Marcelo Moreira
Uma mistura de burrice, insolência e canalhice. A área da cultura do nefasto governo bolsonada sempre esteve às traças, jogada nas mãos de gente estúpida e analfabeta que tenta aparelhar o setor, mas passa muita vergonha. Mesmo assim, ensaia perseguições políticas.
O Festival de Jazz do Capão, na Chapada Diamantina, na Bahia, teve seu projeto de captação de recursos via Lei Rouanet recusado pelo governo federal. No parecer, que mais parece um panfleto religioso da pior espécie, citações a Deus e alusões à "postura política" dos organizadores.
É notório que o evento e que o organiza são antifascistas e fazem gestos contra posturas autoritárias e a favor da democracia. Isso irritou profundamente que analisou o pedido e fez o parecer com linguagem de esgoto.
Nada surpreendente se analisarmos os aspirantes a fascistas que ocupam os cargos na própria Secretaria Especial de Cultura, na Funarte, na Fundação Palmares e em outras áreas aparelhadas desse lamentável governo.
O que choca e causa indignação é que a perseguição política na esfera federal da cultura se tornou explícita, com a muleta nojenta da religião, alicerçada no que de pior existe no mundo conservador e evangélico.
Logo abaixo do título “parecer técnico”, no começo do documento, há a seguinte citação: “O objetivo e finalidade maior de toda música não deveria ser nenhum outro além da glória de Deus e a renovação renovação da alma”, atribuída a Johann Sebastian Bach, o compositor alemão de música clássica. Em outro momento no texto, o texto vergonhoso "informa" que a "arte é tão singular que pode ser associada ao Criador".
O documento escancara a perseguição política quando "informa" que um dos motivos para a negativa foi uma publicação antirracista e antifascista feita em janeiro do ano passado na página do evento no Facebook.
Nas redes sociais, os perfis do festival há mensagens como “não podemos aceitar o fascismo, o racismo e nenhuma forma de opressão e preconceito”, algo que deve ser louvado e elogiado. Para o governo federal, o festival “se insurge” contra a Lei Rouanet e “subleva sua legalidade”.
Como bem lembraram textos dos sites de Veja e O Globo, não há qualquer trecho da lei que coloque posicionamentos individuais das produções como pré-requisito para aprovação de projetos.
O incompetente e deplorável secretário de Cultura, Mario Frias - aquele que ignorava quem era Lina Bo Bardi, arquiteta ítalo-brasileira que seria homenageada em evento de arquitetura em Veneza ao qual o secretário estaria presente -, apoiou a decisão de rejeitar o pleito do festival, mas se recusou a fala cr sobre o assunto com jornalistas.
É cada vez mais explícita a orientação ilegal e anticonstitucional da área da cultura em promover todo o tipo de perseguição política a adversários do governo. E fica mais esdrúxula ainda a utilização do pior lixo religioso para "justificar" este tipo de barbaridade.
O que será que os artistas que apoiam o esgoto que é o governo bolsonada têm a dizer a respeito? Como se atreve a apoiar esse tipo de postura medieval? E, apoiando, como se atrevem a vomitar seus lixos em favor de seres execráveis que não se envergonham de sua indigência intelectual e ignorância?
O fato de revelar os motivos da perseguição cola no governo, de forma definitiva, os rótulos de "fascista" e "antidemocrático", já que a rejeição do projeto ocorreu por conta da postura antifascista do festival.
São coisas aparentemente pequenas como essas que fecham o cerco conservador e fascista às liberdades de expressão, opinião, de imprensa, corroendo a disseminação do conhecimento de verdade e atacando sistematicamente a democracia.
Essa gente analfabeta e nojenta acredita que conseguirá vencer pelo cansaço. Acredita que mandando a política acabar com festivais legítimos de rock e de música conseguirão domesticar o povo e neutralizar qualquer tipo de oposição.
 |
Não será fácil, depois que esse governo nefasto for destruído e destroçado, reconstruir o mundo da cultura e do conhecimento.
O retrocesso institucional é gigante e levará anos para ser recomposto, da mesma maneira que na área ambiental. Mas seremos persistentes. os gângsteres que atuaram para destruir e perseguir serão responsabilizados, caçados, processados e condenados. Esse mundo de trevas será jogado de volta para as cavernas, e veremos a cultura novamente triunfando.
No entanto, para que atinjamos esses objetivos, é fundamental que os festivais de jazz e todos os tipos persistam e resistam.
Que continuem existindo longe do esgoto bolsonada e que mantenha a mensagem antifascista e antiautoritária; que continuem sendo tribunas gigantes contra o fascismo e o conservadorismo medieval que insistem em clamar pelo retrocesso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário