quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

A tragédia que caiu sobre o rock - as mortes de 2020

 Marcelo Moreira

Um ano que começa com a morte de um gênio como Neil Peart e termina com a partida de um mestre como Leslie West não pode, jamais, ter sido bom para o rock, por mais que obras-primas tenham, surgido, o que não foi o caso.

De forma resumida e rápida, vamos listar algumas das mais sentidas perdas para o rock neste ano de 2020, até como forma de reagir à pandemia e ao isolamento social e homenagear grandes nomes da música.

Eddie Van Halen (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- Eddie Van Halen: gênio da guitarra, o mais influente instrumentista depois de Jimi Hendrix no rock, praticamente criou uma nova forma de tocar. Ele e sua banda reinventaram o rock pesado em meio ao turbilhão punk e a praga da disco music. O guitarrista holandês tinha superado um câncer na boca no início do século, mas viu a doença voltar há alguns anos e se espalhar. Morreu aos 65 anos de idade nos Estados Unidos.

- Neil Peart - frequentemente eleito como melhor baterista de todos os tempos, ou pelo menos do rock progressivo, Peart já começava a sentir efeitos de várias enfermidades quando o seu Rush encerrou a turnê de 2015 e, dois anos depois, a contragosto, seus companheiros anunciaram o fim do grupo canadense. Eclético, versátil e genial, tocava com tanta dedicação e paixão que seus pares sentiam inveja de tamaho talento. Ele morreu no Canadá, aos 67 aos, vítima de câncer no cérebro.

- Leslie West - criador inigualável de riffs de guitarra, West deu o pontapé inicial para o hard rock americano em 1970 e formou um dos grupos mais pesados e intensos do rock setentista, o Mountain. Também fez sucesso rápido com o West, Bruce and Laing e se tornou referência na guitarra. Morreu nos Estados Unidos aos 75 anos, em decorrência de problemas cardíacos.

- Martin Birch - o mestre da produção do rock pesado começou cedo na Inglaterra. Antes dos 20 anos jpá trabalhava com engenharia de som em vários estúdios e participou, de alguma forma, de gravações e sessões de grandes nomes da música no começo de carreira. Ao longo dos anos 70, deu o suporte para que Deep Purple e Rainbow, entre outros, lançassem suas grandes obras-primas. Foi produtor do Black Sabbath e o nome por trás das principais obra do Iron Maiden. Morreu na Inglaterra, aos 71 anos, de causas não reveladas.

- Peter Green - Nome gigante do blues britânico, tocou dom John Mayall muito jovem substituindo Eric Clapton, mas logo criou a sua banda, o Fleetwood Mac. Saiu em 1970 e abandonou a música, abraçando várias religiões. No final da década retornou aos palcos em carreira solo, mas sempre conviveu com problemas psiquiátricos desde então. Morreu aos 73 anos de ataque cardíaco.

- Ken Hensley - a alma do Uriah Heep ao lado do guitarrista Mick Box. São dele os maiores hits da banda. Quando saiu, em 1980, engatou uma prolífica carreira solo e tocou também com o Blackfoot. Como tecladista, foi um dos mais influentes músicos do rock. Morreu aos 75 anos, na Inglaterra, em consequência de vários problemas de saúde, que precipitaram um ataque cardíaco.

- Lee Kerslake - outro ex-Uriah Heep tragado pelo ano maldito. Baterista de envergadura e com vasto repertório, foi o motor que impulsionou a banda em sua melhor fase. Com um pequeno intervalo no anos 80 para tocar com Ozzy Osbourne, esteve orl quase 35 anos com o Heep. Morreu aos 73 anos na Inglaterra, em consequência de um câncer, embora tivesse outros problemas de saúde.

- Pete Way - baixista dos mais expressivos do rock pesado, serviu de influência para Steve Harris, o criador do Iron Maiden. Way e Phil Mogg foram os nomes que mantiveram o UFO na ativa por quase 50 anos, ainda que o baixista tenha saído por ntervalos para tocar em dois projetos seus - Waysted e Fastway. Sempre teve longo histórico de enfermidades quase sempre por conta do excesso de álcool e drogas, o que ocasionou a sua morte aos 69 anos de idade, na Inglaterra.

- Renato Barros - Era o líder e criador de Renato e Seus Blue Caps, banda especializada em versões de bandas inglesas. Ele tinha 76 anos e morreu em decorrência de problemas cardíacos.

- Paul Chapman - mais um ex-integrante do UFO se foi neste ano. Músico respeitado na Inglaterra, o galês tinha um estilo mais bluesy, o que era um requisito básico para tocar no UFO e em outras bandas pesadas dos anos 70. Morreu aos 66 anos na Inglaterra. As causas não foram reveladas.

- Phil May - Influente cantor e compositor inglês, foi o cérebro e líder dos Pretty Things, grande nome do rock sessentista e subestimado nas décadas seguintes. Era considerado um dos letristas mais brilhantes de sua geração. Morreu aos 75 anos na Inglaterra após complicações em uma cirurgia nos quadris.

- Frankie Banali - baterista de hard rock conhecido por ter tocado com o Quiet Riot, também passou pelo W.A.S.P e  pela banda de Billy Idol. Morreu aos 68 anos, em consequência de um câncer no pâncreas.  

- Little Richard - pioneiro do rock ao lado de Chuck Berry, Ike Turner, Fats Domino e Elvis Presley, foi considerado o primeiro rebelde em todos os sentidos: negro, gay e sem papas na língua. Não tinha a eloquência e o virtuosismo de Jerry Lee Lewis ao piano, mas compensava com uma energia e um carisma estupendos. Quando o auge passou, nos anos 60, tornouse pastor evangélico por anos até retornar sem brilho aos palcos do rock. Morreu aos 7 anos nos Estados Unidos. Ele sofria de câncer.

- Florian Schneider - outro gênio que perdeu a batalha contra o câncer. Foi o criador e um dos mentores do Kraftwerk, talvez o maior nome da música eletrônica em todos os tempos. Tocava diversos instrumentos, mas foi a criatividade com os teclados e os precursores digitais que judou a cravar o nome de sua banda na história. O músico alemão tinha 73 anos.

- Vanusa - cantora brasileira mais ligada à MPB, gravou alguns rocks em seu primeiro disco, de 1973, com destaque para "What to Do", que teria sido plagiada pelo Black Sabbath. Ela morreu aos 73 anos em decorrência de problemas respiratórios.

- Sean Reinert - O baterista americano Sean Reinert, conhecido por seu trabalho com o Cynic e por ter gravado o álbum "Human" (1991), do Death, morreu aos 48 anos em decorrência de problemas cardíacos.

- Andy Gill - Guitarrista do Gang of Four e produtor de bandas como Red Hot Chili Peppers e Therapy?, o músico Andy Gill nos deixou em 1° de fevereiro de 2020, aos 64 anos. A morte ocorreu em decorrência de problemas respiratórios.

- Bill Rieflin - o baterista norte-americano sucumbiu a um câncer aos 59 anos, de câncer. Além de integrar o King Crimson desde 2013, Rieflin tocou com nomes como Ministry, King R.E.M., KMFDM, Nine Inch Nails, entre outros.

- Spencer Davis - decano do rock britânico, era guitarrista e ficou conhecido por descobrir Steve Winwood, que foi vocalista e tecladista de sua banda, o Spencer Davis Group. Morreu aos 81 anos em decorrência de problemas respiratórios.

- Alan Merrill - O vocalista e guitarrista da banda The Arrows morreu aos 69 anos em decorrência da Covid-19. É o autor da música "I Love Rock 'n' Roll", que ficou famosa com Joan Jett.

- Brian Howe - vocalista do Bad Company entre 1986 e 1994, Brian Howe sofreu uma parada cardíaca e morreu em 6 de maio, aos 66 anos pouco depois de sofrer um acidente grave de trânsito.

- Bob Kulick - Guitarrista e produtor conceituado nos Estados Unidos, tocou no estúdio com Kiss nos anos 70 e indicou o irmão, Bruce, para substituir Mark St. John na banda em 1985. Também trabalhou com W.A.S.P., Paul Stanley, Meat Loaf, Doro e vários outros. Morreu aos 70 anos em consequência de problemas cardíacos.

- Gordon Haskell - vocalista e baixista que integrou o King Crimson no começo dos anos 70. Morreu aos 71 anos vítima de câncer.

- Steve Priest - Baixista e cofundador do Sweet, o músico tinha 72 anos e a causa de sua morte não foi divulgada.

- Charlie Daniels - Veterano guitarrista e cantor norte-americano, é considerado o pioneiro do country rock. Morreu aos 83 anos em consequência de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

- Jamie Oldaker - O baterista ficou conhecido pelos trabalhos com Eric Clapton, Ace Frehley, Peter Frampton, Stephen Stills e vários outros. Morreu aos 68 anos de câncer.

- Steve Holland - último sobrevivente da formação clássica do Molly Hatchet, o guitarrista Steve Holland, que tocou com a banda entre 1974 e 1984. Morreu os 66 anos vítima da covid-19.

 - Brent Young - primeiro baixista do Trivium, morreu aos 37 anos. A causa não foi informada.  

- Juarez Távora - músico mineiro de heavy metal, tocou nas bandas Cirrhosis e Scourge. Morreu aos aos 48 anos devido a problemas cardíacos. Era vocalista e baixista.

- Tony Lewis - baixista e vocalista do Outfield, morreu aos 62 anos. A causa ão foi revelada.

- Bones Hillman - baixista do Midnight Oil desde 1987, morreu aos 62 anos vítima de câncer.

- Paulinho - Paulo César dos Santos era vocalista do Roupa Nova, banda que ajudou a fundar nos anos 80. Ele morreu de covid-19 após um tratamento contra um câncer.

- Bruno Pompeo - baixista e vocalista de heavy metal, morreu aos 42 anos em decorrência de um ataque cardaíco. Tinha 42 anos e tocava na banda Voodoopriest.

 

Veja o clipe do Greta Van Fleet para a música ‘Age of Machine’

  Do site Roque Reverso

Greta Van Fleet (FOTO: DIVULGAÇÃO)


Depois de liberar para audição no início do mês a música “Age Of Machine”, o Greta Van Fleet lançou o clipe oficial para a canção, que é uma amostra do álbum que o jovem grupo norte-americano trará no primeiro semestre de 2021. O clipe contou com direção e edição de Matthew Daniel Siskin.

“The Battle At Garden’s Gate” é o nome do disco, que tem o dia 16 de abril de 2021 como data oficial de lançamento.

Outra faixa, que ganhou clipe em outubro, é o single “My Way, Soon”, também na lista de músicas que farão parte do álbum novo. A produção de “The Battle At Garden’s Gate” é de Greg Kurstin.

“The Battle At Garden’s Gate” sucederá “Anthem of The Peaceful Army”, que foi lançado em 2018 e foi o primeiro da carreira da banda.

O Greta Van Fleet foi formado por quatro jovens em 2012, na cidade de Frankenmuth, do Estado norte-americano de Michigan. Traz um som respeitável, que leva o fã ora a um hard rock de primeira ora a um blues rock de qualidade.

Antes do primeiro álbum oficial, o Greta já havia lançado dois EPs em 2017.

O primeiro EP foi “Black Smoke Rising”, que chegou ao mercado no dia 21 de abril de 2017, com quatro faixas: “Highway Tune”, “Safari Song”, “Flower Power” e “Black Smoke Rising”. O segundo EP, com o título “From the Fires”, foi lançado no dia 10 de novembro do ano passado. É, na verdade um duplo EP, que traz as quatro primeiras faixas do disco de estreia, além de mais quatro músicas novas: “Edge of Darkness”, “A Change Is Gonna Come”, “Meet on the Ledge” e “Talk on the Street”.

O surgimento do grupo mereceu, em dezembro de 2017, matéria de destaque do Roque Reverso, um dos primeiros veículos do Brasil a chamar a atenção para os garotos, todos na faixa dos 20 anos de idade.

Em março de 2018, na primeira entrevista exclusiva a um veículo brasileiro, os garotos do Greta Van Fleet já haviam adiantado ao Roque Reverso que o primeiro disco do grupo estava previsto para “meados de 2018”.



 

Notas roqueiras: Angra, Stolen Byrds, Distorted Duo...


Angra (FOTO: DIVULGAÇÃO)



- O Angra acaba de lançar seu novo vídeo ao vivo para “Angels and Demons”, faixa do álbum ‘Temple of Shadows’. O vídeo foi gravado ao vivo no show de São Paulo, em 2018, na turnê do álbum ‘Ømni’, último trabalho de estúdio do grupo. A música faz parte de uma série de vídeos que a banda está lançando em suas redes sociais. Assista o vídeo de “Angels and Demons”: https://youtu.be/3QK4nIFsXig

- O ano de 2020 começou com tudo para a banda paranaense Stolen Byrds, com apresentações marcantes – ainda na divulgação de Wanderlust (219, Sony Music) – ao lado do Boogarins e Fusage. Mas aí veio a pandemia, a quarentena e, como todas as bandas do mundo, foi momento de reclusão, que logo se transformou em ócio criativo para o quinteto de Maringá. Do material composto neste período, a psicodélica ‘O Estranho Buraco de Minhoca’ é a primeira música que chega às plataformas digitais.
Ouça ‘O Estranho Buraco de Minhoca’ aqui: https://ditto.fm/oestranhoburacodeminhoca. A nova música do Stolen Byrds reflete sobre 2020 e o ineditismo do momento. “Parece que vivemos num buraco de minhoca, numa relação espaço-tempo bastante distinta dos dias pré-pandemia, ao passo que caminhamos com paciência pra ver o que nos aguarda depois de tudo”, enfatiza o quinteto. A faísca surgiu a partir de uma ideia do guitarrista Joho Olivieiri. A sonoridade de ‘O Estranho Buraco de Minhoca’ escancara um psicodelia suavizada e minimalista, entre elementos e efeitos da música alternativa, do indie rock e ritmos brasileiros. A sensação é um looping que vai e volta, um tranquilizante entre o ontem, o hoje e o amanhã.

- O Distorted Duo está lançando nesta sexta o seu álbum de estreia, “Change”. E para marcar a data do lançamento, a banda disponibilizou o videoclipe da faixa título. Assista: https://www.youtube.com/watch?v=qn-3hY3Fkps O Distorted Duo é um novo projeto formado pela guitarrista e vocalista Isa Nielsen (ex-Detonator e as Musas do Metal, ex-Metalmania, e ex-Volkana) e o guitarrista e produtor musical Tiago de Moura (Armored Dawn). Ambos também possuem carreiras solo, voltadas para o trabalho da guitarra instrumental – Tiago e Isa também possuem trabalhos solos lançados. O Distorted Duo tem como características uma mistura de riffs modernos, unidos ao Metal mais ‘old school’, com muitos solos de guitarra, letras que falam sobre questões sociais, psicológicas e ambientais. As linhas de voz de Isa Nielsen percorrem desde vocais limpos ao gutural.

Em autobiografia, Nuno Mindelis conta a sua aventura blues pelo mundo

 Marcelo Moreira

Um guitarrista andando pelo mundo e passeando pelo blues. E quem imaginava que o músico Nuno Mindelis tinha chegado ao ápice da longa carreira com o maravilhoso álbum "Angola Blues", lançado em 2020, eis que surge o Nuno escritor com "Porque Não Sou um Bluesman - Seis Mil Anos".

O guitarrista prometia um livro autobiográfico fazia muito tempo, e era cobrado por isso. "Ele vai sair no devido tempo", afirmou o músico a este jornalista em entrevista ao Combate Rock.

Nuno dizia que não era uma tarefa fácil, que um turbilhão de fatos e palavras enchiam sua cabeça. E nesse meio tempo vieram um disco ao vivo, gravado em um festival na Polônia e o álbum "Angola Blues", elogiadíssimo em várias partes do mundo.

O projeto do livro era antigo e tem um toque de romance em um texto autobiográfico, em que o guitarrista narra sua infância em Angola, onde nasceu, e depois a passagem para a vida adulta no Canadá e no Brasil, onde chegou ao final dos anos 70, onde consolidou a carreira musical, passando pelo blues e pelo rock.

Nuno Mindelis (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Demonstrando talento também para a literatura, Mindelis estruturou o livro em partes, onde cada uma é narrada por um alter ego. São quatro personagens que contam a vida do bluesman angolano-brasileiro, com ampla contextualização histórica e fartos detalhes de como se tornou um respeitado músico internacional.

Uma das partes mais interessantes é a que conta a paixão de Nuno Mindelis pela guitarra e pelo rock em sua adolescência, no começo dos anos 70, com as inevitáveis referências do rock de Jimi Hendrix, Deep Purple, Black Sabbath, Led Zeppelin e muitas outras grandes bandas.

"Era um momento importante da música ocidental e aquilo bateu forte naqueles moleques que viviam em Luanda, capital de Angola. O caldeirão musical e cultural que dominava aquele ambiente me influenciou completamente como artista e como pessoa", afirmou Nuno em entrevista ao programa "Revista", da CBN São Paulo.

A trajetória pessoal é o fio condutor do livro, em uma narrativa que reforça a trajetória do pertencimento ao mesmo tempo em que a arte inspirava e transpirava. 

Fica claro em cada página, em cada palavra, que Angola definiu por inteiro a personalidade do autor mesmo depois que o exílio se tornou a única alternativa a partir de 1975, quando a colônia portuguesa se tornou independente e, com isso, veio a guerra civil com três facções lutando pelo poder. Quase todos os estrangeiros ficaram sobre ameaça, principalmente os portugueses, o que significava perigo constante.

"Foi um período conturbado, mas instigante, quando tive que partir para o Canadá com 17, 18 anos. Foi uma ruptura forte. Mas, independente disso, e consegui imprimir isso em 'Angola Blues', minha terra natal está totalmente impregnada na minha alma", analisa Mindelis.

"Por que Eu Não Sou Bluesman" é uma obra um pouco diferente das autobiografias justamente por sua narrativa impregnada de "jornalismo", digamos assim: altamente informativa, com texto leve e bem humorado. É a cara da prosa/fala de Nuno Mindelis, um músico brasileiro até a alma, mesmo tendo nascido em Angola. 

Uma tarde de conversa com Nuno Mindelis é irresistível, com sua simplicidade, mas com riqueza de detalhes e uma inteligência viva e latente/pulsante. De forma implacável, conseguiu transmitir essa sensação para as páginas do livro.

"Muita gente espera um livro em que a música domina, mas eu não quis fazer essa forma", avisa Nuno na entrevista à CBN. "A música é um elemento importante, mas a história que eu conto tem outros matizes e agrega muitas outras coisas nessa trajetória."




E quanto a "Angola Blues", que, de certa forma, é influenciado diretamente pelo livro e vice-versa?

Carregado de sentimentos positivos e um astral bem alto, o guitarrista Nuno Mindelis resgata memórias da infância e da juventude – nascido em Cabinda, em Angola, filho de pais portugueses, viveu no país até 1975, aos 17 anos, quando saiu por conta da guerra civil que assolou o país logo após a independência de Portugal. 

"Muitas das canções que ouvi quando criança no rádio eram de artistas angolanos que cantavam no dialeto kimbundu, um dos vários do país. Procurei valorizar a cultura africana e angolana resgatando algumas dessas canções e compondo dentro desse espírito", diz Mindelis.

"Angola Blues" surpreende pela extrema musicalidade e pela total compatibilidade com o blues, que é um descendente direto de ritmos negros da África Ocidental que foram introduzidos nos campos agrícolas movidos a escravidão dos Estados Unidos a partir dos séculos XVIII e XIX.

O som é rico, denso e marcante, onde Mindelis, totalmente à vontade e em casa passeando pelos ritmos e melodias angolanas, desenvolve riffs e melodias inusitadas e levando o ouvinte a um mundo muito pouco conhecido no Brasil.

Se "Blues for Africa", de Adriano Grineberg, embute um certo espiritualismo por conta das experiências pessoais do artista, "Angola Blues" também traz um conceito filosófico, digamos assim.

"Eu sou da Terra. Todos nós somos terráqueos e deveríamos circular livremente pelo planeta sem restrições de conceitos políticos de fronteiras ou preconceitos ideológicos. Tem a ver com liberdade e com ideias de celebração, de felicidade", afirmou o músico.

Depois de escapar da guerra em Angola, morou um ano no Canadá longe de parte da família até aportar no Brasil pouco tempo depois para reencontrar o pai, no Rio de Janeiro.

Foi o que bastou para adotar o Brasil como pátria e engatar de vez a carreira musical enquanto exercia várias funções no mercado de trabalho, entre elas trabalhar em uma empresa aérea. 

Dividindo os louros de principal nome do blues brasileiro com o guitarrista André Christóvam e a banda carioca Blues Etílicos, são mais de 30 anos de carreira musical marcada por milhões de referências e uma diversidade estonteante para quem está acostumado à amarras dos gêneros musicais.

Sua guitarra limpa, delicada e elegante vai do blues tradicional ao blues rock texano, passado pelos ritmos eletrônicos, pelo jazz e pela música brasileira com autoridade. Seu respeito pela cultura nacional e sua música é tanta que chega a irritar tamanho é o seu conhecimento.

"Tive de abandonar uma coleção de mais de 2 mil LPs em Luanda, capital de Angola, por causa da guerra. Tinha muita, mas muita coisa de música brasileira que adquiri lá pelos anos 60. Gostava demais dos trabalhos de Jorge Ben (hoje Benjor), por exemplo", diz o músico.



Evidentemente, referências existem aos montes em "Angola Blues". Guitarras e teclados convivem em grande harmonia, omo em "Cabinda", que tem um ritmo africano-latino contagiante e solos de guitarra de extremo bom gosto.

O dueto com a cantora angolana Jéssica Areias é o ponto alto de refinamento da canção. Essa também é uma característica da ótima "Muxima", que traz a presença de Flora Purim, brasileira radicada há décadas nos Estados Unidos, onde é reconhecida como um ícone do jazz e da world music.

A canção é um autêntico blues em sua concepção, mas cresce, e muito, com a adição de um molho africano e o idioma kimbundu, ganhando uma dramaticidade a grandes clássicos soul e rhythm and blues de Nova Orleans.

A sofisticação da voz de Flora e dos solos de guitarra transformam completamente o ambiente de uma canção que poderia ser somente mais um blues.

E a festa sobe o tom com o quase blues rock "Brinca N'Areia", que flerta com vários ritmos africanos e caribenhos, com seu refrão único em português que celebra uma paixão do músico, a pria, dos tempos em que morou na capital angolana, Luanda.

"Monami Zeca" tem um balanço irresistível, com uma mistura gostosa de samba rock, blues e soul music, com algum tempero usado à exaustão pelos brasileiros do Bixiga 70. É mais uma faixa contagiante e que vai cair nas graças do público nos shows.

"País Tropical" é o seu tributo ao então Jorge Ben. A versão blueseira é cheia de suingue, reverenciando a original na percussão cariocamente malandra e precisa nos solos de guitarra maneiros, como se diz em alguns botecos do Rio. É um respiro da africanidade que caiu bem como encerramento do trabalho.

"É um passo importante e uma realização musical poder abordar esses temas, algo que sempre quis fazer", comentou o guitarrista em entrevista ao Combate Rock na época do lançamento do CD ao vivo gravado na Polônia.

Mais do que uma reparação histórica de uma lacuna abissal , ouvir blues africano tornou-se uma necessidade cultural diante de um mercado musical e fonográfico que tenta se reerguer e reinventar. 
Pouco difundida no Brasil, a música africana ganha um impulso gigante com o ótimo álbum "Angola Blues".

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

A música cura e impulsiona: o drama diário de uma médica contra o vírus e a imprudência

 Marcelo Moreira



A doce Cris quase entrou em um bar na semana anterior ao Natal. Passava de carro em uma rua movimentada da zona norte de São Paulo e estava aguada de vontade de tomar um mojito e uma cerveja Baden Baden tipo weiss.

Faz dez meses que ela entrou pela última vez em um boteco da mesma zona norte onde mora, com o marido dono de micro empresa de informática e a pequena Bibi, a filha de três anos. Ela merecia ao menos tomar um chope bem geladinho.

Engoliu seco a vontade e tomou água do cantil que leva na bolsa. Seguiu resignada pra casa depois de um plantão de 17 horas consecutivas em dois hospitais, um deles público. Tinha de dar o exemplo e ficar longe do bar lotado de gente disseminando o vírus.

"Não me contive e tive de parar em uma ruela para chorar bastante. Faço isso com frequência diante do trânsito pesado e lento. Quando vejo algo absurdo, logo lembro da última pessoa que morreu e desabo. Preciso chorar, encostada em qualquer canto, estacionada em qualquer lugar. Só assim reúno forças pra chegar em casa", diz a médica intensivista, ou especializada em tratamentos de pacientes em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva).

Não importa quantas vidas ela ajudou a salvar na semana. Cada morte por covid-19 é uma facada nas costas, uma sensação de impotência e de fracasso.

"Quando vejo bares lotados, festas de todos os tipos, praias abarrotadas, eu percebo que é uma derrota, daquelas diárias. Não é nem o caso de enxugar gelo, pois uma hora o gelo seca ou derrete. Uma hora acaba. É um 7 a 1 todos os dias, para não falar da extrema falta de respeito com quem trabalha exaustivamente para que menos gente morra", continua.

De todas as suas derrotas diárias, de todos os tipos, em pelo menos uma delas consegue se livrar: a de ter de avisar, a quem quer que seja, que não pode receber mais pacientes por falta de leitos na UTI. "Não sei se suportaria ver a cara de desespero de parentes de quem tem de ir para a UTI imediatamente."

No dia em que conversamos rapidamente, ela me agradeceu por apresentar a obra de Edu Gomes e Adriano Grineberg, "Concerto de Cura", uma série de canções instrumentais e mantras indianos que, em muitos casos, serve como "antídoto terapêutico" para a fase tenebrosa em que vivemos.

Cris é amiga de alguns amigos. Apaixonada por literatura brasileira, artes plástica da era do modernismo e por Van Halen, Def Leppard e Bon Jovi, é capaz de passar a noite discutindo política, economia, rock e direitos das mulheres. Fala com clareza, simplicidade e explica sintomas e doenças com uma facilidade irritante. Resumindo, é uma personalidade fascinante e sensível.

"Tem sindo um ano pesadíssimo. Não bastassem as mortes e as restrições que o vírus nos impôs, ainda temos de aguentar um presidente racista, egoísta, incompetente, negacionista e irresponsável. Não dá nem mesmo para ir ao estádio xingar o juiz, o nosso time [O São Paulo, no caso dela], o Bolsonada e o vírus. Não dá para ir a um show de rock aplaudir um cara como Roger Waters. Não dá nem para tomar um chope ruim em qualquer bar ruim. "O que nos resta?"

Cris e o marido se identificaram com as músicas que Gomes e Grineberg criaram para meditação e que são também aplicadas em aulas variadas de ioga e outras artes orientais. Foi lendo o Combate Rock que ficou sabendo da "novidade".

Bem informada e culta, é daquelas que leram Nietzsche, o filósofo que cravou que "a vida sem música seria um erro", no cursinho e durante a faculdade. Lê filosofia com frequência e busca sentido em cada ato de sua vida e na dos outros. 

E continua buscando sentindo nas aglomerações suicidas, homicidas e genocidas que andam ocorrendo desde sempre, em uma insistente negação de que ainda existe pandemia - e que estamos vivendo um recrudescimento mais violento dos ataques do vírus.

"A gente vê jogador de futebol [Neymar] fazendo festa de cinco disa em mansão, a gente vê pancadão todo dia nas periferias do país, a gente vê empresário esbravejando contra medidas restritivas necessárias... E eu me pergunto: qual foi a parte do 'não vai ter UTI e hospital pra todo mundo' que essa gente estúpida não entendeu?"

Mas e a economia? Ela não pode parar, não é? O Brasil e o mundo vão quebrar, as pessoas precisam comer e trabalhar e precisam se aglomerar no transporte público...

"Cada vez que ouço que a 'economia não pode parar' me dá vontade de ir correndo para um canto e escutar o 'Concerto da Cura' para não explodir. Morto não costuma comprar. Ou seja, então não adianta abrir loja e aglomerar se mais gente vai morrer e menos gente vai comprar. Quando a gente vê dúzias de mortes por covid, a última coisa em que devemos pensar é na economia. Aglomeração nos ônibus e metrôs? Isso é necessidade, infelizmente, por conta de um capitalismo predatório. Ficar em bar cheio, praia cheia e festa irresponsável cheia é opção e escolha."

Parece tão simples, mas ao mesmo tempo tão diante da realidade...

Cris decidiu não ler mais nada e ouvir mais coisa alguma sobre vacina. Já leu e ouviu o suficiente. Sabe que a irresponsabilidade do governo Bolsonada e a politização incentivada por um insano governador de São Paulo corroem a credibilidade de datas e promessas.

Fã da microbiologista Natália Pasternak, uma cientista brasileira que virou estrela, merecidamente, ao lado de Margarete Dalcolmo, da Fiocruz, por falar clara e diretamente sobre ciência e covid, a médica da zona norte paulistana não se dá ao direito de relaxar e de ter folga. Como, se as pessoas continuam morrendo às centenas diariamente no país?

"Não vai ter Natal, não vai ter réveillon. Não vai ter a minha cerveja Baden Baden e não poder escutar 'Runnin' with the Devil" no talo para homenagear Eddie Van Halen [guitarrista do Van Halen morto em outubro]. Mal consigo escutar o 'Concerto de Cura' no meu celular por minutos em momentos de desânimo e desespero. Mal me lembro que a Bibi precisa de mim em casa. Eu queria apenas um pouco mais de respeito para quem está trabalhando contra a pandemia e que houvesse mais consciência para que não tenhamos superlotação nos hospitais. Mas acho que vou ficar querendo."

O "Concerto de Cura" está se disseminando em parte dos grupos de profissionais da saúde da zona norte de São Paulo. Ajuda a amenizar a solidão e o desespero das mortes em série. Muita gente vibrou quando foi apresentada à série de canções e sons que inspiram a tranquilidade e a serenidade. 

O relato de Cris é muito parecido como o de tantos outros que são divulgados/desabafados diariamente, inspirando até uma série diária do "Jornal Nacional", da TV Globo.

O comportamento da maioria do povo brasileiro é reflexo, ou consequência, direta dos tempos tenebrosos em que a sociedade brasileira chafurda desde que Jair Bolsonaro se tornou presidente e está conduzindo a nação ao precipício. 

É uma maioria negacionista que se orgulha da própria ignorância, que tem horror à inteligência e pavor do conhecimento e da informação correta.

Para muita gente, que bom que existe a música e o "Concerto de Cura". Mais nunca, a vida sem música neste momento seria um erro; a vida sem o rock seria inútil.

 

Notas roqueiras: Pitty, Justa Vingança?, Death Conspiracy...

Pitty (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- Pitty lançou neste mês, além de um DVD duplo, o áudio do show “MATRIZ Ao Vivo Na Bahia” (Deck). A apresentação faz parte do DVD duplo “MATRIZ: Arquivos Completos”. No show que aconteceu na Concha Acústica, em Salvador, Pitty recebeu no palco os artistas que participaram do álbum - Lazzo Matumbi, Larissa Luz, Russo Passapusso e Robertinho Barreto (BaianaSystem). Acompanhada por sua banda composta por Martin (guitarra), Daniel Weksler (bateria), Guilherme Almeida (baixo) e Paulo Kishimoto (teclados), a cantora e compositora tocou todas as músicas do disco e vários sucessos de sua carreira. Além da apresentação, o DVD “MATRIZ: Arquivos Completos” traz um making of com bastidores do evento, o documentário “MATRIZ.doc” (dirigido por Otavio Sousa), a minissérie“VideoTrackz” e os videoclipes de “Te Conecta”, “Noite Inteira”, “Bicho Solto”, “Ninguém é de Ninguém”, “Submersa” e o inédito “Motor”.

- Com posicionamento político muito bem definido, totalmente desalinhado ao atual governo federal, e com pertinentes críticas sociais frente a um Brasil ainda assolado por desigualdades e preconceitos, a banda de hardcore do interior paulista Justa Vingança?, de Indaiatuba (SP), lança neste fim de ano o single 'Respeita Nós', que chega às plataformas digitais via Artico Music. Ouça 'Respeita Nós' aqui: https://rebrand.ly/respeita-nos. 'Respeita Nós', que mostra o hardcore do Justa Vingança com influência da cultura hip-hop é um chamado, uma proclamação. “Respeita nós, esconde o preconceito e vem pensar”, canta Hugo Milanio, numa mistura de manifestação e sarcasmo, afinal, um racista pensa?
"Fala em abrir diálogo com racistas, em uma sociedade com um racismo estrutural, com quase 400 anos de escravidão. O racismo está além do que a pessoa pensa sobre pessoas pretas, o racismo mata! Causa sofrimento a pessoas de pele escura ou com fenótipo de matriz africana", conta o vocalista.

- A banda Death Conspiracy lançou o EP"Intolerance", fazendo o chamado brutal technical death metal. Criada no ABC, na Grande São Paulo, a banda registrou as seis músicas com Michel Villares (MeH Studio) entre novembro de 2018 e julho de 2020, que também fez a mixagem e a masterização.

O 'Lockdown' de Tony Babalu, com otimismo e esperança

Marcelo Moreira

Tony Babalu (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Entre os projetos interrompidos pela devastadora pandemia de covid-19, um dos maiores pecados foi a momentânea paralisação dos trabalhos de vários nomes da música brasileira,entre eles o guitarrista Tony Babalu, músico com trabalhos importantes ao lado de bandas como a Made in Brazil.

Redescobrindo o jazz, o músico tinha lançado um surpreendente single ao final de 2019, a bela canção instrumental "2020!". Era o que deveria ser o começo de uma prolífica coleção de músicas que renderia um álbum completo neste ano. A saudação ao terrível ano que chegava, no entanto, acabou sendo a sua única manifestação.

Um ano depois, Babalu retoma as atividades do ponto em que parou e voltando ao jazz com pitadas de rock. "Lockdown" é reflexo dos tempos de confinamento social, mas, ao contrário de inspirar raiva ou melancolia, é quase um grito de otimismo e esperança em tempos tão complicados.

Os fraseados limpos e rápidos e a melodia mais alegre remetem a um passado distante, mas inspirador. Mesmo que inconscientemente, Pat Metheny foi uma inspiração, assim como a liberdade e a descontração presentes nas cordas sempre afetuosas de Heraldo do Monte e Roberto Menescal.

"Lockdown" não tem a sofisticação e a variedade de "2020!", com suas linhas melódicas insinuantes e serpenteantes, mas tem o grande mérito de ir ao ponto mais diretamente e de sustentar uma melodia cativante e manter um ambiente totalmente para cima, algo extremamente necessário nesse período muito ruim de nossas vidas à espera de uma vacina.

O lançamento traz só Tony Babalu no estúdio, assim como o single anterior. Ele compôs e fez a programação dos instrumentos (teclados, baixo, bateria e percussão). A masterização e a mixagem ficaram por conta de Marcelo Carezzato, no Carbonos Studio.

É saudável e recomendável ouvir Tony Babalu nestes dias. É revigorante. Houve um tempo em que a guitarra brasileira era conhecida quase que somente pela sua elegância e pelos fraseados e pelos riffs marcantes que misturavam rock e a então iniciante MPB (Música Popular Brasileira). 

Eram os anos 70 e Luis Carlini (Tutti Frutti), Lenny Gordin e Tony Babalu se destacavam como estilistas, virtuosos e ecléticos que tocavam de tudo e com todo mundo. Viraram referência, ídolos e "objetivos" a serem alcançados. 

Babalu é a prova viva de que a elegância e a sofisticação de sua técnica, ao longo de décadas, ainda são relevantes em pleno século XXI, demonstrando que o guitarrista tem bastante coisa para dizer.



 

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Notas roqueiras: Caravellus, Angra, Oitão...



- A banda Caravellus acaba de divulgar a capa de seu novo álbum de estúdio “Inter Mundos”. O álbum será lançado no primeiro semestre de 2021 pela Metal Relics (Brasil) e pela Rockshots Records (Itália). A produção é assinada pelo guitarrista Glauber Oliveira. A Caravellus é formada por Leandro Caçoilo (vocal), Glauber Oliveira (guitarra), Daniel Felix (teclados), Maurílio Vizin (baixo) e Rafael Ferreira (bateria). Glauber Oliveira explica a ideia da capa: “O Inter Mundos é um álbum especial. É um trabalho orgânico e visceral, com uma estória conceitual inédita. Metal progressivo e a música brasileira (sobretudo a nordestina) estão conectados. Eu não queria que a arte de capa fosse algo com imagens manipuladas. Este álbum pedia uma capa feita à moda antiga. O Ravelli é um gênio da ilustração brasileira, além de um grande amigo. Mergulhou de cabeça no conceito e na minha ideia de homenagear o escritor paraibano de nascimento e pernambucano de coração, Ariano Suassuna. A arte começou no papel, com tintas e pincéis. O artista Marcus Ravelli, literalmente, deu cor e referência visual ao Inter Mundos. O resultado ficou incrível.” Recentemente, a Caravellus lançou um vídeo tocando a música “Panis Et Circenses”, faixa do novo álbum. Confira: https://youtu.be/3veS1zLXaMw

- O Angra acaba de lançar vídeo inédito ao vivo de “Heroes of Sand” com a participação especial de Sandy. A música é uma composição do álbum “Rebirth”, de 2001, e foi a primeira e única vez que a cantora cantou “Heroes of Sand” ao vivo com a banda. O vídeo foi gravado no show de São Paulo, em 2018, na turnê do álbum “Ømni”. A música faz parte de uma série de vídeos que a banda está lançando em suas redes sociais. Assista “Heroes of Sand feat. Sandy”: https://youtu.be/fN5hw-pe9jU

- A banda de hardcore/metal Oitão escancara o caos de 2020 na pesada e caótica nova música, 'Covid 19/Abismo', já nas plataformas digitais via Canil Records. Ouça aqui: http://bit.ly/Covid19-Abismo.
É o primeiro registro da nova formação. Nesta nova fase, o vocalista Henrique Fogaça e o guitarrista Ciero contam com Benê - da formação origina, de volta à bateria, e Tchelo Martins no baixo. 'Covid 19/Abismo' é uma produção do Oitão em parceria com Thiago Bianchi, da banda Noturnall, no Estúdio Fusão. Nesta terceira música inédita em 2020, após as igualmente pesadas e críticas 'Proteste' e 'Instinto Sujo', o Oitão faz apontamentos e questionamentos sobre a pandemia que assola e desestabiliza o mundo e sociedades.  

Iggy Pop libera para audição a música ‘Dirty Little Virus’

  Do site Roque Reverso



O trágico ano de 2020 está chegando ao fim, mas ainda sobrou tempo para o lendário Iggy Pop apresentar música nova aos fãs. Abordando o assunto do ano, ele lançou a música “Dirty Little Virus”.

A faixa foi escrita por Iggy e Leron Thomas, que cuidou também da produção.

A gravação foi feita em Miami, nos Estados Unidos, por Luis Gomez.

Além dos vocais de Iggy Pop, a faixa conta com Chris Berry na bateria e Ari Teitel nas guitarras e baixo.

“Dirty Little Virus” não foi a única novidade de 2020 de Iggy Pop. Em julho, ele lançou mundialmente o clipe do clássico do rock “The Passenger”.

O detalhe é que o lançamento do clipe aconteceu 43 anos depois da chegada da faixa, que é de 1977.

Com os dois feitos de 2020, o cantor fez parte da lista extensa de grupos e músicos que aproveitaram o período de pandemia do novo coronavírus e o isolamento para trazer aos fãs novidades musicais e visuais interessantes.

O mais recente álbum de Iggy Pop foi “Free”, lançado em setembro de 2019.

Décimo oitavo trabalho de estúdio do cantor, “Free” sucedeu “Post Pop Depression”, de 2016.

Simon Taylor, que dirigiu o clipe “The Passenger”, também dirigiu o vídeo da música “James Bond”, presente no álbum “Free”.
 

Notas roqueiras: Necromancer, Mortticia, Prelúdio X...





- "Pattern of Repulse", novo álbum do grupo carioca de thrash metal Necromancer, formado atualmente por Marcelo Coutinho (vocal), Luiz Fernando e Eduardo "Dek" (guitarras), Gustavo Fernandez (baixo) e Vinicius Cavalcanti (bateria), está disponível em formato físico, pela gravadora Heavy Metal Rock, e em todas as plataformas de streaming. Além disso, a faixa "Blood Countess" recebeu um lyric video, criado por W. Perna. "Esta música fala sobre uma princesa repulsiva criada pelo ódio, a condessa húngara Elizabeth Bathory, tão retratada no cinema e mesmo no heavy metal, pois basta lembrar da banda Bathory, por exemplo. Os versos 'Condessa da desgraça, princesa da angústia / Condessa do sofrimento, princesa da morte' resumem bem o que quis passar e o lyric retrata com imagens dela e da arte de capa do novo álbum", explicou o guitarrista Luiz Fernando, autor da letra. Veja o lyric video de "Blood Countess" em https://youtu.be/5_K_aoq2h3s

- Os gaúchos da Mortticia acabam de lançar o EP “A Light in the Black”, composto de faixas inéditas e regravações de músicas do primeiro EP, “Existence/Resistance”, de 2018. A banda tem trabalhado no material desde 2019, e com a pandemia tiveram que lidar com alguns atrasos. No decorrer dos meses o grupo lançou duas prévias do EP: o single “Hear My Words” e o  lyric video de “Ocean of Change”. Ao lado destas faixas estão as inéditas “Limiar” e “Dialetik”, além das regravações de “Violence” e “Life Is On (One Flower)”.

- Já tendo em seu currículo o EP "Triunfo da Vida" e o single "I Hear The Voice", ambos com boa aceitação e circulação no mercado nacional e internacional, o grupo pernambucano de heavy metalr Metal Prelúdio X já prepara o seu próximo registro fonográfico, desta vez revisitando a obra do poeta florentino Dante Alighieri. Tendo música e letra composta pelos guitarristas Marcello França e Gerson Souza, respectivamente falando, a faixa "The Entrance" tem sua letra baseada no "Purgatório", segunda parte do poema épico "A Divina Comédia", e é descrita pela banda como uma "música épica contendo muitos elementos de orquestra e Metal Neoclássico".  O single teve sua arte de capa feita guitarrista Gerson Souza e será lançada no dia 14 de dezembro como lyric vídeo e também nas plataformas digitais. Veja em "Precioso Sangue" - https://www.youtube.com/watch?v=hDa7Nxc72rU e "I Hear The Voice"  - https://www.youtube.com/watch?v=IUKJVGfyO3k

Thin Lizzy, 50 anos: a força e a resistência de uma banda símbolo dos anos 70

 Marcelo Moreira

Como símbolo de resistência e de bravura, os irlandeses costumam dizer que são os "negros da Europa" para caracterizar a  e os preconceitos que sofrem desde que a ilha foi dominada pelos ingleses e pelos escoceses a partir do século XIV. A frase foi utilizada no filme de Alan Parker, "The Commitments", que fala sobre os sonhos de sucesso de um grupo de jovens músicos fadados ao fracasso.

Ninguém encarnou todo o peso de ser irlandês no rock mais do que Phillip Lynott, o baixista e vocalista de uma instituição da música mundial, o Thin Lizzy, que completa os 50 anos do lançamento de seu primeiro LP neste 2020.

Nascido em Birmingham, na Inglaterra, em 1949, filho de mãe solteira, era negro e rebelde, mas desde cedo soube cultivar o sentimento de lealdade e solidariedade, justamente para driblar os obstáculos que insistiam em jogá-lo para baixo.

Ah, senão fosse a mãe Philomena... Com instinto libertário e indomável, ela quis ganhar o mundo e se mandou para a Inglaterra novinha para controlar a própria vida. 

Pena que uma gravidez quando era bem novinha imprevista interrompeu a trajetória. Apaixonada por um aventureiro, ela nem mesmo teve tempo de conhecer o amado, um negro forte e galanteador (venezuelano? Brasileiro? Ela nunca soube ao certo). Quando ela piscou, o cidadão sumiu.

Só restou à irlandesinha indomável engolir o orgulho, fugir da hostil Inglaterra e voltar para Dublin. A família torceu o nariz, mas ela seguiu em frente e transferiu ao filho os sonhos e a vontade de vencer e convencer - ninguém mais apoiou Phil Lynott do que ela.

Igualmente rebelde, mas tímido e gentil, Phil fez de tudo e tocou de tudo em tantas bandas entre 1965 e 1970 que ele nem se lembra direito, mas sabe nem que amigos como Gary Moore e Brush Shiels, da Belfast, no outro lado da fronteira, o ajudaram a chegar aonde queria - a sua própria banda, com seu próprio som, em 1970.

Mal acreditou quando pegou o primeiro LP nas mãos e mostrou à mãe toda orgulhosa. A mistura de rock, soul e blues com um tempero mais áspero chamou a atenção na Irlanda, mas passou meio batido em Londres e nos Estados Unidos.



Herói local, Lynott e seu Thin Lizzy passaram por muita coisa até 1975, quando finalmente as coisas começaram a melhorar e as dívidas começaram a ficar para trás. 

Ele, Eric Bell (guitarra), Brian Downey (bateria), Scott Gorham (guitarra), Gary Moore (guitarra) e mais alguns eleitos que passaram pelo grupo burilaram um rock ríspido, mas altamente melódico e insinuante, mostrando uma nova forma de rock pesado e agressivo, mas não afrontador o suficiente.

O Thin Lizzy era a cara e a personalidade de Phil, mas sem as guitarras estrondosas e serpenteantes dos comparsas e a bateria firme e precisa de Downey a banda não teria se tornado o que foi e a maravilhosa fonte de influência que é até hoje.

O auge ocorreu entre 1975 e 1980, quando a banda ousou e transformou o seu rock pesado em uma marca registrada do som da banda. Ao lado de Rory Gallagher, Van Morrison e Gary Moore, tornou-se um herói do rock irlandês, com direito a estátua numa esquina de Dublin.

Tanto prestígio, entretanto, nunca resultou em vendas o suficiente para acabar com as dívidas frequentes e com a forte dependência das drogas e do álcool. Phil era leal e solidário, o que atraía toda a sorte de oportunistas e traficantes. 

Desde cedo percebeu que sempre esteve sozinho na busca pelo sucesso e que dificilmente conseguiria o mesmo nível de engajamento e comprometimento dos colegas. 

Solitário e depressivo por natureza, nem mesmo o apoio da mulher, esgotada por conta do estilo roqueiro de vida, conseguiu manter - abandonou-o enquanto ele estava em turnê, levando as duas filhas do casal.

Se Lynott não estava preparado mentalmente para o supremo prestígio sem a correspondente conta bancária cheia, muito menos suportou ver a decadência do Thin Lizzy a partir de 1980.

A inspiração não era mais a mesma, assim como a disposição nos palcos e para enfrentar uma indústria que já estava descartando o punk e abraçando a new wave - imagine então uma banda com o rótulo de "clássica" dos anos 70...

O fim do Thin Lizzy foi rápido e melancólico em 1983, apesar da eufórica turnê de despedida. Era o fuim de uma era, já que era a última banda de rock pesado do início dos anos 80 que sumia de cena - só o renovado Black Sabbath conseguia alguma repercussão na época, seja com Dio ou com Ian Gillan nos vocais, enquanto que Uriah Heep e Deep Purple entravam em hibernação.

Apesar das dificuldades e da efemeridade do auge do Lizzy, foi uma banda das mais importantes, influenciando gerações e estabelecendo marcas importantes e "regras" de todos os tipos.

Talvez seja a banda mais subestimada por crítica e público ao longo dos anos. Talvez fosse apenas um grupo que gastou rápido a sua munição e que se afundou na autoindulgência tão típica do rock pesado. 

O que não se discute é o Lizzy foi uma fábrica de hits e de clássicos e que Phil Lynott se tornou referência de música de qualidade e um dos maiores heróis da cultura da Irlanda.

Com o fim do Thin Lizzy, Lynott trabalhou com alguns amigos, como Gary Moore, participando ativamente do álbum deste chamado "Run For Cover". 

Ao lado do último guitarrista solo do Lizzy, John Sykes (ex-Tygers of Pan Tang), ensaiou a criação de nova banda, mais hard rock, chamada Grand Slam. Demos e ensaios ocorreram, mas a demora em decolar e descolar contratos fez com que Sykes aceitasse o convide de David Coverdale para entrar no Whitesnake.

No Natal de 1985, cheio de planos e comemorando na casa da mãe, Lynott passou mal e foi levado às pressas pra um hospital. Morreu em 4 de janeiro de 1986 em consequência de falência de vários órgãos e problemas respiratórios. Os excessos de drogas e álcool cobravam definitivamente a conta de um dos mais talentosos e importantes músicos do rock.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Tarefa primordial para 2021: recuperar a relevância e importância das artes e cultura

 Marcelo Moreira


De forma insidiosa, um pensamento nefasto começa a contaminar discussões sobre o mundo pós-pandemia, se e quando isso vier: será que realmente precisamos de cultura, arte e entretenimento como conhecíamos antigamente? 

Muita gente inteligente está embarcando nessa bobagem, meio que legitimando a tese perigosa de que o mundo pode perfeitamente viver com menos cultura e que a arte não é imprescindível - e que a pandemia demonstrou isso, na prática.

É mais um desafio que o setor de entretenimento - englobando cultura, artes e gastronomia, além do turismo - terá de enfrentar em 2021: recuperar a relevância e se fazer relevante e importante para o nosso dia a dia, e para a nossa sanidade mental.

Gente desqualificada e desclassificada, de todos os tipos, quase toda ligada ao mundo abjeto da direita política e da extrema-direita, encampo o discurso da irrelevância das artes e da cultura na vida durante a pandemia. 

Na atribuição das importâncias das atividades humanas, menosprezaram o setor para que o prestígio fosse jogado no chão como forma de retardar auxílios financeiros por parte de governos e instituições. Em muitos lugares, esse pensamento criminoso está colando.

Desdenhar do papel crucial que a cultura e as artes têm em nossas vidas é uma maneira de depredar  educação e disseminar teses estapafúrdias de cunho conservador e desprovido de conteúdo inteligente. 

É mais uma tentativa, como tantas outras, de solapar a cultura e as manifestações artísticas como polos dissidentes e de "oposição", como se o pensamento crítico e a inteligência fossem frágeis a ponto de serem anulados dessa forma.

Não são, mas é estarrecedora a quantidade de gente que acredita nessa idiotice. Não bastasse lutar por uma recuperação quase do zero, as artes e a cultura terão de reafirmar seu valor e sua imprescindibilidade.

Como fazer o público redescobrir a importância de apoiar artistas e de ir a um show de rock quando não se tem a mínima ideia de quando o mundo controlará a pandemia?

A coisa piora no Brasil, onde não há perspectiva alguma de vacinação da população e onde o governo nefasto, incompetente e pernicioso aposta na morte e impõe obstáculos à ciência e à civilização, cortando verba da educação e dificultando a implantação de todo o tipo de projeto.

No país onde a importação de armas é mais importante do que o investimento na educação, os ataques à cultura e às artes crescem vigorosamente à medida que o prestígio dos seres hediondos que comandam o governo federal esfarela - e as eleições municipais de 2020 impuseram uma derrota vergonhosa e fragorosa ao bolsonarismo, provavelmente o maior lixo institucional que desabou sobre a nação.

O menosprezo e a desvalorização da cultura em plena pandemia faz parte da guerra cultural e ideológica travada pelas forças medievais do atraso e do retrocesso. Não é surpreendente que, passadas as eleições, esse conflito ressurgiria com certa força.

O que incomoda e surpreende é que a tese estapafúrdia de que "pandemia mostrou que podemos perfeitamente viver sem cultura e artes" consiga prosperar mesmo em ambientes onde esse tipo de coisa seria recebida às gargalhadas.

A fragilidade gigantesca do setor levou a uma letargia de tal forma paralisante que ninguém mais se preocupa em rebater esse tipo de coisa - ou encontra forças para tal. 

Essa letargia está levando muita gente que pensa e que tem bom senso a realmente interpretar que cultura e artes são realmente supérfluos e que merecem ficar no fim da fila de caridades ou de planos de restruturação econômica, isso se realmente incluírem os segmentos em algum tipo de plano.

Só gente burra e irresponsável para admitir que existe vida sem teatro, cinema, artes plásticas, literatura, música e espetáculos dos mais diversos.

Ainda que esse tipo de tese prospere em ambientes onde jamais prosperariam, e que suas consequências maiores desapareçam com o tempo, haverá um enorme problema a ser encarado: a desvalorização dos produtos culturais e artísticos na retomada quando ela vier.

O que isso quer dizer? Em um mundo depredado e de terra arrasada, em que certamente haverá arautos preconizando o surgimento de um "novo mundo", o valor agregado dos produtos artísticos serão jogados ainda mais para baixo.

No caso da música, já se espera que "novas bases de negociação" surjam, aproveitando-se das consequências financeiras da pandemia somadas à destruição do mercado como conhecíamos e ao pouco apreço que o público de hoje tem pela música.

É a oportunidade que esperavam empresários espertalhões para cortar recursos, investimentos e estabelecer novos "preços", muito menores, para a maioria das atividades culturais e artísticas. 

Diante da penúria generalizada e de uma concorrência por migalhas que deve aumentar, é de se esperar remunerações cada vez piores para artistas e escalões mais baixos da indústria do entretenimento. 

Como recuperar esse terreno perdido, para que possamos, ao menos, ter condições de operar com preços e cachês de antes da pandemia, quando já se vivia uma decadência absurda no aspecto financeiro?

Como reverter tal desvalorização se todo mundo "normaliza" situações como a pífia remuneração a músicos e compositores por parte das empresas/gravadoras que operam as plataformas de streaming?

Mais do recriar condições mínimas de mercado, o mundo artístico terá de convencer o mundo pós-pandemia que é importante e relevante diante de uma ofensiva canalha de agentes nojentos encarregados de depredar o conhecimento e neutralizar o poder da artes e cultura de influenciar e fazer pensar.

Se acreditarmos e deixarmos que se acredite que arte e cultura são supérfluos em tempos de crise e convulsão econômica, estaremos enterrando parte significa da civilização e da vida inteligente deste planeta. 

A tarefa de mostrar que, mais do que nunca, em tempos de pandemia, não podemos viver sem arte, cultura e conhecimento, tem de ser uma de nossas prioridades para 2021. 

Paul McCartney lança clipe animado para a música ‘When Winter Comes’

  Do site Roque Reverso

 
 


Paul McCartney lançou o clipe da música “When Winter Comes”. Em formato de animação, o vídeo contou com direção de Geoff Dunbar.

A música faz parte do álbum “McCartney III”, que inicialmente estava previsto para ser lançado no dia 11 de dezembro, mas que chegou ao público oficialmente no dia 18 de dezembro. O disco traz Paul tocando baixo, guitarra, piano e bateria.

É um álbum que segue os moldes dos discos “McCartney” (1970) e “McCartney II” (1980), no qual o músico também gravou todos os instrumentos.

Não bastasse este feito, Paul McCartney também criou todas as músicas para “McCartney III” e cuidou da produção do álbum.

Se levada em conta apenas a carreira solo do eterno Beatle, “McCartney III” é o 18º álbum de estúdio de Paul McCartney. O disco sucedeu “Egypt Station”, que foi lançado em 2018.

 

Rádio Stay Rock Brazil reúne 148 bandas e artistas em quatro coletâneas gratuitas

 



Eles são "concorrentes", mas fazem um ótimo trabalho de divulgação e valorização do rock brasileiro. A rádio web Stay Rock Brazil organizou quatro grandes coletâneas do que de melhor foi lançado neste ano pelas bandas e artistas brasileiros. Vai do pop rock ao metal extremo.

E o melhor, as coletâneas estão disponíveis em streaming via Bandcamp ou para download gratuito no endereço que pode ser acessado clicando aqui.

É um trabalho inestimável, e de fôlego, feito por uma equipe dedicada e que tem os meios para contatar as bandas e obter as autorizações necessárias. 

São 148 músicas, com 148 artistas diferentes que mostram uma alta produtividade em plena pandemia de covid-19, que devastou o ano de 2020 para a maioria das pessoas no mundo. 

Parabéns à rádio web pela iniciativa de valorizar e divulgar o rock feito por brasileiros.

Notas roqueiras: Frantic Endeavor, Second Veil, Nort Moscow...


 - A banda americana Frantic Endeavor segue disponibilizando aos fãs novos materiais nas plataformas de streaming. Seu mais novo lançamento se trata do single “Storm”, que já se encontra disponível para audição no seguinte link: https://open.spotify.com/track/5QIaaAKYMLhYqNGdNLxtfq

- Divulgando o EP autointitulado da banda, o Second Veil acaba de disponibilizar para audição na íntegra no YouTube mais uma canção do trabalho. Se trata da faixa “Sangue do Cordeiro”, que agora, além de se encontrar nas plataformas de streaming, também pode ser ouvida no link 
https://youtu.be/Ma2WYhOrCkw

- A banda de rock alternativo Nort Moscow lança o terceiro single do ano, ‘A Onda’, com uma mensagem pertinente e metafórica nos tempos atuais: não deixe a onda te levar. A música já está nas principais plataformas de streaming: https://bit.ly/A_Onda. O som passa uma mensagem positiva e cheia de esperança pra combater a frustração de não ter conseguido realizar algo planejado, seja devido à ansiedade ou autosabotagem. O refrão é um grito e ao mesmo tempo um respiro, dizendo que tudo vai ficar bem. Uma mensagem de não desistir no caminho, que está tudo bem termos dias ruins, mas que não devemos nos abalar e continuar a caminhada.

Uma viagem fantástica pelo cinquentenário do Uriah Heep

 Marcelo Moreira 

FOTO: REPRODUÇÃO

Uma banda odiada pela crítica, que não se conformava com o som pesado, tosco e os temas absurdos abordados nas letras. Como era possível que houvesse gente disposta a pagar pelos discos e para vê-los ao vivo? 

A descrição cabe perfeitamente aos primórdios do Black Sabbath, que lançaria seu primeiro álbum em 1970, mas também se aplicou a um quinteto ainda mais bizarro e, em determinados momentos, tão pesado quanto o quarteto de Birmingham. Coincidentemente, fez sua estreia em vinil também em 1970.

Embora o Uriah Heep seja uma banda inglesa considerada cult dentro do rock pesado setentista, fez muito sucesso entre 1971 e 1975, vendendo horrores e fazendo sombra ao Deep Purple e ao próprio Black Sabbath. 

O grupo completa 50 anos de carreira ainda na ativa, embora apenas o guitarrista Mick Box, fundador, esteja desde o começo. Da formação clássica, é o único vivo - só neste ano morreram o tecladista Ken Hensley, aos 75 anos (a causa da morte não foi divulgada) e o baterista Lee Kerslake, de 73 (câncer).

Gary Thain, o superbaixista neozelandês admirado por muita gente, morreu de overdose em 1975, aos 27 anos; o grande vocalista David Byron se foi aos 38 anos em 1985 em razão de falência múltipla dos órgãos em consequência do abuso do álcool. 

Das cinzas do Spice, formado em 1967 por Box e Byron, o Uriah Heep começou a tomar forma  com a chegada de Hensley, multi-instrumentista que deu forma ao som encorpado e gigante que o grupo adquiriria. 

Os três formataram o som que encantaria o empresário e produtor Gerry Bron, nome pesado da indústria musical britânica, e logo mostrariam um tipo de som que os diferenciaria, e muito, da concorrência naquele começo de década. 

Fugido da linha mais pop que o nome Spice sugeria, entram em 1970 com sangue nos olhos e trocam a alcunha para Uriah Heep, nome de um personagem literário do mundo fantástico. 

A grande arma que o grupo apresentava era o hard rock com bastante peso aliado ao molho acrescentado pelo órgão Hammond de Ken Hensley, adicionando urgência e horror ao som violento que tomava forma no álbum "Very Heavy, Very Humble", daquele ano de 1970. 

Os teclados que sobressaíam acabaram por colocar a banda em outro patamar, distanciando a sonoridade dos concorrentes mis fortes - groove hard do Deep Purple, o blues energético e eletrizante do Led Zeppelin e o heavy tétrico e absoluto do Black Sabbath. 

Magos, magia, muindos paralelos e outros temas "progressivos" chamaram a atenção de roqueiros do mundo todo e fizeram com que a banda transitasse bem pelos dois mundos - hard/heavy e prog -, o que garantiu presença constante em festivais e megaturnês pelos Estdos Unidos. 

Apesar de hoje subestimado, o Utriah Heep esteve nio topo por conta de uma trinca de álbuns considerada imbativel até hoje. "Salisbury", de 1971, já indicava o som que predominaria dali para frente, com o início da sofisticação de arranjos e letras. 

"Look at Yourself", também de 1971, foi a explosão de criatividade e inovação que a banda precisava para inscrever seu nome entre os gigantes da primeira metade dos anos 1970 - a faixa-título e "July Morning" são as grandes canções. 

A guitarra de mick Box se tornava referência, com seus fraseados rápidos e extremamente intrincados, tendo a "cama" de teclados de Hensley como um luxuoso complemento - a coisa ficaria perfeita com a chegada de Gary Thain um pouco depois. 

"Demons and Wizards", de 1972, é o começo do auge, com uma quantidade grande de músicas caprichadas e que transitam com desenvoltura entre o mundo progressivo e o hard setentista. "The Wizard", a linda balada folk, a soturna e delicada "Circle of Hands" e a paulada "Easy Livin'", o maior de todos os hits, estão neste disco. 

A fase era tão boa que no mesmo ano decidiram gravar e lançar "The Magician's Birthday", que rivaliza com o anterior como o melhor do Heep. Aqui os destaques são a faixa-título, um primor de rock progressivo pesado, as maravilhosas "Sunrise" e "Rain" e a pérola "Echoes in the Dark", outro grande momento do heavy metal daquele tempo. 

Tudo muito rápido, intenso e regado aos excessos do rock típicos dos anos dourados e superlativos... É claro que a conta veio rápido e provocou estragos gigantescos.

 

 Os concorrentes aguentaram mais tempo - o Deep Purple implodiu em 1976, Ozzy Osbourne foi demitido do Black em 1979 e o Led Zeppelin acabou em 1980 com a maorte do baterista John Bonham. O Heep começou a apodrecer em 1975, com a demissão de Gary Thain por abuso desenfreado de drogas. Ele morreria ao final daquele ano. 

O venerável baixista e vocalista John Wetton (ex-King Crimson, Roxy Music e Family e futuro Asia) chegou como substituto e tudo parecia voltar aos trilhos, mas essa fase só durou um ano e meio e dois álbuns. 

Irascível, imprevisível e megalômano, crente que era um superastro do rock, David Byron exacerbou seu comportamento instável potencializado por drogas e bebida e tornou o clima insustentável, sendo demitido ao final de 1976. Indignado com a demissão, Wetton também saiu. E o encanto do Uriah Heep acabou. 

"É possível que tenhamos falhado em ajudar Gary e David em seus problemas, mas isso aconteceu provavelmente porque todos nós também tínhamos esses graves problemas e não conseguimos perceber o quanto eles precisavam de ajuda. Todos nós, na verdade, precisávamos de ajuda", declarou Hensley em 2010 à revista brasileira Poeira Zine.

A queda foi tão vertiginosa que tornou o Heep uma banda cult nos anos 80, subestimada e até maltratada. Nunca mais conseguiu emplacar um grande hit e nunca mais gravou um grande álbum. 

Paradoxalmente, foi a partir dos anos 80, época de vacas magrrimas, que a banda finalmente estabilizou a formação por quase 30 anos a partrir da chegada do vocalista canadense Bernie Shaw em 1985, após tentativas frustradas com os cantores John Lawton (com este nem tanto, já que gravou dois discos), John Sloman e Peter Goalby. 

E o grupo ficou inalterado por décadas com Shaw, Box, Lee Kerslake, o baixista Trevor Bolder (que tocou com David Bowie) e o tecladista Phil Lanzon.  Só foram pensar em mudanças em 2008, quando Kerslake foi forçado a se aposentar por conta de vários problemas de saúde. Seu substituto é o competente Russel Gilbrook. 

Outra mudança forçada foi a saída, e posterior morte, de Bolder em 2013, vítima de câncer, aos 62 anos. Seu substituto é o discreto e competente Davey Rimmer. 

Ao contrário de muitas bandas importantes dos anos 70 que vagam ainda na ativa como almas penadas, o Uriah heep segue produtivo e lançando CDs interessantes, embora sem o memso brilho de 45, 50 anos atrás. Dos trabalhos mais recentes, os melhores são "Into the Wild", de 2011, e "Outsider", de 2014. 

O Uriah Heep escreveu páginas gloriosas do rock e foi uma das bandas que deu grande impulso para que o gênero, em especial sua vertente mais pesada, dominasse a indústria e as mentes da juventude por muitos anos. Aos 50 anos de carreira ininterrupta, é uma banda resistente e, sobretudo, vencedora.

domingo, 27 de dezembro de 2020

Notas roqueiras: Zethae, Biarritz, Julia Mestre, metal contra o coronanvírus...


- O duo Zethae acaba de lançar o vídeo para a faixa “The Eternal Nation Of The Future”, que conta com a participação mais do que especial de Andre Nisgoski, vocalista das bandas Macumbazilla e San La Muerte. A música originalmente faz parte do álbum “Z3”, e você pode conferir o vídeo no link  https://youtu.be/tr1dZl0lkEA

- Está disponível em todos os aplicativos de música "On My Way", novo single do duo franco-brasileiro Biarritz. Formado na cidade do Rio de Janeiro, por Yannick De Ataide e Pedro Moneta, o Biarritz surgiu com a proposta de produzir material autoral seguindo referências como Two Door Cinema Club, Jungle e Sticky Fingers. O EP de estreia da dupla, "True" (2017) teve boa aceitação no cenário alternativo nacional e ultrapassou fronteiras até chegar à Europa, mais precisamente na Alemanha, onde a faixa "DNA" circulou nas rádios com perfil indie rock. "On My Way" (Yannick De Ataide/ Pedro Moneta) foi gravada em 2020, no Recife (PE), com produção de Luccas Maia, que também gravou baixo, bateria e teclado, ao lado de Pedro Moneta (vocal e guitarra) e Yannick Ataíde (vocal e violão). A mixagem e a masterização ficaram por conta de Vinicius Aquino. ouça em https://fanlink.to/biarritzonmyway

- "A tropicália e o burburinho do agora". Estes são os movimentos citados pela cantora e compositora carioca Julia Mestre quando perguntada quais são as suas influências musicais. Com atuais 24 anos, ela contabiliza em sua discografia: o EP Desencanto (2017), o disco GEMINIS (2019), três singles e um álbum ao vivo. Essa lista está prestes a ficar mais extensa com o lançamento do projeto Faro Apresenta: Julia Mestre canta Rita Lee, no qual a artista apresenta duas versões para músicas da rainha do rock brasileiro. São elas: "Agora Só Falta Você" e "Papai Me Empresta o Carro".  Ouça aqui.

O Metal Against Coronavirus é um projeto que visa a união entre a comunidade Heavy Metal mundial para arrecadar fundos para a luta contra o coronavírus, buscando a participação não só de músicos, mas também de ilustradores, designers, fotógrafos, produtores, engenheiros e técnicos de som, estúdios de gravação, produtores e diretores de vídeo, jornalistas de música e outras profissões ligadas à cena do Heavy Metal. Com o objetivo de que todas as nacionalidades se sintam confortáveis no projeto, o projeto decidiu alocar o dinheiro gerado ao fundo de resposta de solidariedade COVID-19 da Fundação das Nações Unidas para a Organização Mundial da Saúde. A iniciativa começa sua campanha de arrecadação de fundos para pesquisa global contra o coronavírus por meio de "Celestial Burial". Nada melhor do que a união de artistas de até sete países colocando suas energias em uma música. A ideia inicial é criar músicas com contribuições de músicos e artistas de todo o mundo. Cada música ganhará uma arte de capa exclusiva e um lyric video, criados por diferentes profissionais. O Bandcamp será a plataforma onde os singles serão publicados e onde todas as doações serão coletadas. Quem participa: Jeff Becerra do Possessed e Karl Willetts do Bolt Thrower/Memoriam, além de Kike Valderrama (Headcrusher/Sol de Sangre e Marc Jufre (Pánico al Miedo). Para as guitarras, além de Jordi Creus, que comanda a guitarra rítmica, há os solos e melodias de James Murphy, conhecido pelo seu trabalho com as bandas Death/Obituary/Testament/Konkhra¸ enquanto Carlos Leonardo (baixo - Human Carnage) e Chalo Restrepo (bateria - Sol de Sangre) completam o time na cozinha. Na seção técnica encontramos temos Marc Bòria do LabeDoble Studio e Tony Lindgren no Fascination Street Studios. Para a capa, coube ao lendário Joe Petagno (Motörhead, Krisiun, Sodom, Led Zeppelin, Vader, Marduk, Angel Corpse) a tarefa de produzir uma arte de impacto, colaborando imensamente com o projeto, e David Provan da 12 Inch Media, ficou responsável pela criação do lyric video. 
Para contribuir, acesse https://metalagainstcoronavirus.bandcamp.com/releases

 
 

Notas roqueiras: Shaman, Khorium, Andralls...

Alírio Netto é o vocalista do Shaman (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- O Shaman divulgou em seu canal do YouTube um vídeo inédito ao vivo de “More” gravado em São Paulo, na Audio, em Fevereiro de 2020, com captação e imagens da Foggy Filmes e edição do Mariutti Team. A música é uma versão do clássico da banda Sisters of Mercy e que saiu no álbum “Reason”, de 2005. O Shaman neste vídeo é formado por Alírio Netto (vocal), Hugo Mariutti (guitarra), Luís Mariutti (baixo), Ricardo Confessori (bateria) e Fabio Ribeiro (teclados). A faixa também será disponibilizada nas plataformas de streaming. Assista o vídeo de “More”: https://youtu.be/jdWSo8xk2pY

- O novo álbum do Khorium está a caminho com o seu lançamento previsto para inicio de 2021. A princípio, a notícia saiu na página da banda, no Facebook. O baterista Shalon Webster contou que a fórmula continuará a mesma, mas com inserções a mais. "Difícil dizer... é igual falar de filho, mas enfim, continua pesado. Continua misturando rap com metal. Eu acho que tem um pouco mais de groove", disse. O sucessor de 'Idiocracia Tropical Contemporânea' (2019) deverá vir com elementos que exigirão novos recursos em palco. "O álbum terá umas incursões nu metal, umas partes mais modernas, mais versáteis. Isso mostra que haverá novos elementos, como coisas que não fizemos antes e que, pra reproduzir ao vivo, precisaremos de mais estrutura."

- O experiente Andre Mellado (Woslom) foi confirmado como o novo baixista do Andralls. "Andre é um velho conhecido da banda. Somos contemporâneos e nos conhecemos desde a adolescência, antes mesmo de o Andralls ser formado. Está sendo muito bom, pois além da parte técnica, trouxe uma energia muito boa e muita gana em tocar. Seu estilo se encaixou perfeitamente com o som que fazemos", declarou o baterista Alexandre "Xandão" Brito. "Sempre admirei o Andralls, com seu thrash metal veloz. O convite veio nesse momento difícil de pandemia, mas como moramos perto uns dos outros, tudo ficou mais fácil. Estou empolgado", disse o baixista.

sábado, 26 de dezembro de 2020

Detonautas Roque Clube, os artistas do ano no rock e na música

 Marcelo Moreira

Detonautas Roque Clube (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A pandemia elegeu o grande destaque do ano de 2020 no rock nacional: Detonautas Roque Clube, com larga vantagem sobre qualquer concorrente. Na verdade, a banda se sobressaiu sobre qualquer outra atração do mundo musical e do mundo pop.

Não podíamos espera outra coisa, mas mesmo assim os Detonautas e sua figura proeminente, o vocalista Tico Santa Cruz, demonstraram muita coragem e estofo para se manifestar politicamente nas redes e se engajar na realização de videoclipes e músicas altamente críticas a respeito dos tenebrosos dias que nossa não está passando.

Nenhuma outra banda ou artista de rock passou perto do engajamento e do ativismo dos Detonautas. Foram cinco músicas lançadas detonando o governo federal do nefasto Jair Bolsonaro presidente e sua sequência de abomináveis medidas e comportamentos que jogaram o Brasil na Idade Média.

Santa Cruz e a banda são ativistas em prol dos direitos humanos, direitos civis, da liberdade de expressão e da própria civilização. Frequentemente são acusados de serem "esquerdistas" e "comunistas", seja lá o que os imbecis que os xingam entendam a respeito destes conceitos. O fato é que os músicos estão na vanguarda da arte de protesto e da manifestação, em todos os sentidos.

Abusando da sátira e do sarcasmo, expuseram as entranhas do poder e da péssima política, recheada de incompetência, em canções como "Micheque" e "Político de Estimação". Irritaram os fascistas e os extremistas de todos os lados. Até os petistas mais estúpidos conseguiram entender que um dos recados também era para eles.

"O humor é uma arma poderosa em tempos de retrocesso e de massificação de opiniões. Corrói e incomoda, faz as pessoas pensarem e incita o ativismo em qualquer nível", disse Santa Cruz ao Combate Rock em 2020. "Aprendemos demais ao longo dos anos e aprendemos demais na pandemia. Se ficássemos em silêncio, diante de nosso histórico de engajamento, seria uma grave omissão."

Hoiuve temo até para uma reflexão serena na música "Carta ao Futuro, onde os Detonautas pegam pesado com Bolsonaro e suas políticas destrutivas e depredatórias, mas sempre com um uma ponta de esperança e otimismo.

Os Detonautas são os artistas do ano no rock e na música brasileira em 2020, seja pelo ativismo, seja pelo engajamento, seja pela coragem de se posicionar diante do retrocesso social e do silêncio ensurdecedor da classe artística.