quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Detroit é a personagem principal do novo trabalho de Alice Cooper

 Marcelo Moreira

Alice Cooper (FOTO: DIVULGAÇÃO)


Demorou 52 anos para que a homenagem viesse, e ela veio de forma soberba e magistral. Alice Cooper, aos 75 anos e em plena atividade, transformou Detroit, sua cidade natal, em personagem principal de seu novo trabalho. 

"Detroit Stories" não é um álbum conceitual, mas se baseia no conceito em que a cidade está presente em quase todas as canções, retratando-a como uma metrópole pulsante e que respira música, mas também a origem de uma cena rock'n'roll mais maluca que já existiu. 

Com o novo disco, Alice Cooper suscitou a lembrança de muitas e interessantes histórias roqueiras que envolvem a própria banda e sua trajetória na cidade.

Entre essas histórias está a que envolve o produtor Bob Ezrin (que trabalhou com Kiss e Pink Floyd) há 50 anos. Em 1970, ele entrou em uma fazenda nos arredores de Detroit para trabalhar com um grupo chamado Alice Cooper Band. 

Com um estilo completamente oposto ao "hippie-amor-e-paz" que predominava em Los Angeles, Alice levou para sua terra natal a lendária cena de rock que foi um das origens do hard rock, rock de garagem e muitas outras.

Ezrin trabalhou com a banda durante dez horas diárias para definir o som que tornou-se uma das suas características principais. E sempre que eles acertavam em cheio com uma música, os pacientes do hospital psiquiátrico para loucos criminosos do outro lado da rua gritavam com satisfação. 

E é assim que o clássico som do então Alice Cooper Group nasceu, uma mistura explosiva de rock pesado, performances teatrais e guitarras em altíssimo volume.

"Detroit era a sede central do Heavy Rock na época", explica Alice no material de divulgação do novo trabalho. "Você tocava no Eastown [Theatre] por quatro dólares, e você poderia ser Alice Cooper, Ted Nugent, The Stooges ou The Who! No próximo fim de semana no Grande [Theatre] eram o MC5, Brownsville Station, Fleetwood Mac, Savoy Brown ou Small Faces. Você não podia ser uma banda de Soft Rock porque teriam dado um chute na sua bunda."

" Angeles tinha bandas como The Doors, Love e Buffalo Springfield", ele continua, "San Francisco tinha o Grateful Dead e o Jefferson Airplane. New York tinha The Rascals e The Velvet Underground. Mas Detroit foi o berço do hard rock raivoso. Como não se encaixava em nenhum lugar dos Estados Unidos (musicalmente ou em termos de imagem), Detroit foi o único lugar que aceitou o som de guitarra do Alice Cooper, seu som Hard Rock e o nosso show doido. Detroit era um paraíso para os rejeitados. E quando eles descobriram que eu tinha nascido no leste de Detroit... estávamos em casa”.


Cinquenta anos depois, Alice e Ezrin reuniram algumas maiores lendas de Detroit em um estúdio da cidade para gravar "Detroit Stories". Se o EP "Breadcrumbs", de 2019, abriu o caminho para entrar na cidade, "Detroit Stories" leva você para um passeio por toda a cidade, especialmente o underground roqueiro.

"Nós gravamos com Wayne Kramer (guitarrista e letrista do MC5), Johnny 'Bee' Badanjek (baterista do lendário Detroit Wheels), Paul Randolph (baixista e lenda do Jazz e R&B de Detroit) e também com o Motor City Horns e outros músicos locais", diz Ezrin. "Nós contamos com as ideias e encorajamento de John Varvatos, o apoio do pessoal do Shinola e gravamos nos Rustbelt Studios na cidade de Royal Oak. Isto foi feito EM Detroit PARA Detroit POR habitantes de Detroit."

O álbum estará disponível no Brasil em CD (Acrílico) e CD+DVD (Digipack) pela parceria earMUSIC / Shinigami Records / Sound City Records no primeiro trimestre de 2021.

O DVD traz pela primeira vez em vídeo a incrível performance ao vivo "A Paranormal Evening At The Olympia Paris". Com os shows ao vivo sendo cancelados devido ao covid-19, Alice Cooper sentiu a necessidade de compartilhar um de seus últimos concertos com seus fãs, já que mal pode esperar para voltar à estrada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário