quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Sinfonia da destruição: a vacina como 'inimiga' da civilização

 Marcelo Moreira



Os mercadores da morte conseguiram o impensável: fizeram o STF (Supremo Tribunal Federal) perder precioso tempo votando ações que questionam a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19. Coisa mais medieval do que essa não existe, em que um lixo de governo incompetente empesteia nossas vidas.

São duas as inacreditáveis ações: se o governo pode impor a vacinação compulsória e se pode impor restrições no dia a dia a pessoas que se recusam a tomar a vacina.

Um dos legados que pode ser imputando aos governos militares deste triste país foi a manutenção de planos de vacinação em massa implantados por governos anteriores, o que acarretou na erradicação ou controle de doenças endêmicas e epidêmicas que matavam ou provocavam sérias consequências. 

Com isso, foi possível consolidar o SUS (Sistema Único de Saúde) e sua universalização. Estamos falando de medidas tomadas há 60 anos que garantiram segurança sanitária para a maior parte da população. 

É difícil apontar a maior lesão à civilização e à sociedade nestes tempos bolsonaros asquerosos, mas certamente a deterioração da saúde pública, por questões ideológicas e religiosas, está no topo das opções.

Questionar vacinação obrigatória? De que esgoto saíram esses vermes inomináveis que espalham a barbárie e a destruição?

E quem poderia imaginar que a Justiça de São Paulo aderiria à degradação em tempos de pandemia ao determinar ao governo paulista o estabelecimento de datas para a volta das aulas presenciais nos ensinos fundamental e médio da rede estadual? Volta às aulas sem vacina e com a epidemia em alta?

E com isso retomamos as estapafúrdias reivindicações de músicos para que possam retomar os shows e os protestos nojentos de empresários inconformados com medidas de restrições de funcionamento de bares e restaurantes por conta da piora nas condições sanitárias da pandemia. em que mundo essa gente vive?

Existem, neste momento, pelo menos 182 mil motivos para que haja lockdown em quase todo o território nacional. 

Os mesmos 182 mil motivos são mais do que suficientes para que a vacinação seja não só obrigatória como compulsória, e que não se deve discutir volta às aulas sem que tenhamos vacina e segurança sanitária plena. Você deixará seu filho voltar à escola em janeiro?

O cansaço a extrema ansiedade estão aumentando o número de artistas que sucumbem à perda do bom senso e que embarcam em aventuras perigosas em busca de shows presenciais ou de possibilidades de flexibilizar as medidas para que possam "aglomerar" e provocar aglomerações. 

Para esses músicos, o desespero justifica o acréscimo de mais cruzes nos cemitérios e a lotação total de hospitais e UTIs.

Questionar as medidas sanitárias e a obrigatoriedade da vacinação é um retrocesso de 60 anos, pelo menos. É mergulhar o país em trevas profundas, daquelas capazes de atrasar em décadas o desenvolvimento em todas as áreas.

E pensar que há muito tempo, na década de 80, quando o Roupa Nova de do vocalista Paulinho (morto na semana passada por covid-19) fazia sucesso em seu auge, a vacinação promovida pelo Ministério da Saúde era considerada modelo internacional de eficiência. 

Era uma época em que o governo militar estava mais do que podre, esfarelando, e questionava-se tudo e todos, mas ninguém era louco que duvidar da eficiência das vacinas e ninguém deixava de tomar, independente da coloração ideológica ou do nível de repressão do governo autoritário de plantão. 

Não havia internet, mas havia inteligência e bom senso mesmo com a disseminação mais lenta da informação. Mas, principalmente, não havia orgulho em ser ignorante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário