sexta-feira, 30 de abril de 2021

São Paulo ganha mais um espaço cultural permanente para a música

Marcelo Moreira

Não gosto de música eletrônica, não a ouço em nenhuma circunstância por vontade própria e considero DJ um animador de festa e um tocador de pen drives, no máximo, ainda que seja músico de formação, toque instrumentos musicais e tente compor alguma coisa em meio a barulhos e sons eletrônicos-artificiais. DJ não toca, faz discotecagens.

Dito isso, reconheço que o mundo da música eletrônica é u minha oma importante forma de entretenimento e que movimenta muito, mas muito dinheiro - ainda bem.

Esse universo é rico culturalmente, por mais que a música não tenha lá muita graça, na minha opinião. Merecia uma atenção maior no Brasil em termos de estudo e pesquisa, até mesmo livros mais acessíveis sobre o tema.

Parte desse vazio está sendo preenchido por uma iniciativa bastante interessante da Prefeitura de São Paulo, com a criação de um espaço permanente para esse mundinho dos DJs.

Exposição na Galeria do DJ (FOTOS: DIVULGAÇÃO)


O Centro Cultural Olido, da Secretaria Municipal de Cultura, inaugurou a Galeria do DJ "Sonia Abreu", com a mostra "60 Anos de Discotecagem em São Paulo". Não é coincidência que o local fica ao lado da Galria do Rock, na avenida São João, no centro da cidade, ao lado da Galeria do Rock.

Por enquanto a abertura, online, conta com uma tour virtual pela mostra e set "60 Anos de Discotecagem", de DJ Marky. São mais de mil itens em exposição. 

A tour virtual e a cerimônia de inauguração poderão ser vistas pela página http://www.facebook.com/centroculturalolido/. A exposição fica na Galeria do DJ até o final de novembro de 2021.

A partir de 18 de maio, o espaço abre para o público em geral com visitas agendadas pelo site Sympla, com capacidade de até 10 pessoas por hora, observando todos os protocolos de segurança e distanciamento social. As inscrições são gratuitas e o link será divulgado em breve nas redes sociais.

A Galeria e a exposição foram idealizadas pelo secretário de Cultura da Cidade de São Paulo, Alê Youssef, e pela coordenadora do CC Olido, Claudia Assef, uma das principais especialistas em música eletrônica do Brasil.

Ela contou com a colaboração de mais de 100 DJs da cena paulistana para a sua elaboração, contando inclusive com itens de Sonia Abreu, que morreu em 2019. 

As peças de Sonia, homenageada dando o nome ao espaço, haviam sido doadas a Claudia em vida, pois Sonia acreditava que "um dia ela usaria".

A ideia do espaço nasceu da vontade de consolidar o Centro Cultural Olido como um polo cultural conectado com a cena cultural do centro de São Paulo, uma referência da música urbana tocada nas festas da cidade pelos DJs, uma das grandes tradições da noite paulistana. 

"A Galeria do DJ 'Sonia Abreu' fortifica o movimento que temos feito desde 2019 no sentido de conectar a Olido com as vanguardas urbanas", explica o secretário Alê Youssef. "A cena da música eletrônica representa também uma vertente dos novos modernistas, a potência criativa da cidade".  

A escolha de homenagear Sonia Abreu (1951-2019) para dar nome ao espaço se deu por conta de seu pioneirismo na cena de discotecagem nacional. 

 

"A Sonia foi a primeira a realizar muitas coisas: foi uma das primeiras mulheres a trabalharem como sonoplasta no rádio, a primeira DJ mulher a atuar numa discoteca, nos anos 70, a primeira a sair com uma rádio ambulante pelas ruas de São Paulo", afirma Claudia Assef. "Tudo o que ela fazia musicalmente tinha sua marca registrada, que era trazer um mix de novidades musicais de diversas culturas para seus ouvintes."

Serviço:

Galeria do DJ - Centro Cultural Olido

Av. São João, 473 - Centro Histórico de São Paulo. (11) 2899-7370

http://www.instagram.com/galeriadodj/


Tour virtual a partir das 19h desta quarta-feira, 28 de abril de 2021


http://www.facebook.com/centroculturalolido


http://www.twitch.tv/centroculturalolido


Visitas presenciais, com hora marcada, a partir do dia 18 de maio de 2021


Email para agendar: olidocultural@gmail.com

Notas roqueiras: Virgo, Andre Matos, Loss, Supercombo...





- Pela primeira vez em 20 anos, os integrantes do Virgo se reúnem em uma Live no canal do YouTube do documentário “Andre Matos - Maestro do Rock”. Os músicos vão conversar com os idealizadores e os fãs sobre esta obra de Andre Matos e Sascha Paeth. O bate-papo acontece no próximo dia 2 de Maio, às 15h (horário de Brasília). Os convidados são os músicos Sascha Paeth, Miro Rodenberg, Olaf Reitmeier, Robert Hunecke Rizzo e André Neygenfind. Todos participaram na gravação do álbum do Virgo. O evento faz parte da série “Doc B-Sides Lives”, com histórias inéditas e curiosidades nunca imaginadas sobre o maior Rockstar do Heavy Metal no Brasil.

- Com a saída de Edu Megale, que decidiu se afastar para se dedicar a seus outros projetos, o Loss oficializou Adriano Avelar (ex-Caxakustica) como seu novo guitarrista. Os integrantes Marcelo Loss (vocal e baixo, ex-Concreto) e Teddy Bronsk (bateria, ex-Witchhammer e Concreto) esclarecem que a mudança ocorreu sem qualquer tipo de desentendimento. "Somos muito gratos ao Edu pela parceria comigo nas composições das primeiras músicas, pelo talento que sua guitarra agregou à sonoridade da banda e pelo seu comprometimento e amizade. Em consenso, chegamos à conclusão que seguiríamos caminhos diferentes de agora em diante", comentou Marcelo Loss. Com Edu Megale, a banda lançou o EP "Let's Go" em todas as plataformas digitais e os clipes para as músicas "Burn Inside" e "Até Quando". "Ainda com Edu, gravamos uma apresentação que foi transmitida em diversos eventos do 'Youbloom Festival', transmitidos da Irlanda, Canadá e Inglaterra", revelou Teddy Bronsk. Confira o vídeo de "Até Quando", que traz participação do rapper Roger Deff, em https://youtu.be/zJU3EhR62_8

- A Olga Music, selo brasileiro criado pela Agência Olga em parceria a ADA, braço de distribuição digital da Warner Music Group, acaba de assinar com a Supercombo, banda capixaba de rock que já se apresentou em importantes eventos nacionais como Lollapalooza e Planeta Atlântida. Em novembro de 2019 o Supercombo realizou um show histórico, um festival próprio, com 5 horas de apresentação. O registro inédito do evento, que celebrou os 5 anos do disco "Amianto" com os grandes sucessos da banda, será lançado em DVD e em todas as plataformas de streaming, via Olga Music, em agosto de 2021.

O primeiro retorno do King Crimson faz 40 anos: ousadia, inteligência e genialidade

Marcelo Moreira

A volta do King Crimson a partir de 1981: da esq. para a dir., Adrian Belew, Bill Bruford, Tony Levin e Robert Fripp (FOTO: DIVULGAÇÃO)


O som mais inovador dos anos 80. Não são poucos os que consideram a encarnação do King Crimson daquela década como a formação mais instigante do rock no período. O nome era o mesmo, mas a banda era muito, mas muito diferente, para a alegria de quem gosta de música.

Depois de cinco anos, inúmeras formações e uma dose mastodôntica de experimentalismo movido a jazz e música de vanguarda, o grupo mais ousado do rock progressivo chegava ao fim em 1974 por decreto de seu criador e líder, o guitarrista Robert Fripp. 

A decisão pegou todo muno de surpresa, já que o período era muito prolífico e a formação parecia estar estabilizada. Fripp declarou-se exausto e exaurido e partiu para outro tipo de experimentação., mais eletrônica, ao lado de Brian Eno (ex-Roxy Music). 

Também decidiu voltar a estudar em conservatório enquanto fazia trabalhos esparsos com David Bowie e Peter Gabriel, para espanto ainda maior dos abandonados Bill Bruford (bateria) e John Wetton (baixo e vocais).

Bruford realmente ficou meio perdido. Ficou quase dois anos com o Genesis, muitas vezes dividindo a bateria com Chester Thompson, até que em 1977 criou o UK, ao lado de Wetton, Eddie Jobson (saxofone e teclados, ex-inúmeras bandas) e Allan Holdsworth. Era rock progressivo puro, mas com tendências mais acessíveis, mas durou apenas dois anos e três grandes álbuns.

Ao mesmo tempo, lançava as sementes de seu trabalho solo de jazz experimental com a banda Bill Bruford's Earthquake. Embora pessoalmente não gostasse de Robert Fripp, tinha admiração musical pelo guitarrista, e a recíproca era verdadeira - em todos os sentidos, já que Fripp não tinha muito apreço pela companhia do baterista.

Alguns encontros casuais em 1980 quase que obrigaram os dois a se juntar para um novo projeto, que tinha o nome inicial de Discipline. Não sabiam direito o que seria, mas tinham muita vontade de trabalharem juntos novamente. Os dois se conheciam e se respeitavam musicalmente, e consideravam isso meio caminho andado.

Dos tempos de Peter Gabriel, Fripp se lembrou de um baixista americano fabuloso que tocava um instrumento esquisito, o stick. Tony Levin não só aceitou o convite para jams como teve a coragem de falar aquilo que os dois fundadores evitavam. "Nosso som é puro King Crimson, é tão instigante quanto!"

Meio a contragosto, o Discipline virou King Crimson em 1981 com a chegada de Adrian Belew, guitarrista e vocalista, outro americano inovador e ligado a experimentalismos, com passagem rápida pela banda de Frank Zappa e pelo Talking Heads, como guitarrista de apoio.

Renascido, o King Crimson oitentista só lembrava a banda fabulosa da década anterior pela inovação e ousadia. O jazz e a música de vanguarda davam lugar a um som mais pesado, mais hipnótico e claustrofóbico. A ideia era realmente incomodar.

Aina que inovador e com certa dose de experimentalismo, o King Crimson chegou às massas e frequentou bastante emissoras de rádio e TV, principalmente com a esquisita canção "Elephant Talk" e a bela "Matte Kudasai", uma elegia ao Japão.

O novo King Crimson era instigante, provocador, violento, agressivo e preciso, arrebentando as portas do rock e tentando indicar um possível futuro para a música pop. 

Foram três discos antológicos lançados no período de 1981 a 1984 - "Discipline", "Beat" e "Three of a Perfect Pair" -, todos com boas vendas e aplausos esfuziantes da crítica. Pelos menos dois shows gravados no Japão se tornaram vídeos disputados no mercado, onde o quarteto expandia, e muito, o que "quebrava" no estúdio.

Também foi surpresa quando a banda anunciou uma pausa por tempo indeterminado em 1985 após quatro anos de atividade ininterrupta. Os quatro só voltariam a tocar juntos em 1994, com a adição de mais dois músicos, o percussionista Pat Mastelotto e o baixista e stickman Trey Gunn. Ficariam juntos até o ano 2000.

O primeiro retorno do King Crimson completa 40 anos e só reforça que a inovação e a ousadia são fundamentais para o rock em qualquer tempo e em qualquer época. Nunca a inteligência foi tão bem aplicada no gênero musical como no período mágico da volta da banda.


 

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Notas roqueiras: Child O Flames, No One Spoke, The Anger...


A banda curitibana Child O' Flames anuncia mudanças na formação com a adição de dois novos integrantes: o vocalista Thiago Acantara e o guitarrista Luis Ferraz. O quinteto promete ainda para o primeiro semestre o primeiro single que marcará a estreia da nova formação, com uma faixa inédita que traz um som moderno, pesado e repleto de influências distintas. A Child O' Flames em 2021 é formada pelos remanescentes Felipe Borges (bateria), Cesar Augusto (guitarra), Felipe Gusinski (baixo) além de Thiago Acantara (vocal) e Luis Ferraz (guitarra).

- A banda catarinense No One Spoke acaba de lançar seu primeiro álbum, o aguardado “Nine Mirrors”, lançado de forma independente e com o apoio de cerca de 100 fãs, através de uma ação realizada via financiamento coletivo. Carla Domingues (vocal), Iva Giracca (violino), André Medeiros (guitarra), Thiago Gonçalves (teclados), Artur Cipriani (baixo) e Gabriel Porto (bateria) trabalharam com afinco na produção do álbum no último ano, mesmo com a pandemia da COVID-19 em curso. Ouça “Nine Mirrors” no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=5cJ5bCWQuow

- Já está disponível em todas as plataformas digitais o segundo álbum da banda The Anger, intitulado "Tales from the City - Part 1".A formação da banda tem Rafael Orsi (guitarra, baixo e vocal), Fábio Moysés (bateria) e Aivan Moura (vocal e teclados). Ouça "Tales from the City - Part 1" no Spotify:
https://open.spotify.com/album/6ByHqRBTRJHpnTRndIkETq

Programa Combate Rock discute o suposto fim das bandas, Amazônia e Greta Van Fleet

 


Combate Rock desta semana discute: as bandas estão perdendo espaço para os artistas solo. Será o fim delas?

Também falamos sobre meio ambiente, com músicas sobre a Amazônia, feitas pelo Gojira e Jean Michel Jarre.

Os lançamentos da semana marcam sua presença no programa: Cheyenne Red, Jimmy & The Rats, DasLuz e Greta Van Fleet.
 

Notas roqueiras: Mauren McGee, Dramón, Henrique Fogaça, Costa Gold, Jota Quest...

Mauren McGee (FOTO: DIVULGAÇÃO)


- A cantora Mauren McGee está com single novo nas plataformas digitais. É "Howling To The Moon", num emocionante feat com a norte-americana Lovetta. O single, que fala sobre o poder da mulher de renascer das cinzas e se reinventar em uma conexão selvagem e mágica com a natureza, sai via Canil Records. Ouça aqui: https://sym.ffm.to/howlingtothemoon. Mauren escreveu a letra em Nova York (EUA), após uma extensa turnê, que a cantora define como um ‘divisor de águas’, entre altos e baixos da vida. “É sobre se recompor, renascer das cinzas após o fim de alguma coisa. É sobre o luto, sobre a sombra que às vezes vivemos para curar”. "Howling To The Moon" carrega um mística coincidência com 19 de agosto de 2019, quando o dia virou 'noite' em São Paulo devido à fumaça vinda de queimadas na região da Amazônia. “Neste dia peguei o metrô para ir ao estúdio, trabalhar a música com Penna, e ele falou: ‘a música parece até o dia de hoje’”. Mauren trouxe Lovetta para participar deste single, uma cantora de Nashville (Estados Unidos) em ascensão.

Dramón é o alter ego do músico e produtor carioca - radicado em São Paulo - Renan Vasconcelos, que acaba de lançar o primeiro full, Áspero. O disco exalta as experimentações intimistas e enigmáticas entre som ambient, guitarras e loops. O lançamento acontece pelo selo Sinewave. Ouça aqui: https://tratore.ffm.to/dramonaspero. O disco tem oito faixas, todas compostas por Renan Vasconcelos em 2020. As composições mais recentes são Inflexível e Eco do Vazio. Já a música título, e que abre o disco, Áspero, é a mais antiga, apesar de ganhar elementos e mais produções ao longo de todo o ano passado.

- Henrique Fogaça, jurado do MasterChef Brasil e vocalista da banda de hardcore metal Oitão, participou do elenco que gravou o clipe de ‘Ciclone’, nova música do Costa Gold, um dos maiores nomes da atualidade no rap nacional. Assista a participação de Fogaça no clipe de ‘Ciclone’ aqui: https://youtu.be/rFLqeGzSBMM. No clipe, Fogaça, assim como na vida real, é um chefe de cozinha. “Acontece uma treta na cozinha e eu apareço para colocar ordem no lugar”, conta Fogaça. O clipe, rodado em um restaurante na capital paulista, é uma produção do Lagon Filmes, com direção de Rafa Costakent e Arthur Moric como produtor-executivo.

- O grupo Jota Quest realiza nesta sexta-feira, dia 30 de abril, às 20h, um show exclusivo, sem a presença de público, que será transmitido em tempo real no canal do YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=-1yUzpK5Fbc. O conjunto apresentará hits que marcaram época e também sucessos mais atuais, embalando os fãs que estiverem conectados. Com a mesma formação desde o início - Paulinho Fonseca (bateria), PJ (baixo), Marco Túlio Lara (guitarra), Marcio Buzelin (teclado) e Rogério Flausino (vocal) -, soma mais de sete milhões de cópias vendidas de seus nove álbuns e seis registros ao vivo, ultrapassando a marca de meio bilhão de views e plays no ambiente digital. Com dois prêmios Grammy Latino na bagagem e muita história para contar, o grupo prepara turnê comemorativa de seus 25 anos de carreira, enquanto se aproxima da marca histórica de três mil shows, no Brasil e no exterior, incluindo quatro passagens pelo Palco Mundo do Rock in Rio.


 
 

 

A guitarra de Ace Frehley, 70 anos, faz parte do melhor de nossas vidas

Marcelo Moreira




Ele foi o maior nome da guitarra nos anos 70 para a garotada. Ninguém se espelhava em, ou queria ser, os "dinossauros" Eric Clapton, Jimmy Page, Ritchie Blackmore, Tony Iommi ou os ases do rock progressivo. O astro da vez a ser inimitável era Paul "Ace" Frehley, o mago das seis cordas do Kiss, banda mais quente entre 1976 e 1979 nos Estados Unidos.

Com um feeling extraordinário e um blues natural correndo nas veias, foi a mola propulsora do rock festivo e mágico do quarteto mascarado de Nova York. O Kiss era rock, era circo, era teatro e o mais enlouquecedor entretenimento musical.

Ace Frehley chega aos 70 anos de idade como um dos mais cultuados instrumentistas do rock. Bem longe do auge, é verdade, mas ainda conservando uma aura de herói e venerado por músicos de todas as idades e com todos os tamanhos de carteiras.

Foram quase três décadas de quase ostracismo, tocando razoavelmente bem aqui e ali e lançando alguns discos interessantes, como os dois últimos, "Origins", volumes 1 e 2, onde recriou alguns dos maiores hits da história com sua pegada característica.

Ace foi o grande ás enquanto o Kiss era visceral e avassalador. Era um dos raros instrumentistas reconhecíveis pelo timbre e pelo ataque da mão direita. Foi o senhor da guitarra até ser destronado por um holandês meio baixinho que morava na Califórnia. E o surgimento do deus Eddie Van Halen coincidiu com a derrocada do Kiss e da submersão de seu guitarrista solo ao inferno.

Ainda assim, até hoje Frehley é um dos símbolos do rock, figura icônica e mascarada que tanto fez pela música em geral. Timbre, máscara e fogo selvagem o transformaram no ícone que nem mesmo os inúmeros problemas pessoas conseguiram soterrar.

Era a peça que faltava para que o Kiss levantasse voo a partir de 1974 e se tornasse uma máquina de fazer dinheiro até 1979, quando o esgotamento do rock circense e pesado obrigou o grupo a buscar novos caminhos. 

A opção pelo rock quase progressivo e conceitual na ópera-rock "The Elder", de 1980, foi o começo do fim para deus da guitarra mascarado. Insatisfeito com os rumos da banda e mergulhado nas drogas e no álcool, era uma questão de tempo até que fosse demitido pelos "patrões" Gene Simmons (baixo e vocais) e Paul Stanley (guitarra e vocais) em 1982. 

Já fazia tempo que tocava em poucas músicas nos álbuns, sempre substituído por músicos de estúdio, e se mostrava desinteressado nos palcos. Sua demissão não foi surpresa, assim como a de Peter Criss, o baterista, cerca de dois anos antes por quase os mesmos motivos.

Fora do Kiss a estrela brilhou pouco. A sua Frehley's Comet, banda que prometia ofuscar o próprio ex-conjunto, ficou apenas na promessa. A carreira solo empacou nos anos 90, e então veio o convite para participar, como convidado especial, ao lado de Criss, do especial "MTV Unplugged", em 1995.

Os cifrões falaram mais alto e a formação clássica e original do Kiss voltou à ativa, e pareceu que Ace iria renascer. Os ressentimentos e os velhos problemas, entretanto, abreviaram o retorno dele e de Criss.

Ainda voltaria a tocar ocasionalmente nos anos seguintes com os ex-companheiros, mas tudo acabou melancolicamente, ao mesmo tempo em que as farpas entre eles cresciam na imprensa.

A carreira no século XXI não foi aquela beleza, alternando bons momentos com recaídas bravas na bebida. São fartos os relatos de que subia frequentemente bêbado nos palcos cada vez menores e menos assistidos. Mas ninguém nunca negou: por muitas vezes o velho e bom Ace do Kiss dava as caras e alegrava as crianças que ainda habitavam muitos roqueiros adultos por aí.

Foram inesquecíveis as cenas de Ace tocando bem e concentrado no autódromo de Interlagos, em São Paulo, em noite fria e chuvosa de 1999. Não tínhamos ideia, mas ali era o começo do fim daquele "recomeço".

Solos incandescentes, ataques frenéticos e riffs poderoso pareciam sair como fogo de sua guitarra, em uma performance mágica e contagiante. Era a primeira, e única, vez do Kiss original e clássico, mascarado, no Brasil. 

Ninguém estava a fim de ouvir "Psycho Circus", o apenas razoável disco da vez. O palco era de Ace, todos queriam ver Ace, e o viram em boa forma e tocando bem, por mais que houvesse apreensão. O herói apareceu, e transformou 50 mil roqueiros em, crianças novamente.

A guitarra de Ace Frehley faz parte de nossas vidas e seus 70 anos serão celebrados de forma esfuziante mesmo em tempos de pandemia. Rock and roll all night and party everyday...

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Notas roqueiras: Hecatombe, Beaten to Death, Angelus Apatrida, Neuróticos...

 


- O Hecatombe, formado por Nyk de Pieri (vocal, Ultrasonic e Brazzeria), Mauro Caldart (guitarra), Wood Lusa (baixo, Two Step Flow) e Boll3t (bateria, Area 55 e Aboleth), lançou o single "Yoga", trazendo três versões para a música, disponibilizada em mais de 70 plataformas digitais. O lançamento é um mergulho cronológico no processo de composição da faixa, um rock agressivo bem ao estilo da banda: a primeira e mais antiga versão, então intitulada "Lenheterson", traz um instrumental com pouco mais de quatro minutos; a segunda, mais extensa, com seus quase sete minutos, ganhou letra e voz de Vinícius Augusto (Grandfúria, Férias no Paraíso); já a terceira é uma versão mais enxuta da anterior e integra o mais recente álbum do grupo, "Mental Riot" (2020) Cada versão de "Yoga" tem seu próprio lyric video e todos constam no canal https://www.youtube.com/user/hecatombetv/. Além do single, um minidocumentário será lançado em breve. “Ele vai reunir todas as pessoas que fizeram parte desse projeto, contando um pouquinho como foi esse processo. Vai focar bastante na parte autoral, de como se desenvolve a ideia, o porquê de uma decisão tomada e de uma não tomada, como se chegou ao resultado final", conclui Boll3t. A faixa "Yoga" faz parte do repertório do álbum "Mental Riot", disponível em todas as plataformas digitais pela gravadora Civil Alien Records em https://orcd.co/naqr2yz

- A banda norueguesa de grindcore melódico Beaten to Death enfim lança o quarto e a último EP da série sobre florestas ao redor do mundo: "Laat maar, deel vier: ik verhuis naar Endor". Ouça aqui: https://orcd.co/xpz7rv3. O título do registro, em português, significa “Vou embora, parte quatro, estou me mudando para Endor” gira em torno da floresta da cinematográfica lua do universo Star Wars, habitada pelos simpáticos ewoks. “Nosso quarto e último capítulo de exploração florestal nos leva à luxuosa lua santuário do planeta gasoso Endor. A lua de Endor, circundando o planeta gasoso Endor, tem dois sóis, Endor I e Endor II. É o lar das espécies Ewok, Dolok e Yuzzum”, contextualizam os noruegueses. Musicalmente, o EP é o mais diversificado da série criada pelo Beaten to Death. O grindcore em ‘Ik verhuis naar Endor’ é diluído nas quatro faixas com passagens ainda mais cadenciadas, melódicas e intro.

- Em abril a Xaninho Discos disponibilizará no mercado brasileiro, os novos álbuns das bandas Cannibal Corpse (Violence Unimagined), Angelus Apatrida (Angelus Apatrida), Baest (Necro Sapiens), Neuroticos (Kill For God) e o relançåmento do Delinquentes (Pequenos Delitos), além da versão em vinil do Baixo Calão (Necrológio):

+ Em seu 15º álbum, os americanos do Cannibal Corpse voltam com sua fórmula brutal de um Death Metal ultra técnico e agressivo, aliado a suas letras doentias ao melhor estilo Gore. “Violence Unimagined” (2021) marca a estreia do novo guitarrista, Erik Rutan, velho conhecido dos bangers, por fazer parte da banda Hate Eternal – substituindo Pat O’Brien.   

+ Os espanhóis do Angelus Apatrida chegam ao seu sétimo álbum, “Angelus Apatrida” (2021), com seu Thrash Metal afiado e bastante elogiado. A banda é formada por Guillermo Izquierdo (vocal e guitarra), David G. Álvarez (guitarra), José V. Izquierdo (baixo) e Víctor Valera (bateria) 

+ O Baest foi formado em 2015 na Dinamarca, e de lá pra cá vem se firmando com um dos grandes nomes do Death Metal da atualidade. A banda acaba de lançar seu terceiro álbum, o brutal, “Necro Sapiens” (2021), que além de ser um álbum excelente, têm uma capa belíssima – autoria de Mitchell Nolte.

+ A banda Neuróticos foi formada no Japão em 2004, por dois brasileiros (descendentes de japoneses), os irmãos Bruno Dias Matsuda (vocal) e Kleber Dias Matsuda (guitarra), e por dois japoneses, Junpei Nakamura (baixo) e Yuichi Ishiguro (bateria). Depois de terem lançado o excelente EP “Hell In The House Of God” (2016), eles chegaram ao seu álbum de estreia, “Kill For God” (2019), com seu death metal esporrento e brutal. 

+ Um dos maiores nomes do hardcore/punk de Belém (PA), a banda Delinquentes comemora os 20 anos de seu álbum de estreia, com o relançamento de uma edição especial de “Pequenos Delitos” (2001) – CD Slipcase, sete faixas bônus, dois pôsteres em edição limitada em 500 cópias – já disponível.

 

 
 

Uma lista com os mais populares 'ao vivo' de todos os tempos, com algumas surpresas

Marcelo Moreira




Listas imutáveis de melhores de todos os tempos começaram a ser demolidas em meados da década de 2000 e causaram a ira dos conservadores. 
Como assim os Beatles não são a melhor banda de todos os tempos? Como assim "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band" foi superado por um disco do Oasis ou de Neil Young?

Sim, esse tipo de heresia ocorreu recentemente, para ira dos tiozões fossilizados e loucos para impor seu gosto musical estacionado nos anos 70.

É como no futebol: como convencer alguém viciado em Leonel Messi, Neymar ou Cristiano Ronaldo que Pelé e Maradona foram milhões de vezes melhores, assim como Zico, Platini, Cruijff, Di Stéfano, Eusébio, Beckenbauer, Romário...

Para gente como a maioria de nós, resquícios do século passado e cuja formação musical se deu nos maravilhosos anos 80, fica difícil escutar alguém dizer que o melhor disco de todos os tempos foi gravado pelo Oasis ou pelo Radiohead - ou que Greta Van Fleet é a melhor coisa do rock atual, por mais que seja uma cópia descarada do Led Zeppelin. 

A polêmica da vez é uma nova lista de álbuns ao vivo mais populares da história - veja bem, não é a lista dos "melhores" ou dos "mais vendidos". 

A base é uma consulta feita pelo Discogs, hoje a mais importante base de dados a respeito de rock e música pop, especialmente em relação a LPs.

A lista basicamente tem os cânones do segmento, mas demole algumas certezas. Como é possível não incluir "Made in Japan", colosso do Deep Purple e considerado o exemplo do disco ao vivo?

Os clássicos dos clássicos do gênero estão ali, mas é difícil engolir não ter algo de Yes, Emerson, Lake & Palmer, Judas Priest e vários outros artistas. Faltam os maravilhosos "Bursting Out", do Jethro Tull, "Slade Alive", do Slade... Mas enfim, não é uma lista dos melhores...

Entretanto, muitos dos habituais de listas diversas estão lá, como "Live at Leeds", de The Who (para mim o melhor de todos ao vivo), Live After Death", do Iron Maiden, "Exit... Stage Left", do Rush... mas é igualmente duro saber que o mais popular de todos é "Under a Blood Red Sky", do U2, que foi lançado originalmente como um EP em 1983. É bom, mas jamais poderia ser o "mais popular".

É uma interessante lista para se discutir no bar ou naquela festa em que os donos só colocam porcaria para tocar a noite inteira ou no churrasco caidaço.

Valeu pela dica de assunto/pauta por parte do amigo Bento Araujo, do PoeiraZine e autor dos livros da série "Um Lindo Sonho Delirante", que fez observações pertinentes em sua conta no Facebook.

Notas roqueiras: Pepe Bueno e os Estranhos, Metal Solidário...




 -  A banda Pepe Bueno e os Estranhos se reúne em um dos pontos mais legais da cidade de São Paulo, o “Estúdio Clandestino”, e toca músicas do seu repertório como “Xerox Plastificado” e “Tempo, um Mundo Diferente”, além de uma versão para “Arrepiado”, clássico da “Patrulha do Espaço”. O rock “Você é uma Maluca” e a balada “Último Dia de Verão” completam o show que será lançando nas plataformas digitais simultaneamente no dia 28 de abril  com a transmissão dos sons ao vivo no palco do Clandestino por mais de 100 páginas vinculadas ao rock nas redes sociais. Banda: Pepe Bueno (Baixo e Voz), Gabriel Martini (Bateria), Xande Saraiva (Guitarra e Voz) e Rodrigo Hid (Guitarra e Voz).

- No dia 22 de maio ocorrerá o evento em solidariedade a quem perdeu o auxílio emergencial e hoje não tem comida. É uma campanha beneficente em prol de famílias em situação de extrema vulnerabilidade e moradores de rua que têm dificuldades de se alimentar na pandemia. As contribuições podem ser de qualquer valor. Por enquanto são dois os beneficiários - um que arrecada itens e monta a cesta básica e outro que prepara as quentinhas e entrega para pessoas em vulnerabilidade. Clique aqui pra colaborar.  

Programação para quem quiser assistir:

14 hs - Final Disaster

15 hs - Tiberius Project

16 hs - Carraz

17 hs - Ajna

18 hs - Living Metal

19 hs - Dakhmas

20 hs - Ação Direta

21 hs - Laboratori

Evento no: https://www.youtube.com/channel/UC2A3HKgMFpeQ2xgbRxjfq7g

Notas roqueiras: Igor Steiner, Mythologyca, Motorhammer...


 - O guitarrista Igor Steiner divulgou em seu canal oficial do Facebook o lyric vídeo (produzido por Anderson Ribeiro da Magick Stream) do seu primeiro single, "My Love Has Gone Away", pertencente ao seu vindouro álbum, "The Other Side", que já foi finalizado e será disponibilizado no primeiro semestre de 2021 nas plataformas digitais. O full-length foi produzido, mixado e masterizado por Matt B. O novo trabalho conterá 8 faixas e manterá a vertente do Rock'n'Roll com sonoridades mais acústicas, diferente do anterior trabalho do guitarrista,"Music, Passion & Solitude", lançado no ano de 2019 pela Alternative Music Records. 

- A Mythologyca confirmou a participação do músico Nhanha (ex-Shadow Mask, Execrate e Beltane) no seu novo álbum, "Corner Of Hell's Road". O artista participará da faixa "Cacique Guairacá" com suas flautas indígenas. O full-length tem previsão de lançamento nas plataformas digitais para o dia 2 de maio, data em que a banda completa 4 anos de trajetória.

- O baterista Edson Graseffi resolveu celebrar seus 35 anos de carreira no heavy metal com a criação do Motorhammer, que atualmente prepara o EP de estreia e é completado por Renato Haboryni (guitarra) e Daniel Corvo (baixo). "Senti que deveria comemorar estas três décadas e meia de carreira com algum lançamento, que representasse tudo que vivi pela música pesada em todos esses anos. Montar o Motorhammer e gravar o EP foi a maneira mais musical que encontrei para fazer isso", explicou Graseffi. "Para criar a banda, chamei o guitarrista e produtor Renato Haboryni, que vem do cenário do thrash metal de São Paulo. Para o baixo, não tive dúvida em recrutar o amigo e antigo baixista do Panzer, Daniel Corvo, que é um dos melhores e mais seguros baixistas com quem já toquei. Além de grandes músicos, são ótimas pessoas para se conviver. Estamos em família", acrescentou. Graseffi revela que o material do Motorhammer trará músicas de quase todas as bandas antigas que integrou.

Imelda May aprofunda a sofisticação e a elegância pop em novo álbum

Marcelo Moreira




Uma moça bem relacionada e cercada de amigos que sempre estão dispostos a dar um ajudinha. Com bela voz e uma vontade imensa de fazer as coisas darem muito certo, a chance de desastre não existe.
E lá foi mais uma vez Imelda mergulhar no sonho de ser diva da música pop.

"11 a Past Hour" é o mais recente trabalho da irlandesa Imelda May, que desde 2017 rivaliza com Adele e Joss Stone como a grande voz feminina do pop rock britânico. Dessa vez o arsenal é pesado.

Versátil e com domínio do palco e do estúdio, a irlandesa de voz sensual e aveludada transita com segurança entre o rock, o pop, o soul e o blues sem os excessos às vezes bregas de Adele ou na forçação de barra que avança na pasteurização do som poderoso de Stone. Imelda tem o dom de deixar as coisas equilibradas, em qualquer resquício de artificialismo.

Com perseverança, ela conseguiu chegar longe ainda que tenha demorado mais do que previa. Ao lado do ex-marido, o guitarrista Darrel Higham, chamou a atenção do mercado como crooner de uma grande banda especializada em rockabilly e em músicas autorais que remetiam a todo tipo de rock clássico.

Foi assim que atraiu os olhares de Jeff Beck, impressionado com a qualidade dos vocais de Imelda e com a classe e a sofisticação do combo liderado por Higham. 

O entrosamento foi tanto que rendeu um DVD/CD ao vivo, o que bastou para que ela engatasse uma sequência ascendente de álbuns a partir de 2010, com destaque para "Mayhem".

De forma gradual o rock clássico e básico foi cedendo lugar para algo mais experimental, quase punk, até que Imelda encontrasse o seu lugar no panteão das divas britânicas. 

"Life. Love. Flesh. Blood" foi um marco em sua carreira, seja pela ousadia em mudar de forma abrupta  radical, seja por mergulhar de cabeça em um pop classudo e de referências variadas, explorando sua linda voz e sua competência em interpretar canções suas e dos outros.
 
Neste álbum, de 2017, a diva elétrica e candidata a pin up do século XXI deu lugar a uma cantora e madura, romântica e inspirada. 


O bom gosto predominou com o investimento no jazz e no blues, com canções fortes e letras diferenciadas. Quem deu as cartas na produção conjunta é o veteraníssimo T-Bone Burnett, guitarrista lenda norte-americano.  

Em "11 a Past Hour", mas mudanças se consolidam e mais influências são incorporadas com o luxuoso auxílio de Ron Wood (Rolling Stones) e Noel Gallagher (ex-Oasis). 

O resultado é um álbum ainda mais maduro e sofisticado, que transborda elegância nos arranjos e na interpretação soberba da maioria dos temas.

Os dois primeiros singles são canções grandiosas e grandiloquentes, que trazem uma exuberância que extrapola o simples rótulo de música pop, mas que a coloca bem longe das principais concorrentes, para sua própria vantagem.

"Just One Kiss" é um dueto com Gallagher e tem a guitarra principal nas mãos de Ron Wood, pareceiro recente de shows e apresentações e na TV inglesa antes da pandemia de covi-19. É um rock sensual e audacioso, como o clipe provocador, em que Imelda incorpora uma Joan Jett mais refinada.

"Made For Love" é um pop perfeito por excelência, em que sua voz transita por vários tons sem cair no exagero ou na grandiloquência estéril. É a música para incendiar plateias e fazer todos dançarem. Eu diria até serve como uma trilha sonora de felicidade para momentos trágicos em que vivemos atualmente.

"Breathe" e "Different Kinds of Love" reforçam a tendência de elegância ao colorir letras boas com arranjos modernos e serenos, longe de qualquer excesso.

A versatilidade é o grande trunfo de "Don't Let Me Stand on My Own", uma canção pungente que remete às origens folk celtas da moça. O dueto com Niall McNamee é revestido de um tradicionalismo doce que encantará certamente os fãs de Sandy Denny e do Fairport Convention, gigantes do folk britânico dos anos 60 e 70.

Não é de hoje que Imelda May chama a atenção pelo seu pop sofisticado, a ponto de ser frequentemente comparada com Peter Weller, seja pelas melodias acessíveis e de bom gosto, seja pelas boas letras ora confessionais, ora reflexivas. 

Ela consegue falar de amor sem os exageros às vezes adolescentes de Adele ou sem a luxúria empoderada de Joss Stone. Assim como Lisa Stansfield foi um dia a voz britânica da elegância pop, a irlandesa mostra-se apta a ocupar a posição.


terça-feira, 27 de abril de 2021

Notas roqueiras: Symmetrya, Gravekeepers, Ruins of Elysium...


- A banda Symmetrya, de Joinville (SC), anuncia importantes mudanças em sua formação. Após a saída do baixista Filipe Moreira no ano passado, agora é a vez do guitarrista Evandro Albino anunciar sua saída do grupo. O time restante, Jurandir Jr. (vocal), Alexandre Lamim (guitarras) e Marcos Vinicius (bateria), após muitas buscas, encontraram no baixista e compositor de 32 anos Uotskey Silva o substituo perfeito para Filipe, enquanto o posto de segundo guitarrista permanecerá vago até o retorno dos shows. Natural de Cruzeiro do Sul (AC), o músico atualmente reside em Joinville, e possui mais de dez anos de experiência tocando em bandas de rock/metal, além de outros gêneros musicais, realizando gravações em estúdio e tocando em grandes festivais no Acre e fora do estado.

- Após o lançamento oficial nas plataformas de streaming de seu EP autointitulado, o Gravekeepers disponibilizou ontem o vídeo oficial da faixa que dá título ao álbum e a banda, “Gravekeeper”. Com uma produção extremamente profissional feita pela Ginga Mídia, e com direção de Gabriel Sossai, o vídeo já se encontra disponível no canal oficial da banda no YouTube, e vale muito a pena ser assistido, não só por sua qualidade já citada, como também pela força da música tocada. Confira em https://youtu.be/Hx248vTtYp8

Ruins of Elysium segue com a divulgação do CD “Amphitrite: Ancient Sanctuary in the Sea” e resolveu liberar algumas músicas em seu canal do YouTube para dar mais uma opção aos fãs. “Belladonna” é a música mais pesada do disco, flertando com o metal extremo, e uma das preferidas do vocalista Drake Chrisdensen. É importante relembrar que “Amphitrite: Ancient Sanctuary in the Sea” em sua versão completa está disponível nas principais plataformas de streaming.   Ouça “Belladonna” no YouTube: https://youtu.be/cmg7lDZDE74?list=OLAK5uy_nobPTdcMx6sp3lx9k7vwzSVnQ3z8BW_e8

Korzus lança clipe da música ‘You Can’t Stop Me’

  Do site Roque Reverso

 


O veterano grupo Korzus lançou na sexta-feira, 23 de abril, o clipe da música “You Can’t Stop Me”. O novo single da banda brasileira de thrash metal propõe reflexões sobre a conduta da sociedade atual e levanta temas do cotidiano, como o bullying. A direção do clipe é de Léo Liberti.

O videoclipe de “You Can’t Stop Me” conta com diversas participações especiais, como as das atrizes Pamela Punch e Fernanda Ferrer e de seus respectivos companheiros, Renan Schueroff e Vander Caselli.

Também há as participações do performer Christian Cavalera (Gaia Ogre), que é filho do baterista Igor Cavalera, e de Henrique Mello, que integra a crew do Korzus.

“A ideia de convidar a Pamela e o Renan veio do Rodrigo. O Christian eu convidei pois sou fã de suas performances há muito tempo. Os outros atores foram convidados pelo nosso diretor”, afirmou o vocalista do grupo, Marcello Pompeu, no comunicado de divulgação do clipe distribuído à imprensa.

A faixa é uma composição de Pompeu e do baterista Rodrigo Oliveira. O guitarrista Heros Trench estruturou e gravou as guitarras no Mr. Som Studio. Já bateria e baixo de Dick Siebert foram gravados no Dharma Studios, enquanto o guitarrista Antônio Araújo registrou suas partes em seu home studio.

A mixagem e a finalização foram realizadas nos estúdios Mr. Som e Dharma.

No comunicado sobre o clipe, o Korzus destaca que, com seu mais novo single, pretende transmitir um alerta para a nossa sociedade e uma mensagem de esperança para que “cada um possa se redescobrir nesse novo normal e tente melhorar suas relações interpessoais, para dissipar o ódio e disseminar o respeito pelo próximo”.

 

Notas roqueiras: Mandale Mecha, Mulamba, Paulinho Araújo, Sonora Fantasma...

Mandale Mecha (em cima) e Mulanba (FOTO: DIVULGAÇÃO)


- O Mandale Mecha lança o novo single “El sol”. A música é uma colaboração com uma das bandas de mulheres que mais tem fortalecido o movimento feminista da cena brasileira: a Mulamba. O single é um encontro de instrumentos de percussão, cordas e muita poesia cantada em espanhol e português. Destaque para o canto do coletivo feminista chileno Lastesis, muito presente nas manifestações do 8M pelo mundo afora com a frase “a culpa não era minha, nem onde estava, nem como vestia”, dirigida aos estupradores, agressores e feminicidas. Além de fortalecer a conexão entre as mulheres latino-americanas, a música coloca em foco a luta diária contra o patriarcado na agenda de quem os acompanha. "“El Sol” nasceu num contexto diferente, no meio do desmonte de muitos direitos conquistados no Brasil, onde os números de feminicidios, estupros e casos de violência contra as mulheres têm aumentado durante o período de isolamento social. A música chega ao mundo como um grito de guerra das mulheres, transmitindo sede de liberdade, de amor próprio e autoconhecimento." - conta a vocalista e compositora Michu Mendez. https://www.youtube.com/watch?v=pfZNOiDRG98

- A canção que batiza  o segundo álbum do músico sergipano autodidata Paulinho Araújo, "Terra", acaba de ser lançada nas principais plataformas de streaming. Ouça aqui: https://ditto.fm/paulinho-araujo-terra. "A composição nasceu com a vivência da pandemia. E chama-se Terra, uma reflexão profunda sobre o nosso planeta, que é mãe e é casa. Por isso também convidei minha família para uma participação especial na gravação da letra", conta o artista. O verso em francês pincela ritmo e sensibilidade universal, pois na própria composição revela que "estamos sós, juntos em um só lugar". Paulinho traz referências sobre o despertar de um novo ser a partir desta experiência da covid-19. O primeiro single a ser lançado faz parte de um projeto maior, com doze faixas, sendo dez músicas mais um rezopoema e uma poesia. Os demais trabalhos serão lançados parcialmente, para um consumo consciente e surpreendente.

- Sonora Fantasma é o novo projeto do fazedor de filmes e músicas Diego da Costa, que já passou por bandas do interior de São Paulo como Lazo Black, Nuvens Invisíveis e Mochila de Criança. Com o disco de estreia totalmente gravado e masterizado, o single que apresenta a banda na música alternativa nacional é a sensível 'O Provável e o Possível'. Ouça o single de estreia aqui: https://tratore.ffm.to/sonoro-fantasma. 'O Provável e o Possível' condensa as principais referências do Sonora Fantasma, entre texturas de guitarras e sintetizadores. É uma canção doce, um passeio ora expansivo, ora introspectivo pelo indie, rock n’ roll e punk.

Quando a música vale bem menos do que aquele arquivo baixado

 Marcelo Moreira

FOTO: REPRODUÇÃO


Rock é um hobby bem caro. O que deveria ser uma piada de um empresário bem-sucedido soou como uma ofensa para o filho baterista que tocava em duas bandas e estudava cinco dias por semana com um professor renomado.

O filho decidiu voar e se tornou um baterista bastante requisitado no circuito São Paulo-Rio de Janeiro para artistas de jazz e rock, com o nome espalhado em pelo menos 30 encartes de CDs importantes. i

O currículo é esplendoroso, mas infelizmente não foi acompanhado pelo devido reconhecimento financeiro, o que o levou a ficar cada vez mais apertado, endividado e, para desespero geral, pendurado no desgostoso pai abonado.

A historinha acima é uma realidade cada vez mais recorrente na vida de músicos de todos os calibres no Brasil, e desde sempre. A pandemia de covid-19 apenas aprofundou a gravidade da questão. Ah, você é músico? Que legal, mas trabalha em quê? Qual a sua profissão? 

É só vasculhar nas redes sociais para encontrar rapidamente histórias tristes de gente vendendo os instrumentos musicais e equipamentos para sobreviver - já são 13 meses sem shows ou festivais na maior parte do mundo. 

Também são recorrentes os relatos de gente mudando de profissão, procurando emprego ou simplesmente fazendo bicos. 

O guitarrista virou motorista de aplicativo, o cantor e gaitista se tornou barbeiro, baixista conseguiu uma vaga de atendeu de call center e alguns, bacharéis, voltaram, a dar aulas particulares ou retornaram pra  rede estadual de ensino.

A tragédia do fim da música como fonte de renda e trabalho razoavelmente bem remunerado ficou evidente em duas declarações recentes de músicos importantes nas redes sociais.

Timo Tolkki, guitarrista finlandês e ex-integrante do outrora gigante Stratovarius, teceu muitas lamentações quando teve de cancelar um curso de música acoplado de palestras sobre o mercado. 

Músico mundialmente conhecido, esperava ao menos vencer 50 ingressos/matrículas para o curso, que seria ministrado em inglês. Apenas cinco pessoas se interessaram.

"Nunca estivemos tão próximos do desastre", escreveu Tolkki. "A música como entretenimento ainda mantém a sua aura, mas já não rende em quase todos os aspectos. Quase sempre foi assim, mas desta vez não vejo perspectivas. Se esse mundo fosse justo, um gênio como André Matos [ex-Angra e Shaman, morto há dois anos] estaria milionário e não teria de cantar covers em bares para sobreviver."

O sempre bem-humorado e sincero Jordan Rudess, tecladista norte-americano que hoje está no Dream Theater, não amenizou quando falou sobre a carreira recentemente em uma entrevista para um site.

"Ser músico atualmente não dá dinheiro", soltou o tecladista. "Se quiser fazer música, procure ter alguma outra fonte de renda ou trabalho para que não haja preocupações maiores na hora de compor e gravar. Depender só da música neste momento não é viável."

Muitos vão dizer que, na verdade, sempre foi assim, principalmente no rock, onde artistas e compositores sempre foram os que menos ganhavam na cadeia financeira. 

Pode até ser verdade., embora tal afirmação careça de dados confiáveis, mas havia, ao menos, algum tipo de perspectiva até o começo do século de que, mesmo no underground, haveria chances de se ganhar o suficiente para o suficiente. Era possível até mesmo viver de blues no Brasil, algo totalmente segmentado. 

Hoje os músicos desta área ou estão migrando para o exterior ou mudam de profissão. O porto seguro de antigamente, os bares mais descolados e frequentados por uma galera mais antenada, há muito deixaram de ser uma opção, seja por estarem em extinção, seja por mudarem radicalmente a política de remuneração por conta da queda busca de clientes. Em tempos de pandemia e distanciamento social, não sobrou lugar algum para tocar.

Se a casa master de shows do jazz e do blues Bourbon Street, em São Paulo, está às vésperas de encerrar as atividades caso não encontre patrocinadores ou investidores, o que dizer dos inúmeros bares menores e menos conhecidos?

Alguns amigos não compram muito esses discursos de que não vale a pena ser músico, que o dinheiro sumiu e a música, em si, perdeu o valor agregado e a importância. Sempre sacavam do bolso os famosos exemplos da bandas underground bem-sucedidas, que ganhavam dinheiro entre os independentes e viviam fazendo turnês no exterior da antes da pandemia.

Na ponta da língua vinham os nomes de Autoramas, Boogarins, Far From Alaska, The Baggios, Electric Mob, Ego Kill Talent e mais dois ou três que, na verdade, nunca passaram de exceções, com suportes de conglomerados ou projetos em alguns casos, além, é claro, de terem um público cativo bastante numeroso.

Nunca passaram de meras exceções neste século em que a música e a cultura deixaram de ter a importância que tinham e o valor financeiro que mereciam. 

As bandas citadas, infelizmente, são (ou foram) exceções. Também estão tateando em busca de um mundo novo pós-pandemia, se é que algum dia teremos o fim da pandemia ou um mundo novo...

A profusão de lives no período de confinamento trouxe in´meras ideias e discussões sobre como sobreviver dentro de casa e fora dos palcos, além de observar o surgimento de iniciativas e empreendimentos que tentam encontrar caminhos nesta terra escura e devastada. 

Qual o modelo de negócio a seguir? O que esperar do tal NFT, a tal venda do trabalho/objeto não fungível, um conceito totalmente abstrato para a maioria das pessoas? Para saber mais sobre isso, leia aqui texto publicado neste Combate Rock.

Desde que a indústria musical como a conhecíamos implodiu neste século estamos em busca de algo que possa dar um suporte mínimo para os artistas, que estão optando por vender os direito sobre seus catálogos musicais - ou parte dos direitos - diante do desmoronamento do mercado. Bob Dylan não hesitou em fazer isso. Será que essa é a saída, mesmo para gente ziliardária?

Ninguém está clamando por saídas fáceis e soluções cintilantes. A gravidade é tamanha que todos os músicos estão se agarrando a qualquer arremedo de solução, como na complexa opção do NFT.

De qualquer forma, a saída do buraco depende quase que totalmente do fã/cliente/consumidor. Sem shows ou apresentações presenciais não há como projetar qualquer melhora ou solução, em primeiro lugar. Vacinação em massa? Respeito às medidas de restrições para combater a covid-19? Se dependermos dessas duas situações não teremos esperanças de melhorar tão cedo.

Em segundo lugar, é preciso que haja, o quanto antes, uma mudança radical na forma de relacionamento com a arte, e isso, também infelizmente, ainda passa pela compra e venda de produtos.

Com a destruição da industria fonográfica e a proliferação dos downloads ilegais, a música ficou grátis, assim com conteúdos jornalísticos e mesmo livros, em quase toda a sua totalidade. 

As pessoas ficaram mal acostumadas neste mundo de internet tão avassaladora, onde muita coisa é grátis e muito acessível, especialmente música e notícias. 

São milhares de sites voltados a entretenimento que mantem semanalmente enquetes onde perguntam os internautas se a música deve ou não ser gratuita, sempre manipulando, em formas de opinião ou indução, para a gratuidade de tal conteúdo.

Se a internet ajudou a derrubar um esquema injusto de remuneração e distribuição de música, não suscitou o aparecimento de nada no lugar - nem mesmo algo pior para que ao menos pudesse ser criticado.

Se a internet facilitou demais o acesso a um certo público e barateou custos de gravação e divulgação, por outro lado pulverizou os mesmos canais e acelerou a velocidade de lançamentos e a concorrência, sobre tudo no underground. Há lugar para todos? Sim, mas no nível mais baixo de todos. Há dinheiro para todos? Nem nos piores sonhos.

Se a internet expandiu as possibilidades de divulgação, também exterminou as chances de que o consumidor dedicasse mais tempo às novas músicas e novos artistas. 

Clássicos do rock? Eles não existem mais neste século. Vamos continuar ouvindo as mesmas quatro ou cinco músicas dos Beatles, dos Stones, do Deep Purple e de Raul Seixas, e mal nos lembraremos do nome daquela canção legalzinha do Greta Van Fleet lançada na semana passada.

O Nirvana continuará sendo celebrado junto com o Pearl Jam como a última coisa legal e estrondosa surgida no rock, enquanto que Music, Radiohead e Arctic Monkeys soarão apenas como ecos de um tempo em que os lançamentos surgiam e desapareciam com a mesma velocidade. 

E assim Boogarins e The Baggios continuarão relegados a um grupo restrito de fãs quando sua música boa e instigante tinha a obrigação de tocar em rádios, TVs e em muitos podcasts.

Mudar o relacionamento com a arte e a música, eis a necessidade que surge com a pandemia. A música pode não morrer, e não vai morrer, mas fica mais restrita e menos plural quando a desvalorizados e achamos que ela deve ser gratuita em todos os casos. 

Música e rock são hobbies caros? Depende do ponto de vista, depende de quem banca e de quem compra. Arte e cultura têm custos, e são maiores quanto mais qualidade tiverem, gostemos ou não. Por isso é desesperador e desalentador descobrir que a música vale cada vez menos e e é cada vez mais desprezada. 

Nestes tempos de pandemia, quando você procurar por aulas online de qualquer instrumento, ou retomá-las com seu professor preferido ou mesmo com aquele artista que você tanto admira, valorize o dinheiro que você paga pelo serviço e pela história nas costas de quem está ensinando. Dependendo do desenvolvimento das coisas, isso pode ser algo cada vez mais raro.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Notas roqueiras: Sacrifix, Exodus, Tom Hunting, Floatsam and Jetsam, Sad Theory...





- A banda paranaense Sacrifix lançou seu álbum de estreia "World Decay 19", via parceria entre as gravadoras Thrash Or Die Records e Rapture Records, nos formatos CD e streaming.
"World Decay 19" apresenta uma sonoridade baseada totalmente na crueza e rispidez do lado mais clássico do Thrash Metal, sem invencionismos e fortemente influenciado pelos primeiros trabalhos de bandas como o Megadeth, Annihilator, Slayer, Sodom e Kreator, e letras inspiradas em guerra, ocultismo, críticas sociais, questões existenciais, religião e violência.

- O baterista do Exodus, Tom Hunting, revelou que foi diagnosticado com carcinoma escamoso no estômago. Hoje Tom começa seu tratamento e espera que sua história ajude a aumentar a conscientização. É um tumor na pate superior do estômago.  Toda a força do mundo para a sua recuperação!

- A banda Floatsam and Jetsam lançou uma nova música e um videoclipe, retirados de seu próximo álbum, 'Blood In The Water', que será lançado no dia 4 de junho de 2021 pela AFM Records. Veja e escute o primeiro single, "Burn the Sky", em https://www.youtube.com/watch?v=tP41SH7najE&feature=youtu.be

- A banda de death metal Sad Theory está concluindo as gravações de seu sétimo disco de estúdio, Léxico Reflexivo Umbral, a ser lançado ainda este ano. Preparando o público para o lançamento, a banda revela sua nova identidade visual minimalista como símbolo do empobrecimento das relações humanas. A arte da capa do próximo álbum, Léxico Reflexivo Umbral, seguirá a proposta. O primeiro single do trabalho é "Canis Metallicus", inspirado no episódio "Metalhead", da renomada série da Netflix, Black Mirror. Um novo logotipo, após mais de duas décadas, foi criado pelo artista belga Christophe Szpajdel, que criou mais de dez mil logos, principalmente para bandas de death, black metal e ambient music, como Emperor, Old Man's Child, Enthroned, Borknagar, Moonspell e Arcturus. Ouça "Canis Metallicus": https://open.spotify.com/album/1ZrXnjnQE50RyMkXOIDikR

Notas roqueiras: documentários com Fernanda Takai e Julio Falavigna



- Histórias de resiliência, superação e autoconfiança na infância estão na série "O dia em que me tornei mais forte", que estreia no próximo dia 7 como parte da nova faixa de programação do Canal Futura, dedicada ao conteúdo infantil educativo. A coprodução internacional, que envolveu 17 países, ganhou uma versão inédita da música-tema composta e gravada pela cantora Fernanda Takai. Iniciativa da instituição alemã Prix Jeunesse, a série traz histórias reais narradas por crianças do mundo todo. O Futura é parceiro exclusivo do projeto no Brasil e produziu dois episódios com participantes selecionados a partir de fóruns e grupos de pesquisa, realizados de forma remota durante a pandemia. Em "Meu primeiro arco e flecha", a menina indígena Tauana enfrenta barreiras impostas às mulheres em sua cultura, numa aldeia no Amazonas. Já o episódio "Caixa de memórias" acompanha o menino Ítalo, que perdeu o pai para a COVID-19, e sua amizade com seu papagaio de estimação, em São Paulo. "Levar meu violão para a escola foi como ter um superpoder", lembra Fernanda Takai. Ela se emocionou com o projeto e compôs a versão brasileira para a música-tema da série, gravada no estúdio em sua casa, em Belo Horizonte. Inspirada pelo tema do programa, ela lembra o dia em que se sentiu mais forte na infância: "Foi o dia em que eu, timidamente, levei meu violão para a escola. Eu mal sabia tocar, mas o fato de levar foi como ter um superpoder, um escudo. Eu tinha 9 anos e foi muito importante para mim. Simbolizava uma aptidão que eu tinha e talvez tenha conquistado alguns amigos ali naquele dia."

O Dia Em Que Me Tornei Mais Forte

Canal Futura

A série internacional traz episódios de resiliência baseados em histórias reais contadas por crianças do mundo todo. Dois episódios foram gravados no Brasil: em uma aldeia indígena no Amazonas e em São Paulo.

Estreia: 07/04, às 20h (horário especial)

Exibição: terça e quinta-feira, 7h25

- 'Paisagens rítmicas' aborda a trajetória do músico gaúcho Julio Falavigna em sua busca pela harmonia entre ritmo e alma. "Uma jornada em batimentos", é como pode ser definido o documentário 'Paisagens rítmicas', que apresenta o baterista/precussionista Julio Falavigna, acompanhado de parceiros musicais e de vida. O filme foi dirigido por Le Daros, criador com longa trajetória pelo cenário musical e audiovisual do Rio Grande do Sul. O documentário tem o lançamento digital exclusivo pela O2 Filmes nas plataformas Google, Looke, Now, Vivo e YouTube. O filme é um sobrevoo pela trajetória de Julio em sua constante busca pelo entendimento e aprofundamento na arte de tocar e se relacionar com os ritmos do mundo, paralelamente ao seu desenvolvimento pessoal e espiritual, numa jornada que passa por lugares tão diferentes como China,França, Índia, Portugal, Serra dos Órgãos (RJ), Cerrado (DF), Serra da Cantareira (SP) e Serra Gaúcha. Youtube - http://bit.ly/paisagensyoutube; Google - http://bit.ly/paisagensgoogle

Greta Van Fleet lança clipe para a música ‘Trip the Light Fantastic’

  Do site Roque Reverso

Greta Van Fleet (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Já com o esperado segundo álbum da carreira lançado na semana passada, o Greta Van Fleet liberou um vídeo para a música “Trip The Light Fantastic” na quarta-feira, 21 de abril. De maneira diferente dos clipes promocionais trazidos antes do lançamento do disco, o vídeo traz a banda tocando ao vivo num cenário simples.

A direção do vídeo é de Rob Sinclair e de Wilkinson e Mark Haney. A edição é de Rob Taylor. “Trip The Light Fantastic” faz parte do álbum “The Battle At Garden’s Gate”, que chegou aos fãs no dia 16 de abril.

Antes do vídeo dessa música, já havia sido lançado, por exemplo, o clipe da faixa “Age Of Machine”.
A produção do álbum “The Battle At Garden’s Gate” é de Greg Kurstin.

O disco sucedeu “Anthem of The Peaceful Army”, que foi lançado em 2018 e foi o primeiro da carreira da banda.

Antes do primeiro álbum oficial, o Greta já havia lançado dois EPs em 2017.

O primeiro EP foi “Black Smoke Rising”, que chegou ao mercado no dia 21 de abril de 2017, com quatro faixas: “Highway Tune”, “Safari Song”, “Flower Power” e “Black Smoke Rising”. O segundo EP, com o título “From the Fires”, foi lançado no dia 10 de novembro do ano passado. É, na verdade um duplo EP, que traz as quatro primeiras faixas do disco de estreia, além de mais quatro músicas novas: “Edge of Darkness”, “A Change Is Gonna Come”, “Meet on the Ledge” e “Talk on the Street”.

O surgimento do grupo mereceu, em dezembro de 2017, matéria de destaque do Roque Reverso, um dos primeiros veículos do Brasil a chamar a atenção para os garotos, todos na faixa dos 20 anos de idade.

 

Notas roqueiras: Lamb of God, Amorphis, Death Caos...




- Lamb of God estréia o vídeo oficial para "Memento Mori (Live)" do DVD "Lamb of God: Live in Richmond, VA", que faz parte do próximo CD + DVD, lançado no Brasil em março pela parceira Shinigami Records/Nuclear Blast. A faixa ao vivo também está disponível agora em todas as plataformas digitais. O vídeo, que foi filmado na cidade natal da banda em Richmond, VA, para uma transmissão ao vivo em setembro de 2020, está disponível hoje no Youtube no site da banda em http://lamb-of-god.com. Confira o vídeo em https://www.youtube.com/watch?v=8YO9IFhXYHQ

- A banda finlandesa Amorphis está lançando o DVD/CD ao vivo "Live at Helsinki Ice Hall", gravado em 2019. foi o último show da banda andes da decretação da pandemia de covid-19 pelo mundo. Com o  hino ao vivo "Daughter Of Hate", a banda oferece o primeiro trecho de seu próximo "Live At Helsinki Ice Hall". Assista ao vídeo aqui: https://youtu.be/cxgn3lEWnTI

- O Death Chaos segue trabalhando no processo de gravação de seu novo álbum, “Conjuration of The Dead”, com previsão de lançamento para esse ano de 2021. Em paralelo a isso, a banda acaba de anunciar o seu novo guitarrista. É Evandro Pasinato, que sem perder tempo, já se encontra em estúdio gravando suas partes de guitarra. Evandro é natural de Cascavel/PR, e iniciou sua trajetória musical nos anos 90, tocando com a banda de Death/Doom Hammerdown entre 1992 e 1997.

Guitarras extraordinárias: Kiko Shred e Jaeder Menossi em busca de novos limites

 Marcelo Moreira 



Na era da superexposição e da ultrainformação, como captar a atenção do ouvinte e expandir a base de fãs com a concorrência cada vez maior - e, de forma inversamente proporcional, com um respeito cada vez menor pelo produto?

 O dilema é imenso para músicos que encaram a carreira solo em tempos de pandemia. Será que vou revolucionar a música? O que farei farei de diferente para ganhar algum espaço? 

Os guitarristas Kiko Shred e Jaeder Menossi ainda não descobriram as respostas definitivas, assim como milhões de músicos ao redor do mundo, mas construíram carreiras sólidas e internacionais que os permitem sonhar com boas perspectivas. Ambos são artistas vinculados ao selo Heavy Metal Rock, de Americana (SP). 

"Rebellion" é o recém-lançado disco de Kiko, que mergulhou mais fundo no hard'n'heavy que despontava no álbum anterior, "Royal Art", um trabalho bem característico de instrumentista virtuoso e veloz. 

No momento em que anuncia sua entrada na veterana banda de metal americana Savage Grace, o guitarrista curte a boa receptividade do CD. Experiente e com bom arsenal de riffs e solos, criou um trabalho coeso e interessante. 

A banda que formou é o destaque - Ed Galdin nos vocais, Tagliari na bateria e Will Costa no baixo. Com entrosamento e garra transbordando, "Rebellion" é orgânico e flui com naturalidade, deixando espaço para todos os músicos, ainda que Kiko predomine e conduza com firmeza todas as músicas.

Kiko Shred (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Em trabalho de muito boa qualidade, sobressai-se a música que traz um convidado de peso. "Thorn Across My Heart" cresce muito com a presença do excelente cantor escocês Doogie White (ex-Rainbow e Tank, entre outros). É heavy tradicional na veia, com espírito oitentista e um ritmo contagiante. 

"The Hierophant" é um tema instrumental típico do metal deste século, onde Kiko Shred consegue expandir os seus limites. "Mirror" e "Rebellion" dão as cartas do que é o disco, pesadas e intensas, canções especiais para tremer casas de shows, enquanto a ótima "Rainbow After the Storm" passeia por melodias fortes e guitarras mais explosivas. "Honour to the Fallen Berothers" também merece destaque, já que é um tema épico, que não pode faltar em CDs do gênero. 

Jaeder Menossi, por sua vez, envereda por um caminho mais clássico, mas também pesado. Sua empreitada solo, que leva o nome de sua banda - "Jaeder Menossi Interstellar Experience -, incorpora elementos de 30 anos de guitarra rock. 

Experiência lhe sobra, já que seu trabalho com a banda Pop Javali (que depois virou apenas Javali) estabeleceu-o como um pilar do rock no interior paulista. Com a banda, fez uma vitoriosa turnê europeia e é presença constante em feiras musicais da indústria nos Estados Unidos. 

"Há um bom tempo eu vinha compondo material para um trabalho solo, com experiências musicais que não caberiam no Javali", diz o músico. "Juntei essas ideias à músicas que seriam lançadas num futuro disco do Javali, e outras composições não aproveitadas em discos anteriores, e fiz um blend para o que é esse primeiro disco do Jaeder Menossi Interestellar Experience", explicou o músico que ainda esclarece que o Javali permanece ativo. 

O estilo é limpo e cristalino, mas tem algo com que todo músico sonha: um timbre próprio, que certamente vai se tornar reconhecível neste novo projeto. Já era assim no Javali/Pop Javali, que faz um hard rock mais tradicional.



Gravado no Pepperstudio, em Nova Odessa (SP), teve a produção de Rodrigo Barros, o baterista da banda, e reúne 12 faixas. "Este foi o trabalho mais prazeroso e mais tranquilo que já realizei, desde a captação e mixagem até a masterizacão", conta Jaeder. 

Segundo ele, "O desafio maior foi de compor as faixas instrumentais, uma situação nova para mim. Claro que tanto as faixas vocais quanto as instrumentais, em termos da construção musical, não são tão diferentes. Porém, há necessidade de se criar contextos e tessituras mais amplas, que se conectem entre si, e gerem uma sensação de continuidade, com dinâmicas que façam com que a música soe interessante do início ao fim". 

O álbum é conceitual, com uma tema que mergulha na ficção científica, umas das paixões de Menossi. Uma decisão arriscada, ate porque mistura canções instrumentais e com vocais, mas a experiência falou mais alto e o resultado é muito bom. 

A ideia foi criar uma trilha sonora para uma viagem de 90 dias até o planeta Netuno, um dos mais afastados do planeta Terra. "Pensei no disco como um todo, como se fosse uma única música, uma espécie de trilha, com movimentos que se correlacionam, tal qual as partes de um filme ou um quadro que pintamos."

Há um fundo filosófico no conceito, que embute uma espécie de jornada ma interior, em busca de um resgate de si mesmo a partir de um acerto de contas definitivo com o passado. 

"Imaginei uma projeção, em outras dimensões, dessas respostas em perspectiva, muitas vezes sob condições totalmente adversas, sobre um futuro renovado, pleno de libertação de limites mentais e padrões de sentimentos pré-estabelecidos”, acrescentou o guitarrista.

"Interstellar Experience" é um trabalho diferente do usual e merece uma audição bem atenta para que certas nuances sejam percebidas em sua totalidade. 

Há aqui e ali um pouco de exagero no virtuosismo nas guitarras, mas nada que comprometa - em "Landing at Mars", por exemplo, temos a impressão de que se trata de um imenso solo na música inteira, mas ouvindo com calma fica claro que as linhas melódicas são necessárias dentro do contexto, já que é uma faixa instrumental.

As comparações com o Pop Javali são evidentes e inevitáveis, mas apenas para constatar que esse trabalho solo difere totalmente de sua banda principal - aqui temos metal na veiaheavy , enquanto que o Javali é hard rock trabalhado e encharcado com blues.

"Space Pirates" e "Andromeda" são bons exemplos do que a banda é capaz, muito peso, guitarras bacanas relembrando o heavy tradicional por excelência e bons arranjos ao longo de seu desenvolvimento.

Ainda que as guitarras estejam bem mais altas por todo o CD, o que não surpreende, a mixagem da bateria parece destoar um pouco em algumas canções provavelmente por conta da escolha da microfonagem, como em "Space Pirates". 

A situação melhora bastante nas duas partes de "Starshade", que são verdadeiras aulas de heavy metal de bom gosto, com energia de sobra e boas soluções em termos de arranjo. Provavelmente são as melhores do álbum. 

É um disco de guitarrista, mas é muito mais de autor, o que elimina, de certa forma, aquela preocupação com excesso de virtuosismo ou solos e riffs na velocidade da luz. É uma das boas surpresas do rock nacional deste ano.

 

 

 

 

 

 

 

 

https://youtu.be/F7UK6lnthGY 

 

- Lucio Moryama