Marcelo Moreira
A tendência era clara desde 2006, quando o Iron Maiden lançou o disco conceitual "A Matter of Life and Death": músicas mais longas, reflexivas e progressivas. As letras ficaram mais elaboradas e focadas em eventos históricos ou trabalhos filosóficos de envergadura. "The Book of Souls", de 2015, parecia ter se tornado o ápice dessa fase.
"The Writing on the Wall", a primeira música inédita da banda inglesa em seis anos, deixa claro que o mundo progressivo e as canções mais intrincadas vieram para ficar. Folk, hard, heavy, prog, southern, classic, tradicional e mais algumas coisas podem ser identificada na canção.
É uma banda de metal que chega aos 46 anos de idade ainda relevante, mas consciente do papel que pode e quer ter neste século XXI.
Os singles bacanas, mas ganchudos e feitos para estourar nas rádios deram lugar a música fortes como "If Eternity Should Fail", do disco anterior, um tema bem diferente do que nos acostumamos a escutar na voz de Bruce Dickinson.
Exceto na balada "The Journeyman", do disco "Dance of Death" (2004), o Iron Maiden nunca deixou os violões salientes. O clima country blues do começo da nova canção exalta as qualidades da nova vertente assumida pelo sexteto.
A repercussão da nova canção foi imediata e dividiu ps fãs. A velha guarda continua torcendo o nariz para o direcionamento progressivo, incomodada com os arranjos diferentes e a presença maior de teclados. Os solos de guitarra estão mais extensos e as linhas de bateria mostram outras texturas.
Esse pessoal ainda fica esperando por repetições de "Aces High" e "The Trooper", incapaz de entender a evolução das coisas. São os mesmos que bombardearam "The Final Frontier", de 2010, outra obra conceitual e ainda mais progressiva.
Os garotos da geração metal XXI ainda mantém a curiosidade, busca entes ficaram mal acostumados com os sons mais "modernos" de Lamb of God, Mastodon e bandas do mesmo calibre. Sempre esperam um peso descomunal com o desdobramento de timbres com afinação mais baixa.
Fica clara a falta de refinamento para tentar entender os caminhos que uma banda quase cinquentenária decidiu trilhar para evitar se repetir e virar uma caricatura de si mesma.
"The Writing on the Wall" é uma canção muito boa e ousada para o Iron Maiden no século XXI. é mais tradicional e classic rock do que a maioria do material que compôs e lançou.
Há pitadas de nostalgia musical e a inclusão de muitas referências setentistas e oitentistas com muito bom gosto. Será uma música legendária ou memorável? Vai depender do conteúdo geral do próximo álbum, mas, isoladamente, nada indica que será inesquecível. Mas é ótimo ouvir uma música nova muito boa do Iron Maiden.
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