foi produtor dos Beatles e quis gravar um álbum para chamar de seu em 1998. Chamou alguns amigos e regravou temas dos quatro rapazes de Livepool, mas de uma forma diferente e sob a sua ótica de músico erudito.

O álbum foi chamado "In My Life" e tem o maior de todos os méritos de registrar uma versão extraordinária de Jeff Beck para "A Day in the Life", que até hoje está presente em seus shows. 


Curiosamente, "In My Life", canção dos Beatles do álbum "Rubber Soul", foi interpretada por Sean Connery, que nunca, jamais, havia chegado perto do rock ou da música pop.

Interpretar é um modo de dizer. Connery declamou a letra, de forma comovente, sobre uma base de metais e cordas muito bem arranjada por Martin.

Vez ou outra ele escorregava e tentava dar um ar musical, mas não passa de uma declamação de um poema, digamos assim. Ficou bom, mas estranho em um álbum musical.

Para Martin, não havia melhor forma de homenagear o amigo ator do que colocá-lo em um ambiente novo e desafiador, fato que Connery adorou, sentindo-se lisonjeado.

Foi uma contribuição singela, mas interessante, do grande ator para o mundo do rock, engrandecendo, de seu jeito, a obra dos Beatles, a maior de todas as  bandas de rock.

Notas roqueiras: Nervosa, Angra, Seu Juvenal...

 

Nervosa (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- A banda Nervosa está divulgando a primeira parte de um documentário sobre as gravações do álbum "Perpetual Chaos", que será o quarto da banda e o primeiro da nova formação, agora um quarteto. Na verdade, a ideia do documentário, que terá quatro partes, é registrar a nova fase da Nervosa, desde o encontro entre as musicistas - cada uma de uma nação, não se conheciam pessoalmente e fizeram bagunça no aeroporto espanhol - até as cansativas sessões de gravação da bateria e no cotidiano no estúdio, na cidade espanhola de Málaga. O ambiente é muito parecido com o estúdio Fusão, de Thiago Bianchi, na Grande São Paulo, que fica em uma área afastada rural, com acomodações para que músicos passem uma temporada no local. A formação atual conta com Prika Amaral (guitarra), fundadora da banda, Mia Wallace (baixo, que é italiana), Diva Satanica (voz, que é espanhola) e Eleni Nota (bateria, que é grega).

- Assim como Sepultura tem seus fantasmas para exorcizar, como os persistentes rumores de reunião com os irmãos Cavalera, o Angra não consegue resolver as pendências históricas com ex-integrantes. Quando parecia que as relações entrariam em um período "civilizado", o guitarrista Rafael Bittencourt, o único remanescente da formação original, desancou dois dos ex-integrantes em entrevista ao canal de YouTube Heavy Talk. Relembrou que não gostou do fato de que o ex-vocalista Edu Falaschi ter criado uma turnê com músicas da banda da época de sua passagem, chamando-o de paranoico e ingênuo, e criticou duramente o ex-baterista Aquiles Priester por conta do comportamento deste, chamando-o de mentiroso e de ter problemas de caráter. Entretanto, disse que não se recusaria a subir ao palco com ele em um eventual show de comemoração de 30 anos de criação do Angra. Provavelmente, se vier a ocorrer alguma celebração por conta da data, será um tanto esvaziada.

- A banda mineira Seu Juvenal lançou seu novo álbum de estúdio, "Brincando Com Ódio", que reúne oito músicas inéditas gravadas no estúdio Sonastério, em Nova Lima/MG. O grupo é formado pelo guitarrista Edson Zacca, o baixista Fabiano Minimim, o vocalista Bruno Bastos e o baterista Renato Zaca. A capa do novo disco do Seu Juvenal  ilustra a crítica que a banda faz em relação ao presente do Brasil e à alienação quanto ao fascista governo brasileiro. O grupo reforça a ideia que nasceu obstinada a trair movimentos e além de terem uma forte posição política, trazem influencias Nelson Cavaquinho, The Stooges, Sonic Youth e Venom. Veja o clipe de "montanha" - https://youtu.be/16GNh8Zx2uk


A batalha entre civilização e barbárie no Brasil entra em fase crucial

 Marcelo Moreira



Governadora filha de professor que defende o nazismo e nega o Holocausto assume o cargo e mantém silêncio sobre o passado; moradora de condomínio de casas de luxo que nega a entrada do entregador de comida pelo fato de ser negro - e o chama de macaco; "cidadãos de bem" falam explicitamente em votar em candidatos que prometem cortar verbas de auxílio a moradores de rua; apoiadores de políticos fascistas vomitam nas redes sociais que meio ambiente e floresta atrapalham o progresso

De que esgoto saiu toda essa gente?

Não são poucos os cientistas sociais que enxergam no modelo social existente em parte expressiva do mundo a origem desse fascismo e o ódio aos direitos humanos.

Para estes estudiosos, se o neoliberalismo não supriu as necessidades políticas, econômicas e sociais de grande parte da população, a esquerda muito menos, cabendo a esta a culpa de ter agravado muitos dos problemas antigos e de ter "traído" o povo com suas promessas de redução de desigualdades - ainda que efetivamente tenha tido sucesso neste aspecto na maioria dos países que governou,como Brasil, Bolívia, Chile, Portugal, Espanha e muitos outros.

Essa gente burras, ao que parece, prefere ser enganada por políticos reconhecidamente corruptos e fascistas, daqueles que clamam por mortes aos montes de supostos bandidos e que não suportam ser confrontados dentro de um ambiente de liberdade de expressão.

Historiadores explicam a dificuldade de pensamentos democráticos engrenarem em países como Alemanha e Rússia no século XX  por conta de séculos de opressão, tiranias e monarquias absolutistas. Algo parecido pode ser explicado em relação ao Brasil, com apenas alguns espasmos democráticos desde a sua independência.

É uma sociedade acomodada aos desmandos de caciques e chefetes políticos de todos os calibres, desacostumada e incomodada com a liberdade de expressão, opinião e de imprensa e incapaz de projetar uma ideia de futuro em que haja algum tipo de igualdade.

É uma herança nefasta ibérica, onde a cultura do privilégio ficou de tal forma arraigada que necessita de tal comodismo e um conservadorismo retrógrado como pilastras de um sistema desigual e injusto. Para que isso se mantenha, violência, autoritarismo e totalitarismo são requisitos básicos.

A admiração por facínoras e o racismo latente - e agora explícito - são sintomas de um empoderamento de parcela importante da população brasileira que vê na ignorância uma arma poderosa pata impor seu ponto de vista medieval e tacanha.

A chega do homem medíocre ao poder, com tudo de ruim e nada de bom, reforça a corrente de pensamento de que o brasileiro é um analfabeto político e um povo que prefere o parioquialismo e o assistencialismo rasteiro a qualquer tipo de debate ou caminho para o progresso.

Brasileiro vota em busca de benefícios e em quem oferece vantagens. É assim na eleição para vereador e para deputado federal ou senador. Cai na lábia do primeiro vagabundo demagogo. É incapaz de enxergar um pouco mais além do que o próprio bolso. 

Votando com o bolso ou de olho em qualquer carguinho ou auxílio-esmola, chama todos os esquerdistas de traidores porque resistiram às políticas populistas - ou à maioria delas - e não resolveram todos os problemas do mundo em quatro anos.

E a vagabunda moradora do condomínio de luxo que proibiu a entrada do entregador negro no condomínio agora tem orgulho de bradar que não precisa mais dividir aeroporto com pobres e pretos; não precisa conviver com eles dentro de sua "fortaleza".

Certamente ela e os eleitores catarinenses não estão se importando se a nova governadora, empossa recentemente, é filha de um professor ardoroso defensor do nazismo e que nega a existência do Holocausto. 

E daí? Será que ninguém está curioso para saber se ela também admira Adolf Hitler ou se em algum momento aventou a possibilidade de ao menos discutir algum tipo de política higienista?

Já tem gente passando o pano e tentando defender a tal governadora, afirmando que ela jamais fez qualquer defesa do nazismo, seja como advogada ou como política de carreira. 

A questão é justamente o oposto. Sendo filha de nazista, existe algum tipo de declaração ou postura dela distanciando-se das ideias do pai? 

Até o momento, não foram encontrados registros de qualquer tipo execrando o nazismo ou qualquer tipo de fascismo. Nenhuma crítica às ideias nefastas do pai veio à tona, ao menos por enquanto. É um silêncio ensurdecedor, ainda que concedamos o benefício da dúvida - benefício temporário.

Por falar em higienização, não são poucas as pessoas que estão elogiando candidatos a vereador em São Paulo que prometem "solução" para "acabar" com os moradores de rua e com os "drogados" da Cracolândia.

Tais candidatos, quase todos apoiando um certo postulante à prefeitura apoiado pelo nefasto presidente da República, falam abertamente em acabar com políticas públicas de ajuda aos sem-teto e cortar verbas de programas de auxílio a essa parcela da população.

Estamos assistindo ao progressivo processo de desumanização da sociedade e do ambiente político. Ultrapassamos a fase de ficarmos horrorizados de ver pobre votando na direita e na extrema-direita, em candidatos que abertamente prometem implantar políticas públicas que vão prejudicar exatamente os mais vulneráveis - e os mais pobres.

E, como tem sido recorrente ao longo de 2019 e 2020, é grande o número de pessoas que se dizem roqueiras que aplaudem esse tipo de coisa, justamente pessoas que se dizem "esclarecidas" e "diferenciadas" por gostarem de rock, em, oposição aos "ignorantes" sertanejos e pagodeiros. 

Como é possível que o fascismo e o horror a políticas mais progressistas e mais igualitárias tenham proliferado de m,odo tão preocupante entre os (supostos) amantes das artes, da cultura e da educação?

Uma eventual derrota de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos está sendo ansiada pela intelligentsia nacional como o pontapé da derrocada bolsonara. Não contemos com isso. 

O caminho dos brasileiros para se livrar do autoritarismo será longo e acidentado. Não será fácil como aparentemente está sendo em outros lugares do mundo.

Sobre o impacto da pandemia no panorama político do Brasil, uma reflexão interessante surgiu nesta semana no programa "Provocações", da TV Cultura, que perdeu muito de sua relevância por conta das posturas conservadoras e antiprogressistas do apresentador Marcelo Tas.

Mas ele acertou ao entrevistar Renato Meirelles, presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva. Ele   afirmou que o vírus alterou o cenário polarizado do país: "Até a pandemia, você tinha uma polarização entre o que seria a esquerda versus o que seria a direita. A polarização mudou; virou uma polarização entre quem defende a vida e quem defende o vírus. Então, a gente trocou uma polarização de esquerda versus direita por uma de civilização versus a barbárie".

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Notas roqueiras: Tribal Scream, Raide, Black Days...

Tribal Scream (FOTO: DIVULGAÇÃO)

 - A banda Tribal Scream está lançando o primeiro EP com o nome do grupo. É a nova empreitada dos músicos Vítor Rodrigues (vocais, ex-Torture Squad e Voodoopriest), Maurício Nogueira (guitarra, com colaborações com Krisiun, Torture Squad e Matanza), Vinnie Savastanno (baixo, ex-Rygel) e Estevam furlan (ex-Kamala e Sangre). Serão três músicas misturando thrash e death metal e já estão disponíveis nos serviços de streaming.

- Surgida na cidade de Itatiba/SP em 2018, a Raide tem seu som calcado naquele rock nacional que fez sucesso nos anos 80, tendo como referência, nomes como Capital Inicial, Barão Vermelho e afins. A banda lançou em 2019 seu trabalho de estreia, o EP “Estou Aqui”, e no meio desse ano disponibilizou um vídeo oficial para a faixa-título, que pode ser visto no link https://www.youtube.com/watch?v=qbxYvp_PVao

- O isolamento social imposto pela pandemia mudou tudo. Afetou principalmente relações humanas e a forma como o indivíduo interage e sente o meio. Houve tensão quanto ao futuro e repiques do presente. No fim tudo foram - e tudo são - vivências, que o Black Days transformou e experimentou em vários níveis de energia e texturas no EP "Cyberpunk". A primeira mostra disso é a música “Sangue e Alma”, já no streaming: https://song.link/JGpJtq9GghbX3. Também ganha um neon e dinâmico videoclipe, dirigido por Felipe Vieira (Fredinho): https://youtu.be/rrPYZFfcJTQ. "Cyberpunk" conta com quatro músicas que serão lançadas uma a uma, em todas as plataformas de streaming e com versão em videoclipe. O EP completo sai junto à quarta faixa, “Amigo Oculto”, no dia 27 de novembro.

 


 

AC/DC libera clipe da música ‘Shot in the Dark’

  Do site Roque Reverso

AC/DC (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O AC/DC lançou oficialmente nesta segunda-feira, 26 de outubro, o clipe da música “Shot In The Dark”. O vídeo contou com direção de David Mallet e produção de Dione Orrom.

“Shot In The Dark” foi lançada oficialmente como single no dia 7 de outubro e foi a primeira amostra do novo álbum que o lendário grupo australiano lançará no último bimestre de 2020.

“Power Up” é o nome do aguardado disco e tem o dia 13 de novembro como data oficial de lançamento mundial.

Serão 12 faixas no total, sendo que o carro-chefe “Shot In The Dark” é a terceira delas. No clipe dessa faixa, todo em tons de vermelho e preto, a banda aparece fazendo o básico: tocando o bom e velho rock and roll que ensinou o mundo a apreciar.

“Power Up” sucederá o disco “Rock or Bust”, lançado em 2014. Será o primeiro álbum da banda desde a morte do guitarrista Malcolm Young, irmão do guitarrista Angus Young e figura decisiva e insubstituível na história do AC/DC.

O disco será lançado em diversos formatos. Há os tradicionais CD e vinil, além do formato digital para download. O fã que tiver um recurso a mais poderá obter uma edição limitada deluxe que vem numa caixa iluminada.

Para alegria dos fãs, o álbum traz, além do eterno guitarrista Angus Young, os retornos do vocalista Brian Johnson, do baterista Phil Rudd e até do baixista Cliff Williams, que já havia anunciado aposentadoria em 2016.

Completa a banda o guitarrista Stevie Young, sobrinho dos irmãos fundadores da banda que passou a integrar o grupo desde que a banda confirmou o estado de demência do saudoso Malcolm Young.

No ano no qual o mundo parou por causa da pandemia de covid-19, o novo disco do AC/DC é uma das notícias mais alentadoras. Para o fã de carteirinha da banda, a notícia ainda é ainda mais feliz já que desde o adoecimento de Malcolm Young e seu afastamento em 2014, quase tudo é zica no AC/DC.

O baterista Phil Rudd enfrentou problemas nada leves com a justiça da Nova Zelândia. O vocalista Brian Johnson, com problemas auditivos, foi chutado da banda por Angus Young e provisoriamente substituído por uma versão pacificada de Axl Rose. Noticiou-se até que Angus e Axl planejavam gravar um disco. Ainda houve a aposentadoria de Cliff Williams e a pancada definitiva: a morte de Malcolm Young, em novembro de 2017.


 

O terrorismo é impotente contra a liberdade e não vencerá

Marcelo Moreira


Mais uma vez os radicais islâmicos escolheram a França como alvo de sua intolerância. Os recentes ataques terroristas "individuais", digamos assim, se ataques mostraram tão letais, espantosos e assustadores quanto os mega-atentados com vários mortos.

Os novos ataques, feitos aparentemente por indivíduos sozinhos aparentemente sem suporte de equipes treinadas, são um recado claro a quem defende as liberdades gerais: ninguém está a salvo: um lixo humano fanático ode entrar em uma igreja e esfaquear apenas uma pessoa e matá-la, mas o barbarismo estará feito, completo e divulgado.

Foram apenas quatro mortos a facadas nos dois atentados recentes em Nice e em Paris, mas o horror e a repugnância foram os mesmos, elevando alerta antiterrorismo na Europa.

Tudo isso ocorre dias antes da data que marca os cinco anos dos maiores atentados terroristas ocorridos na Europa neste século. Em 2015, a capital francesa foi alvo de ataques coordenados que deixaram quase 200 mortos.

O principal alvo foi um show de rock na casa de shows Bataclan. Durante uma apresentação da banda norte-americana Eagles of Death Metal, terroristas mataram quase 100 pessoas na plateia. 

Eram dois alvos cruciais que simbolizavam a cultura ocidental e o suposto "modo de vida"  de perdição, o rock e um jogo de futebol, no caso um amistoso entre Alemanha e França no Stade de France, que ocorria quase ao mesmo tempo do show. O ataque ao estádio fracassou.

O radicalismo islâmico sempre teve o rock como inimigo, muito embora nem de longe o Islã seja inimigo do rock, a julgar pela existência de várias bandas interessantes e importantes originadas de países muçulmanos. O problema, é claro, é o extremismo.

Uma hora iria acontecer. O terrorismo havia poupado o mundo do entretenimento nos últimos 45 anos sem motivos aparentes – o esporte, é bom lembrar, foi atacado em Munique, em 1972, durante a Olimpíada, quando militantes árabes-palestinos contribuíram para a morte de nove atletas israelenses. 

Houve quem dissesse que o fato de não ter havido um grande atentado em eventos culturais ao ar livre seria uma forma de "respeito" por parte de terroristas, que privilegiariam apenas alvos com relação direta ao seu ódio, seja ele qual for – capitalismo, comunismo, imperialismo, sionismo, intervenções diversas, catolicismo, islamismo… 

Se antes não houve uma grande tragédia em espetáculos musicais gigantes é porque faltou oportunidade ou competência aos terroristas. A quantidade de festivais de rock e de música em geral na Europa que reúnem mais 30 mil pessoas é enorme. Não seria fácil jogar um avião em meio a um estádio lotado? 

Nas redes sociais e até mesmo em alguns lugares da mídia internacional, como ocorre quando um atentado grande é perpetrado, surgem vários tontos relativizando a barbárie e condenando as vítimas, quando não comemorando. 

Aqui no Brasil surgiram aos montes na época do ataque ao Eagles of Death Metal e mesmo agora, com estúpidos inundando a internet com suas imundícies culpando as vítimas e apoiando as motivações dos extremistas.

Um jornalista francês publicou em um site de jornal do mesmo país logo após os atentados mensagem dizendo que os terroristas tinham vencido de novo, pois provocaram mudanças no comportamento dos cidadãos.

A indigência intelectual desse imbecil e de outros que relativizam as coisas – como aqueles que insistem em ficar comparando o tamanho dado pela imprensa às várias tragédias da atualidade – não pode turvar a visão para a realidade simples e crua: a vida sempre continua e as sociedades vítimas dos ataques se reerguem mais fortes do episódios, para desespero dos lixos humanos que apelam para o terror. 

U2 e Foo Fighters cancelaram apresentações em Paris na época, o que foi um efeito colateral desagradável, sem dúvida, mas apenas um acontecimento circunstancial, adotado por medidas de segurança. O terror não impediu a realização dos eventos, apenas os adiou.

Para nossa sorte, o terror não esse poder. Assusta, aterroriza, mas também fortalece e aumenta o espírito de resistência. E o maior símbolo disso será o boneco gigante Eddie empunhando as bandeiras no palco do Iron Maiden, após sair de um campo de batalha. 

E o maior tributo às vítimas dos atentados de Paris, em especial às que morreram na casa de shows Le Bataclan, foi o retorno da banda norte-americana Eagles of Death Metal à cidade para tocar, tempos depois, dividindo o palco com o U2.

Os shows, festivais e jogos de futebol continuarão cheios pela Europa e do mundo. O horror não vencerá. Continuaremos indo a shows, a restaurantes e a jogos de futebol. Nós venceremos no final.

Notas roqueiras: Krisiun, Grinding Reaction, Campo de Sangue, Segregatorum...

Krisiun (FOTO: DIVULGAÇÃO)


- Neste final de semana, entre os dias 31 de outubro e 1º de novembro, a live da semana está garantida através do “Projeto + Rock SP 2020, que reúne grandes bandas brasileiras, para um festival ao vivo no YouTube. O grande destaque do evento online, será a participação dos gigantes do death metal brasileiro, o Krisiun, que se apresenta no dia 31 de novembro ao lado das bandas Living Metal e Eyes of Beholder. No dia 1º de novembro, o renomado grupo de Hardcore do ABC paulista, o Grinding Reaction comanda o peso e agressividade com sua proposta crítica e muito bem elaborada. Também no dia 1º, as bandas Sub!, Necromancia e Scars se apresentam no festival. O “Projeto + Rock SP 2020” será transmitido a partir das 18h em ambos os dias e será transmitido no canal “L&E Produção”. Link do canal - https://www.youtube.com/channel/UCF1qA-_mOxf7ml76q6RxsEQ

- Enquanto se prepara para entrar em estúdio e inicia a gravação de novas músicas, o Campo de Sangue anuncia mudanças importantes em sua formação. O baterista Fernando Oliveira não faz mais parte da banda, com o Campo de Sangue encontrando uma solução caseira para sua saída. A bateria agora será ocupada pelo guitarrista base da banda, Cristian Duarte. Enquanto o novo material não chega aos fãs, você pode ouvir o single “Sobrevivendo” nas plataformas de streaming. Confira:
https://open.spotify.com/track/5l25zy3gGQSKlsBabbAUcd

- No dia 20 de novembro, a banda gaúcha Segregatorum participará do festival online Chaos Metal Fest, produzido por Ederson Leão em parceria com a Kaotic Records, onde apresentará uma faixa inédita, que fará parte de seu novo álbum. Lucas Lazzarotto (vocal), Christian Gedoz e Luiz Felipe Dias Flores (guitarra), Lucas Carbonera (baixo) e Carlos Acosta (bateria), que no momento divulgam o EP ao vivo “Live In Desolation”, aproveitaram o trabalho em estúdio para gravar “Pia Mater”.

As buscas por músicas da Legião Urbana e os riscos à liberdade de expressão

 Marcelo Moreira

Renato Russo (FOTO: REPRODUÇÃO DA CAPA DO DISCO 'AS QUATRO ESTAÇÕES') 


Tudo o que envolve aspectos administrativos do espólio da Legião Urbana tem confusão. Muita coisa não cheira bem e esconde interesses que muitas vezes todas as partes mantêm no subsolo.

A receite Operação Será, no Rio de Janeiro, que a Polícia Civil empreendeu em busca de provas de haveria uma série de músicas inéditas gravadas em poder de produtores musicais, fede demais e traz uma grande preocupação em relação à liberdade de expressão. 

Policiais invadindo estúdios e produtoras em busca de obras de arte? Qualquer semelhança com governos fascistas não são mera coincidência, especialmente com o de Brasília.

O precedente é perigoso, e enseja muitos questionamentos a respeito de motivações e procedimentos de policiais despreparados e de inspiração fascista, assim como são várias as contestações a ordens judiciais deste tipo.

Sem entrar na questão do mérito das investigações e das "suspeitas", o fato é que as próprias entrevistas do delegado que comandou a operação colocam em dúvida as razões e os "indícios" para vasculhar escritórios de artistas produtores musicais e culturais.

A Operação Será começou há um ano por conta de uma denúncia do empresário Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo, que cuida da herança financeira e artística do pai, morto em 1996.

Ele acredita que existam fonogramas e gravações em posse de várias pessoas e que, na verdade, deveriam estar em, poder do espólio do cantor. Por isso é que os escritórios do advogado e pesquisador Marcelo Froes foram revistados e vasculhados.

As pistas e indícios apontados por Manfredini são muito frágeis, até porque Froes foi responsável por compilar e produzir discos póstumos de Renato Russo. Ainda assim, demonstrando prestígio e influência, conseguiu ordem judicial para a polícia investigar e recolher material em produtoras.

Controverso e polêmico, o filho de Renato Russo conseguiu inacreditavelmente que a Justiça lhe desse ganho de causa nos enfrentamentos jurídicos com ex-integrantes da Legião Urbana, que estão proibidos (?????) de usar o nome da banda ou de tocar e usar as músicas em qualquer projeto.

De forma comedida, Froes tenta esclarecer a questão: "Muita gente confunde música inédita, aquela nova que nunca foi lançada, e gravação inédita, que é de músicas que já existem e lançadas, mas com alguma modificação ou mixagem diferente".

Seja como for, não é de hoje que Manfredini sofre críticas pesadas na condução dos negócios póstumos da banda e do pai. No intuito de ser um guardião ferrenho do legado da Legião Urbana, acaba caindo em extremos que são logo associados à ganância e mesquinhez.

Com isso, atrai a ira de fãs e especialistas, principalmente na questão que impede Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos de participarem ou disporem do espólio e do nome da banda. 

São as páginas mais tristes da história da banda e que, lamentavelmente, levam para a lama, de forma injusta, gente decente como Marcelo Froes e o produtor Carlos Trilha, sem falar que representa, em última instância, uma afronta à liberdade de expressão, com a invasão aparentemente arbitrária, mas com autorização judicial, de propriedade privada de produtores culturais e artitas sem que haja indícios para tanto.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Paul McCartney aproveita isolamento social para gravar álbum previsto para dezembro

 
Do site Roque Reverso



Há décadas que Paul McCartney não precisa provar mais nada a ninguém, mas o eterno Beatle segue surpreendendo, mesmo aos 78 anos de idade. O mais novo feito do lendário músico é aproveitar o período de isolamento social imposto pela pandemia de covid-19 para gravar um novo álbum. O disco, que trará Paul tocando baixo, guitarra, piano e bateria, está previsto para ser lançado no último mês de 2020.

“McCartney III”, cuja capa acompanha este texto, chegará aos fãs oficialmente no dia 11 de dezembro.

É um álbum que segue os moldes dos discos “McCartney” (1970) e “McCartney II” (1980), no qual o músico também gravou todos os instrumentos.

Não bastasse este feito, Paul McCartney também criou todas as músicas para “McCartney III” e cuidou da produção do álbum.

Se levada em conta apenas a carreira solo do eterno Beatle, “McCartney III” será o 18º álbum de estúdio de Paul McCartney. O disco sucederá “Egypt Station”, que foi lançado em 2018.

Ao falar sobre o novo álbum, Paul McCartney destacou que se divertiu gravando o novo trabalho. “A questão era fazer música para mim mesmo, ao invés de música que tem que cumprir uma função. Então, fiz coisas que deu vontade de fazer. Não fazia ideia de que acabaria sendo um disco.”
 

A história de Jimmy Page com o Brasil vai virar livro

Marcelo Moreira



Uma das passagens mais fascinantes da história do rock no Brasil passa pelo interior do Bahia em meados dos anos 90. No meio do nada, entre cenários paradisíacos na região da Chapada Diamantina, um astro do rock de primeira grandeza viveu alguns meses quase incógnito, comendo boa comida, bebendo vinho e cachaça e, de vez em quando, tocando violão em botecos.

Foi atração quase à primeira vista. Jimmy Page, ex-guitarrista dos Rolling Stones, de forma discreta, decidiu passar um tempo entre Rio de Janeiro e Salvador a partir de 1993, quando terminou o seu projeto com o cantor David Coverdale e um pouco antes da retomada da parceia com seu parceiro de Led Zeppelin Robert Plant.

Por influência então de uma namorada argentina, foi à Chapada Diamantina e se apaixonou pelo lugar, comprando inclusive uma casa em uma cidadezinha. ]

Essa história foi brilhantemente contada pelo jornal Folha de S. Paulo em 1996, em reportagem do ótimo e saudoso repórter Ari Cipola, então correspondente da Agência Folha em Maceió (AL). Tive a honra de coordenar e editar o texto à época.

Essa e outras boas histórias vão virar livro. "Jimmy Page no Brasil" é uma pesquisa exaustiva feita por Leandro Souto Maior, que entrevistou muita gente para traçar um grande panorama das passagens e ligações do guitarrista no Brasil.

O livro será editado pela Garoto FM Books e teve a importante colaboração dos jornalistas Christina Fuscaldo e Bento Araujo. Souto Maior lançou uma campanha de financiamento coletivo para viabilizar a empreitada no site Catarse.

Além de garantir o exemplar por um preço menor do que o que irá para as livrarias, o autor promete outras recompensas, como camiseta, outros livros, discos e palestras, além de ter o nome citado no livro. A campanha pode ser acessada no endereço www.catarse.me/jimmypagenobrasil




  



 

Notas roqueiras: Vandroya, Armageddon Fest, No Life on Earth, Rodrigo San...




Vandroya (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- O Armageddon Metal Fest 2021 anuncia mais duas atrações: a banda argentina Against e a paulista Vandroya. O evento acontece no dia 29 de maio de 2021 (sábado), em Joinville (SC) e traz nomes consagrados como Venom Inc. (UK), The Agonist (Canadá), Nasty Savage (EUA), Climatic Terra (Argentina), Vulcano (Brasil) e Mutilator (Brasil). A programação deverá contar com 21 bandas, divididas entre três palcos, sendo que entre os dois palcos principais nenhuma atração se apresentará ao mesmo tempo que outra. Serão 14 horas ininterruptas de atividades e entretenimento.

- O No Life on Earth antecipa o EP "Into Fire We Burn" com o single e lyric video da faixa-título, que traz a participação especial de Hector Camarena, guitarrista do Hereafter the Wave. "As letras falam muito sobre o momento em que estamos vivendo agora das mudanças da rotina e que temos que nos adaptar para uma nova era", revelou Alan Wallace, criador do grupo ao lado de Jay Arriaga (bateria, Scattered Storm). Veja o lyric video "Into Fire We Burn" em https://youtu.be/Fbaw-GF7yXg. A formação, completada por PJ (baixo, Jota Quest) e Andre Acosta (vocal, Hereafter The Wave), lançará o EP "Into Fire We Burn" no dia 30 de outubro pela Blood Blast, subsidiária digital da Nuclear Blast. O material, produzido por Jay Arriaga e Alan Wallace e que teve arte de capa a cargo de Marco Pimentel, ainda conta com participações de Andreas Kisser (Sepultura) e Tue Madsen (Antfarm Studios).

- O alagoano Rodrigo San reforça em 'Nada Terminou' a sua marca autoral, que é produzir uma sonoridade único entre o blues, a MPB e o soul. O novo single, já nas principais plataformas de streaming via Orangeira Music, é ainda rebuscada por uma delicada aura vintage. Ouça aqui: https://song.link/Kxdz6BRvbKKZ2. Tem também o lyric vídeo do single: https://youtu.be/IOvxmQS-vFU. 'Nada Terminou' é intimista, uma característica linear na carreira do músico. A sonoridade rústica é embaladas pela guitarra escaldada e cirúrgica de Rodrigo. Essa é a primeira música de uma sequência de três compostas durante a quarentena, que serão lançadas em sequência pela Orangeira Music.

Crônica ligeira: a vacina da resistência valoriza todos os 'concertos da cura'

 Marcelo Moreira

A cura está mais perto do que se imagina. Misticismos à parte, nada é mais revigorante do que uma boa música originada de uma guitarra etérea, de um teclado mágico ou de um som leve de um saxofone ou de uma gaita.

O som da cura está em todos os lugares e nunca foi tão necessário nestes tempos sombrios em que vacinas são acusadas de causar quase todos os males. 

Quem diria que veríamos uma verdadeira guerra da vacina em pleno século XXI, em que precisamos convencer as pessoas da necessidade da prevenção contra epidemias diversas? Como pode a burrice chegar a tal ponto?

A cura está próxima, e pode estar até mesmo dentro da própria cabeça, nas profundezas de nosso cérebro. Que tal ativá-la por um gatilho, uma música serena e cativante?

Edu Gomes (FOTO: DIVULGAÇÃO/ARQUIVO PESSOAL)

O guitarrista paulistano Edu Gomes, ao lado conterrâneo Adriano Grineberg, um exímio pianista, enveredaram pela seara espiritual com a série de CDs "Concerto da Cura", em que exploram, uma sonoridade de origem oriental, mas que passeiam por diversos ritmos e sons que vão do tribal ao que se convencionou chamar de new age.

É música de alta qualidade que nos ataca diretamente nos sentimentos e nas emoções, em uma terapia musical que está diretamente relacionada à paz.

Não é por acaso que Grineberg é um estudioso profundo da cultura oriental, especialmente a indiana, e um entusiasta da divulgação das mensagens de paz e sabedoria de diversos escritores e filósofos orientais.

Gomes também tem um olhar mais filosófico, digamos assim, em relação a muitos aspectos da música, e faz questão de explorar sentimentos e emoções dos mais diversos em 
seus trabalhos solo, como "Imo", "Âmago" e "Metamorfose", que são verdadeiras trilhas sonoras de terapias que visam a busca de um entendimento pessoal e de uma incessante busca da sensação de paz e sossego.

A cura também está nas cordas das diversas violas dos mestres Ricardo Vignini e Zé Helder, que são companheiros na banda Matuto Moderno, de rock rural, e no duo Moda de Rock, que transporta clássicos do rock para a chamada viola caipira.

Vignini é insaciável e incansável na busca do som perfeito da viola e não cansa de inventar projetos e parcerias. Só em 2019 lançou quatro CDs; em 2020, mais um, mesmo com a pandemia de covid-19 virando o mundo de cabeça para baixo. 


Adriano Grineberg (FOTO: DIVULGAÇÃO)

No seu trabalho solo, "Viola de Lata", do ano passado, é um passeio memorável por sons que remetem ao passado, mas também a uma vida mais idílica de descanso e desaceleração. É a cura por um outro caminho, o da memória afetiva dos bons momentos da infância, por exemplo.

Zé Helder passeia pelo mesmo território, mas aborda o instrumento de uma forma mais passional, com um feeling impressionante. Seu trabalho solo resgata um Brasil mais antigo, mais sereno e mais acolhedor, que anda cada vez mais discreto, embora não esquecido. 

Mineiro de Pouso Alegre, atua em vários mundos, mas sempre faz questão de deixar a sua marca de filho das Minas Gerais e de representante de um povo que valoriza suas tradições, na melhor acepção do termo.

A cura também passa pela urbanidade de um versátil multi-instrumentista da Grande São Paulo. Vasco Faé sempre transbordou sentimento e energia como "one man band" ou como integrante da Irmandade do Blues.

Na gaita ou na guitarra, seu blues duro e cortante é cada vez mais necessário em um país embrutecido pela ignorância criminosa e usada como ferramenta política. Direto de Santo André (SP), Faé explode as convenções e resgata uma humanidade que parece perdida em meio à megalópole.

Podemos achar alívio também na suavidade e sutileza do blues mesclado com jazz na voz da soberba cantora paulistana Bia Marchese, que empresta seu charme a clássicos dos anos 20, 30 e 40 de maneira a nos lembrar de que existiu uma outra vida em que a arte, o conhecimento e a beleza estética tinham sentido e algum valor.

O alívio está no bandolim de Hamilton de Hollanda e no violão mágico de Yamandú Costa, ou nos teclados de Ari Borger e André Mehmari, que produzem música de altíssima qualidade tipo exportação, exaltando a brasilidade e o brasileirismo em cada nota.

Ricardo Vignini (FOTO: DIVULGAÇÃO)

E quando falamos de "Concerto da Cura", não há como deixar de lado a maravilhosa Orquestra Mundana Refugi, projeto paulistano organizado e administrado pelo músico Claudio Antunes e que reúne músicos do mundo todo, refugiados ou não.

É a essência do oposto a tudo o que o bolsonarismo e o fascismo, em geral, representam. A alma exalada em cada interpretação estapeia o ouvinte de tal forma que não há como ficar indiferente, seja na execução de uma peça musical árabe, ou indiana, ou mesmo tipicamente africana, para cair em guarânias mato-grossenses. É a supremacia da união, da inteligência, do bom gosto e do respeito ao próximo.

Propositalmente, o rock ficou à margem desta crônica. Era hora de exaltar músicos que enfrentam, cada um a seu tempo, obstáculos a mais para empurrar a vida e mostrar sua arte em ambientes cada vez mais restritos e hostis. 

Claro que o rock cura, e muito, mas este espaço, hoje, foi dedicado um pouco mais à reflexão sem que o peso e a distorção predominassem. 

A música pesada cura e redime, com certeza, e que possamos conciliar a guitarra mágica de um Edu Gomes com o peso destruidor do Motorhead ou do Slayer para continuar caminhando e resistindo à barbárie que insiste em tomar conta de nossa sociedade.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Polícia faz busca em estúdio do Rio por músicas inéditas de Renato Russo


Do site Roque Reverso

Renato Russo (FOTO: REPRODUÇÃO)

A Polícia Civil cumpriu na segunda-feira, 26 de outubro, mandado de busca e apreensão em um estúdio do Rio de Janeiro, para procurar músicas inéditas do falecido cantor e compositor Renato Russo, eterno vocalista da banda Legião Urbana. A busca foi provocada por uma denúncia do filho do artista, que acusa o estúdio de ocultar músicas que teriam sido gravadas por seu pai, em seus últimos anos de vida.

Giuliano Manfredini, filho de Renato, é o detentor dos direitos autorais da obra do pai.

Renato Russo fez o Legião Urbana virar uma das maiores bandas de rock do País nos Anos 80. Nos Anos 90, ainda gravou em vida dois discos solo: “The Stonewal Celebration Concert” (1994) e “Equilíbrio Distante (1995)”.

Após sua morte em 1996, algumas músicas gravadas por Renato foram aproveitadas pela gravadora para lançar o álbum póstumo “O Último Solo”, em 1997. Em 2008, foi lançado um álbum “O Trovador Solitário”.

O disco foi criado a partir de fitas cassete gravadas por Renato durante sua fase de “Trovador Solitário”, na qual se apresentava sozinho com seu violão em um breve período no início dos Anos 80 entre o fim da banda Aborto Elétrico e a fundação do grupo Legião Urbana.

Segundo a Polícia Civil, o filho acredita, no entanto, que o pai teria gravado ainda mais músicas.

A Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial então abriu uma investigação para descobrir se o proprietário do estúdio de gravação usado por Renato Russo estaria ocultando essas canções inéditas.

Com informações da Agência Brasil

Bad Religion libera a música ‘What Are We Standing For’

 Do site Roque Reverso

O Bad Religion liberou para audição na quarta-feira, 14, a música “What Are We Standing For”. É uma faixa que foi gravada, mas não entrou no mais recente álbum do grupo norte-americano lançado em 2019.

Segundo a banda, “What Are We Standing For” é uma forma de apoio aos atletas profissionais e outros manifestantes que se jogaram para protestar contra a brutalidade policial e o racismo nos Estados Unidos.

“Neste tempo de nacionalismo tribal, a dissidência, como forma de discurso político, é vital para a democracia”, escreveram os músicos.

Bad Religion (FOTO: DIVULGAÇÃO)


A letra da música é do vocalista Greg Graffin e do guitarrista Brett Gurewitz. A produção e mixagem é de Carlos de la Garza.

O álbum “Age Of Unreason” rompeu em 2019 um hiato do Bad Religion de 6 anos. Foi o primeiro disco de inéditas desde “True North”, que foi lançado de 2013.

 

Notas roqueiras: The Baggios, Joni, Tadini...

The Baggios (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- A nova música da The Baggios resgata o lado rockão e reforça o lado psicodélico que o trio sergipano vem desenvolvendo para homenagear os 50 anos da morte de Jimi Hendrix, lembrado em 18 de setembro. Ouça aqui: https://song.link/FRfqWtd6hgn9g. Em “Hendrixiano” as guitarras de Julio Andrade estão ainda mais azedas e recheadas de fuzz (principal pedal do Hendrix), mandando riffs atrás de riffs, mostrando a sua essência blues-rock e se mantendo contemporâneo, com forte identidade baggiana.

- A Canil Records lança nas principais plataformas de streaming o novo single do artista de R&B Joni, ‘Madrugada’. A música, com produção contemporânea e referências do alto escalão da música nacional e internacional, impulsiona o jovem paulista para outro patamar de sua carreira. Ouça ‘Madrugada’: http://bit.ly/Joni_Madrugada. Em breve, o single também sai em vídeoclipe, com produção da Pier66.

- Contando com diversas mudanças métricas, guitarras pesadas e vocais distorcidos, "El Capitan" é o terceiro single do álbum de estreia de Tadini, "Collective Delusion"."A estrutura da música tem objetivo de soar de maneira provocativa e desconfortável, assim como a própria mensagem contida na letra", afirmou Lucas Tadini, que gravou os vocais e o sintetizador. "O single foi composto, arranjado e produzido por mim, mas contei com o auxílio dos guitarristas Claudio Magrassi, Vinicius Cavalieri (An Endless Sporadic) e Dennis D'Angelo (Skunk Oil), do baixista Alberto Menezes (An Endless Sporadic) e do baterista Pepe Hidalgo (Stone Giant)", detalhou Tadini. "A engenharia de áudio ficou a cargo de Ivan Rivera, a mixagem foi feita por John Netti (Rival Sons, Buddy Guy) e a masterização por Sean Magee, no estúdio Abbey Road", acrescentou. Confira o lyric video de "El Capitan" em https://youtu.be/i1sXClP8AJc

Programa Combate Rock homenageia Spencer Davis e também fala de Pelé, Beatles, igrejas queimadas e Bruce Springsteen



Combate Rock desta semana homenageia Spencer Davis (Spencer Davis Group), Gordon Haskell (King Crimson) e Tony Lewis (The Outfield), mortos nesta semana.

Também falamos sobre a polêmica das igrejas queimadas em Santiago do Chile e um improvável encontro entre Pelé e Beatles, durante a Copa de 1966.

Para encerrar, falamos sobre os novos álbuns de Bruce Springsteen e Joe Bonamassa. Escute:

Time Bomb Girls intensificam a luta contra o machismo e exaltam o Riot Grrrl

 Nelson Souza Lima - especial para o Combate Rock


 

Formada em São Paulo no final de 2017 a Time Bomb Girls é uma das bandas mais legais do rock underground. Integrada pelas explosivas Déia Marinho (baixo/voz), Sayuri Yamamoto (guitarra/voz) e Camila Lacerda (bateria/voz) a TBG é autêntica representante do Manifesto Riot Grrrl, movimento punk rock feminista surgido em Olympia, EUA, que chega às três décadas em 2021.

O trio lançou recentemente o álbum debute "Las Tres Destemidas" (Monstro Records) fazendo um som punk rock/psychobilly de responsa e letras engajadas na busca por igualdade de gênero e direitos mostrando que passam longe de ser só "uma banda de menininhas querendo pagar de bonitinhas em cima do palco".

Segundo a baixista Déia Marinho, a postura Riot Grrrl do trio tem o intuito de mostrar que bandas de garotas são tão capazes quanto às de meninos, incentivando outras meninas a irem para os palcos. 

"A gente sempre teve que provar mais que qualquer banda de homem. Que somos boas, que podemos tocar tanto quanto os homens em festivais, que compomos, que nosso show é bom. Esse movimento veio para nos dar forças para aguentarmos e lutarmos contra os julgamentos", afirma a baixista.

A luta contra o machismo/sexismo está presente em canções como "Quando eu crescer", "Save Me" e, principalmente, "Sobrancelha Selvagem" um protesto direto contra o governo retrógrado e totalitário de Jair Bolsonaro.

"Pode-se trocar "Sobrancelha Selvagem" pelo nome do atual presidente pra entender a letra. Nós como banda, visualizamos a necessidade da luta das mulheres, apoiamos e lutaremos juntas", atesta Déia Marinho.

Abaixo, a entrevista completa, feita por e-mail, com Déia Marinho, Sayuri Yamamoto e Camila Lacerda. O trio falou de tudo: feminismo, luta por direitos, pandemia (que dúvida) e rock and roll.

Time Bomb Girls (FOTO: DIVULGAÇÃO)


Combate Rock - Em 2021 o Riot Grrrl completa três décadas. Gostaria de saber qual a identificação de vocês com o manifesto que surgiu em Olympia, no estado de Washington, Estados Unidos, e segue sendo um importante marco na luta das bandas femininas em busca de igualdade e direitos.

Déia Marinho -
Nossa identificação com o manifesto é na luta pela igualdade de gênero e direitos. Somos 3 mulheres fazendo punk rock, produzindo música, tocando em festivais, dando a cara a tapa em um meio que predomina a imagem masculina. Como já dizia o primeiro manifesto Riot Grrrl escrito por Kathleen Hanna do Bikini Kill “PORQUE nós estamos com raiva da sociedade que nos diz que Garotas = Idiotas, Garotas = ruim, Garotas = fracas”, a gente sempre teve que provar mais que qualquer banda de homem. Que somos boas, que podemos tocar tanto quanto os homens em festivais, que compomos, que nosso show é bom, que não somos só menininhas querendo pagar de bonitinha em cima do palco, que amamos o que fazemos. Provar, provar, provar! Esse movimento veio para nos dar forças para aguentarmos e lutarmos contra os julgamentos.

CR- Vocês se consideram uma banda Riot Grrrl? Sabemos que em 30 anos muita coisa mudou. A sociedade mudou. Como fazem um balanço destes trinta anos?

Déia -
Sim! Nos consideramos uma banda Riot Grrrl! Somos meninas tocando instrumentos e cantando em meio a predominante figura masculina que toma conta dos palcos na cena underground. Mostramos que fazemos um som tão bom quanto uma banda de meninos e incentivamos outras garotas a irem para os palcos, a não se sentirem intimidadas e perceberem que somos iguais aos homens e podemos fazer o que quisermos, quando quisermos. Não só a gente! Em 30 anos de movimento Riot Grrrls, muitas meninas fizeram a diferença. Mesmo quem não toca mais. É uma cadeia de incentivo sem fim! Uma incentiva a outra. Foda demais!

CR- Muitas de vocês eram crianças quando o manifesto surgiu. De que forma forma moldadas pelo Riot Grrrl?

Déia -
Eu e a Say tivemos contato com o Riot Grrrl por volta de 98, 99, alguns anos depois de surgir o movimento nos Estados Unidos, mas foi bem o ano que chegou no Brasil com Dominatrix, Cosmogonia, Menstruação Anárquica etc. Essas bandas nos moldaram com seus sons, suas letras libertárias. Já colocavam ideias que iam contra o patriarcado, contra o machismo. Colocaram em textos, letras e discursos toda a luta que queríamos ouvir para nos dar um gás para enfrentar a sociedade machista. A Cá não se envolveu com o movimento, pois ela era mais nova nessa época, mas o Riot Grrrl se envolveu com ela em meados dos anos 2000 ao entrar na cena underground e isso também a moldou para ser uma das poucas bateristas mulher no Psychobilly. Até hoje esse movimento nos afeta, nos faz ir além do que as pessoas esperam por sermos uma banda só de meninas. Nos faz querer fazer mais música, compor, tocar, fazer o que amamos independente do que pensam.

CR- Independentemente de serem ou não Riot Grrrl, de que forma sua música contribui para uma sociedade mais equânime?

Déia -
O movimento Riot Grrrl luta pela igualdade de gênero, uma luta contra o machismo e o sexismo, e eu, Ca e Say, contribuímos em algumas letras como a “Quando eu Crescer” e a “Save Me” que, basicamente, questiona o que a sociedade nos impõe por sermos mulheres. Além disso, nossa música é a prova de que uma banda só de garotas faz um belo de um punk rock e, com isso, além disso, só de estarmos na ativa na cena underground e na música, fazendo algo acontecer, queremos contribuir incentivando outras meninas para realizarem seus sonhos ou vontade de tocar um instrumento ou de ter uma banda.

CR- A luta das mulheres em busca de seus direitos vai além da música. Como artistas como veem a luta das mulheres atualmente, uma vez que a ascensão de Jair Bolsonaro despertou o vírus do ódio numa explosão homofóbica e misógina sem controle. Visto o crescimento dos casos de feminicídio.

Say Yamamoto -
A luta das mulheres vai muito além da música. A luta das mulheres está em todos os setores profissionais, artísticos, atléticos, em cargos corporativos, e na política.
Nós musicistas do underground, sempre estivemos em uma luta com relação a respeito e igualdade entre homens e mulheres. Mas desde que o atual governo tomou posse os atos de feminicídio vem se tornando cada vez mais frequentes e comuns, fazendo com que esse tipo de violência seja algo normal com relação a aceitação e discussão entre as pessoas. A realidade é que nenhum tipo de violência é coisa normal. Vendo isso, e consciente dessa realidade, nós protestamos tocando a música que se chama a "Sobrancelha Selvagem" (está no nosso álbum, "Las Tres Destemidas") que é uma música de protesto contra o atual governo. pode-se trocar o nome sobrancelha selvagem pelo nome do atual presidente para entender a letra. Nós como banda, visualizamos a necessidade da luta das mulheres, apoiamos e lutaremos juntas!

CR- Muito se fala que o rock é desunido, com muitos "rock stars" egocêntricos e prepotentes. Se entre os homes há muitos atritos gostaria de saber como são as relações entre as bandas femininas.

Say - O rock já foi muito mais "star", já foi muito desunido também, mas atualmente sinto uma força, um apoio entre bandas no qual criou-se uma cena que tem se fortalecido.
Sempre toquei com homens e algumas mulheres mas é a primeira vez que toco em uma banda somente de meninas. Entre os homens sempre existiu aquela prepotência de quem se destaca mais, quem sola mais quem é mais fodão. Entre as mulheres existe uma "sororidade" maior nos apoiamos mais e essa relação entre bandas tem ficado cada vez melhor.

CR- Vocês já tiveram contato ou tocaram com bandas gringas representativas do rock feminino? Tipo o Gossip, da Beth Ditto tocou em São Paulo alguns anos atrás, antes de terminar em 2016. Como é o contato com os grupos de fora?

Camila Lacerda -
Infelizmente nunca tocamos com nenhuma banda de rock feminino de fora, ainda rs, mas seria uma grande honra tocar com várias delas. Nosso maior sonho é abrir um show pra Hinds, inclusive a Ana Perrote já curtiu algumas postagens nossas no insta onde marcamos elas, quem sabe um dia role né.

CR- O rock em geral encontra dificuldades em conseguir espaço na mídia, isso vale pra bandas masculinas e femininas. Como é a relação de vocês com a mídia e a busca de espaço pra tocar.

Camila -
Como estamos na Pandemia infelizmente shows ao vivos foram todos cancelados e sem previsão de retorno, porém online as coisas estão fluindo bem. A Deia Marinho (vocal e baixo) é a principal responsável por fazer esse link nosso com as mídias, e faz muito bem diga-se de passagem, porém sabemos que se ninguém for atrás das pessoas certas, as coisas não vão cair no nosso colo, então esse contato tem que ser constante.

CR - Infelizmente a pandemia paralisou tudo. Como têm se virado com lives e divulgar o trabalho da banda?

Camila - No começo nós fizemos uma gravação cada uma na sua casa editada pelo queridíssimo amigo Rodrigo Gagliano, que ficou maravilhoso. Logo na sequencia fizemos o lançamento online do nosso primeiro CD “Las três destemidas” isso já deu um “up” pras divulgações, porém ainda estávamos com a ideia de fazer um show de estreia presencial, mas como ainda estamos nessa triste situação faremos em breve nossa primeira live de estreia do CD, inclusive já fizemos um ensaio com gravação de estúdio juntas pouco tempo atrás. Em relação a divulgação, justamente pelo fato das pessoas estarem mais “conectadas” do que antes, está rolando super bem e saímos em várias matérias legais e reportagens.

CR - De que forma as bandas femininas podem ser representativas dos anseios das mulheres em geral por busca de direitos e uma sociedade igualitária?

Say -
Nós, sendo uma banda feminina podemos representar os anseios das mulheres no geral em busca de direitos em uma sociedade igualitária sendo mais compreensivas, mais solidária umas com as outras. E o mais importante, que é indo lá e fazendo o melhor para mostrar que se nós podemos, vocês também podem!

CR- Quem são suas inspirações dentro do cenário rock feminino/masculino?

Say -
Nossas inspirações no cenário do rock são:X-Ray Spex, Penetration, Diabatz, The Distilers, Runnaways, Breeders, Hinds, Bikini Kill, 567'8s, Guanabatz, Rancid, the Clash, Ramones, Stray Cats, The Cramps e podemos perder o dia aqui...
 

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Notas roqueiras: Torture Squad, Zethae, Cignys Kleper...

Torture Squad (FOTO: DIVULGAÇÃO)

 - No dia 31 de outubro, famosa data que se comemora do Helloween, a banda brasileira Torture Squad, irá lançar o show na íntegra e pela primeira vez do “Death, Chaos and Torture Alive” que originalmente foi gravado em 2004 e contava com os vocais de Vitor Rodrigues e as guitarras de Maurício Nogueira. O histórico show que foi realizado no Led Slay em São Paulo, quando a banda tocou junto com para a banda alemã Desaster. O material que foi lançado apenas em DVD e CD físico, agora poderá ser conferido na íntegra no canal de YouTube do Torture Squad. O show completo de “Death, Chaos and Torture Alive” será lançado como live do YouTube, pontualmente às 17h, e quem for assistir terá a companhia dos músicos da banda no chat de bate-papo do próprio YouTube.

- Um projeto que nasceu em 2016, a banda Cignys Kleper comunica que está trabalhando na pré-produção de um registro inédito e em breve, detalhes sobre esse lançamento serão devidamente apresentados ao público. Formada por músicos experientes, a primeira música ainda em versão demo, “Terrible Day”, pode ser conferida no canal de YouTube da banda, que acaba de disponibilizar ela para o público conferir. Escute: https://www.youtube.com/watch?v=vkxZZbPO7wg

- O Zethae disponibilizou recentemente em seu canal de YouTube, um vídeo ao vivo para a faixa “Here I Am”. O vídeo em questão se trata da apresentação da banda na 1ª edição do Roadie Metal Festival, ocorrida no início de outubro, e pode ser assistido no seguinte link: https://youtu.be/yc_yzZT64Vo
 

Confira a programação da Horror Expo 2020



A Horror Expo, que este ano não pôde ser realizada em formato presencial devido à pandemia, organizou uma experiência online, a Horror Expo Live 2020, que teve início na segunda-feira (26) e se estenderá até 31 de outubro (sábado). No programa, constam lives, entrevistas, visitas guiadas, área de venda de produtos exclusivos e o 'fanchat'. Segundo Victor Piiroja, promotor do evento, este formato é uma oportunidade única para que os fãs possam interagir com a banda. "Estamos entusiasmados com a receptividade dos artistas com a Horror Expo Live 2020! Neste momento, temos que ser ainda mais criativos para proporcionar uma experiência interessante para os fãs e entusiastas do Horror."

Confira as atrações do 'Metal Fanchat', com inscrições gratuitas, organizado em parceria com a alemã Nuclear Blast, uma das maiores gravadoras de rock/metal do mundo:

28/10 (quarta-feira), às 17h
CADAVER: projeto do guitarrista norueguês Anders Odden (ex-Satyricon, Magenta, Celtic Frost e outros) com Dirk Verbeuren, baterista do Megadeth, concederá entrevista e participará do 'metal fanchat'.
Inscrições em https://www.sympla.com.br/meet--greet-online---banda-cadaver---horror-expo-live-2020__1030584

28/10 (quarta-feira), às 18h
MY DYING BRIDE: Aaron Stainthorpe, vocalista da banda inglesa de doom metal, que atualmente promove o álbum "The Ghost of Orion", concederá entrevista e participará do 'metal fanchat'.
Inscrições em https://www.sympla.com.br/meet--greet-online---banda-my-dying-bride---horror-expo-live-2020__1030578

29/10 (quinta-feira), às 18h
FLESHGOD APOCALYPSE: grupo italiano de symphonic death metal, que lançou o álbum "Veleno" no ano passado, concederá entrevista e estará no 'metal fanchat' com o vocalista Francesco Paoli.
Inscrições em https://www.sympla.com.br/meet--greet-online---banda-fleshgod-apocalypse---horror-expo-live-2020__1030537

30/10 (sexta-feira), às 18h
EPICA: Simone Simons, vocalista da banda holandesa que se tornou um dos maiores nomes do symphonic metal, estará ao lado do guitarrista e vocalista Mark Jansen, no 'metal fanchat'. O grupo atualmente se prepara para lançar seu oitavo disco de estúdio, "Omega", programado para 2021.
Inscrições em https://www.sympla.com.br/meet--greet-online---banda-epica---horror-expo-live-2020__1030524

31/10 (sábado), às 14h
EPICA: Entrevista com a vocalista Simone Simons nos canais da Horror Expo

31/10 (sábado), às 18h
CROSSPLANE: o grupo alemão, formado em 2009 e que ganhou notoriedade ao excursionar com Black Label Society, Chrome Division e Sodom, atualmente divulga o álbum "Backyard Frenzy".
Inscrições em https://www.sympla.com.br/meet--greet-online---banda-crossplane---horror-expo-live-2020__1030533

Notas roqueiras: Sonata Arctica, Marco D'Lacerda, Gosotsa...




- A banda finlandesa Sonata Arctica, um dos nomes mais respeitados do metal mundial, adiou a turnê pela América Latina, ainda por conta da pandemia do novo coronavírus Covid-19. No Brasil, uma das principais apresentações estava agendada para o dia 15 de novembro e foi transferida para o dia 11 de setembro de 2021, na Audio, em São Paulo. A banda brasileira Armored Dawn segue como abertura na capital paulista. Todos os ingressos já adquiridos serão válidos para a data remarcada e não precisam efetuar qualquer tipo de troca. As entradas para esta nova apresentação já estão à venda pelo site da Ticket360 e pontos autorizados.

- O cantor curitibano Marco D'Lacerda está trabalhando na divulgação de seu primeiro registro solo, o EP Imprevisível, que chega ao mercado em novembro. O mais novo single do vocalista é a canção "Mundo Canalha", um rock enérgico e com letra forte e polêmica. Confira o single "Mundo Canalha": https://ps.onerpm.com/5255384827

- O Gosotsa acaba de lançar a música “Olhar Vil”, faixa do EP “Bazófia”, em todas as plataformas digitais. A letra fala sobre a guitarrista Malu, que é trans, e conta de maneira subjetiva sobre o processo de transição do masculino para feminino. Ouça “Olhar Vil”: https://tratore.ffm.to/olharvil

Polícia faz busca em estúdio do rio por músicas inéditas de Renato Russo


Do site Roque Reverso

Renato Russo (FOTO: REPRODUÇÃO DA CAPA DO ÁLBUM 'QUATRO ESTAÇÕES)

A Polícia Civil cumpriu na segunda-feira, 26 de outubro, mandado de busca e apreensão em um estúdio do Rio de Janeiro, para procurar músicas inéditas do falecido cantor e compositor Renato Russo, eterno vocalista da banda Legião Urbana. A busca foi provocada por uma denúncia do filho do artista, que acusa o estúdio de ocultar músicas que teriam sido gravadas por seu pai, em seus últimos anos de vida.

Giuliano Manfredini, filho de Renato, é o detentor dos direitos autorais da obra do pai.

Renato Russo fez o Legião Urbana virar uma das maiores bandas de rock do País nos Anos 80. Nos Anos 90, ainda gravou em vida dois discos solo: “The Stonewal Celebration Concert” (1994) e “Equilíbrio Distante (1995)”.

Após sua morte em 1996, algumas músicas gravadas por Renato foram aproveitadas pela gravadora para lançar o álbum póstumo “O Último Solo”, em 1997. Em 2008, foi lançado um álbum “O Trovador Solitário”.

O disco foi criado a partir de fitas cassete gravadas por Renato durante sua fase de “Trovador Solitário”, na qual se apresentava sozinho com seu violão em um breve período no início dos Anos 80 entre o fim da banda Aborto Elétrico e a fundação do grupo Legião Urbana.

Segundo a Polícia Civil, o filho acredita, no entanto, que o pai teria gravado ainda mais músicas.

A Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial então abriu uma investigação para descobrir se o proprietário do estúdio de gravação usado por Renato Russo estaria ocultando essas canções inéditas.

Com informações da Agência Brasil

Joe Bonamassa faz comovente homenagem ao blues britânico em 'Royal Tea'

Marcelo Moreira 

Joe Bonamassa (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Ele estava quieto demais. Para um nerd da música, incapaz de tirar férias, o silêncio em 2020 era incomum, por mais que estejamos em meio a uma grave pandemia de covid-19, que matou mais de 500 mil pessoas pelo mundo.

O guitarrista Joe Bonamassa, o nome mais importante do blues na atualidade, chegou ao topo de diversas paradas com seus dois últimos discos, "Blues of Desperation" (2016) e "Redemption" (2018), além da boa receptividade ao pouco inspirado "BCC IV" (2019), de sua banda de hard rock Black Country Communion. Uma sequência tão grande de êxitos é duro de ser mantida. Pressão para cima do instrumentista norte-americano?

Por mais que ele goste de pressão e de trabalho ao extremo, tirou de letra a elaboração de um novo trabalho solo de qualidade. "Royal Tea" é um ambicioso trabalho de recuperação e resgate de suas influências de blues britânico e de classic rock. É um grande tributo a um passado que moldou seu caráter e sua forma de tocar.

As referências inglesas estão por toda a sua obra, desde a banda Bloodline, de 1994, até o duplo ao vivo "British Blues Explosion", em que homenageou os guitarristas Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page.

Um de seus primeiros trabalhos solo, inclusive, ganhou o nome de "A New Day Yesterday", clássica música do rock progressivo da banda Jethro Tull, cuja versão foi elogiadíssima.

Bonamassa já pensava em resgatar, de alguma forma, suas influências inglesas mesmo quando gravava o álbum "Sleep Eazys", no começo deste ano, em que mergulhou no rock instrumental para homenagear um músico que influenciou dezenas de profissionais, o guitarrista Danny Gatton, guitarrista criador do chamado "redneck jazz", uma espécie de música dançante criada por "branquelos", digamos assim.

E quando bota uma ideia na cabeça, Bonamassa vai até o fim. Foi conversando com seu produtor, Kevin Shirley (Dream Theater, Iron Maiden) que acabou chegando a dois nomes importantes do rock para ajudá-lo a refinar ideias para o resgate do blues britânico em novas canções: Pete Brown e Bernie Marsden.

Brown ficou famoso como poeta e letrista de rock e blues antes de tal "posição" virar moda com nomes como Pete Sinfield (King Crimson) e Bernie Taupin (Elton John). Seus trabalhos mais reconhecidos ainda são os feitos com a banda Cream, em composições feitas em parcerias com Eric Clapton e Jack Bruce.

Já Bernie Marsden era conhecido nos anos 70 como um virtuose que tinha sido demitido do UFO por perder um avião para um show na Alemanha, em 1972, sendo substituído então por um jovem alemão, Michael Schenker, dos Scorpions. Deu a volta por cima ao fazer dupla de guitarras com Micky Moody no Whitesnake.

Uma terceira peça também foi importante na confecção de "Royal Tea": o pianista de jazz e apresentador de TV Jools Holland.

O blues puro é a base de tudo, seja em arranjos femininos tradicionais ou de metais típicos do sul norte-americano, seja em riffs rápidos e estilosos. Mas estão lá as pitadas de blues manhoso ao estilo Clapton ou os dedilhados limpos e claros de Jeff Beck, por exemplo.

Em dez canções originais, Bonamassa passeia por vários estilos e aborda diversas timbres e tonalidades cm sua guitarra poderosa. A bateria se torna um elemento poderoso na abertura, "When One Door Opens", que traz um ótimo arranjo de cordas.

Anton Fig, o baterista, dá o tom também na excelente "Royal Tea", onde os teclados de Reese Wynans dão o tom e seguram a onda para Bonamassa deslizar suas habilidades em duelos cortantes e certeiros.

"Why Does It Take So Long To Say Goodbye" é um dos momentos de redução de velocidade e expectativas, onde ficam explícitas as influências de John Mayall e Eric Clapton em uma balada pungente e eficaz. 

Por sua vez, é Jeff Beck que emerge na interessante "I Didn’t Think She Would Do It", com fraseados limpos e notas ressaltando o timbre soberbo de uma guitarra novamente poderosa e eloquente.



"Beyond the Silence" é um tema diferente, com guitarras mais pesadas em um blues sombrio e mais denso, enquanto que "Savannah" é o oposto, um delicado número acústico onde o guitarrista desfila uma suavidade e uma delicadeza dignas de nota.

 Ao contrário do CD duplo a vivo em homenagem os heróis britânicos da guitarra, "Royal Tea" é uma homenagem e também um resgate mais sutil dos elementos que sempre fascinaram o então jovem guitarrista norte-americano.

Por baixo de uma capa de blues norte-americano genuíno, Bonamassa inseriu as suas releituras de riffs, solos e encadeamento de notas que caracterizaram o som das ilhas. 

É justamente essa a beleza deste trabalho diferente na discografia de Joe Bonamassa: por meio de canções autorais de um nerd ianque, poder garimpar os traços do blues inglês que tanto influenciou a própria música americana torna-se um empreendimento fascinante e delicioso.

"Royal Tea" não tem a contundência de "Blues of Desperation", a beleza de "Driving Towards he Daylight" ou mesmo a reverência ao cancioneiro norte-americano de "Redemption". 

É uma experiência nostálgica que procura recuperar um tempo idílico de formação musical e de busca de um estilo. Não é o melhor trabalho de Bonamassa, mas é instigante e intrigante a ponto de chamar a atenção em um tempo em que há pouca audácia e ousadia no blues e no rock.

Uma declaração de Bonamassa ao site American Blues Scene resume bem o que o guitarrista penmsa sobre o seu novo projeto e sobre as influências:

"Eu gosto do blues britânico porque é igualmente ingênuo e egoísta, tudo ao mesmo tempo. As bandas de blues britânicas estavam ouvindo discos e pensaram que Howlin ’Wolf era um cara enorme. Eles pensaram que ele era Elvis, certo? Eles nunca pensaram que esses caras estavam tocando em clubes. Eles pensaram que eram grandes estrelas. Eles eram ingênuos ao fato de que os americanos não apreciavam os seus. Estamos falando sobre realizações artísticas de nível de Shakespeare. Howlin' Wolf, Muddy Watters, Buddy Guy, Bobby Rush e todos os outros mestres. Eles romantizaram esses heróis quase míticos porque nunca pensaram que os encontrariam. E então foi um pouco ingênuo. E isso é fascinante."