quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Steve Harris, 65 anos: a força propulsor do heavy metal moderno

 Marcelo Moreira

Iron Maiden atual - Steve Harris é o quarto da esquerda para a direita (FOTO: DIVULGAÇÃO)


Entediado e frustrado por ter de desistir de seu sonho de jogar futebol profissional por seu time do coração, um garoto decide abraçar o rock em pleno dia de Natal. 

Ao formar uma banda naquele dia cinzento e frio de 1975, o ex-futuro meio-campista do West Ham, de Londres, criava um gigante do rock, tão grande e importante quanto alguns de seus ídolos musicais.

Steve Harris tinha muita força física, apesar de baixo, e era mais habilidoso com a bola do que a maioria dos moleques de 18 anos de Londres daquele tempo, mas tudo isso não foi o suficiente para que abraçasse o seu West Ham - uma lesão no joelho também contribuiu para a dsilusão.

O futuro estava no rock, mas não como baixista da banda Smiler. Era preciso que ele criasse a sua própria banda para que não desse satisfações a ninguém. 

Nascia então o Iron Maiden. São 45 anos de uma história improvável – sem falar nos 65 anos de idade de Harris, mas de profunda perseverança e insistência. 

Antes dos primeiros frutos reais do trabalho intenso, foram cinco anos de ralação e muitas trocas de integrantes, até que finalmente algo começasse a acontecer. E quando aconteceu, nem um pouco por acaso, foi tudo muito rápido.

O consenso entre historiadores, biógrafos e o próprio Harris diz que o Maiden surgiu no dia 25 de dezembro de 1975, mas certeza, certeza mesmo, nenhum deles tem. O músico até admite que o surgimento possa ter ocorrido um pouco antes. 

Harris com o baixo e a camisa do amado West Ham, de Londres (FOTO: DIVULGAÇÃO/ARQUIVO PESSOAL)

Não importa. A locomotiva do rock pesado iniciou a sua jornada naquele ano para atingir um patamar somente igualado como a maior manda de heavy metal que já surgiu, ao lado do Metallica. 

O maior nome da New Wave of British Heavy Metal, que era visto apenas como um subproduto do punk no final de 1979 – e o vocalista Paul Di'Anno confirmava todos os indícios – elevou o patamar de agressividade e peso no rock, alargando ainda mais a estética que tomou. 

Sob a mão de ferro de Harris, o Iron Maiden praticamente se tornou um sinônimo de heavy metal e um dos símbolos principais do gênero. E tudo isso surgiu graças ao fim do sonho de boleiro de um moleque de 18 anos em Londres...

domingo, 8 de agosto de 2021

Mudamos de endereço!!!!! Siga-nos em www.combaterock.com.br

 



Nosso endereço www.combaterock.com.br está de volta! Percalços da vida neste mundo pandêmico empurraram a reestreia em nova plataforma, mas aqui estamos para continuar publicando notícias relevantes sobre rock, sobre a vida e sobre a luta democrática e sempre antifascista.

Este endereço estará a postos pra qualquer intempérie e mostrou fora e resiliência, servindo maravilhosamente de forma provisória. Rock and Roll all Night and Party Every Day!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Notas roqueiras: Leandro Caçoilo, Never End, Sculptor...


- O vocalista Leandro Caçoilo (Viper, Caravellus, Hardshine) acaba de disponibilizar um vídeo com a regravação, em formato acústico, da música “At Least a Chance”. Lançada originalmente pelo Viper, no álbum “Theatre of Fate” (1989), a versão de Caçoilo apresenta a participação do guitarrista e produtor Mayki Fabiani. Assista At Least a Chance (ft. Mayki Fabiani): https://youtu.be/LI62i1pRurk. Caçoilo explica sua homenagem ao clássico tema do Viper: “Esse é um tributo, além de um muito obrigado ao Andre Matos e ao Viper, banda que hoje em dia carrego a bandeira com muito orgulho. Gravar essa música foi um grande desafio, por originalmente ter uma linha vocal muito refinada do Andre. Tive a ajuda de um grande amigo, o músico Mayki Fabiani, que fez um trabalho maravilhoso, tocando e produzindo”.

- Com um som que mescla várias vertentes do metal e rock'n'roll, podendo ser classificado como new thrash, grove metal e/ou metal core, a banda portuguesa Never End assina com a gravadora americana Brutal Records para o lançamento mundial do álbum de estreia "The Cold and the Craving". "Assinar com a Brutal Records foi um enorme passo na nossa carreira como banda. Era algo que procurávamos há muito tempo. Sentimos também que é fruto do nosso trabalho e investimento", ressalta a banda.
O disco será lançado em 3 de setembro de 2021 e traz nove canções que refletem a natureza conflituante da condição humana e representa uma oportunidade para refletir e explorar essa experiência. É raro ver uma abordagem tão nova funcionar tão bem e se fundir com os sons clássicos de metal, grunge e hardcore.

- O Sculptor está lançando um vídeo ao vivo da faixa “Watch Rope”, gravado em maio de 2019, no show de abertura para os ingleses do Cradle of Filth em Curitiba, na turnê comemorativa do álbum “Cruelty and the Beast”. Presente em “Untold Secrets”, debut da banda, a música é um dos destaques do trabalho, e tem em sua temática um assunto importante a ser debatido: a depressão. Composta pelo vocalista Rick Eraser, a letra se tornou um reflexo da própria experiência do músico: “A letra da música “Watch Rope” tem uma forte mensagem sobre a luta de uma pessoa com depressão e que a qualquer momento pode ser o último minuto de vida dela se deixar de lutar, é uma batalha diária que a pessoa passa, e que no final temos sempre a esperança de dias melhores”. Confira o vídeo de “Watch Rope”:
https://www.youtube.com/watch?v=P2lZGwxHdtA 

Notas roqueiras: Jured, As the Palaces Burn, Bruxas Exorcistas...

 


 - A pandemia da Covid-19 obrigou o cenário underground a se reinventar, com as bandas buscando novas formas de divulgar seus lançamentos e trabalhos. Dentro dessa nova realidade, as “lives” entraram no cotidiano dos fãs e heavy metal, como um substituto dos shows presenciais. Tendo lançado no início desse ano o seu ótimo álbum de estreia, “Emboscada”, o trio Jured resolveu fazer sua primeira live oficial no dia 5 de junho, com o intuito de apresentar a todos o seu trabalho. O resultado do evento foi tão positivo, que a banda resolveu transformar ele em um álbum ao vivo, intitulado “Quarentena Conspiracy Record”, que após ter sido disponibilizado nas principais plataformas de streaming musical, agora se encontra também presente no YouTube. Confira no link abaixo, todo o poder de fogo da música do Jured. Escute em https://youtu.be/NOXFZX74epM

- Após os ótimos resultados com o álbum de estreia, "End´evour", e o recente EP 'All The Evil', a banda As The Palaces Burn retorna com novidades. O grupo anuncia a nova identidade visual, feita pela Gigante Propaganda, e o lançamento do novo álbum de estúdio que está previsto para estrear ainda esse ano. A banda está em estúdio gravando o aguardado segundo disco sob o comando de Adair Daufembach na produção, com previsão de lançamento para o último semestre de 2021. Para promover esta nova fase, As The Palaces Burn irá lançar o primeiro single, "For The Weak", junto com o lyric vídeo, no dia 26 de julho.

- O selo Maxilar apresenta as Bruxas Exorcistas, projeto musical ue reúne sete mulheres com importanabalhos no rock e na MPB: Virginie Boutaud (Metrô), Érika Martins (Autoramas), Lovefoxxx (Cansei de Ser Sexy) , Apolônia Alexandrina (Anvil FX), Maria Paraguaya (Cigarras, Escambau), Camila Costa e Emilie Ducassé. A primeira música é Vade Retro, Satanás", já lancada nas plataformas digitais. Composta por Virginie no violão, a música foi inteiramente gravada e mixada no Garage band na região de Toulouse, na França, onde mora a cantora há muitos anos. As vozes das bruxas foram gravadas em estúdios ou celulares, entre Sampa, Garopaba (SC), Toulouse, Paris e Curitiba. A arte da capa é de Lovefoxxx e o clipe, dirigido por Raphael Erichsen
 

O jazz sofisticado ganha força com Tony Babalu e Rodrigo Nassif

Marcelo Moreira

Tony Babalu (FOTO: DIVULGAÇÃO/BOLÍVIA E CÁTIA ROCK)



São cada vez mais comuns as afirmações nas redes sociais de que a música cura, em todos os sentidos, principalmente em tempos estranho de pandemia. O número de artistas que levam a cabo a premissa é grande, mas dois guitarristas decidiram levá-la muito além do senso comum.

Tony Babalu e Rodrigo Nassif exploram em cada nota e em cada detalhe toda a beleza da música instrumental e inteligente, misturando sentimentos diversos e uma sofisticação que comovem.

"No Quarto de Som..." é o novo EP do veterano Tony Babalu, um músico que se confunde com a própria história do rock nacional desde os anos 70. 

Exímio guitarrista, transita entre e o rock e o jazz com uma facilidade irritante, da mesma forma que imprime tamanha elegância na execução de seus trabalhos. É um estilista, daqueles que encantam e fazem com que, imediatamente, as pessoas parem o que estão fazendo para prestar a atenção no som.

No novo trabalho, é difícil não associar seus fraseados e sua dinâmica com a de outro monstro da guitarra, o inglês John McLaughlin, criador da excelente Mahavishnu Orquestra. Sobram sofisticação e competência nos cinco temas do EP.

O melhor exemplo é "Recomeço", que viaja pelo jazz rock de maneira de maneira sublime, com solos vigorosos e o apoio de uma melodia bela e cativante.

"Lara" e "Tropical Mood" exaltam uma brasilidade que foge do lugar comum de inspiração bossanovista: são sons resplandecentes, intensos e que emanam brilho. São quase fulgurantes, que extrapolam os limites dos gêneros musicais.

"Francisca", por sua vez, exala uma delicadeza que remete imediatamente a um tema como "Riviera Paradise", de Stevie Ray Vaughan. É intimista, como a canção pede - uma homenagem à mãe de Tony -, com uma forte carga emocional.

O trabalho atual de Tony Babalu é um bálsamo em tempos tristes de isolamento e pandemia. Embala um sentimento de pertencimento e perseverança que espantam pensamentos negativos e mostram novos caminhos. Como bem diz outro extraordinário guitarrista, o brasileiro Edu Gomes, é o típico som que cura, ou que ajuda a curar

Rodrigo Nassif trio (FOTO: DIVULGAÇÃO)



O gaúcho Rodrigo Nassif, com seu trio, segue pela mesma trilha. "Estrada Nova" é o seu trabalho mais recente e faz um som jazzístico mais tradicional com um tempero bem característico dos pampas. Dá para escutar muitos sons do cone sul aqui e ali.

"Estrada Nova" é passeio nostálgico pela música brasileira também, com temas que valorizam a melodia e os fraseados curtos, mas intensos. 

Com Samuel Basso no baixo e Leandro Schirmer na bateria, o Rodrigo Nassif Trio estabelece um padrão elevado em temas como "O Cheiro de Pão", "Brincando na Tempestade" e "Simplesmente Divino".

Sem exibicionismo, a guitarra é  o destaque em "Estrada Nova" e "Passeio na Avenida", canções muito bacanas que transmitem uma sensação gostosa de tranquilidade. 

Buscando na tradição instrumental brasileira um equilíbrio com o jazz, Nassif consegue soar inovador e diferente em temas saborosos e também intensos. Como Babalu, tem dedos que brilham e extraem algo sublime da guitarra.

Multi-instrumentista e compositor, Nassif já se apresentou em alguns dos melhores espaços de música instrumental de Nova York, Nova Jersey e Rio de Janeiro. 


segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Notas roqueiras: Hell Gun, Holocausto WM, Paradise in Flames...


 

 - Os paranaenses do Hell Gun anunciam o lançamento do single “Pirates From Outer Space”, que, acompanhado de um lyric vídeo, marca a estreia da nova formação do grupo. "Pirates From Outer Space" é a primeira faixa inédita que a banda disponibiliza desde o lançamento do álbum "Kings Of Beyond”, em 2020. A música apresenta a nova formação, com Matheus Luciano (vocal), Marllon Woicizack (baixo), CJ Dubiella (bateria), Jean Fallas (guitarra) e o novo integrante, Lucas (Shred) Rodrigues (guitarra). Produzido por Rory Langdon (EUA), o novo single soa como os álbuns atuais de bandas de Heavy Metal dos anos 80. A capa do single foi criada por Giovanne Bernardino, que já havia trabalhado com a banda na capa do debut, enquanto que o lyric vídeo foi produzido por Marlon Cerqueira, da Guavira Design. Assista ao lyric vídeo de “Pirates From Outer Space”:
https://www.youtube.com/watch?v=FcCwbek7rGA

- A banda mineira de war metal Holocausto WM segue o ano de 2021 com muito trabalho. A linha de produção da banda e da WarCore Records, de propriedade dos próprios integrantes, tem sido bem intensa desde o ano passado, e agora o trio promete um novo álbum para o próximo ano. Segundo o guitarrista Valério Exterminator, as partes de guitarra da primeira música já foram concluídas, e em breve Manfredo War Tank e Rafão The Trigger registrarão suas partes. O álbum já tem nome e a arte será assinada pelo artista gráfico Fernando Lima, que já havia trabalhado na coletânea “Reborn to Eternity”, lançada pelo selo e apresentando as bandas Sextrash, BHell, Holocausto WM e Obsessed.

- Acaba de ser lançado o novo single da banda Paradise in Flames intitulado “Learn from Mistakes”. A música, veio acompanhada de um vídeo oficial, que mantém o altíssimo padrão de produções da banda. Ele já se encontra disponível no canal oficial de YouTube da banda, podendo ser assistido no link  https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=jj8G1ge4SuE
 

 

Inocentes chegam aos 40 anos: banda continua como a essência do punk nacional

  Marcelo Moreira

 

O começo do fim do mundo ocorreu na Vila Carolina, zona norte de São Paulo, em 1981, muito antes do evento que ficou conhecido por essa expressão um ano e meio depois, no Sesc Pompeia. E, no fim do mundo e naquele não tão fim de mundo, um nome chama a atenção como o "cara do movimento".

Clemente Nascimento carrega a história do punk paulistano-brasileiro e tem orgulho de dizer que é punk e que foi punk muito antes do punk surgir nas terras tropicais. Não se sente à vontade com os epítetos de "o rosto do punk nacional" ou "essência do punk paulistano". Ele quer ser apenas o Clemente dos Inocentes e também da Plebe Rude.

São 40 anos de história de uma banda que se mantém underground e muito relevante. Inocentes são a banda punk por excelência, o símbolo de uma geração que ousou botar para quebrar em plena ditadura militar de forma muito urgente, rápida, barulhenta e visceral. 

Dá para imaginar o punk brasileiro sem os Inocentes, sem Clemente e sem as turmas da Vila Carolina e do bairro do Limão?

A banda se prepara para uma série de eventos que pretendem lembrar a importância da data. Se os punks ingleses, em média, cinco anos em suas bandas, o que dizer dos 40 dos Inocentes? A contragosto, o grupo e seu líder se tornaram "instituições", algo que eles sempre combateram.

Além dos esperados shows que em breve deverão voltar, uma edição comemorativa de "Pânico em SP", que completa 35 anos de seu lançamento, será editada provavelmente com algum bônus e material extra.

Com uma trajetória intimamente ligada à cultura da cidade de São Paulo, Clemente é uma usina de energia: incansável, hiperativo e intenso, divide-se entre as bandas Inocentes e Plebe Rude, carreira solo e a apresentação de programas de rádio, mas tudo isso parece não ser suficiente.

Clemente não gosta de ser retratado como um dos líderes dos punks paulistanos, embora não desminta e desestimule tais afirmações, o fato é que o guitarrista dos Inocentes é provavelmente o mais articulado dos pioneiros. Se João Gordo, dos Ratos de Porão, se tornou a figura mais icônica, Clemente aparece como a voz mais engajada.

Garoto da zona norte de São Paulo, filho de uma família da classe trabalhadora, descobriu logo a sua vocação quando entendeu o que significava a música feroz e barulhenta que alguns ingleses tinham começado a fazer anos antes. 

Não era um desajustado no sentido clássico, mas logo se mostrou um rebelde e revoltado, ganhando o respeito de toda uma nascente cena jovem que tentava bagunçar os estertores do regime militar brasileiro, iniciado em 1964.

O livro "Meninos em Fúria", que coescreveu com o escritor Marcelo Rubens Paiva, é revelador ao mostrar como os Inocentes conduziram a galera para o confronto e o embate com sua guitarra massacrante – e, em algumas vezes, também com os punhos, em várias das tretas que se envolveu ao longo da primeira metade dos anos 80. 

O texto de Paiva, que conviveu com os punks na época e conheceu desde cedo o músico, é leve e ligeiro, sem arroubos ou rebuscamento – como deve ser um bom livro "punk". 

Para quem gosta de rock nacional e gosta de se informar sobre a história da música brasileira e de seus principais personagens, "Meninos em Fúria" é documento importante, pois não só recupera boas histórias que sempre estiveram esparsas sobre o movimento, como também traz fatos inéditos e um olhar analítico bastante acurado.

Clemente já foi acusado de querer intelectualizar o punk nacional e de querer se apropriar da própria cena e de seu desenvolvimento. Ao escutar esse tipo de coisas, apenas ri dessas bobagens. Sua trajetória fala por si.

Em uma entrevista ao jornal O Globo anos atrás, o músico paulista fez uma breve comparação a respeito do engajamento da juventude da atualidade e o que ocorre nestes tempos: "Há um acirramento dos conflitos, e isso vem de 2013. Na nossa época, lá nos anos 80, tudo era mais claro, o Brasil vivia sob o regime militar. Agora tudo é mais confuso. Existem ações da Justiça e do Estado que são coincidentes com algumas da ditadura. O espírito da garotada de hoje ainda é jovem, de querer mudar e não se entregar, de lutar por aquilo que acha certo. Eles têm o mesmo romantismo e esperança que nós tínhamos."

Punk na essência, Clemente é um contestador, mas esbanja otimismo com visão crítica, ferina e certeira da realidade. É um artista que continua fundamental 40 anos depois de colocar os Inocentes na rota da imortalidade.

domingo, 1 de agosto de 2021

Notas roqueiras: Lethal Fright, San La Muerte, Trapézia...

 



- A banda Lethal Fright, do vocalista brasileiro Douglas Arruda, acaba de lançar seu primeiro single e vídeo para a música “My Pride My Hell”, presente no álbum de estreia “Past Through the Future (The Desert)”. O vídeo conta com participações especiais de Ivan Busic (bateria), Andria Busic (baixo e vocal), além de Nunes Italiano (guitarras), guitarrista da banda. Assista “My Pride My Hell”: https://youtu.be/Tm5G5A0jjPo. O guitarrista Nunes Italiano comentou em suas redes sociais: “Não poderia deixar de celebrar o Dia do Rock de maneira tão triunfal, tocando com os amigos e ídolos! Conheci a banda Dr. Sin há 20 anos, e o som deles mudou toda minha concepção musical do rock. O Dr. Sin se tornou uma referência primordial”. Nunes lembrou também que “há 15 anos, era obrigatório ter músicas do Dr. Sin em nosso repertório. E hoje, poder dividir esse som com eles, é mais que um sonho!” Já na versão do single, além de Andria Busic (Dr. Sin) e Ivan Busic (Dr. Sin), conta também com a participação de músicos da banda Sons of Apollo: Derek Sherinian (ex-Dream Theater, ex-Alice Cooper) e Ron ‘Bumblefoot’ Thal (ex-Guns N’ Roses). A capa do single foi desenhada por Carlos Fides, do Estúdio Art Side.

- Unindo magia e conceitos retrofuturísticos, o projeto Trapézia compartilha o EP de estreia intitulado 'Ecila', que está disponível em todas as plataformas digitais á partir de hoje, dia 13 de julho. O EP conta com a participação especial do renomado músico Fernando Quesada, que já tocou nas bandas Shaman e Noturnall, e atualmente toca no Armored Dawn. Em seu primeiro trabalho musical, a artista Thaís Lyrica usa todo seu conhecimento de formação em moda, para inserir um conceito visual retrofuturístico em suas músicas. Com o lançamento de 'Ecila', a artista nos apresenta um mundo fantástico inspirado em Alice no país da Maravilhas, obra de Lewis Carrol, onde cada detalhe, desde as letras até o figurino foram idealizados e confeccionados pela Thaís. Com um visual autêntico e steampunk, Trapézia te leva em uma viagem fantástica ao mundo de Ecila - que é um nome predominantemente feminino, de origem grega que significa "verídica, autêntica, verdadeira", sendo um anagrama do nome Alice. O EP conta a história de uma fada, de nome Ecila, que tem o poder de ser transformar em qualquer espécie. As músicas trilham por um cenário bucólico e sombrio e, a personagem se mostra sempre em conflito com sua mente e, ela nunca sabe o que é real. Projeto autoral de metal melódico, Trapézia foi fundada pela artista Thaís Lyrica, que desde muito jovem tem contato com a música, por influência do seu pai que era músico. Iniciou os estudos de canto aos 16 anos.

A única banda do Brasil a cantar, compor e gravar todas as suas músicas em língua espanhola, o San La Muerte estreou recentemente em todas as plataformas digitais uma versão para a faixa “Destrucción”, originalmente gravada e composta pelos argentinos do V8. A banda V8 foi oficialmente fundada no final dos anos 70 tendo feito sua primeira apresentação em julho de 1980 na cidade Buenos Aires. Entre meados dos anos 80, o grupo foi responsável por lançar os discos “Luchando por El Metal” (1983), “Um Paso Mas Em la Batalla” (1985) e “El Fin de los Inicuos” (1986), considerados clássicos absolutos em seu país e deixando o nome do V8, entre os principais responsáveis pelo crescimento e engajamento do Heavy Metal na Argentina. A música “Destrucción” pode ser conferida em todas as plataformas digitais. Abaixo link para usuários de Spotify: https://open.spotify.com/track/61GE2qv11ouKGxA6m42PG3?

The Who em dose dupla: livros de Townshend e Daltrey ganham versões nacionais

 Marcelo Moreira

São 59 anos de parceria sempre mantida no limite. A famosa montanha-russa de emoções sempre dominou o ambiente, com direito a agressão física, expulsão da banda e sem um mísero jantar familiar, muito menos uma cerveja no boteco.

Pete Townshend e Roger Daltrey já foram amigos, já se odiaram e hoje apenas se toleram, pois ainda ganham muito dinheiro mantendo The Who na ativa. São visões diferentes de vida e da arte, e que nem sempre se complementam, por mais que os resultados sejam bons na maioria das vezes.

Por coincidência, os dois terão lançados no Brasil, no começo de agosto, seus mais recentes livros. "Era da Ansiedade" (Rocco Editora) é o terceiro livro de Townshend e seu primeiro romance; "Valeu, Professor Kibblewhite" (editora BestSeller) é a autobiografia de Daltrey escrita em parceria com jornalistas.

Alguns críticos de jornais tradicionais do Brasil enxergaram trocas de farpas quando dos lançamentos na Inglaterra, ocorridos em 2018 e 2019. Era esperado que isso ocorresse, mas não aconteceu.

 Townshend quase que ignorou o parceiro na autobiografia "Who Am I", de 2015, e comentou apenas as diferenças de visão de mundo em entrevista quando do lançamento do romance. Não foi uma alfinetada, como pretendeu a Folha de S. Paulo.

"Quando você usa o termo ‘projeto do Who’, eu rio, porque você assume que Roger Daltrey vai me seguir em qualquer caminho artístico ou sociopolítico que eu tome", afirmou o guitarrista Townshend a um jornal inglês em 2019. "Eu não tenho esse poder. Roger e eu refletimos a polarização. Eu sou um liberal de esquerda. Roger é mais do centro, possivelmente de direita."

Roger Daltrey (esq.) e Pete Townshend na promoção de um show em Londres (FOTO: DIVULGAÇÃO)
 


Foi uma resposta mais educada a respeito dos embates que ambos tiveram ao longo de seis décadas. Daltrey, por sua vez, não foi agressivo em sua autobiografia. Tratou o companheiro com respeito, mas deixou clara que a sua visão de mundo diverge frontalmente, até por conta da origem social dos dois.

Filho de uma família pobre do oeste de Londres, Daltrey sempre se orgulhou de pertencer à classe operária. Teve vários subempregos na juventude e esteve perto de virar um delinquente. "A vida era dura naqueles tempos de adolescência. se não fosse o Who e o rock eu teria virado um bandido", declarou certa vez ao jornalista inglês Chris Charlesworth.

Para Townshend, filho de classe média intelectualizada e aluno de faculdade de artes, sobrou apenas uma fina ironia em "Valeu, Professor Kibblewhite". "Fodido, para Pete, queria dizer continuar sua graduação em arte, o que significava ficar o dia inteiro deitado na cama fumando maconha e comparecer à aula do momento para imaginar o mundo do ponto de vista de uma esponja. Fodido, para mim, era algo bem diferente. Eu não estava na faculdade. O Estado não limpava meu rabo. Eu tinha uma visão bem diferente da vida. Daí, diferenças musicais."

A coisa já foi bem mais complicada. Roger Daltrey criou os Detours em 1962 como guitarrista e também eventual vocalista. O rock era a base, mas a ideia era encharcar o som com muita música negra. 

Criado o grupo, logo entrou um magrelo bom de guitarra, baixo e sopros. John Entwistle era um músico nato e logo percebeu várias deficiências. Daltrey não tocava nada e foi convencido a aceitar um amigo,  outro magrelo, como guitarrista e violonista. Townshend chegou e tomou conta, empurrando o fundador para os vocais.

 

Com a entrada de Keith Moon, o baterista insano, em 1964 e com o nome The Who, o quarteto estava pronto pra ganhar a Inglaterra, mas Daltrey tinha dúvidas. 

Com a pose de aluno universitário e artista intelectual, Townshend não inspirava confiança e mostrava um comprometimento menor do que o necessário para fazer a banda virar. 

Daltrey achava que a banda era a grande chance de fugir na pobreza, dos empregos ruins e de uma vidinha medíocre. Mais do que isso: precisava fazer dinheiro porque já era pai aos 20 anos de idade

Briguento e arrogante, o cantor queria dirigir o Who com mão de ferro mesmo não sabendo compor. Acabou isolado como o chato da banda e foi expulso de seu próprio grupo em 1965 depois de esmurrar Moon por conta de uso de anfetaminas - Daltrey sempre foi o "careta" da banda.

Perdoado de dias depois, voltou mas manso, mas igualmente chato na disputa por poder com Townshend, o principal compositor. As tensões nunca amainaram mesmo após ganharem muito dinheiro e se tornarem mundialmente famosos. Brigavam em público e discutiam feio nas entrevistas coletivas.

O baixinho briguento e controlador perdeu a paciência em 1973, em um ensaio para a turnê "Quadrophenia", do disco de mesmo nome. 

Meio bêbados, ele e o guitarrista discutiram sobre a falta de comprometimento de ambos para os shows e Daltrey nocauteou Townshend quando este o ameaçou com golpe de guitarra. O guitarrista caiu, bateu a cabeça na ponta do tablado da bateria e apagou. O vocalista se desculpou horas depois, no quarto do hospital.

Por outro lado, Roger Daltrey sempre foi imensamente grato por Townshend apoiá-lo em sua carreira solo de sucesso, iniciada ainda nos 70, em paralelo ao Who, e na sua carreira cinematográfica - isso, curiosamente não está no livro autobiográfico.

Townshend já manifestou publicamente a sua gratidão pela amizade do cantor quando do encerramento das atividades do Who em 1982 (o grupo voltaria em 1989).

Viciado em drogas e álcool, Townshend foi para a reabilitação e foi convencido a ficar longe das turnês para não ter uma recaída. Foi Daltrey quem sugeriu essa saída, para desgosto de Entwistle.

"Valeu, Professor Kibblewhite" (título sarcástico se refere a um professor do ensino fundamental do cantor que lhe disse: 'você nunca será ninguém na vida') é uma biografa tradicional, reta e cronológica, e, de certa forma, decepcionante por não conter fatos novos ou bombásticos. Nada revelador e nada muito profundo, com o cantor valorizando a sua trajetória e agradecendo ao Who pela vida de rockstar. Apesar de algumas considerações mis críticas, Townshend é tratado com carinho e respeito.

"Era da Ansiedade", por sua vez, é uma empreitada ambiciosa do guitarrista, considerado um intelectual do rock. Escreve bem, tem ideias interessantes a respeito da arte e da vida e sua obra musical é de altíssima qualidade.

A ambição literária, contudo, tem a mesma proporção da prepotência na elaboração do romance. Como conceito e como roteiro, digamos assim, é confuso e carece de dinâmica ao abordar o assunto música por uma ótica quase acadêmica.

 

O músico se propôs a descrever música em letras, enquanto conta a história de Walter, um músico de relativo sucesso que passa a escutar sons misteriosos vindos da sua plateia. Ele tentará transformar aqueles ruídos em música.

"As ‘paisagens sonoras’ escritas por Walter, que ele ouve quando encara a audiência nos shows, tinham que funcionar tanto como trilhas musicais quanto como passagens descritivas”, contou Townshend, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

O narrador do romance é um homem mais velho, Louis, padrinho de Walter, que tem um segredo e por isso resolve pôr sua história no papel. Enquanto os anos passam, uma série de figuras femininas importantes passeia pelas vidas dos dois, e a história de um estupro pode voltar para assombrar.

Na sua ambição literária, Townshend não fracassa, mas peca ao buscar uma inovação estilística em uma história rocambolesca e não muito digerível. Não é má literatura, longe disso, mas fica aquela fagulha de que "eu esperava mais vindo de quem veio".

A autobiografia de Daltrey é um livro que vai interessar quase que somente os aficionados por rock, já o cantor é muito popular na Europa e nos Estados Unidos, mas bem menos conhecido como artista solo no Brasil.

Clique aqui para ler uma entrevista de Pete Townshend para o jornal O Globo.