sábado, 3 de outubro de 2020

Queimar livros é uma nova declaração de guerra do mundo bolsonaro pervertido

 Marcelo Moreira

Até que ponto o nível de perversidade causa o entorpecimento da sociedade. O que será preciso para que, mesmo em tempos de pandemia, o povo saia às ruas como em julho de 2013? Reajustes de tarifas de R$ 0,20 serão suficientes? Ou teremos de esperar bibliotecas inteiras queimarem, como o Pantanal?

A cada dia uma nova surpresa vinda de um governo fascista, a queima de livros choca, mas não surpreende. São inúmeros os sinais de apreço nazista vindos do mundo bolsonaro, um mundo abjeto de trevas, corrupção e barbárie.

O casal estúpido que filmou a queima de livros de Paulo Coelho demonstra o desprezo que essa gente tem pela cultura. 

É improvável que tenham lido os livros. A birra por conta das críticas do escritor ao presidente nefasto é ingênua, mas não é inocente: essa gente acha mesmo que o fogo resolve as coisas.

Ao repetir as fogueiras nazistas de 1933, quando montanhas de livros foram queimadas em universidades alemãs em nome da "pureza do pensamento", o casal bolsonarista nojento indica o que vem pela frente: a guerra cultural terá de ser ganha no quintal deles.

As menções ao livro "Fahrenheit 451", de Ray Bradbury, onde um governo totalitário tinha "bombeiros policiais" especializados em "caçar e queimar" livros são inúteis para denunciar a barbaridade cometida contra as obras de Coelho. A burrice é endêmica no bolsonarismo, que desconhece o livro em questão.

Insistir na comparação com as fogueiras nazistas é didático porque coloca os nomes verdadeiros às questões que estão acabando com nossa sociedade.

O orgulho de ser ignorante coloca o bolsonarismo na categoria de aberrações da humanidade e isso ajuda a tentar não normalizar o caos politico, social e institucional em que vivemos.

Não é mero anacronismo, ou pataquada engraçada, como li na internet ontem. Essa queima de livros do casal idiota é um simbolismo perigoso do que teremos na guerra cultural empreendida pelas tropas medievais do atraso.

Cena do filme 'Fahrenheit 451', de François Truffaut: flagrada pela 'polícia' em sua biblioteca, uma leitora se recusa a abandonar os livros e queima com eles (FOTO: REPRODUÇÃO)

Assim como a tentativa de calar uma banda de rock que fez uma sátira com um evento envolvendo a primeira-dama, a fogueira dos livros não é mera boçalidade de um bando de chucros que mal sabem ler e escrever. É a demonstração de que política cultural essa gente tosca quer para o país.

Enquanto a imprensa se debate com o falso dilema de explicitar ou não que o presidente nefasto mente o tempo todo ou não e que é o responsável direto pela devastação do meio ambiente, a manada den ignorantes segue perpetrando atentados contra a sociedade e a vida inteligente sem que seja repelida à altura.

As sátiras do grupo de rock Detonautas Rock Clube e os brados isolados de artistas e atletas contra a onda conservadora e fascista fazem bem a alguns egos e a algumas consciências, mas são insuficientes para que enfrentemos a avalanche de ignorância. 

Não basta apenas identificar a aberração, chamá-la de aberração e fazer notinha de repúdio contra a aberração. É preciso combater a aberração e confiná-la para que não cause mais vergonha e prejuízos reais. 

No projeto de destruição da educação e da cultura, que envolve a depredação de direitos diversos, a fogueira de livros é uma declaração de guerra, assim como foi o mentiroso discurso do presidente nefasto nas Nações Unidas dias atrás. Não dá mais para ficar esperando o próximo movimento dos fascistas.

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