Marcelo Moreira
Wishbone Ash com a formação original e clássica em 1974 (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Ainda hoje escutamos as reverências ao conceito de guitarras gêmeas, em que as duas tocam simultaneamente alguns riffs enquanto promovem uma fusão/entrelaçamento de melodias que tornam a música ma verdadeira jornada muitas vezes imprevisível.
É muito comum os desavisados louvarem as bandas Iron Maiden e Thin Lizzy como os grandes nomes de tal modalidade, sempre catapultando as duplas Scott Gorham-Snowy White (ou Gorham e Gary Moore) e Adrian Smith-Dave Murray.
O que muitos esquecem ou convenientemente ignoram de propósito é que há 50 anos duas bandas jpa faziam isso com muita competência - Allman Brothers, nos Estados Unidos, e Wishbone Ash, na Inglaterra.
Não erra quem aposta nos ingleses como os definidores do gênero, digamos assim, já que eles é que levaram ao extremo o conceito e já no primeiro álbum do quarteto, "Wishbone Ash", lançado em 1970.
Ted Turner e Andy Powell demonstraram tamanho entrosamento e telepatia que transformaram a banda em referência para a guitarra na Europa, a ponto de encantar ninguém menos que Ritchie Blackmore, o guitarrista do Deep Purple, que os recomendou a empresários e gravadoras.
O surgimento do grupo é tão diferente como o som que faziam. O baterista Steve Upton e o baixista Martin Turner precisavam de um guitarrista para o trio que imaginavam após o fim da banda em que tocavam.
Durante as audições para a escolha do novo integrante, apontaram dois músicos para a "final", mas não conseguiam se decidir após jams separadamente com o dois.
Para "desempatar", colocaram os dois para tocar com eles e descobriram que havia uma química espetacular. O trio virou quarteto e a ideia de chamar um tecladista foi devidamente enterrada.
Para não perder o pique, logo entraram em estúdio, compuseram alguma canções e gravaram o primeiro disco, ainda beirando o hard rock e o blues pesado.
No entanto, foi o ótimo trabalho gêmeo de guitarras que expandiu a sonoridade da banda e empurrou o Wishbone Ash para as raias do rock progressivo nos maravilhosos álbuns "Pilgrimage" e "Argus", colocando o quarteto no primeiro escalão do rock mundial.
Apesar de alguns hiatos ao longo de 50 anos, o grupo nunca parou, mas enfrentou milhares de mudanças na formação e brigas entre os fundadores para saber que tinha o direito de usar o nome.
Chegaram ao cúmulo de encampar duas versões ao mesmo tempo - Andy Powell's Wishobne Ash e Martin Turner's Wishbine Ash, em um capítulo vergonhoso da extraordinária história da banda.
Uma versão da banda de Andy Powell, sendo que somente ele estava presenta da formação original, chegou a tovcar no Brasil nos anos 2000, sem muita repercussão.
Entretanto, ele e Ted Turner (sem parentesco com o baixista Martin Turner), integraram o projeto Night of the Guitars, em 1989, que passou pelo Brasil na época, tendo a companhia de Jan Akkerman (ex-Focus) e Leslie West (ex-Mountain).
Sem o Wishbone Ash o rock seria diferente e as guitarras gêmeas não existiriam ou teriam de ser inventadas, mas de outro jeito. Thin Lizzy soaria como uma banda menos esfuziante e Iron Maiden talvez tivesse uma sonoridade mais calcada em Saxon e Judas Priest (será mesmo?). Os 5 anos do Wishbone Ash precisam ser celebrados.
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