quarta-feira, 31 de março de 2021

Notas roqueiras: Knights, Distimia Felt, Hatred Incarnated, Antonio Araújo, Wagner Campos...



- Duo de death metal lança oficialmente seu primeiro single nas plataformas digitais. A música leva o mesmo nome da banda, “Hatred Incarnated”, e fala da injustiça, escravidão, manipulação, mentira, religião e o ódio que surge desses temas. Formado por Vinícius Garcia no vocal e nas letras, e Lucas Bittencourt nas guitarras, baixo e composição, a dupla se uniu em setembro de 2020 com sede de espalhar a palavra do Death Metal tradicional e extremo. Ouça “Hatred Incarnated” no Spotify: 
https://open.spotify.com/track/7yqtUftoEiccnXa4VSv1IH?si=bu6YTTqeSzC8-lzweZTKdg

- “Welcome to the Underworld”  nas plataformas de streaming. O novo single dos veteranos do Knights é a segunda música lançada do álbum “Influxus”. O novo disco dos cearenses reúne as influências de cada integrante da banda e ainda não tem data de lançamento. Ouça “Welcome to the Underworld” no Spotify:
https://open.spotify.com/track/6rFAvHOmYQxOSm44HZkc93?si=i_lKsmbBQdCqQRdxaeQQpw

- A banda de hardcore Distimia Felt acaba de disponibilizar nas plataformas de streaming o primeiro deles. Se trata do seu novo single, “Mate A Todos”, que você pode ouvir em primeira mão no link https://open.spotify.com/track/0UdsXceS9ZNGIgKGLO62RC?si=trDiwJPRSKCjLO3ZTlWbTQ

- Os músicos Antonio Araújo (guitarra, Korzus, Lockdown e Matanza Ritual), Bruno Sutter (baixo e vocal) e Wagner Campos (bateria, ex-Decomposed God, Invisible Control) se uniram uma collab da quarentena em homenagem ao Death. A faixa-título do icônico álbum "Symbolic" foi executada pelos músicos brasileiros ao lado do guitarrista Bobby Koelble (Death, Death DTA), que gravou o sexto disco de estúdio do Death, lançado em 1995. Na época de "Symbolic", a formação trazia, além de Koelble, o saudoso Chuck Schuldiner (vocal e guitarra), Kelly Conlon (baixo) e Gene Hoglan (bateria).
Veja o vídeo da collab de "Symbolic", editado por Diego DoUrden (Dark Side Studios), em https://youtu.be/7v33yQi67rM

Notas roqueiras: Lafayette Coelho, Michale Graves, Grinding Reaction, Inanimalia...

Lafayette Coelho em show de 2015 (FOTO: DIVULGAÇÃO)


- O tecladista Lafayette Coelho, que fez parte dos discos mais importantes da Jovem Guarda, na década de1960, morreu aos 79 anos no Rio de Janeiro. Ele estava internado com pneumonia. Lafayette tinha a saúde debilitada - no começo de fevereiro, ele foi operado no Hospital Getúlio Vargas, no Rio, dois dias após sofrer uma queda e fraturar o fêmur. oi um nomes mis presentes em discos e shows de artistas brasileiros dos anos 60, especialmente da Jovem Guarda. Tocou com Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Golden Boys e Sergio Reis, entre outros. Nos anos 2000, foi resgatado por Gabriel Thomaz, da banda Autoramas, que criou o projeto Lafayette e os Tremendões. Amigo de infância de Erasmo Carlos, ele acompanhou Neil Sedaka e Jimmy Cliff em turnês pelo Brasil.  

- Michale Graves, ex-vocalista do Misfits, foi listado como testemunha de defesa no julgamento dos líderes do grupo neonazista americano Proud Boys pela invasão ao capitólio. O cantor é integrante declarado da milícia de extrema-direita que só admite homens brancos e prega supremacia racial. Esse cidadão foi o mesmo que abandonou uma turnê brasileira, em carreira solo, no meio. Em vez de ir para Limeira (SP), onde faria um show, desviou o carro para o aeroporto de Guarulhos e embarcou para Nova York. Claro que não devolveu o dinheiro e nem explicou a atitude. É mais um extremista que tem de ser banido por gente séria que gosta de música.

- Após ter seu nome confirmado no festival "Ring of Time Online Fest", que acontece nesse final de semana, dias 3 e 4, mais informações a respeito da participação do Grinding Reaction acabam de ser fornecidas. A apresentação irá ocorrer no domingo, 4 de abril, e poderá ser acompanhada pelo canal oficial do Ring of Time no YouTube, em https://www.youtube.com/channel/UCvBYiF5cVZj5RxxB4Uba5gA. O início dos shows está marcado para as 19h, e contará, além do Grinding Reaction, com mais outras 39 bandas do underground nacional e internacional.

- Após ter sido confirmada recentemente como uma das atrações do "Ring of Time Online Fest", festival que ocorre nos próximos dias 3 e 4 de abril, com a participação de 80 bandas, mais informações a respeito da participação da Inanimalia foram dadas. A apresentação da banda irá ocorrer no domingo, dia 4, com a transmissão dos shows tendo início às 19h através do canal da Ring of Time, no Youtube, pelo seguinte endereço: https://www.youtube.com/channel/UCvBYiF5cVZj5RxxB4Uba5gA

 

Comentários aleatórios: System of a Down detona o Brasil, cantora icônica encontra Jesus...

Serj Tankian (FOTO: DIVULGAÇÃO)


- Não é só entre a classe politica e diplomática mundial que a imagem brasileira está péssima. Alguns dos artistas mais engajados deploram a existência de bolsonada e seu governo nefasto de inspiração fascista. Serj Tankian, vocalista do System of a Down, bateu forte no governo brasileiro por conta de seu negacionismo e suas posições medievais em entrevista recente à revista Veja. Descendente de armênios, também é um ativista pela paz mundial e denunciou os crimes de guerra praticado por tropas do Azerbaijão na recente guerra contra a Armênia. Sobre bolsonada, lamentou que o Brasil seja governado pela extrema-direita e que as políticas sanitárias brasileira e a do ex-presidente americano Donald Trump foram e são erradas. "Passei parte do ano passado na Nova Zelândia, e acho que lá fizeram um trabalho incrível. Foram bastante transparentes e responsáveis. Eles não foram guiados por informações falsas. Obviamente que lá é uma ilha, um país pequeno, sem fronteiras terrestres. Penso que o Brasil precisa de um adulto no comando, e não de uma pessoa que desafia a ciência. Eu espero que vocês consigam se vacinar o mais rápido possível." Leia a entrevista aqui.

- Meg Stock quase foi um símbolo sexual do underground roqueiro brasileiro. Cantava na banda Luxúria, que causou certo furor no Vale do Paraíba nos anos 90. Quase 25 anos depois, ela recusou participar de uma volta da banda, em São José dos Campos. "Tenho outros interesses", declarou ela a diversos sites de entretenimento. Casa com um pastor evangélico, com duas filhas e trabalhando como assistente social, dedica a maior parte de seu tempo a atividades ligadas a uma sieta evangélica. Desejou bastante sorte aos antigos companheiros, mas garantiu que o rock não está mais em seus planos.

- Por falar em religião, músico importante do cenário roqueiro brasileiro estaria prestes a enveredar pelo meio gospel por sugestão do "empresário". Oportunismo? Apelação? É cedo para julgar, até porque o segmento costuma abrigar gente muito qualificada que costuma se dar bem no rock, como os bateristas Bruno Valverde (Angra), Eloy Casagrande (Sepultura) e bandas como Destra e Oficina G3. A questão é a convicção com que o referido músico encara o projeto. Culto e estudioso, costuma ler bastante sobre temas religiosos e sua banda até mesmo embarcou em um de seus conceitos para gravar o CD ótimo nos anos 2000. Que a nova empreitada não macule o seu legado e o de sua banda.




 

Ditadura militar ainda fascina roqueiros que não entenderam nada

Marcelo Moreira




O ativismo antifascista é cada vez mais necessário, mas como manter e estimular uma luta quando nas nossas próprias fileiras cresce o desespero e a sanha autoritária com manifestações de "apreço" a um presidente de inspiração fascista que explora várias possibilidades de golpe de Estado?
 
Neste 31 de março, que marca os 57 anos do começo da asquerosa e nojenta ditadura militar, músicos de rock e fãs do autoritarismo prestaram sua "homenagem" ao regime assassino e depredador da democracia que começou em 1964.

Lamentavelmente, não foram poucos os imbecis que fizeram tal gesto, clamando por militares no poder, com uma ditadura em que "deus e a família e a pátria (escrito assim mesmo) sejam a prioridade", com a "eliminação de comunistas".

Os adeptos do fascismo entre nós, apreciadores de rock, perderam o pudor e a vergonha em promover as trevas e o combate aos chamados "inimigo da sociedade", genericamente chamados de "comunistas", seja lá o lá o que entendam por isso.

É gente apoia o genocídio perpetrado pela covid-19 e estimulado pelo governo desastroso de bolsonada, o pior governante de todos os tempos.

Não é só a guerra contra conhecimento e a cultura que bolsonada empreende: é uma cruzada contra o bom senso e a lógica na tentativa de relembrar e resgatar um mundo medieval, onde todos terão de celebrar a ignorância e ter orgulho dela.

Celebrar e louvar a ditadura é jogar contra a própria liberdade e contra a própria vida, especialmente para artistas que só podem criar de forma decente em ambientes que valorizem a liberdade e o conhecimento. 

O artista imbecil que comemora 1964 não só merece o que de pior a vida puder lhe impor: merece ser o primeiro a ser execrado e banido pela própria ditadura que apoia, caso ela venha a se materializar.

Quem gosta de rock jamais pode fazer continência a um regime que fez da violência e da brutalidade políticas de governo, com direito a tortura, assassinatos e destruição das instituições.

As guitarras não serão caladas, por mais que os próprios músicos e guitarristas imbecis que babam por uma ditadura trabalhem pelo silêncio dos artistas. Esses seres abjetos precisam ser neutralizados e banidos para que não empesteiem o mundo com seu ódio. 

É hora de separar os lixos humanos dos seres decentes que prezam pela democracia e pela liberdade.

Notas roqueiras: May Puertas, Insane Wolf, Aneurose...

 
May Puertas (FOTO: DIVULGAÇÃO)

 
- May “Undead” Puertas, a vocalista do Torture Squad participou de uma collab em homenagem ao aniversário de 50 anos do baixista Luis Mariutti. A música escolhida foi “Never Understand”, lançada em 1993 no álbum “Angels Cry”, um dos clássicos do Angra. “Foi uma celebração de aniversário do Mariutti, eles me convidaram para fazer essa versão e eu convidei a Hanna Paulino, que é uma cantora de Macapá, no Amapá, que foi uma das finalistas do Soul Spell, para fazer esse collab com a gente. Ficou incrível.”, contou a vocalista. A versão conta com um time de peso com ídolos de várias gerações do metal brasileiro: May Puertas e Hanna Paulino nos vocais, Aquiles Priester na bateria, Mayki Fabiani no violão e na guitarra, e Luis Mariutti no baixo. Veja em https://youtu.be/4dKY8MzTDDg

- A banda Insane Wolf disponibilizou em seu canal oficial do YouTube a faixa "Wait For The Signal", pertencente ao novo álbum do grupo, "Insane". O full-length trará influências do Power Metal, Blues Metal e Love Metal e será lançado no país pela MS Metal Records e distribuído pela Voice Music (físico) e CD-Baby (digital). Veja em https://youtu.be/cYee6KLsVrU

- A banda mineira Aneurose apresenta o videoclipe de "Ruptura", primeiro single do novo álbum, "Made in Rage", que será lançado em 2 de abril. A letra, em português, traz um tema atual sobre a situação da pandemia no Brasil. "A letra de 'Ruptura' é praticamente um desabafo. Ver tantas pessoas sofrendo, morrendo sem oxigênio, filhos perdendo pais e mães, hospitais sem vagas em todo canto e a irresponsabilidade de alguns que vão a festas, praias e outras aglomerações nos revolta. A letra trata disso, e é um alerta para que a sociedade entenda, de uma vez por todas, que esse é um problema nosso e se cada um fizer a sua parte iremos sair dessa mais rápido, com menos mortes e sofrimento", declarou o vocalista Wall Almeida. A faixa de abertura de "Made in Rage" foi composta inicialmente de forma espontânea por Wall Almeida. "Começou com uma 'viagem' minha batucando no violão. Depois, evoluiu para uma direção direta e forte. 'Ruptura' possui vocais viscerais, grandes arranjos com percussão brasileira e até um infame beat de influência carioca em sua intro", detalhou o vocalista.
Confira o videoclipe, produzido pela MVP Filmes, em https://youtu.be/YpQxQ8SGENc

A luz no fim da pandemia diante do otimismo de Bruno Gouveia, do Biquíni Cavadão

 Marcelo Moreira

Bruno Gouveia (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Desde que parte da população deste imenso país despertou para os protestos políticos, em 2013 - nem vamos contar os espasmos de 1992 contra o presidente Fernando Collor - algumas músicas emblemáticas são resgatadas pra servir de trilha sonora das manifestações.

Oito anos atrás a eleita foi "Até Quando Esperar", da Plebe Rude, um dos hinos políticos do rock nacional. Com a piora nas condições sanitárias e o aumento de vítimas da covid-19, a música relembrada é "Zé Ninguém", do Biquíni Cavadão, curiosamente uma composição da época de Collor.

"É surpreendente, de certa forma, pois é uma canção social, e não política, embora os temos hoje sejam outros. Se por m lado mostra a força da canção, por outro é um sintoma dos complicados tempos em que vivemos", diz Bruno Gouveia, o vocalista do Biquíni Gouveia.

O resgate de "Zé Ninguém" é mais um sopro de boas novas para a banda e para o cantor, imersos em diversos projetos que incluem comemorações, participações em projetos distintos e a publicação de um livro.

A pandemia da covid-19 acabou empurrando as comemorações dos 35 anos de criação da banda. Desde o último show, realizado em Minas Gerais em 14 de março de 2020, o grupo só subiu ao palco em setembro, uma única vez, em um evento em Fortaleza (CE). 

"A pandemia não deu trégua e os nossos 35 anos se tornaram 36. E para nós estava claro que as comemorações precisavam de um gás para marcar um período tão importante. Da forma com pudemos, compusemos novas músicas e pretendemos lançar novo disco", diz Gouveia com grande expectativa.

"Através dos Tempos" é o nome do álbum, embora a banda deva experimentar novas formas de divulgação. Seguindo uma tendência, o Biquíni Cavadão deve pulverizar o lançamento, com um single de cada vez.

O vocalista se empolga ao falar de novas tecnologias e o impacto que as mudanças de hábito provocaram na forma de se ouvir música. "Sempre fui ligado na questão da evolução tecnológica no mundo artístico e, de alguma forma, o artista sempre teve de se adaptar a essas mudanças. Do compacto simples ao MP3, passando pelo CD e a internet, tudo mudou rápido e obrigou todos a se mexer. São tempos instigantes, desafiadores. Como sou otimista, acho que as possibilidades são interessantes."

E otimismo não falta mesmo a Bruno Gouveia, que curte o filho de apenas sete meses de idade enquanto caça oportunidades ao lado de amigos e colaboradores, para não falar do livro autobiográfico "É Impossível Esquecer o Que Eu Vivi", um relato intenso e aberto de uma vida movimentada no mundo da música e da imprensa.

A finalização do álbum do Biquíni Cavadão tomou-lhe a maior parte do tempo, mas a pandemia foi prolífica. Ao lado do amigo Léo Jaime, participou com aletra da música "É Verdade Esse 'Bilete'", da banda Old Chevy, de Campinas (SP), especializada em rockabilly. Gouveia escreveu a letra hilária e cheia de sarcasmo, com leve tom de crítica política e social.

Nem ele consegue determinar se a empolgação com a profusão de atividades é o motor do bom, momento em que a carreira se encontra. 

Mesmo sem conseguir conter a felicidade, tem muita consciência a respeito do quer estamos vivendo. Já perdeu a conta das noites insones em busca de ideias para amenizar o sofrimento da classe artística e musical neste período de bloqueio total de shows e gravações. 

"Ainda que eu reconheça que tenha uma condição melhor do que muitos artistas, e que sinta uma falta grande de voltar ao menos a fazer minhas apresentações de jazz ao lado de minha mulher, a situação geral é muito, mas muito perturbadora. Eu me pego pensando nas agruras de muita gente o tempo todo e é algo que precisamos debater e pensar mais para tentar encontrar algum tipo de ajuda para nossa classe", diz Gouveia.

Outra participação da qual curtiu muito foi cantar em uma versão de "Halo", do Depeche Mode, em projeto capitaneado pelo baixista Patrick Laplan, que tocou com o Biquíni por oito anos. A versão é diferente, mas resgata a paixão que tem pelos anos 80. "Ao mesmo tempo em que expande o horizonte, resgata um pouco de nossa história. Adorei esse projeto."

Gouveia não perde o fôlego e não se perde no emaranhado de atividades e logo comenta sobre "Ilustre Guerreiro Ao Vivo", o álbum que contém canções do Biquíni Cavadão e alguns clássicos escritos pelo amigo e mentor Herbert Vianna (Os Paralamas do Sucesso).

Biquíni Cavadão (FOTO: DIVULGAÇÃO)

"Vital e Sua Moto", "Mensagem de Amor" e "Ska" ganharam versões reverentes, com arranjos menos óbvios e leves mudanças de ritmo. O grupo também incluiu mais algumas músicas de Herbert Vianna em estúdio para este novo lançamento. 

Originalmente tocadas na temporada 2019 do programa "Versões", do Canal Bis, elas foram gravadas no fim do ano passado e finalizadas em casa, durante a pandemia. O rock "Fui Eu", a balada "Quase Um Segundo" e a bluesy "Caleidoscópio" fazem parte desta lista. "Não tem como não se emocionar ao participar de um projeto como esse. Herbert e os Paralamas fazem parte de nossas vidas e suas canções são muito fortes e necessárias."

É evidente que soi muito distintas as situações profissionais e financeiras entre os artistas de vários calibres no Brasil, mas é difícil não admirar a força de vontade e o entusiasmo de Bruno Gouveia em um momento em que a pandemia reduz as perspectivas gerais. 

Mergulhado no trabalho, saboreando a convivência com o filho novinho e espalhado por várias oportunidades que não deixa passar, ainda sobra tempo para não esquecer de um bom amigo: Philippe Seabra, guitarrista e vocalista da Plebe Rude.

"Preciso falar com ele, é um cara de quem gosto muito. Faz um tempinho que não nos falamos. Estou muito curioso para saber quando ele vai finalizar uma versão que fizemos para uma música da banda inglesa XTC, 'Senses Working Overtime'. Acho que ficou bem legal", conclui o cantor.






terça-feira, 30 de março de 2021

Notas roqueiras: Drowned, Insanidade, Monday Riders...

Drowned (FOTO: DIVULGAÇÃO)


- O Drowned acaba de lançar em seu canal de YouTube, a primeira parte de um projeto de documentário que terá como fundamento apresentar aos fãs os motivos que levaram os músicos a formar a banda. Nesta primeira parte o vocalista Fernando Lima, revelou detalhes do embrião da história do Drowned. No vídeo você poderá conferir como tudo realmente começou e inclusive, depoimentos de músicos dos primórdios que atualmente não fazem mais parte do grupo. Assista pelo link https://youtu.be/ZFtXJYvN8w0

- Foi lançado o novo videoclipe da banda punk Insanidade, para a música “Destroy Rock n’ Roll”. A canção faz parte do novo álbum da banda, “High Speed”, lançado no começo desse ano, e que se encontra disponível nas principais plataformas de streaming. Confira o vídeo de “Destroy Rock n’ Roll” em 
https://youtu.be/nGyTOOEe0Mk

- O Monday Riders anunciou nessa última semana, algumas mudanças em sua formação. A primeira delas foi a entrada do guitarrista Marco Fragola, que já vinha ensaiando com a banda e que foi oficializado como membro no último dia 13 de fevereiro. Na sequência, a banda anunciou que o guitarrista Marcos de Sensi está de saída da banda, de forma amigável, para focar em projetos pessoas, conforme comunicado nas redes sociais. Nesse mesmo comunicado, que pode ser lido abaixo, a banda confirma que está fazendo testes com um novo guitarrista, para substituir Marcos.

'Grilos', nova música de Érika Martins, é mais do que uma celebração

 Marcelo Moreira

Érika Martins, em foto do fim do ano passado (FOTO: ARQUIVO PESSOAL)

Eles são artistas talentosos, com carreiras invejáveis e internacionais, muitos CDs nas gostas e músicas incríveis. Transformam o palco em um pandemônio, no bom sentido e não deixam ninguém parado nas pistas e nas arquibancadas. 

No fim do show, despidas as roupas roqueiras e aura de artistas incansáveis, procuram o primeiro food truck (no nosso tempo, a mais próxima barraquinha de cachorro-quente) e não hesitam em lhe contar a mais nova arte que o cachorro aprontou ou como é difícil encontrar uma lâmpada x para o zoado cômodo da casa. E ainda pedem dicas de livros sobre a II Guerra Mundial ou uma biografia bacana.

Érika Martins e Gabriel Thomaz, que ntegram os Autoramas, são aqueles caras que tomam cerveja conosco e adoram falar de música obscura no boteco, bem longe daqueles músicos que ouvíamos no rádio tocando nas bandas Penélope e Little Quail and Mad Birds.

Já durante a entrevista, a primeira, fazem questão de se tornar amigos, daqueles bons e leais, e como sabem perdoar quando fingimos que a "nova música" nem é tao legal assim" - às vezes até eles mesmos acham isso, ou quase isso...

O casal gente boa mais gente boa da música underground brasileira acaba sendo isso, muito gente boa e muito amigo, daqueles de manterem contato constante e sempre perguntar da mãe, da filha, da produtora, do festival (no caso o In-Edit, o Festival Internacional de Documentários Musicais).

Por isso foi bastante difícil saber que Érika e Gabriel contraíram a covid-19 e ter tão poucas informações sobre eles no começo e ter de torcer no escuro. Mas eis que entra em cena a assessora de imprensa diligente e logo coloca as coisas nos trilhos (valeu, Adriana Baldin). 

Érika teve poucos sintomas e conseguiu se tratar isolada, em casa. Gabriel sofreu um pouco mais e precisou de cuidados maiores em um hospital de Jundiaí (SP), mas já se recupera bem.

Por tudo isso, celebremos a vida, como faz o casal rock mais rock do underground, e saudemos o lançamento de um single solo de Érica Martins, "Grilos", uma releitura de uma canção interessante de Erasmo Carlos, gravada na companhia do amigo Luiz Lopes. 

Neste momento, não dá para julgar a canção com isenção por conta do contexto em que foi lançada e pela difícil fase em que a cantora e guitarrista passou recentemente. Não é caso de analisar, é caso de celebrar a recuperação e a volta às atividades, torcendo para que Gabriel saia logo do hospital e retome os Autoramas com tudo.


Em primeira mão, leia abaixo um texto sobre a canção escrito por Érika:

"Sabe quando as coisas se encaixam no momento perfeito?
 
Quase 1 ano de pandemia, entro na live do Luiz Lopez e ele toca "Grilos" do Erasmo. Vrummmm tudo se encaixa.
 
Entro no instagram e dou de cara com uma das fotos mais lindas que vi nos últimos tempos....vrummmm tudo se encaixa na minha cabeça.
 
Conheci o Luiz Lopez - me corrija se eu estiver errada! - quando fui cantar com o Erasmo em um dos últimos VMBs. Já no ensaio, eu emocionada por estar dividindo o mic com o maior, ouvi do seu guitarrista que me acompanhava há tantos anos e sabia tocar todas as minhas músicas! 

Me emocionei pensando em como os ciclos se fecham...eu ali admirando e agradecendo a quem passou antes de mim, me formou como artista...e respondendo pelo mesmo pra uma geração mais nova. Ê vida legal.
 
Nos papos de bastidores e ensaios para o show da MTV, ficamos combinados de um dia fazermos o "Mi Casa Su Casa" da Penélope na íntegra...11 anos depois, aqui estamos, tudo se encaixando.
 
Quantas vezes falei pro "Erasmão" o quanto "Grilos" era minha música preferida e que iria gravá-la e, como tudo se encaixa tão perfeitamente, nenhum momento significa mais do que este para a frase: "sei que o mundo pesa muitos quilos, não me leve a mal se eu lhe pedir para cortar os grilos, cortar os grilos..." (ah, já contei que os grilos foram gravados lá na varanda de mi casa na Chapada Diamantina?).
E por fim, sou fã do Luiz como artista, como multiinstrumentista e como gente.

"Grilos" foi produzida por nós dois, gravada no "Virgun's Studio" na Bahia por Anselmo Quinto e no quarto do Luiz no Rio, por ele mesmo. Mixado e masterizado pelo Luiz. Teve participação do Danilo Fiani. Capa/foto da Jocasta Oliveira. Lançamento Ditto Music."


 

Notas roqueiras: Shaman, SwitchbacK, Versus Belli

 


- O Shaman acaba de lançar mais um vídeo inédito da série ‘lockdown sessions’, onde cada músico gravou em sua casa devido a pandemia. A versão escolhida dessa vez foi "Fairy Tale" e faz parte de uma série de vídeos que a banda está lançando ao longo deste ano. A faixa também será lançada nas plataformas digitais. Assista o vídeo: https://youtu.be/TzyJSJ29K8c

- A banda de hardcore carioca SwitchBacK lançou "Pelo Povo Para o Povo" - o segundo single de 2021. "Pelo Povo Para o Povo", em pouco mais de 2 minutos, resume a agressividade do hardcore, a palhetadas do thrash metal e a atitude punk típica do SwitchBacK. A letra ilustra uma crítica aos atores políticos que prometem muito e entregam pouco, e que, blindados pela cumplicidade de um sistema corrompido, iludem as massas com discursos hipócritas, imunes a culpas e pudores.

- A banda Versus Belli, de rock alternativo, lançou seu primeiro EP intitulado "Sul, que busca referências punk, no rap e no new metal, trazendo influência de bandas como Linkin Park, Limp Bizkit e a nacional, Ponto Nulo no Céu. "Sul" tem como assunto principal a força de vontade de seguir sempre em frente, a ida contra a maré e a vida cotidiana. Escute clicando aqui.
 

A vitória moral é do antifascismo, mas as trevas avançam em nossa sociedade

 Marcelo Moreira



Nunca foi uma questão política. Ou melhor, só de política. Sempre foi uma situação em que deveriam, prevalece o caráter e a decência. Indo além, é uma questão de lutar pela democracia e pela liberdade de expressão contra a barbárie e o medievalismo.

Parece simples, mas parcela expressiva da sociedade brasileira se recusa a entender. Dentro do rock, esse tipo de indigência intelectual avançou miseravelmente a ponto de muitos perderem a vergonha e exporem o orgulho de sua ignorância.

O flerte com o fascismo desde a eleição do dejeto humano que está na presidência já escancarava as intenções de parte do eleitorado, que agora deixa o pudor de lado e assume que apoia o nefasto governo federal independentemente da tragédia que perpetra.

Os projetos de destruição da civilidade e de implantação de ideias toscas e burras, frutos de ideologias deturpadas e completa falta de educação/informação, avançam mesmo com o esfarelamento administrativo e a perda de condição de governabilidade. O objetivo é o caos total na tentativa de golpe dos mais abjetos.]

Esqueçamos as estúpidas notas de repúdio que nada impactam e os protestos indignados, mas só, na imprensa. 

Os sinais cada vez mais claros de apologia à supremacia branca e de admiração do nazifascismo mostram que o bolsonarismo mais lixo e fedorento quer esticar a corda na esperança de que o caos faça com que o presidente abominável consiga permanecer no cargo com toda a sua incompetência.

Bolsonaro fede, e seus apoiadores relinchantes aplaudem e estimulam a ruptura. Acham graça das demonstrações fascistas, como a do assessor internacional lixo que esteve no Senado nesta semana. Essa corja de dejetos conseguiu até mesmo cooptar um negro fascista, que envergonha qualquer ser pensante no comando da Fundação Palmares.

De forma assustadora, o mundo do rock conservador aplaude essa gente nefasta. Ri das demonstrações de supremacismo branco e desdenha do perigo autoritário. Quando foi que a burrice penetrou com tudo em nosso meio e veio para ficar?

Quando sairmos da pandemia e da peste que é o bolsonarismo não sobrará muita coisa. As amizades não serão refeitas, pois não se tolera seres fascistas. Não há diálogo com esse tipo de gente, que faz apologia da tortura, do crime contra pobres e negros, do racismo e que odeia direitos humanos.

Vamos esquecer qualquer possibilidade de conversa com o tio racista, como primo homofóbico e com o irmão terraplanista que vê comunista até em ministério bolsonarista. 

Ignore aquele antigo amigo que jogava bola nos finais de semana que o acompanhava no estádio de futebol, mas que adorava destilar ódio contra tudo e xingava policiais e jogadores negros.

Esqueça a colega de trabalho que odeia pobre e a cunhada que vive enfiada na igreja., qualquer uma, ouvindo um pastor canalha vomitar todo tipo de preconceito e estelionato.

A vida será bem diferente e provavelmente melhor na maioria das ocasiões. Banidos, neutralizados e eliminados os lixos fascistas, certamente nossos dias serão mais iluminados e esperançosos. 

Com esses seres de volta aos seus buracos, o rock poderá enfim respirar um pouco melhor e celebrar a diversidade e a liberdade. O rock ajuda a destruir o fascismo, e assim será.

segunda-feira, 29 de março de 2021

Notas roqueiras: Liférika, Flavia K, Beto Lani...



- O trio de Taboão da Serra (SP) Liférikachega às plataformas digitais revigorado com seu novo álbum, “Sem Nenhum Medo de Apostar”. Fundada em 2011 por Diego Oliveira (guitarra e voz) e Adriano Nascimento (baixo e voz), agora conta com Alexandre Andrade na bateria. A banda já havia se consolidado como um motor propulsor da cena independente com seu homônimo e bom disco de estreia em 2015, que abriu espaço para shows ao lado de grandes nomes do rock/ metal nacional, como Devotos de NSA (do lendário Luiz Thunderbird), Vulcano, Black Pantera e Mattilha, entre outros. Ouça em https://sl.onerpm.com/7707732513

- "Janelas Imprevisíveis" é a segunda faixa liberada por Flavia K de seu EP ao vivo, Nítida, lançado com um single semanal. A música, de autoria da cantora e Anete K, é a faixa-titulo do disco de estúdio de Flavia, de 2019, e aparece em Nítida com mais minimalismo que a original. Na nova versão, o vocal está mais intenso e visceral, como ela mesma define. "Janelas Imprevisíveis" está disponível em https://youtu.be/sEKkRmmiMCs

Após lançar um single em colaboração com diversos músicos, o guitarrista mineiro Beto Lani lança uma versão acústica para a música “Tattoo In Your Heart”, de sua primeira banda autoral, Wisache. Lançada originalmente em 2007 no álbum “Polluted”, a música ganha agora uma nova roupagem e dá uma pausa entre os novos singles do guitarrista, que antecedem o lançamento do novo álbum, “...About The Uncharted”, que já ganhou quatro singles desde o ano passado. O Wisache, de Belo Horizonte, surgiu em 2003, e após algumas pausas e mudanças de formação lançou o single “Desert”, em 2006, abrindo caminho para “Polluted”. A formação do álbum contava ainda com Rod Wisache (vocal), Rick Kilcher (baixo) e Ghuzz Moreira (bateria). Ouça “Tattoo In Your Heart” no Spotify: 
https://open.spotify.com/album/25qbfjgbPW4AkfvcVAylTz

 

Uma merecida homenagem aos 50 anos de O Terço

 Marcelo Moreira

O Terço durante apresentação em São Paulo em 2013 (FOTO: ARQUIVO PESSOAL/WIKIPEDIA)

Toda vez que alguém lança no ar a questão sobre a melhor banda de rock nacional, tem sempre um sacripanta que não esconde a surpresa e a falta de informação quando alguém grita ou escreve "O Terço". Quem?

O guitarrista Sérgio Hinds costuma rir de desgosto, ou de forma lacônica, quando escuta esse tipo de coisa. Ela sabe o que fez. Ele sabe o tamanho e a importância da banda que criou ainda no final dos anos 60.

O rock progressivo? É, tem bastante, mas não só. O Terço sintetizou o que de melhor a música jovem produziu no Brasil nos últimos 50 anos. Pena que a banda esteve muito à frente de seu tempo.

O cinquentenário de O Terço ganha um excelente produto neste 2021. "O Terço - 50 anos" é um livro que sai pela editora  com autoria de Hinds em parceria com o jornalista e pesquisador Nélio Rodrigues, que escreveu por muito tempo para a revista PoeiraZine.

É uma obra caprichada, minuciosa, detalhista, que conta com histórias extraordinárias contadas por quem viveu de perto e dentro de um período riquíssimo da cultura brasileira. E a banda, certamente uma das mais cultuadas do rock nacional, merecia essa homenagem e uma obra de qualidade.

Eu a considero a melhor que já existiu dentro do rock nacional cantado em português. Supera Os Mutantes, Raul Seixas, Secos & Molhados e qualquer uma do rock oitentista. Gravou clássicos por mais de dez anos, com música instigante e boas letras, ainda que viajantes.

E por que não estourou? Por que não tem o mesmo cartaz histórico dos Mutantes? Por que não é tão cultuada como o Made in Brazil?

Surgida no finzinho dos anos 60, O Terço teve a trajetória intimamente ligada à carreira e à vida de Sérgio Hinds, que não deixou o sonho morrer, muito graças a temas icônicos, como a música "Hey Amigo", hino do rock brasileiro, e álbuns como "Casa Encantada" e "O Som Mais Puro".

O Terço é tão importante que mereceu reportagem de capa da já mencionada revista PoeiraZine, extinta em 2015. Clique aqui para ler um pouco mais sobre o lançamento do livro.

Notas roqueiras: Pitty, Léo Jaime, Dramón, Etiene Porto...

Pitty (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- Lançado em 2019, o álbum "MATRIZ" é um divisor de águas na carreira da Pitty, tanto pela força do repertório como por trazer um pouco de seu olhar para a sua própria essência. O projeto gerou o filme "MATRIZ.doc", dirigido por Otavio Sousa, a minissérie "VideoTrackz", produzida por Pitty no início da pandemia especialmente para as redes sociais, e seu show de lançamento em Salvador (BA) gerou o álbum visual (também disponível em DVD duplo) "MATRIZ Ao Vivo na Bahia", que será relançado em versão deluxe, amanhã (12), em todas as plataformas de música, pela Deck. "MATRIZ Ao Vivo na Bahia (Deluxe Edition)" traz duas músicas a mais, "Para o Grande Amor" (Peu Sousa) e "Serpente" (Pitty). Nesse show histórico na Concha Acústica, Pitty recebeu no palco os artistas que participaram de "MATRIZ", todos baianos; Lazzo Matumbi, Larissa Luz, Russo Passapusso e Robertinho Barreto (BaianaSystem). Acompanhada por sua banda composta por Martin (guitarra), Daniel Weksler (bateria), Guilherme Almeida (baixo) e Paulo Kishimoto (teclados), a cantora tocou todas as músicas do álbum e grandes sucessos de sua carreira como "Equalize", "Na Sua Estante" e "Dançando", do projeto Agridoce.

- Chega às plataformas digitais "O Pobre", novo single de Leo Jaime, que integra o projeto "Desplugado". A faixa fala sobre situações em que as questões financeiras interferem na vida afetiva, dificultando o processo de sentir-se amado quando falta o que comer, horizontes, projetos ou autoestima. Com o projeto "Desplugado", Leo Jaime volta aos palcos com reforço e direção musical do multi-instrumentista Guilherme Schwab, grande revelação das cenas rock e folk brasileira desta década. Os arranjos novos ressaltam delicadezas e forças de um repertório pra lá de consagrado. Durante o projeto, Leo regravou, no estúdio de seu velho parceiro, Nilo Romero, "A Vida Não Presta" e "O Pobre", todas produzidas pelo próprio artista. Ouça em https://ps.onerpm.com/opobre

Dramón, projeto experimental do músico e produtor Renan Vasconcelos, lança 'Vencer o Sol', single com ambientações fundidas a guitarras e que mostra as novas possibilidades e texturas no primeiro disco cheio do artista, Áspero, que chega ao streaming no final deste mês de março via Sinewave Label.
Ouça Vencer o Sol aqui: https://tratore.ffm.to/vencerosol.

- A cantora Etiene Porto está lançando o primeiro single, "Dead Army". Desde os 15 anos fazendo shows com diversas bandas, a moça mostra boa performance em uma canção autobiográfica e com arranjos interessantes, embora nem seja tão rock assim. Escute em https://open.spotify.com/track/6tS5dXDWOl74keWHoK5UVt?si=ON3PlfUKRVWb0nh1dQ3ytA

Golden Earring celebra os 60 anos de atividade, mas anuncia o fim do grupo

 Marcelo Moreira

Golden Earring em 1974, no programa de TV 'Top of the Pops', da TV inglesa (FOTO: REPRODUÇÃO/WIKIPEDIA)

Uma banda de rock que completa 60 anos de carreira, e de forma ininterrupta. Não são os Rolling Stones, não é o Status Quo, e nem os Kinks (que pararam, em 1996). Não é inglesa e nem norte-americana e mantém a mesma formação por 50 anos.

Nem mesmo os integrantes do Golden Earring acreditam. Para o baixista Rinus Gerritsen, prestes a fazer 75 anos de idade, a banda que ele fundou em 1961 em Haia, na Holanda, deveria ser algo nem tão sério. 

Em seis décadas de existência, por mais que o som do grupo tenha ficado restrito à Holanda, Inglaterra e Alemanha a partir dos naos 80, passearam pleo pop, pelo rock mais pesado, pelo progressivo e também pelo formato acústico, no qual viraram referência na Europa.

As comemorações dos 60 anos, no entanto, não poderão ser festivas, e o motivo não é a pandemia de covid-19, que paralisou o mercado de shows no mundo inteiro. 

George Kooymans, guitarrista e fundador, foi diagnosticado com uma doença degenerativa (esclerose lateral amiotrófica) aos 72 anos e terá de parar de tocar. Com isso, a banda anunciou em 5 de fevereiro que encerrará suas atividades por conta disso.

Como pode uma banda seguir firme e enfrentar todas as crises de mercado por 60 anos? "Parece-me clichê, e é mesmo, mas tem muito de amizade, respeito e amor pela música. Tivemos a felicidade de ter uma carreira longa, bem conduzida e foco no que devíamos fazer e como deveríamos soar", disse Gerritsen à revista inglesa Classic Rock anos atrás.

Gerritsen e companheiro George Kooymans se conheceram ainda adolescentes em Haia e logo deixaram o futebol nas ruas de lado e começaram a curtir juntos os discos de vinil que ambas as famílias possuíam. 

Naquele mesmo ano de 1961 fundaram o Golden Earrings (com s mesmo no final, só abandonado em 1970). Rinus tinha 15 anos e George, 13. Mal sabiam tocar guitarra e teclados, muito menos cantar, mas receberam apoio de um descobridor de talentos, Fred Haayen, da Polydor holandesa.

A banda começa tomar forma, mas só em 1965 recebem alguma alguma atenção e gravam o seu primeiro compacto - "Please Go" e "Chunck of Steel", canções em inglês, como o mercado holandês exigia, deixando a língua natal para as canções folclóricas locais.

Por algum tempo, nos anos 60, a formação contou com Kooymans na guitarra, Gerritsen no baixo, Frans Krassenburg nos vocais, Peter de Ronde na guitarra e Japp Eggermont na bateria. 

Fizeram um sucesso moderado na segunda metade dos anos 60, enfrentando constantes viagens à Inglaterra para gravar, a saída de Krassenburg, os vocais sem muito entusiasmo de Kooymans e a chegada de um novo cantor, o carismático Barry Hay, nascido na Indonésia. 

E foi no mítico ano de 1967 as começaram a acontecer, sendo que a formação clássica se estabilizou em 1970 com o baterista virtuoso Cesar Zuiderwijk substituindo Eggermont. 

A banda decola e se torna um fenômeno europeu e bem aceita nos Estados Unidos. Foram pelo menos dez anos de estrelato e ocasionalmente recebendo um tecladista como um quinto elemento.

A banda em 2012, em foto promocional para o último disco lançado (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Um grande sucesso foi a canção "Radar Zone", que tocou bastante por aqui. Já nos anos 80, veio a bacana "Twilight Zone", que uniu a banda em 1982 em um momento de crise. A canção deveria sair no disco solo de estreia de Kooymans, mas os produtores o convenceram a adiar sua saída da banda e lançá-la como single. Deu certo e os plan os de separação foram arquivados.

Classic rock por excelência, o Golden Earring manteve certo cartaz na Europa durante os anos 80 se equilibrando entre o hard rock e pop mais sofisticado na linha Roxy Music. 

Nos anos 90, a grande sacada foi aderir de cabeça ao formato acústico, o que agradou em cheio às plateias da Alemanha, Bélgica, Dinamarca e Suíça, que substituíram com sucesso os públicos inglês e norte-americano. Até hoje, todos os shows, fazem um set acústico e outro elétrico, e adoram essa formatação.

Dividem até hoje as honras de maior banda da Holanda como Focus, gigante do rock progressivo. São 33 álbuns desde 1965, além de outras 17 coletâneas, embora seu último álbum seja de 2012.

Embora pouco conhecida das atuais gerações, especialmente no Brasil, é uma banda que merece muita atenção pela qualidade de seu trabalho. 

domingo, 28 de março de 2021

Detonautas e Gojira lançam clipes com críticas sociais e à destruição da Amazônia


- Detonautas Roque Clube estão de volta om mais uma pesada crítica social. "Racismo é Burrice” é o primeiro single e videoclipe de 2021 e foi originalmente lançada em 2003 pelo rapper carioca Gabriel , O Pensador. O vídeo, produzido pela Seven Content e Fábio Masson, tem formato de colagem. Na abertura, o vocalista Tico Santa Cruz afirma que “Nós, que temos a pele clara, sabemos que somos privilegiados e nossas responsabilidades são do tamanho dos nossos privilégios. Conscientes disso, os Detonautas trazem de volta essa canção para que a gente possa colaborar na luta contra o racismo estrutural.”



- A banda francesa Gojira lançou nesta sexta-feira (26 de março) o clipe "Amazonia". A música é faixa de "Fortitude", próximo trabalho do grupo, que será lançado no dia 30 de abril. O vídeo foi dirigido e editado por Charles De Meyer. De forma contundente, a banda mostra como a Amazônia sendo destruída por queimadas e desmatamento.  com imagens do projeto "Híbridos, Os Espíritos do Brasil", filme de Priscilla Telmon e Vincent Moon. Todo o valor arrecadado com a nova música irá beneficiar a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que defende os direitos ambientais e culturais das tribos indígenas da Amazônia.
 

Notas roqueiras: Luis Mariutti, Tiberius ProjecT, As the Palaces Burn...



- O baixista Luis Mariutti (Shaman, Sinistra) acaba de divulgar a capa de sua biografia “Memórias dos meus 50 anos”, que será lançada no dia 22 de Março de 2021, data de seu aniversário de 50 anos. O livro é autobiográfico e teve o roteiro idealizado pela jornalista Paula Cortinovis e edição da editora Aleatória, estúdio Sopros, com apoio do Mariutti Team. O livro pode ser adquirido no site https://www.mariuttiteam.com/. No dia do lançamento, o baixista irá realizar uma Live em seu canal do YouTube para falar sobre o livro.

- Em promoção do seu recente trabalho ‘Horda de Lacaios’, a Tiberius ProjecT participará do festival ‘Metal Solidário Online’. Nesse sentido, será a primeira vez em que a banda executará o seu novo single ao vivo. Além disso, o set list apresentará as clássicas ‘Total Madness’, ‘United for Metal’, ‘Starvation’ e ‘You Bitch!’. Além da Tiberius projecT, o ‘Metal Solidário Online’ contará com as bandas Oitão, Ação Direta, Final Disaster, Carraz, Crom, Warbound, Living Metal e Dakhmas. Os shows ocorrerão no Espaço Som, em São Paulo/SP. A transmissão ao vivo acontecerá no dia 14/04, às 14h00, pelo canal do YouTube da rádio Antena Zero. Para ficar ligado e se inscrever no canal, é só clicar em https://www.youtube.com/user/radioantenazero. Por fim, a realização do evento acontecerá conforme as normas da Organização Mundial de Saúde. O festival encabeça a campanha “Metal Solidário – Juntos Contra a Fome”, que assiste pessoas de poucos recursos nesta pandemia. No dia do evento, você poderá entregar doações de 14h00 às 22h00 no Espaço Som: Rua Teodoro Sampaio, 512. Também pode enviar pelo QR Code, Pix, iFood, Rappi e Uber Eats, além de contribuir com a Vakinha http://vaka.me/1786240.

- A banda de heavy metal As The Palaces Burn segue promovendo o EP 'All the Evil', lançado no final de 2020. Com um projeto independente, a banda irá lançar o videoclipe da faixa "All the Evil" no dia 16 de março com uma pré-estreia exclusiva no site da Metal Hammer Portugal. O videoclipe foi produzido pela catarinense Magma Filmes, comandada por Danilo Anastácio e co-produzido pela banda. Para dividir com os fãs o desafio de criar um videoclipe totalmente independente, está disponível no IGTV da banda o mini documentário sobre a produção do clipe, com making of, curiosidades e relatos dos profissionais e dos integrantes da banda.

 
 
 

Classic rock: o fim de uma era se aproxima

Marcelo Moreira

Eddie Van Halen (FOTO: DIVULGAÇÃO)


Somos a geração que vai testemunhar o fim do classic rock dos tempos em que o rock dominava. Foi assim que reagiu o baterista Mike Portnoy, ex-Dream Theater, quando comentou a morte de outro baterista, Neil Peart, do Rush, recentemente eleito o melhor artista de rock progressivo de todos os tempos.

De certa forma, também foi a reação de muita gente quando da morte de Eddie Van Halen em 6 de outubro passadoHouve um misto de surpresa, inconformismo e resignação, e a repercussão foi imensa, tão grande quanto às que vieram após o desaparecimento de Lemmy Kilminster (Motorhead), David Bowie, Malcolm Young (AC/DC), Ronnie James Dio e do próprio Peart.

É a sina que atingiu o blues, onde gerações viram todos os gigantes dos anos 50, 60 e 70 desaparecerem - resta apenas Buddy Guy, o guitarrista mágico que ultrapassou os 80 anos há algum tempo.

O tempo está cobrando rápido a fatura. Por isso conseguimos entender certas decisões de nomes fortes da música. Bill Wyman não se importou com ninguém quando decidiu sair dos Rolling Stones, no final de 1991. Integrante mais velho do quinteto, avisou com antecedência, na turnê europeia daquele ano, que não seguiria mais com o grupo. 

Aos 56 anos de idade à época, não conseguia mais olhar na cara dos amigos depois de então 30 anos de carreira ininterrupta. E o pânico de viajar em aviões só piorava a convivência. 

Ninguém entendeu a decisão, nem os companheiros, que demoraram quase seis meses para fazer o anúncio oficial, na esperança que ele reconsiderasse a decisão – o clipe da música "Highwire", lançado no final de 1991, já não trazia o baixista.

O recado de Wyman a todos foi explícito, mas poucos se deram ao trabalho de perceber: se B.B. King e John Lee Hooker ficaram nos palcos até os 80 anos de idade, foi porque era "highlanders", imortais e indestrutíveis. Mas no blues, e não no rock. 

Bill Wyman (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Os Rolling Stones ainda estão aí, com 58 anos de carreira, e Wyman, com 8 5anos de idade, é quase bisavô e um bem-sucedido dono de restaurante em Londres. Tocando rockabilly uma vez por ano com sua banda de amigos.

 A eternidade do rock passa pela admiração e veneração pelos grandes ídolos do classic rock. Não é por outro motivo que causou comoção a declaração de Eric Clapton, em 2015, dizendo que nunca mais tocará no Japão, um prenúncio de sua aposentadoria, ao menos dos palcos. 

Pudera, ele tinha 70 anos de idade, sendo que 52 deles nos palcos do mundo. Muita gente ficou horrorizada, mas o guitarrista inglês não economizou nas palavras: "Quando ficar de pé se torna um suplício após 40 minutos, é sinal de que é hora de tomar alguma providência. Aos 25 anos as providências têm menos impacto do que aos 65 ou 70", disse em uma nota publicada em seu site pessoal. Hoje ele tem 75 anos e diminuiu drasticamente a agenda.

Os amantes do rock clássico, que aprenderam a amar o rock por conta dos grandes hits e das biografias muito bem escritas de heróis da música, estão dificuldade para encarar o inevitável: o rock como nós gostávamos e conhecemos está acabando devido à velhice. 

Houve um tempo em que o costume era ver os heróis se tornando lendas e mitos por conta de mortes simbólicas. Acostumamo-nos a ver Elvis Presley e Keith Moon morrerem cedo por overdose de remédios; Janis Joplin, Jim Morrison e Jimi Hendrix mais cedo ainda, em decorrência dos excessos de bebidas e drogas; Kurt Cobain, por suicídio; Buddy Holly e Eddie Cochrane, vítimas de acidentes; e John Lennon, assassinado. 

A morte de Ronnie James Dio, em 2010, foi traumática, já que era um grande ídolo, mas foram poucos os que atentaram para o fato de que ele tinha 67 anos declarados (há quem diga que ele na verdade morreu com mais de 70 anos, pois escondia a idade). 

Dio lutou contra um câncer de estômago, sempre teve saúde frágil, mas é fato que a idade pesou também, em especial para um profissional que tinha uma agenda pesada de shows e compromissos, exaustiva até mesmo para bandas de sucesso, mas iniciantes.

O classic rock está morrendo aos poucos, seguindo o curso normal, e estamos propensos a não aceitar isso. Ficamos muito mal acostumados a assistir o Iron Maiden vir ano sim ano ano não ao Brasil, em turnês que rodam o mundo, mas até quando? Quem já parou para pensar que Steve Harris tem quase 61 anos, e o baterista Nicko McBrain tem 65? 

Nem todos os nossos ídolos roqueiros são verdadeiros atletas em todos os sentidos, como Mick Jagger, que tem 77 anos de idade pulando nos palcos; ou mesmo um highlander setentão, como Keith Richards, imune até mesmo a uma fratura de crânio ao cair de cabeça no chão de uma altura de quatro metros. 

E o que dizer de Paul McCartney, que aos 78 anos encarar três horas de show no baixo e no piano. Richards tem 77 anos, está detonado na aparência, mas debocha da decadência física. Pete Townshend, 75, guitarrista do Who, está surdo há 30 anos e há dez sofre com dores fortes nas costas, que o levaram finalmente a dizer que sua banda para definitivamente em 2018 - promessa não cumprida, felizmente para nós.

Seu companheiro, o vocalista Roger Daltrey, 77, bisavô como Jagger, apoiou a decisão de sair dos palcos. É prazeroso e confortável saber que seu ídolo está em plena turnê mundial e que vai passar na sua cidade em breve, divulgando o seu zilionésimo CD. 

Ele sempre fez parte de nossa vida, nos acostumamos a vê-lo nos jornais toda semana, a comprar seus DVDs e a debater com ele em chats na internet. 

Malcolm Young (FOTO: DIVULGAÇÃO)


São inquebráveis e indestrutíveis, até que alguém como Malcolm Young, do AC/DC, sucumbe. O baixinho Malcolm sempre esteve ali, do lado esquerdo do palco como um guardião do AC/DC, com as bases precisas, garantindo para que tudo desse certo, paradão e fazendo os backing vocals certeiros. 

Nunca imaginamos que o baixinho fumante e outrora bebedor contumaz, ranzinza mas generoso, pudesse um dia acordar com a bateria arriada, seja por conta de um suposto AVC, ou por causa de uma suposta doença degenerativa, que acabou sendo confirmada como demência.

A saída de cena de Malcolm Young, aos 61 anos, chocou o mundo do rock, em especial do rock pesado. Quase acabou com o AC/DC, o que provocou um baque quase tão grande quanto a morte de Dio (esta, ao menos, não foi tão angustiante, já que as notícias de sua piora foram dadas com regularidade). 

A doença do chefão do AC/DC pegou todo mundo de surpresa e sinalizou que o sonho está terminando para muita gente. Sua morte, aos 64 anos, apenas confirmou os piores temores da maioria dos amantes do rock: eles vão, o legado e a saudade ficam, com seus hits eternos, mas a lacuna não será preenchida.

É bom lembrar que o trio de ferro do Black Sabbath, que finalmente encerrou a carreira, tem 72 anos de idade. Ian Gillan, Roger Glover e Ian Paice, do Deep Purple, passaram dos 70 anos de idade .Até quando a roda vai girar? 

Os riscos de manter as expectativas lá em cima são grandes, ao mesmo tempo em que a ficha demora cada vez mais para cair. É muito legal ver o bluesman inglês John Mayall, por exemplo, mostrar vigor e força aos 87 anos de idade, ainda na ativa e detonando nos palcos. Mas e quando os sinais da saúde e da idade ficam claros, mostrando que nada mais é como era antes? 

O veterano Johnny Winter que o diga: aos 70 anos, comemorou o aniversário tocando bem sua guitarra texana, mas havia quatro anos precisava de ajuda para subir ao palco, tocando apenas sentado. Morreu poucos meses depois. 

E o que dizer do constrangimento de B.B. King anos atrás? Aos 88 anos, o guitarrista se apresentava no Peabody Opera House, em St. Louis, nos Estados Unidos, quando ouviu algumas reclamações da plateia, de acordo com relato do jornal St Louis Post.

E o que dizer do constrangimento de B.B. King anos atrás? Aos 88 anos, o guitarrista se apresentava no Peabody Opera House, em St. Louis, nos Estados Unidos, quando ouviu algumas reclamações da plateia, de acordo com relato do jornal St Louis Post. 

"Por alguns momentos, a plateia estava com ele, rindo das piadas e tudo. Mas já haviam se passado 45 minutos e King não havia tocado nada que sequer lembrasse alguma música. Nesse ponto, seus solos estavam instáveis. Ele explicou que a banda estava sem tocar há dois meses, o que o fez perder confiança", diz o texto assinado por Daniel Durchholz.

B.B. King (FOTO: DIVULGAÇÃO)

"Toque alguma música", gritou alguém da plateia. Entre o repertório, B.B. King chegou a fazer uma versão de "You Are My Sunshine" que se arrastou por 15 minutos, enquanto alguns integrantes da plateia deixavam o show. Segundo o jornal, ele ainda tocou "The Thrill Is Gone" para tentar salvar o espetáculo. O guitarrista deixou o palco antes do fim da apresentação.

Ainda que exigíssemos que os artistas tenham o discernimento de saber parar na hora certa ou mesmo cancelar show por conta de algum problema de saúde, é indecente submeter qualquer artista, lenda ou não, gigante do rock ou não, a um constrangimento desnecessário como esse. 

B.B. King ainda se esforçou, por prazer, em nos presentear com o melhor blues que pode ser feito atualmente, e isso é mais do que qualquer um de nós pode exigir, ainda mais em relação a um quase nonagenário. Morreria poucos meses depois em consequência de problema relacionados à velhice. 

Axl Rose entrega menos de 30% do que B.B. King fazia com 88 anos no palco, e ninguém parece se importar. Não temos o direito de depreciar o trabalho de King, um homem que acima de tudo respeita o público, enquanto estrelinhas de 20 e poucos anos adoram dar piti, atrasam shows, tocam nada e se retiram em menos de uma hora. 

Em nota oficial pouco tempo depois dos shows abaixo da média, B.B. King e seu empresário reconheceram que a noite em questão não foi das melhores e se desculparam pela performance.

"Foi a primeira apresentação do Sr. King depois de um período de quatro semanas de folga – e foi precedida de uma viagem de 24 horas, percorrendo uma distância de 2,50 mil de ônibus para chegar em Saint Louis, de sua casa em Las Vegas. Para complicar ainda mais, Sr. King (que tinha 88 anos à época) sofre de diabetes – e ele acidentalmente não tomou uma dose de sua medicação no dia do show. A combinação do cansaço de uma viagem muito longa e a alta taxa de açúcar no sangue devido ao erro na medicação resultou em uma performance que não condiz com o padrão de excelência usual do Sr. King. Resumindo, foi uma noite ruim para uma das lendas vivas do blues da América – o Sr. King se desculpa e humildemente pede a compreensão de seus fãs." 

Elogiável a atitude do músico, e ainda assim são injustificados os protestos da forma como ocorreram. Hoje fica fácil compreender por que o guitarrista Hélcio Aguirra, do Golpe de Estado, tinha um aguçado senso de urgência. Cada solo era visceral e cada apresentação, bombástica.

Morto aos 56 anos em janeiro de 2014, ele gostava de dizer que desfrutava ao máximo tudo o que o palco oferecia. Se havia uma terra de sonhos, era o palco e a vida na estrada. 

E a morte de Malcolm Young, do AC/DC, nos lembra que os sonhos sempre terminam de forma inesperada e abrupta. Infelizmente, no mundo do rock, o sonho está terminando para muita gente.

sábado, 27 de março de 2021

Notas roqueiras: Shaman, Angra, Fixe...



 - O Shaman acaba de lançar um vídeo inédito para a música “For Tomorrow”, versão ‘lockdown sessions’, onde cada músico gravou sua parte em sua casa devido a pandemia. A versão faz parte de uma série de vídeos que a banda está lançando ao longo deste ano. A faixa também será lançada nas plataformas digitais.Assista o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=GOScWsEqxsE. "A música que deu início à nossa jornada!", disse Luis Mariutti. "For Tomorrow tem um dos grooves de batera mais legais que eu já ouvi", completou Alírio Netto. Formado por Alírio Netto (vocal), Hugo Mariutti (guitarra), Luís Mariutti (baixo), Ricardo Confessori (bateria), a faixa é um presente para os fãs e mostra o momento atual do grupo com Alírio Netto nos vocais.

- O Angra lançou mais um vídeo do próximo lançamento da banda, o DVD “ØMNI Live", que foi gravado no Tom Brasil (SP), em 2018. A faixa escolhida foi “Always More” e contou com a participação mais do que especial da Família Lima. O material pode ser adquirido na loja do Angra: https://store.angra.net/. Assista “Always More” do “ØMNI Live”: https://youtu.be/W_L0mLGEhpM

- A banda de metal alternativo Fixe estreia o segundo single do álbum de estreia, intitulado "Olhos". O disco está previsto para ser lançado ainda este semestre e traz composições tão reflexivas quanto as do EP "Dimorphos", lançado no final do ano passado. "Bangkok. Capital da Tailândia. Conhecida mundialmente por suas belas praias e templos, também é, devido o seu porte turístico, o centro da prostituição do Sudeste Asiático. Onde mulheres de países vizinhos: Laos, Cambodia e Birmânia (ou Mianmar) vão se prostituir em busca de uma vida melhor. Essa música é um protesto contra a indústria do sexo", ressalta o vocalista Renato Trex. O single já está disponível em todas as plataformas digitais.

Programa Combate rock tem Ringo Starr, rock combatendo a fome e NFT




Neste Combate Rock falamos sobre o edital lançado pela Prefeitura de São Paulo para auxiliar casas de espetáculos nestes tempos pandemias.

Você já ouviu falar em non-fungible token? Pois bem, o NFT é uma nova maneira de se comercializar música que já está sendo utilizada por alguns artistas. Nós explicamos um pouco sobre esta novidade.

Uma das tristes consequências desta pandemia é o agravamento da fome entre a população mais necessitada. Falamos sobre algumas iniciativas, entre elas a Solidariedade Vegan, comandada por Vivi Torrico e João Gordo.

Para encerrar, apresentamos o novo EP de Ringo Starr, o segundo melhor baterista dos Beatles, e o novo single de Ítalo e Gabriel Aragão (Selvagens à Procura da Lei).

Notas roqueiras: Go Ahead and Die, Enforcer, Victor Smolski's Almanac...



Go Ahead and Die (DIVULGAÇÃO)

- A banda Go Ahead and Die, do Arizona  (EUA), anuncia que seu álbum de estreia autointitulado será lançado no dia 11 de junho pela Nuclear Blast Records. É uma nova banda que lançou o videoclipe dirigido por Jim Louvau e Tony Aguilera para o primeiro single, 'Truckload Full Of Bodies'. Assista ao vídeo aqui: https://youtu.be/HjCMyT4Bsm4. a banda é integerada por Max Cavalera (Soulfly, Cavalera Conspiracy, ex-Sepultura) e seu filho Igor Amadeus Cavalera, que é o vocalista. Max Cavalera comenta: "'Truckload Full of Bodies' é um raio-x escuro da pandemia COVID-19. Ele examina como certos políticos em 2020 não se importavam com seus cidadãos. Os hipócritas cuidavam de si mesmos e não se importavam sobre o resto de nós morrendo."

- O grupo sueco Enforcer apresenta seu segundo álbum ao vivo, "Live By Fire II", que agora está disponível pela Nuclear Blast Records/Shinigami Records em CD com livreto de 28 páginas. Os formatos físicos do lançamento incluem encartes extensos contendo um programa de turnê, notas de capa e toneladas de fotos compiladas e projetadas pelo vocalista/guitarrista Olof Wikstrand, recapturando o ciclo de turnê do Efnorcer para os álbuns "From Beyond" e "Zenith" durante os anos 2015-2020.

Victor Smolski's Almanac apresenta uma versão inédita para 'Kingdom Of The Blind', que originalmente fazia parte do álbum "Kingslayer" de 2017 com o vocalista Frank Beck (Gamma Ray) bem como novos arranjos. Victor Smolski comenta: "Em nossa turnê européia de 2020, Frank Beck se tornou o vocalista principal do ALMANAC. 'Kingdom Of The Blind' foi sua música favorita do ALMANAC. Então, decidimos fazer uma nova versão dessa música com o grande apoio da Orquestra Sinfônica da Bielo-Rússia, o que leva a música a um novo nível. Um vídeo com a letra da faixa pode ser visto aqui: https://youtu.be/FtmG417tBUE

'Arise' colocou o Sepultura entre os gigantes do metal há 30 anos

  Flavio Leonel - do site Roque Reverso


O clássico álbum “Arise”, do Sepultura, completou 30 anos de existência nesta quinta-feira, 25 de março de 2021. Obra-prima do thrash metal, o disco representou um momento histórico da banda brasileira, fazendo com que o grupo fincasse sua bandeira entre os grandes do heavy metal mundial.

Com músicas de qualidade, peso e rapidez, além de um entrosamento admirável, o “Arise” traz o Sepultura no início de sua melhor fase, condição que levaria o grupo ao estrelato internacional e consagraria a banda como orgulho nacional para sempre.

Para muitos fãs de carteirinha do Sepultura, o álbum “Arise” é considerado o melhor da banda. Para a maioria da crítica especializada, o disco de 1991 faz parte da “trinca sagrada” da banda.Esta trinca também conta com os grandes “Chaos A.D.”, de 1993, e “Roots”, de 1996.

O fato é que “Arise” traz o Sepultura com aquela fome dos grupos jovens querendo mostrar para o mundo que são os melhores do universo. Se o ótimo disco “Beneath The Remains”, de 1989, foi praticamente um passaporte para a banda brasileira penetrar no cenário internacional do heavy metal, o álbum de 1991 traz o grupo dando aquele “chute na porta”, chamando a atenção definitivamente de todo o cenário do heavy metal.

Contexto da época

Nos tempos atuais, nos quais tudo é possível com um clique no celular, pode até ser estranho para as gerações mais novas, mas tudo era mais difícil em relação à divulgação, vitrine e consagração de uma banda de rock pesado, ainda mais quando ela é de um país sul-americano e sem qualquer tradição no heavy metal internacional, mas sonha em entrar neste mundo.

Com o “Beneath The Remains”, o Sepultura já havia sido notado internacionalmente e já participava de alguns festivais internacionais, como clássico Dynamo Open Air em 1990. Mas, apesar do sentimento geral de quem gostava de heavy metal, ainda era uma banda coadjuvante no death metal e ainda mais no thrash metal, perto de gigantes históricos, como Metallica e o Slayer.

Com planos ambiciosos, o Sepultura tinha com o Arise a possibilidade de gravar seu segundo álbum consecutivo com a gravadora gringa Roadrunner Records. Se, com o “Beneath The Remains”, a gravação foi feita no tradicional estúdio brasileiro Nas Nuvens, no Rio de Janeiro, com o disco de 1991, a estrutura já foi diferente.

Tudo porque os músicos gravaram o “Arise” na Flórida, nos Estados Unidos, no Morrisound. Agora, o produtor Scott Burns, que já havia cuidado do “Beneath The Remains”, estava em seu território e com todo a aparato de um estúdio preparado para um som de heavy metal.

Foi possível, com isso, tirar o máximo dos músicos. Max Cavalera (vocal e guitarra), Igor Cavalera (bateria), Andreas Kisser (guitarra) e Paulo Júnior (baixo) finalmente poderiam começar a lutar de igual com a bandas gringas e mostrar que queriam conquistar o mundo.

No Brasil, em tempos onde a internet não existia e a MTV Brasil ainda não tinha 1 ano de existência, gostar, seguir e se informar sobre o heavy metal era coisa para guerreiros. Eram tempos de undeground puro e, para ficar antenado sem ter que comprar revistas importadas em pleno período de hiperinflação, o fã tinha como fonte de informação a revista Rock Brigade, o programa Comando Metal, da 89FM, e o programa Backstage, então na 97FM.

As duas rádios paulistas (uma da capital e a outra do ABC) eram as que traziam mais rapidamente os materiais novos por meio destes dois programas. Especificamente no Rio de Janeiro, ainda havia a Fluminense FM, popularmente conhecida como “Maldita”, por focar a programação no rock e dar oportunidade para bandas novas.

Em São Paulo, ainda havia dois redutos de headbangers indispensáveis na época: a loja de discos Woodstock, de Walcir Chalas, que também apresentava o Comando Metal, e a Galeria do Rock – ambos ainda existem e lutam para sobreviver em tempos de streaming. Ainda havia, claro, em Belo Horizonte, terra natal do Sepultura, a mítica Cogumelo Records, que abriu as portas para a banda e tinha forte influência na cena local.

Toda cena underground do heavy metal tinha o Sepultura como uma aposta de que o Brasil poderia dar certo internacionalmente. E o simples fato de a banda já ter brilhado com o “Beneath The Remains” e participar de festivais bacanas do metal já era motivo de orgulho inacreditável entre os headbangers brazucas.

Enquanto isso, com exceção das revistas de metal e dos fanzines, o Sepultura era pouco notado pela grande imprensa musical, com, no máximo, notas de rodapés, ainda que se soubesse da qualidade da banda.

Rock in Rio

Foi então que o grupo foi anunciado para participar em janeiro de 1991 da segunda edição do Rock in Rio, em plena noite das bandas mais pesadas, no Estádio do Maracanã. Era a primeira vez que uma banda brasileira de heavy metal tocava num grande festival.

Na noite que teria o Guns N’ Roses no auge de popularidade como headliner e nada menos que Judas Priest, Megadeth e Queensrÿche (todo eles pela primeira vez no Brasil), estava ali o Sepultura, tocando ainda de dia, mas com uma multidão de mais de 70 mil pessoas, num horário tradicionalmente menos favorável e com aquele calor de janeiro do Rio.

Foi ali que a grande imprensa da música começou a notar pela primeira vez pra valer a banda, enquanto a comunidade brasileira do heavy metal entrava em êxtase.

O “Arise” ainda não estava pronto, mas o Sepultura precisava aproveitar visibilidade gigante do Rock in Rio para angariar novos fãs. E a solução foi disponibilizar um versão do disco com uma mixagem diferente da realizada na versão definitiva por Andy Wallace. A capa também era diferente e trazia a arte incompleta da original.

O álbum

O disco começa com uma trinca matadora de músicas que pode ser colocada entre as mais impactantes do thrash metal. A faixa que dá nome ao álbum, além de “Dead Embryonic Cells” e “Desperate Cry” são daquelas que já valem o disco.

A primeira e a segunda contaram com clipes gravados nos Estados Unidos, sendo que o de “Arise” foi censurado por lá por trazer a imagem de Jesus crucificado com máscara de oxigênio. Logo com a faixa-título era possível ver um Sepultura faminto para mostrar o que sabia. Rápida, envolvente e com a tradicional letra antenada que marcou o grupo na maior parte da carreira, a música já entrava para as favoritas dos fãs.

Com “Dead Embryonic Cells”, o cenário não é diferente e, para muita gente, a faixa é a melhor do álbum. Mais cadenciada, mas recheada de elementos importantes do thrash e um riff empolgante, a música fatalmente está entre as Top 10 do Sepultura. Tente ouvir essa música sem mexer a cabeça e o pescoço pelo menos em algum momento e você provavelmente fracassará.

“Desperate Cry” é outro petardo que não é inicialmente tão rápido como “Arise”, mas traz uma quantidade de variações de andamento que faz o Sepultura não ficar atrás de qualquer banda seminal do thrash metal. Igor Cavalera está simplesmente um monstro da bateria nesta faixa, ratificando a fama de grande músico.

A MTV Brasil entendeu o potencial do Sepultura e rodava exaustivamente o clipe ao vivo de “Desperate Cry” gravado em show em Barcelona já na turnê europeia da banda em maio de 1991. Foi o mesmo show que rendeu o então filme em VHS “Under Siege (Live in Barcelona)”, o primeiro do Sepultura.

O fato é que o clipe e a música ajudaram demais o Sepultura a mostrar que já estava em um outro nível, tocando para uma multidão de espanhóis e levando o nome do Brasil para o mundo.

As faixas “Murder” e “Subtraction” não tem o mesmo brilho das três anteriores do álbum, mas estão muito longe de qualquer classificação de músicas fracas. Elas mantêm a empolgação do disco justamente porque têm qualidade, preparando o terreno para a ótima “Altered State”, preferida deste jornalista.

Com várias mudanças de andamento e com um riff marcante, “Altered State”, talvez, não esteja entre as Top 10 das mais badaladas do Sepultura, mas sempre foi presença obrigatória em boa parte dos shows da banda. E realmente é uma faixa bastante completa em riqueza musical.

“Under Siege (Regnum Irae)”, “Meaningless Movements” e “Infected Voice” também não têm o mesmo brilho de todas as anteriores, mas não podem ser consideradas faixas ruins. O fato é que o thrash é mostrado com qualidade e ainda há espaço para experimentos com outros estilos, algo que se ampliaria nos discos seguintes.

‘Orgasmatrom’ e o show na Praça Charles Miller

Para a maioria das versões comercializadas do “Arise” no planeta, elas fecharam o disco, mas, especificamente na versão brasileira, elas vieram seguidas da faixa bônus “Orgasmatron”, cover do Motörhead.

Com uma versão que, para muitos, é superior à original, a faixa virou outro hit do Sepultura. E ainda ganhou um videoclipe executado exaustivamente na MTV em todo o planeta, sendo fundamental para agigantar o nome da banda.

Vale lembrar que o clipe citado contém cenas do show histórico que o Sepultura fez na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, em São Paulo, em maio de 1991. Com o sucesso da apresentação no Rock in Rio em janeiro e com todo o apoio que sempre tiveram dos headbangers brasileiros, o grupo decidiu presentear os fãs com um show gratuito num sábado à tarde.

A expectativa era de cerca de 10 mil pessoas, mas apareceram mais de 30 mil!!! Este foi o primeiro show grande visto por este jornalista na vida. E o que foi observado naquele dia é que a organização da apresentação foi surpreendida, e muito, pela quantidade de gente.

E havia de tudo naquele dia: headbangers, punks, carecas, roqueiros normais, menores de rua, curiosos e policiais. Em tempos nos quais as gangues não precisavam de muita coisa para brigas, o período anterior ao show teve de tudo, inclusive uma batalha de latinhas de cerveja gigantesca que pareceu deixar o céu metálico.

Havia um público tranquilo que ficou no vale do Pacaembu, mas a multidão sedenta pelo show do Sepultura estava ali em frente ao estádio. Bastou a banda começar a tocar e o pau começou a comer logo nas primeiras músicas. O resultado foi que seis pessoas ficaram feridas, 18 foram presas e uma foi morta a tiros.

Este jornalista, lá no fundão, viu passar por ele mais de uma pessoa ensanguentada carregada por policiais. O fato é que, mesmo depois de Igor Cavalera sair lá de trás do palco e pedir para as brigas terminarem, muita porrada continuou e o show infelizmente não conseguiu chegar ao fim.

A morte no evento foi um prato cheio para a parte reaça e sensacionalista da imprensa, que fez toda aquela campanha básica de demonização do heavy metal. O Sepultura, por sua vez, soube aproveitar boas cenas do show para o clipe e, apesar do primeiro impacto negativo causado pelas reportagens sensacionalistas, continuou rumando para o merecido sucesso.

Divisor de águas

O álbum “Arise” é só um dos vários “divisores de água” da carreira do Sepultura, mas foi essencial e imprescindível para o grupo fincar seu nome para sempre entre os grandes do heavy metal. A turnê internacional para a promoção do disco foi a maior até então e passou por países que o grupo nem imaginava passar antes de estourar, totalizando mais de 220 shows.

Não por acaso, o disco faz parte do livro “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer” e é item essencial para qualquer fã de heavy metal.

É, no fundo, uma conquista merecidíssma para uma banda que sempre batalhou muito para chegar onde chegou e que se transformou em verdadeiro orgulho nacional.