Marcelo Moreira
Ele esteve próximo do Olimpo do rock algumas vezes, mas sempre ficou no quase. Baixista e vocalista de talento, Tim Bogert achou que a coisa ia decolar no grupo de blues pesado Vanilla Fudge, mas alguma coisa deu errado ali, no final dos anos 60.
Com o Cactus, sua banda seguinte e sempre com o parceiro baterista Camine Appice, a coisa engrenou e deu tão certo que tudo parecia pronto para decolar. Mais uma vez ficou no quase.
E então apareceu Jeff Beck na vida da dupla, que então falou: "Agora sim, vamos decolar". O temperamental guitarrista inglês se empolgou, mas não tanto a ponto de transformar Beck, Bogert and Appice em um vulcão sonoro. Ficaram somente no primeiro disco...
Bogert morreu nesta quarta-feira (13), aos 76 anos, nos Estados Unidos, vítima de câncer. Admirado pelo mundo musical e cercado por amigos de todos os tipos no entretenimento, nunca teve o talento devidamente valorizado.
É um pouco difícil saber até que ponto ele era subestimado. Pouco conhecido fora do meio restrito aos músicos, cantava bem e atacava o baixo com habilidade.
Com Beck e Appice, atingiu o que foi considerado o seu auge, com o disco "Beck, Bogert and Appice" chamando muita atenção em 1973 e estabelecendo novos patamares de qualidade no rock pesado setentista.
O trio ainda registrou uma potente apresentação no Japão, e o disco ao vivo, primeiro restrito àquele país, se tornou objeto de culto no mundo inteiro. Parecia que a potência sonora dos trios tipo Cream estava de volta e a banda parecia decolar.
Pena que Jeff Beck passou a prestar mais atenção ao amigo John McLaughlin e ao gênio Miles Davis naquele ano de 1974. Sua cabeça virou (e pirou) com o jazz rock instrumental e o trio simplesmente deixou de existir quando o disco ao vivo foi lançado - embora seus companheiros ainda não soubessem
Traídos, Bogert e Appice ficaram sem chão. Esperaram em vão que o temperamental guitarrista inglês retomasse as gravações do segundo disco, que foi abandonado pela metade - há quem diga que teria sindo finalizado, mas não é o que mostram vários álbuns piratas nos anos 80.
Enquanto Appice abraçou o heavy metal e o hard rock e se deu bem em vários projetos, Bogert foi progressivamente se afastando do meio musical sempre tendo nas costas o estigma do "quase".
Em mensagem tocante nas redes sociais, Carmine Appice lamentava a perda de "um irmão, uma alma gêmea musical e pessoal". Garante que foi o músico com o qual mais teve afinidade nos palcos.
Desde 2009, ele estava aposentado das turnês, ,as ocasionalmente gravava como muito convidado em vários projetos, como um tributo ao Cream, "Big Electric Cream Jam". Também conviva com sequelas de um grave acidente de motocicleta ocorrido em 2005.
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