domingo, 30 de outubro de 2022

Com uma diva escarlate no comando, e Blues Pills arrebata a plateia em SP

Parecia o melhor dos prognósticos naquele sábado à noite: uma base sonora poderosa para que uma sílfide toda de vermelho brilhasse e "anunciasse que dias melhores viriam - e com muito rock, muito blues e muita esperança.

A banda sueca Blues Pills estreou no Brasil em show único no Carioca Club, em São Paulo, e decidiu que era hora de cravar seu nome na extensa lista de grandes shows que nos encantam e nos permitem seguir em frente.

Em entrevista coletiva a jornalistas brasileiros, os integrantes tiveram cautela e admitiram que não sabiam bem o que enfrentariam ao sul do Equador. havia receio? Talvez, mas também uma ansiedade para desbravar um mundo novo.

Ainda impactados por um show ótimo em Santiago, no Chile, encontraram em São Paulo o melhor dos mundos. Elin Larsson, a cantora, teve postura de atleta e conseguiu entreter de forma magnífica o bom público que esteve no Carioca Club. A recompensa foi imensa, com uma troca de energia que os pegou de frente e de forma indelével.

Se a moça estava sendo sincera ao dizer que era o público mais contagiante que tinha  enfrentando, mesmo depois de tocar nos maiores festivais europeus, não dá para constatar, mas que ela se divertiu bastante não há dúvida. 

E, de forma temerária, se jogou na pista durante um solo de guitarra do ótimo Zack Andersson e foi recebida como o que ela, involuntariamente, demonstrou ser: uma diva escarlate com voz potente e que com um carisma que catalisa emoções de multidões.

Se havia dúvida a espeito do que encontrar em São Paulo, o quarteto logo percebeu que seria uma noite muito legal nas primeiras notas de "Proud Woman", o carro-chefe do último disco, "Holy Molly". A plateia cantou junto o hino feminista e banda pareceu sentir o impacto - o jogo estava no começo, mas ganho.

O trio instrumental é preciso e técnico, com uma concentração absurda, e por isso fica estático, deixando para a "pantera de vermelho" chacoalhar tudo com uma performance atlética. Deu vida a rocks potentes como "Low Road" e "Kissing My Past" e jogou ans alturas o blues pesado "Astralplane", uma canção arrebatadora.

Nos hits Larsson se esgoelou e mostrou uma voz potente e extraordinária - "High Class Woman" e no belo encerramento, a destruidora "Devil Man", clássicos instantâneos que levantam pistas de todos os tipos. Mas foi com "Lady in Gold" que o ápice foi atingido, uma pancada psicodélica que ficou bem mais pesada ao vivo.

Essa é, aliás, uma característica do Blues Pills: em estúdio, é uma banda de rock and roll vintage, psicodélica e cheia de alternativas. Ao vivo, tudo ganha mas peso e psicodelismo bluesy vira um hard rock energético e contagiante. 

Amoldando a voz ás camadas sonoras que a forte base instrumental lhe oferecer, Elin Larsson desliza com destreza e completo domínio do palco. Brilhou intensamente na bluesy "No Hope Left For Me", onde esbanjou técnica e feeling, e imprimiu raiva na ruidosa "Little Boy Preacher".

Na parte final da apresentação, maia duas pérolas que coroaram uma performance impecável: "Dust" e "Song for a Mourning Dove", logo emendada na pesada e intensa "Little Sun". Teve espaço até mesmo para a popzinha "Bye Bye, Birdie", com seu refrão grudento e riffs espalhafatosos, mas simples.

Caminho trilhado e vencido, é hora de programar uma turnê maior pela América Latina. Foram só dois shows na América do Sul e dois no México, com saldo altamente positivo. Blues Pills reafirmou porque é uma das melhores bandas de rock da atualidade e requisitadíssima na Europa. 

Antevendo o que viria a ocorrer no dia seguinte, a "dama de vermelho" conquistou mentes e corações, abrindo o horizonte para uma derrota necessária do fascismo tropical. Precisamos urgentemente de um novo show de Blues Pills por aqui. 

Dias de luta: apesar deles, vencemos e continuamos a resistir

 A avenida Paulista, em São Paulo, a Cinelândia, no Rio de Janeiro, e a Praça Sete, em Belo Horizonte, foram tomadas por milhões de pessoas na noite de domingo (30) e celebração á defenestração do nefasto presidente Jair Bolsonaro (PL), da presidência.

A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva foi embalada por canções como "Apesar de Você", de Chico Buarque, "Até Quando Esperar", da Plebe Rude, "Dias de Luta", do Ira!, "Pro Dia Nascer Feliz, do Barão Vermelho, e "Here Comes the Sun", dos Beatles, cantada por George Harrison.

Em clima de final de Copa do Mundo, a parte progressista e que apoio a democracia do povo brasileiro comemorou muito o fim das trevas medievais e a possível de esperança em novos tempos e em uma existência menos traumática, sem ódio ou ameaças diversas à vida, aos direitos humanos e ao meio ambiente, para começar.

O jornalista Fernando Gabeira, ex-petista, ex-Partido Verde e nome importante do ambientalismo brasileiro, foi muito feliz ao comentar, na GloboNews, a derrota de Bolsonaro: "Agora poderemos voltara a respirar, e todos os sentidos.

A derrota do lixo bolsonarista está longe de representar o fim da ameaça fascista em nossas vidas, mas e um alento para que comecemos ao menos a desfazer os excrementos políticos deixado por nefasto presidente e corrigir os rumos de um país à deriva.

Praticamente metade da população optou pelas trevas e pela ignorância, em um aceno fascista à escuridão e contra a democracia. 

É gente que não se importa com a disseminação de fake news, com mentiras de todos os tipos e com a afronta á ciência á educação e á cultura, quando não da democracia. É gente desumana que não vale a pena dar atenção - a não ser para combatê-la com todas as forças. 

Não bastaram os 700 mil mortos pela covid-19 e a postura deliberadamente repulsiva de não combater a pandemia e de abraçar crendices e medicamentos ineficazes. Essa gente é perigosa, como vimos em São Paulo, que elegeu um turista aventureiro capaz de se perder se for solto na avenida Paulista.

O paulista tem orgulho de sua própria ignorância e abraçou o fascismo com fervor, assim como a maioria imensa dos eleitores dos três Estados da Região Sul, cujas credenciais fascistas e discriminatórias vêm de longe.

Lula faça em conciliação em seu governo, e, pacificar o país e governar para todos. Falácia pura de discurso de vitória. Não haverá paz, nem conciliação. 

A guerra será permanente contra as forças do atraso e de retrocesso. Não poderemos estender a mão; quando muito, mostraremos um canhão, bem ao estilo do próprio estilo fascista do bolsonarismo que emergiu dos esgotos.

O golpe institucional de 2016 contra a presidente Dilma Rousseff tornou os dois mundos incompatíveis e inconciliáveis. O conservadorismo medieval de viés fascista sempre esteve à espreita e emergiu dos bueiros e fossas para empestear a vida civilizada e destruir o progresso e a inteligência - coisa típica de países atrasados e mal educados.

A esperança sempre preenche os vácuos em momentos graves, e crises monumentais e que colocam bifurcações perigosas em nossa existência. 

Resistência e resiliência são palavras poderosas e, muitas vezes, resumem a atualidade, mas a vida não pode ser só resistência. 

São 522 anos resistindo e o horizonte melhorou, mas ainda assim temos um futuro nebuloso e sombrio, principalmente se não conseguirmos neutralizar o fascismo latente de metade de uma população que prefere abraçado o passado e a escuridão. 

Apesar de vocês, amanhã e depois de manhã serão outros dias, só que tem sido assim nos últimos 50 anos e nada de o amanhã nos redimir. 

Chega de buscar e ansiar por uma redenção. precisamos de paz de espírito, mas teremos de lutar por muito tempo até que possamos descansar e celebrar um futuro que nunca tivemos e que demorará bastante para termos.

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Floor Jansen, do Nightwish: otimismo e esperança no Outubro Rosa

  O Outubro Rosa termina, mas na verdade é apenas o começo de tudo. A importante campanha de conscientização da prevenção do câncer de mama ficou ainda mais importante por conta de diversas manifestações de personalidades. Uma delas, de forma surpreendente, foi a da cantora holandesa Floor Jansen, da banda finlandesa Nightwish.

Na semana que passou, ela revelou que tinha sido diagnosticada com a doença logo após a passagem vitoriosa da banda pela América do Sul. Realizou uma cirurgia para a retirada do tumor na sexta-feira (28) e disse que a intervenção foi bem-sucedida. 

Antes da cirurgia, no comunicado colocado nas redes sociais, ela fez uma bela reflexão a respeito das condições de saúde das pessoas e como a vida pode dar uma guinada, mas sempre mantendo a esperança e o tom positivo. Sua resiliência é admirável.

Leia a seguir a mensagem de otimismo da cantora (tradução realizada pelo site www.igormiranda.com.br):

“A palavra ‘câncer’ é um choque. Tudo o que você considerava importante na vida antes desse diagnóstico muda radicalmente em poucos minutos. Agora eu só quero ser saudável novamente. Eu quero ver minha filha se tornar uma mulher. Eu quero viver! E a parte mais assustadora desse diagnóstico é que eu achava que estava saudável!

 Eu não senti o câncer, não sabia que estava lá até que eu, como uma mulher com mais de 40 anos, fui a um exame de mamografia padrão. Algo que muitos países oferecem, de graça até para alguns.

Se eu não tivesse ido lá, o tumor teria passado despercebido. Daqui a um ano, isso poderia ter crescido muito mais. O pensamento de que me faz compartilhar esta história com você. A mamografia salva vidas! É desconfortável e você pode pensar que não terá algo em seus seios de qualquer maneira, mas VÁ! E para os homens que estão lendo isso: lembre sua esposa, namorada, mãe, irmã para ir e fazer um check-up. 

Mesmo sem o luxo que eu, como uma mulher ocidental, tenho com exames de mamografia gratuitos: VÁ! Felizmente, existem muitas organizações que oferecem informações sobre autodetecção se você não tiver acesso ou fundos para uma mamografia. Se eu puder te inspirar a cuidar bem de si mesmo, então algo de bom sairá desse diagnóstico de câncer.”

'Never Mind the Bollocks', dos Sex Pistols, completa 45 anos de ultraje e demolição

* Com informações do site Roque Reverso

Uma piada que tinha tudo para dar errado, mas que deu certo e marcou uma geração, além de se tornar o símbolo da última verdadeira revolução na música pop (o grunge não conta, já que nem movimento era, nas palavras de seus protagonistas).

Os Sex Pistols foram superestimados e costumam ser lembrados, muitas vezes, mais pelo seu comportamento ultrajante (e calculado) do que pelas próprias músicas - apenas duas delas são memoráveis. Entretanto, são a marca de uma era e, queiramos ou não foram fundamentais para o rock.

Seu único disco, "Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols", foi lançado há 45 anos e fez bastante barulho - sucesso, nem tanto. 

O ultraje era a principal arma da banda montada no escritório de uma loja de roupas por um empresário picareta, mas muito, muito esperto. Em meio a um rock inodoro, incolor e cooptado pela sistema, recheado de pomposidade e autoindulgência, a resposta era barulho e mais barulho, e um ultraje atrás do outro, como mijar na rua e cuspir nas pessoas. Deu certo.

Sex Pistols não foram pioneiros em nada, mas reuniram em quatro indivíduos toscos e que não sabiam tocar os ingredientes para chocar e estremecer o mundo do entretimento. A Inglaterra vivia uma eterna crise econômica e política na segunda metade dos anos 70, com desemprego em alta entre os jovens e nenhuma perspectiva de futuro. "No future for you", gritava o vocalist podre Johnny Rotten.

Enquanto estética sonora, o punk de verdade surgiu em Nova York em 1974 basicamente a partir da crueza e ingenuidade dos Ramones - seguidos depois por Television, Patti Smith e muitos outros artistas importantes do underground da cidade.

Já havia um movimento garageiro em Londres em 1975, sem conexão com os Estados Unidos, mas agregando o estilo "Do It Yoursef" (faça você mesmo), onde o importante não era a qualidade, mas a mensagem de protesto de uma juventude desenganada e sem esperança. 

A passagem dos Ramones pela Inglaterra, em 1976, foi o despertar de uma era  abriu as portas do inferno para que milhares de jovens raivosos tomassem de assalto pubs nojentos e locais abandonados para tocar e implantar o caos.

Entre esses jovens estava o guitarrista e vocalista da banda de bar 101ers, Joe Strummer, filho de diplomata e de classe média abastada, mas com alto teor ideológico contra uma sociedade injusta e desigual.
 
Os 101ers morrem e dão lugar a The Clash, que lidera a invasão com Buzzcocks, The Damned, Siouxsie and the Banshees e muitas outras. Foi em meio a esse turbilhão revolucionário que Malcolm McLaren, o empresário picareta, teve a ideia de montar do nada uma banda com jovens desajustados e se "apropriar" da estética punk. A estratégia despojada, mal sabia ele, iria moldar o movimento musical e cultural ais relevante dos últimos 50 anos.

Os detratores costumam dizer que Sex Pistols foi criada artificialmente e que sua música era tosca, ruim, mal tocada e com cara de "fake", produzida deliberadamente para ser ultrajante - o que feriria de morte qualquer tentativa de lhe atribuir um caráter "revolucionário", "contestador" e de "ruptura".

Não estão de todo errados, até porque a banda era uma aração mesmo, reconhecida pelo próprio McLaren, só que a iniciativa saiu do controle e cresceu demais, a ponto de se autodestruir - durou pouco mais de 18 meses e acabou em meio a uma turnê pelos Estados Unidos.

A banda se autoconsumiu dentro de suas limitações, se sua ascensão meteórica e da completa incompatibilidade musical entre os quatro músicos - o baixista Sid Vicious, por exemplo, que substituiu Glen Matlock, mal sabia tocar.

Apesar de tudo isso, "Never Mind the Bollocks" funcionou porque tinha uma urgência e soube entender o que o momento cultural pedia. Apenas duas das canções eram realmente boas - "God Save the Queen" e "Anarchy in the UK", mas que foram o suficiente para catapultar a banda, ue ao vivo era caótica e barulhenta, mas bem ruinzinha.

Para coroar a "tempestade perfeita", foram a primeira banda a fazer um ataque virulento e demolidor contra a sociedade britânica e a monarquia, então uma instituição sagrada que nem mesmo os "arruaceiros e rebeldes" rolling Stones ousaram fazer.

"God Save the Queen" é profana, comete vários sacrilégios e enfia fundo o dedo na ferida de uma sociedade doente, em crise e pronta para explodir, Só por isso o quarteto já merecia estar na história - coragem e despojamento para atrair a ira de toda uma nação, ainda que sua origem seja artificial e a música, no geral, bem fraca.
 
"Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols" chegou ao mercado em 28 de outubro de 1977. Não foi o marco zero da música punk, mas pode ser considerado como a catalisadora de um movimento e responsável por popularizá-lo de uma maneira assustadora para aquele momento.

Malcolm McLaren afirmou em várias entrevistas que teve a ideia de "criar uma banda" quando passou por Nova York e tentou gerenciar a carreira dos aloprados do New York Dolls (que era uma banda punk genuína). 

Com a experiência de ter feito ações fracassadas com a banda norte-americana, ele não repetiu os erros e foi direto ao ponto com os Pistols, trazendo uma imagem forte e agressiva, daquelas capazes de provocar o amor e o ódio. Não que ele tivesse muito trabalho para isso, pois os integrantes da banda já tinham uma personalidade bem forte e capaz de gerar aquilo que McLaren desejava.

Inicialmente formada por Johnny Rotten (vocais), Steve Jones (guitarra), Paul Cookand (bateria) e Glen Matlock (baixo), o Sex Pistols virou gerador e alvo de violência, colocando Londres em polvorosa com suas letras extremamente agressivas para a época com um som minimalista para a ocasião. 

Em tempos nos quais o rock tinha em alta o lado progressivo e que bandas clássicas, com o Led Zeppelin, mostravam certo cansaço criativo, os famosos três acordes do punk rock chegaram como um contraponto para os exageros das músicas intermináveis da época, algumas com mais de 10 minutos.

Na parte das letras, um conteúdo que deixava até os menos conservadores de cabelo em pé. Antes mesmo do álbum ser lançado, quatro singles serviram como "carta de apresentação": "Anarchy in the U.K.", de 26 de novembro de 1976; "God Save the Queen", 27 de maio de 1977; "Pretty Vacant", em 1º de julho de 1977; e "Holidays in the Sun", de 14 de outubro de 1977. 

Se, em 1976, os Sex Pistols já haviam chegado metendo o pé na porta com "Anarchy in the U.K.", em 1977, mexeram com a realeza britânica e seu símbolo máximo: a Rainha Elizabeth II. Naquele ano, em pleno período de comemoração do Jubileu de Prata da ascensão da rainha ao trono, a banda trouxe "God Save the Queen".

"Deus salve a rainha/Ela não é um ser humano/Não há futuro/Nos sonhos da Inglaterra" marca a segunda estrofe da música e foi só uma parte da canção que chegou a gerar confusão no Reino Unido. 

A postura agressiva da banda, que também era vista no visual dos membros, gerou movimentos igualmente agressivos contrários, a ponto de os componentes dos Sex Pistols virarem alvo de violência física onde passavam por parte de grupos radicais conservadores. Do outro lado, eles formavam fãs pela postura ousada.

Do lado empresarial, algumas gravadoras fecharam as portas para eles e, quando o disco foi lançado, alguns lojistas também evitaram a exposição do álbum com o intuito de evitar confusão com os conservadores. 

O termo "bollocks", na gíria inglesa, pode significar "bobagem", mas também "testículos", o que impedia que o disco aparecesse nas lojas. 

Os punks mais dedicados costumam falar que tudo aquilo não passava de um grande marketing idealizado por Malcolm McLaren. O fato é que, do seu modo, os Sex Pistols provocaram algo no cenário musical e no comportamento das pessoas.

Pouco antes do álbum ser lançado, Sid Vicious entrou no lugar do baixista Glen Matlock. No disco, contudo, ele participa efetivamente apenas em uma faixa {"Bodies") e as demais, de 1977, foram tocadas pelo guitarrista Steve Jones. 

Da mesma forma meteórica que invadiu o cenário musical, o Sex Pistols desapareceu. Logo no início de 1978, depois de uma conturbada turnê pelos Estados Unidos, Johnny Rotten (agora John Lydon) deixou a banda e anunciou a interrupção dos trabalhos do grupo. Em fevereiro 1979, Sid Vicious morreu de overdose. O álbum faz parte da seleta lista do livro "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer", de Robert Dimery.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

A era da perversidade e da desumanidade está perto do fim, e o rock agradece

 Um governo de vermes, patifes e canalhas conta com o apoio de quase metade dos brasileiros na véspera da eleição presidencial mais importante de nossa história. O flerte com a tragédia está desenhado e nada será capaz de conciliar uma nação fraturada de tal forma que só restará a violência como instrumento de qualquer tipo de ação pública.

Mais importante do que o resultado da eleição, que poderá defenestrar - e vai defenestrar - o fascismo do governo será administrar o dia seguinte à derrota e as recorrentes tentativas de sabotagem institucional e administrativa do bolsonarismo nojento.

O dia seguinte será um exercício de paciência e tolerância diante do fascista derrotado, mas ainda achando que esta empoderado, cacifado pela metade ignorante da população deste país infeliz.

A vitória das forças progressistas e da civilização certamente ocorrerá, mas com muita dor e cisão. A perversidade característica do lixo bolsonarista persistirá empesteando a nossa vida e os embates não cessarão a não ser que essa praga seja completamente extinta, algo que levará décadas.

O extremismo político e perverso de direita permanecerá assombrando a sociedade com ia cartilha de maldades, obscenidades e perversidades. Isso inclui ter de encarar o fato de que dejetos dos piores estarão nos Legislativos e empesteando alguns governos estaduais. Vão enlamear nosso cotidiano. Vão atrapalhar nossas vidas e tentarão travar nosso futuro.

Não há mais volta, pois as fraturas são tão largas e tão graves que será impossível voltar a olhar na cara daquele imbecil que vomitou excrementos a favor do fascista Bolsonaro e todo o lixo que gravita em seu entorno.

Não dará mais para tolerar a presença daquele tio asqueroso racista que odeia pobres; aquele irmão que acredita na mais podre notícia podre só porque se sente superior ao pobre da esquina que conseguiu a duras penas estudar e ganhar um pouco melhor; a cunhada vagabunda e inútil que se acha mais inteligente e importante d que a sua antiga empregada doméstica; aquele pai bebum que adora apoiar a violência contra gays, pretos e todo um conjunto de deserdados e "diferenciados"; aquele colega de trabalho que acha que "bandido bom é bandido morto"; aquele amigo do peito que sempre foi ao estádio de futebol ou ao show de rock com você, mas que não dá a minima para o sem-teto que sofre com o frio, que acha que feminicídio é mimimi e todas as mulheres que apanham mereceram.

O bolsonarismo é desumano porque sobrevive pelo ódio, pela perversidade e pela deformação de caráter. Tem como premissa básica a depredação social e institucional em prol de interesses de uma elite fracassada e criminosa, incapaz de perceber que o mundo mudou e que suas existências estão cada vez mais ameaçadas.

Em tempos onde a confusão entre censura e combate à mentira é deliberada, em que a liberdade de expressão é propositalmente enxovalhada para ser comparada á liberdade de delinquir, é extremamente grave perceber que artistas, jornalistas e cientistas façam adesão a políticas e movimentos que, em tese, vão se voltar contra eles.

O conhecimento e a educação são alvos constantes do governo protofascista bolsolixo, que ceifa periodicamente as verbas das áreas prioritárias para despejar dinheiro público fruto de corrupção nos bolsos de deputados e servidores de comportamento criminosos.

Não são poucos os roqueiros que se bandearam para o lado ruim da "força", endossando comportamentos políticos que atentam contra a democracia e as verdadeiras liberdades de expressão. São tão ignorantes que acham que não sofrerão as consequências do fascismo, em caso remoto de permanência no poder.

Roqueiro que opta pelas trevas e pela Idade Média merece todo o que de pior a vida lhe impuser. Não merece ter uma existência tranquila. Não merece respeito, assim como todo eleitor que optar por vermes e que não der a menor importância para a democracia.

Quem opta por um governo que desperdiçou quatro anos de administração e que sempre trabalhou pela depredação de todo o tipo não pode jamais reclamar ou exigir qualquer coisa. Músico que vota contra s próprio é digno de ser escorraçado da vida profissional.

Civilização x barbárie; progresso x desumanidade e perversão. Nunca foi tão fácil escolher. 


Notas roqueiras: Blues Pills, Nervosa, Staut, Armageddon Warm Up...

- A banda sueca Blues Pills estreia no Brasil em show único no país. Será  neste sábado (29/10), no Carioca Club, em São Paulo. Apesar da grande procura, ainda há ingressos para assistir a performance da marcante vocalista Elin Larsson, ao lado de Zack Anderson (guitarra), Kristoffer Schander (baixo) e André Kvarnström (bateria). Os fãs podem garantir presença pelo site Bilheto.com (https://bilheto.com.br/evento/537/Blues_Pills) e pontos autorizados. Esta é mais uma realização Top Link, em parceria com a Rádio & TV Corsário. A banda, que ficou famosa pela sonoridade psicodélica com referências setentistas, está na estrada promovendo o aclamado 3º álbum “Holy Moly!”, considerado um dos melhores discos de 2020. Este trabalho traz 11 músicas produzidas pelo próprio grupo no Blues Pills Studio e mixagem traz a assinatura de Andrew Scheps (Red Hot Chili Peppers, Iggy Pop, Black Sabbath, Rival Sons).

SERVIÇO SÃO PAULO

Data: 29 de outubro de 2022 (Sábado)
Local: Carioca Club
Endereço: Rua Cardeal Arcoverde, 2899 - Pinheiros
Abertura das Portas: 18h | Inicio do Evento: 20h
Classificação etária: 16 anos. Menores nem acompanhados dos pais ou responsáveis.É obrigatório apresentação do documento de identidade

# INGRESSOS PROMOCIONAIS COM 1 KG DE ALIMENTO:
Pista Meia: R$ 120,00
Pista Inteira: R$ 240,00
Área Vip Meia: R$ 180,00
Área Vip Inteira: R$ 360,00
Mezanino Meia: R$ 220,00
Mezanino Inteira: R$ 440,00
*O ingresso promocional antecipado é válido mediante a entrega de 1 kg de alimento não-perecível na entrada do evento.

#VENDA ONLINE: 
https://bilheto.com.br/evento/537/Blues_Pills

- O novo single da Staut, "O Presente é o Meio", traz muito groove e peso em sua sonoridade e um discurso de força e afirmação para as minorias que sofrem com o medo instituído por uma sociedade conservadora. A música novamente produzida por Thiago Heinrich e distribuída pelo selo Electric Funeral Records, acaba de ser lançada nas principais plataformas de streaming. "O Presente é o Meio": https://open.spotify.com/album/028z7Xv4IBIH6EJdSiM 


- O Armageddon Warm Up 2022 é um evento que reúne nomes de peso na cena nacional e que acontece dia 29 de outubro (sábado) na cidade de Pomerode/SC. A proposta do evento é reforçar a conscientização sobre o Outubro Rosa, que alerta as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e de colo do útero. A comunicação do festival será voltada para este tema. A atração principal do festival é a banda Nervosa, um dos principais nomes do metal brasileiro da atualidade, que divulga o aclamado álbum Perpetual Chaos. Também sobem ao palco da Wox Club os veteranos do Torture Squad, Hatefulmurder, Manger Cadavre?, o duo Buzzard e o Pain of Soul. Os ingressos estão à venda pela plataforma Bilheto, por valores a partir de 120 reais. Devido a grande procura, os convites já estão no segundo lote.

SERVIÇO

Armageddon Warm Up 2022
Com as bandas Nervosa, Torture Squad, Manger Cadavre?, Hatefulmurder, Buzzard, Pain of Soul
Data: 29 de outubro de 2022 (sábado)
Local: Wox Club
Endereço: Av. 21 de Janeiro, 2115 - Centro
Classificação etária: 18 anos (acima de 16 anos, somente acompanhado de um responsável)
Horário: 16h (abertura), 17h (início dos shows)

Ingressos: https://www.bilheto.com.br/evento/872/Armagedon_Warm_up_2022_com_Nervosa

Entrada Promocional:
Promocional Limitado 1Kg de Alimento ou Ração Lote 2 - R$ 120,00

Entrada Meia:
Meia Lote 2 - R$ 120,00

Entrada Inteira:
Inteira Lote 2 - R$ 240,00

Entrada Promocional:
Promo Amigos: 2 Ingressos + 2 Copos Lote 2 - R$ 200,00

*MEIA-ENTRADA
- Estudantes: Somente com carteirinha do órgão estudantil oficial, dentro do prazo de validade e com foto;

A voz de deus tem nome: Milton Nascimento, que faz 80 anos

O cantor inglês Jon Anderson, que foi o vocalista do Yes por 40 anos, nunca teve dúvidas a respeito: "Se deus, ou alguma divindade, tivesse uma voz, seria a d Milton Nascimento". 

A afirmação foi feita a esse jornalista anos atrás, em plena avenida Paulista, quando o artista, de ótimo humor, se divertia com o assédio e com a cultura popular que encontrava em São Paulo, ao lado da tímida filha Deborah, que integrava a sua banda solo como vocal de apoio - além de assessora para tudo.

Milton Nascimento completa 80 anos de idade om um reconhecimento internacional do mesmo nível do de João Gilberto: é um dos nomes mais estrelados da chamada world music, superando o rótulo de MPB que ainda insiste em colar em Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil. 

Seu prestígio é grande que a jazzista americana Stacey Kent, amante da música brasileira e que fala português fluentemente, o coloca com frequência entre s seus cinco preferido de todos os tempos.

Não é à toa que suas participações em discos de rock, como do Angra, são cultuadas e festejadas por todos os roqueiros com discernimento para reconhecer a sua qualidade  importância.

Para coroar uma existência plena e maravilhosa, seu mais importante registro fonográfico foi considerado o melhor disco brasileiro de todos os tempos.

Em outras votações do gênero, nunca “Clube da Esquina”, de 1972, havia alcançado o primeiro lugar. Lançado em 1972, é resultado de um trabalho ousado.

Milton Nascimento, já um artista consagrado, se aliou a dois garotos: Lô Borges (na época com 18 anos) e Beto Guedes (um ano mais velho) e, reunindo outros parceiros habituais, como Fernando Brandt, Márcio Borges e Ronaldo Bastos, gerou um álbum duplo – raridade no Brasil daquela época – encharcado de psicodelia, toques de jazz, rock progressivo, harmonias que remetiam aos Beatles e música brasileira.

Não sei se por ter sido contemporâneo de estrelas mais midiáticas na MPB como Caetano , Gil ou mesmo Roberto Carlos, Milton Nascimento acabou se situando em um segundo escalão da música brasileira. Os meninos Lô e Beto, então, mesmo engatando bem sucedidas carreiras, ficaram mais ainda escondidos dos olhos do grande público, emplacando um hit ali, outro aqui.

A partir dos anos 2000 é que, com os relançamentos de vários álbuns daquele período é que muita gente passou a ter um contato mais quente com o Clube da Esquina. 

A partir de então, começamos a ver seu legado – ao abandonar sua fase dancehall, o Skank mergulhou de corpo e alma nos sons esquinianos. Bandas mais novas ainda, como O Terno e Boogarins, também trazem ecos de Clube da Esquina em seus momentos mais psicodélicos. Em especial, essas duas bandas incorporaram no repertório de shows que realizaram em conjunto anos atrás, uma reverente versão de “Saídas e Bandeiras Nº 1”.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Musical 'The Wall', do Pink Floyd, chega ao Brasil

 Sucesso atemporal e em várias mídias, “The Wall”, a grande obra do Pink Floyd, completa 40 anos de seu lançamento nos cinemas como longa-metragem e, assim como “Tommy”, de The Who, e muitos outros discos importantes, virou musical apreciado em todo o mundo. E finalmente esse musical chega ao Brasil pela primeira vez. O LP duplo foi lançado em 1979.

Visto por mais de 4,5 milhões de pessoas em 30 anos, será apresentada em forma integral nos palcos brasileiros seguindo o projeto original de como foi concebido, com atores, músicos, cantores, acompanhados por uma super produção, envolvendo lasers, iluminação e tecnologias de última geração na sonorização.

O espetáculo tem a direção de Alan Veste e coproduzido Rachel Barrett, prima de Syd Barrett, fundador, guitarrista e cantor do Pink Floyd entre 1965 e 1968 – morreu em 2006, aos 60 anos.

O espetáculo narra, segundo a concepção de Alan e Rachell Barrett, a vida de Pink que, por inúmeras declarações de Roger Waters (criador do “The Wall”) foi intencionalmente inspirado em Syd Barrett.

O musical chegará ao Brasil em novembro de 2022 em diversas cidades brasileiras, como parte do Top Cat Concert Series 2022, série de shows internacionais promovida por Top Cat Produções Artísticas.  Por enquanto são dez apresentaçoes confirmadas.

Filme de 1982 é a base

A apresentação ao vivo segue o roteiro do filme, com “comentários incidentais” de Alan e Rachel, que fazem sua própria leitura do personagem da estrela do rock, Pink, que tem sua alma torturada, por  causa de sua infância, pois sempre tentou fazer conexões emocionais significativas com outras criaturas vivas.

Essa infância inclui não ter um modelo masculino. Seu pai morreu na guerra quand Pink era bebê (exatamente como na vda real de roger Waters). Sua mãe, superprotetora, sufocou-o por toda a vida, e um sistema escolar opressivo e repressivo piorou tudo, anulando sua criatividade natural. Criou-se então um processo que o lvou à insanidade.

Pink se torna uma estrela de rock e muitas vezes é procurado por pessoas que buscam a identidade dele como artista e não de realmente quem ele é.

As histórias selvagens em torno do vocalista original do Pink Floyd, Syd Barrett, incluindo suas escapadas para baladas à base de drogas e posterior retirada do mundo, forneceram a Waters, a inspiração necessária para construir o personagem.

“The Wall”, o álbum duplo do Pink Floyd, é um dos álbuns mais intrigantes e imaginativos da história do rock. Desde o lançamento do álbum de estúdio em 1979, a turnê de 1980-81, e o filme subsequente de 1982, The Wall tornou-se sinônimo, se não a própria definição do termo “álbum conceitual”. 

Explosivo e complexo de se repetir nos palcos, Alan e Rachell Barrett retratam esta trajetória, repleta de intervenções curiosas e cuidadosamente interpretadas, dando uma conotação única a esta peça antológica.

Pink é um astro do rock que consome drogas para poder fazer uma imersão e alimentar suas paranoias, e assim, construir uma parede imaginária que o separe do mundo real.

Ele recorda sua relação de dependência materna, a morte de seu pai e os castigos de seus professores, construindo e demolindo definitivamente uma parede metafórica. Embora o simbolismo do filme esteja aberto à interpretação, a parede em si, reflete claramente uma sensação de isolamento e alienação.

Rica em simbolismos e permeada por detalhes que transforam a história, “The Wall” teve grande impacto musial e visual e o musical consegiu captar a essência do trabalho de Water e da banda no filme e no disco, segundo a crítica especializada britânica.

Datas confirmadas no Brasil:

4 de Novembro de 2022      Sexta Feira      Juiz de Fora     Cine-Theatro Central

5 de Novembro de 2022      Sabado            Belo Horizonte            Minas Centro

6 de Novembro de 2022      Domingo         Rio de Janeiro Vivo Rio

10 de Novembro de 2022      Quinta  Feira   Joinvile            Teatro da Liga

11 de Novembro de 2022      Sexta Feira      Blumenau       Teatro Carlos Gomes

12 de Novembro de 2022      Sabado            Porto Alegre  Teatro do SESI

13 de Novembro de 2022      Domingo         Porto Alegre   Teatro do SESI

16 de Novembro de 2022      Quarta Feira   São Paulo        Espaço Unimed

17 de Novembro de 2022      Quinta Feira   Curitiba           Teatro Guaira

19 de Novembro de 2022      Sabado            Niteroi             Praia de São Francisco

Megadeth libera o clipe da música ‘Life in Hell’

 Do site Roque Reverso

O Megadeth liberou na quinta-feira, 20 de outubro, o clipe da música “Life In Hell”. É mais uma faixa do álbum novo “The Sick, The Dying… And The Dead!”, que o grupo norte-americano de thrash metal lançou oficialmente no dia 2 de setembro.

O clipe contou com direção do brasileiro Leo Liberti e com produção do compatriota Rafael Pensado.

A dupla caiu no gosto da banda e é a mesma que já havia sido responsável pelos clipes das músicas “We’ll Be Back”, a primeira amostra do novo disco, “Night Stalkers”, a segunda, e “The Sick, The Dying… And The Dead!”.

Os quatro clipes contam a história do mascote do Megadeth, Vic Rattlehead. E, segundo indicou a banda no fim do vídeo de “Life In Hell”, a história não para por aí e deve continuar com novos clipes.

As filmagens de “Life In Hell” foram feitas no Brasil em locais como o Cemitério Bom Jesus de Paranapiacaba e o Cemitério da Quarta Parada, em São Paulo.

Além dos atores envolvidos, houve participação de fãs brasileiros da banda como figurantes no clipe.

O disco “The Sick, The Dying… And The Dead!” rompeu um hiato de pouco mais de 6 anos sem um álbum de inéditas do Megadeth e sucedeu o elogiado e premiado “Dystopia”, que o grupo lançou em 2016. São 12 faixas no total neste 16º álbum de estúdio da banda.

O retorno do Megadeth também acontece depois de um turbilhão de acontecimentos relacionados à banda depois do grande sucesso do disco “Dystopia”.

Desde 2016, sem contar a pandemia vivida por todo o planeta, houve o câncer na garganta do líder, vocalista e guitarrista do grupo, Dave Mustaine; a saída do baixista David Ellefson após um escândalo sexual; e o retorno do baixista James LoMenzo ao grupo, inicialmente para as turnês e depois de maneira definitiva.

Importante destacar que o baixo em “The Sick, The Dying… And The Dead!” foi gravado por Steve DiGiorgio, após a partes gravadas por Ellefson serem descartadas.

A produção do disco foi realizada por Dave Mustaine e Chris Rakestraw. Eles já haviam trabalhado em conjunto no “Dystopia”. A gravação do álbum foi realizada nos estúdios de Mustaine em Nashville.

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Banda Peoria revigora seu hardcore em nova fase

 Da Agência Collapsy

Peoria é uma banda de hardcore melódico/post hardcore formada em São Paulo (SP) no ano de 2018 pelos amigos Leandro Cesar, Marcelo Ferreira, Danilo Coleta e Raphael Martins. 

A banda faz um som que mistura velocidade, peso e melodia, com letras em português que abordam temas como questionamentos e transformação. O quarteto lançou a pouco a faixa "Desmonte" em todas as plataformas de streaming pelo selo Electric Funeral Records.

"Desmonte" trata-se do reconhecimento dos extremos "além do bem e do mal", que existem dentro de cada um de nós. A incapacidade de dominar nosso lado sombrio (ainda que poucos reconheçam) é o que torna os instintos legítimos e verdadeiros.

A banda fala sobre suas influências musicais, planos futuros, trajetória, entre outras curiosidades. 

De onde surgiu o nome "Peoria"? 

Sabe quando você tem um projeto pronto, músicas prontas, está dentro do estúdio gravando, e alguém e o produtor pergunta: "Qual o nome da banda?!" Então... Éramos uma banda em desconstrução, em processo de reformulação e precisávamos de um nome. Foi então que tivemos a "brilhante" ideia de pesquisar alguns nomes de cidades aleatórias até encontrar alguma que se encaixasse foneticamente. Foi então que surgiu o nome Peoria.

Como e quando a banda surgiu?

 A partir do término de outra banda, De la Rue (meados do final de 2018), com dois membros remanescentes, surgiu um convite para uma gravação de um álbum do produtor Rodrigo Cunha, onde ainda iniciamos essa jornada como o De la Rue, porém, aconteceram mudanças bem-vindas em que a banda se desintegrou neste caminho, dando espaço para o nascimento da Peoria – Uma proposta mais direta e enérgica!

Como foi o processo de gravação e composição dos últimos singles lançados? 

"1 Segundo"  – Composição antiga do vocalista/guitarrista Leandro Cesar com participação do guitarrista Danilo Della Coleta, que estava na gaveta desde 2019. Com a "pausa" que a pandemia deu nas atividades da banda, foi possível trabalhar neste som, que virou o ponto de partida dessa "ressuscitação" da Peoria. Esse single foi gravado no estúdio Toth, com produção de Danilo Souza e Fernando Uehara, em Guarulhos (SP). "Desmonte" – É uma composição também de 2019, melodia por Leandro Cesar, vocalista/guitarrista e letra do baterista Raphael Martins. Produzida, gravada, mixada e masterizada no Lab House Studio – um anexo de trabalho de Leandro Cesar que também atua como produtor musical trazendo o melhor dos mundos para a banda: a experiência de um produtor + as ferramentas e dedicação a este projeto.

Quais são as principais influências musicais da banda? 

Vão desde o hardcore melódico, passando sutilmente pelo "indie" e bandas como Comeback Kid, Offspring, e Propagandhi fazem parte do "DNA musical" dos integrantes da Peoria.

Que inspirações estão presentes nestes últimos lançamentos? 

As composições abordam histórias pessoais? Sim. São assuntos mais pessoais e mais sensíveis. Talvez a pandemia tenha sido um fator que nos levou a olhar mais para dentro e, também mais humanamente para fora, abordando inclusive temas que existem tabus para serem expressados; e gostamos de pensar nisso como um espelho para quem ouve e consiga se identificar, refletir, e não ter vergonha de externalizar temas sensíveis.

O disco foi muito bem recebido nos sites de música especializadas nacionais e internacionais. Como a banda está vendo esse feedback tão positivo do material lançado? 

A amplitude dos nossos lançamentos nos motiva cada vez mais a continuar passando nossas mensagens. Ficamos muito felizes com essa recepção positiva do nosso trabalho/paixão que é fruto de muito suor, gastos, entre outras questões, onde esse projeto não é uma fonte de renda, sabido o momento do hardcore nacional. Então isso nos dá fôlego para continuar dedicando amor e energia na nossa arte. Suas músicas demonstram muita intensidade e entrega por parte da banda.

Existe alguma composição que seja mais especial para vocês? 

A "1 Segundo" é bem especial pra nós por dois motivos: tratar de um tema sensível/tabu de conversação, + um trabalho de composição diferenciado da banda, um caminho incomum no tema e melodia que se agregaram e resultaram em uma música forte e bem trabalhada.

Há previsão de algum novo material? 

Estamos colhendo os frutos dos últimos lançamentos, mas em paralelo também estamos trabalhando alguns materiais para um segundo álbum da banda, porém sem previsão de entrarmos em estúdio. Mas podem ter certeza que será um material com muita intensidade, bem trabalhado e com temas inquietantes!

O mundo das trevas também sequestrou o rock clássico

O hardcore é antifascista e engajado, enquanto o classic rock aposta cada vez mais no conservadorismo fossilizado, preguiçoso e reacionário. 

Às vésperas do segundo turno da eleição presidencial, em que civilização e barbárie disputam acirradamente os votos dos brasileiros, a diferencia de posturas entre subgêneros do rock ficou evidente no último final de semana
 
Enquanto as bandas pesadas e modernas exalavam progressismo em um evento político e musical no bairro de Pinheiros, em São Paulo, bradando contra o fascismo e a favor da democracia, o classic rock exaltava as camisas amarelas as tendências antidemocráticas em eventos espalhados pela Grande São Paulo.

Nunca as diferenças estiveram tão evidentes. A banda mineira Black Pantera ganha cada vez mais proeminência com discurso ativista antirracista e antifascista em uma semana marcada por casos arrepiantes de racismo em São Paulo e em Porto Alegre.

Do outro lado, os já tradicionais encontros de "motociclistas" e de microcervejarias reúnem o que há da mais reacionário na sociedade e na música, sempre com a presença de bandas covers (que fazem versões de músicas famosas) de bandas clássicas com a proibição expressa de qualquer manifestação política. 

O Black Pantera mandou colocar fogo nos racistas e destroçar o fascismo que nos assombra om a existência nefasta do bolsonarismo, enquanto que outras bandas na mesma zona oeste de São Paulo literalmente destroçaram o mundo podre da extrema-direita nacional.

Já em uma festa da cerveja em Santo André, no ABC, bandas covers obedientemente faziam seu trabalho para embalar a tarde ensolarada de domino de uma classe média abastada predominantemente bolsonarista, que entoava hinos do Led Zeppelin vestindo a camisa amarela e ostentando adesivos e/ou adereços que remetiam ao candidato que depredou o meio ambiente, atrasou deliberadamente a compra de vacinas e zombou dos mortos da covid.
 
Essa galera do classic rock também deu as caras em ao menos dois shows promovidos por clubes de motociclistas na Grande São Paulo, cujos associados possuem motos que custam, no mínimo, R$ 120 mil.

Entre uma música de Deep Purple e Allman Brothers, um xingamento da plateia contra Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad, ambos do PT e que estão no segundo turno. Execravam qualquer ideia remotamente associada à esquerda, com grande ojeriza aos pobres e a qualquer coisa que resvalasse em apoio a direitos humanos.

A coisa ficou mais complicada quando apareceu a notícia de que o ex-deputado Roberto Jefferson resistia à prisão atirando em policiais federais. Foi o suficiente para que surgissem manifestações antidemocráticas com ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal) e gritos pela redução da maioridade penal - com alvo específico na população pore, negra e favelada.

Em outro lugar, em outra reunião com predomínio de motoqueiros ricos de meia-idade, gordos e com carteira cheia, entre uma música dos Rolling Stones e outra do Queen, as bravatas contra a esquerda e o "comunismo" surgiram depois que alguns mais alcoolizados foram provocados. E democracia esteve bem longe de todos os pensamentos. Houve mesmo quem a relativizasse e explicitasse sua preferência por uma ditadura "violenta que exterminasse todo esquerdista sociopata". Foi o auge da exaltação do glorioso pensamento "deus, pátria e família".

Fica cada vez mais chato e desagradável repisar o tema de como o rock, em sua história, sempre foi libertário, aguerrido, engajado e com atitude - e como isso se perdeu logo no começo, aqui no Brasil, por ser uma coisa sempre associada à classe média.

No entanto, quando se observa no que se tornou o típico roqueiro preguiçoso que chafurda no classic rock, percebemos a profundidade do abismo em que caímos.

O mesmo roqueiro conservador e reacionário que despreza pagodeiros e sertanejos adquire hábitos e costumes tão perniciosos quanto, já que compartilha as mesmas ideias antidemocráticas, fascistas e antiprogressistas. 

Faz as mesmas apologias aos lixos propagados pelo bolsonarismo, regurgitando e vomitando fake news diversas, apoiando toda e qualquer manifestação contra o STF, contra a liberdade de expressão dos outros, contra a classe artística, contra os jornalistas, contra o conhecimento e contra a ciência.

Os roqueiros clássicos se tornaram os terraplanistas do rock. Acreditam em papai noel, em duendes e em fantasmas, especialmente em fantasmas comunistas. Seja por má fé, por desfaçatez ou mera burrice, acreditam piamente que Lula vai endossar uma imensa reforma urbana com invasões de domicílios - como se tivesse feito isso nos oito anos em que foi presidente.

Esse comportamento de verme se espalhou de tal forma entre os apreciadores mais velho de rock no Brasil que tem ressonância em outras paradas sinistras envoltas sob um manto escuro de burrice e preconceitos. 

Desconfie sempre do ser arrogante e autossuficiente que adora arrotar que não existe nada de bom no rock a partir do final dos anos 70 - tanto no Brasil e como no exterior. É o mesmo verme que consegue enxergar pontos positivos na época da ditadura militar - que não vivenciou ou era muito criança para perceber qualquer coisa.

E, por falta de um, foram vários os que destilaram lixos verbais dessa natureza em um dos encontros de motoqueiros na Grande São Paulo citados. 

Seres desprezíveis de pouco mais de 40 anos, ricos e presunçosos em ima de suas Harley-Davidson, defecavam pela boca que o regime militar de 1964-1985 colocou ordem no país e que dava mais segurança aos "cidadãos de bem".

"A ditadura matou pouco", vomitou outro, um médico sentado em uma Triumph caríssima e que vestia uma camisa da seleção brasileira por baixo de  colete de um lamentável motoclube paulista.

Ambientes podres com esse se proliferaram nas regiões metropolitanas de grandes cidades brasileiras. Ecoando as origens sociais de "roqueiros" mais velhos, se tornaram extremamente conservadores e avessos a qualquer modernidade, em todos os sentidos. Cooptados pela extrema-direita que se move pela ignorância, elegeram a burrice como bandeira de toda uma vida, manchando de vez o gênero musical e, por tabela, seus apreciadores.

Não que fosse algo surpreendente, já que tal movimento é observado desde 2013, quando os estapafúrdios movimentos de protesto contra o nada de julho e julho daquele ano abriram os portões do inferno e deram espaço para seres do pântano e desprezíveis de todos os tipos. 

A ignorância tomou cont do país e os ignorantes tomaram gosto pela coisa e se tornaram orgulhosos de manifestar a própria ignorância. E o segmento do rock clássico foi tragado em quase a sua totalidade por esse movimento obscurantista.

Da mesma forma que a imagem do retrocesso e doa ignorância colou em quem usa a camisa da seleção brasileira e a bandeira do país, o rock clássico, em alguns ambientes, identifica esse mesmo tipo de pessoa. Não deixa de ser uma imensa derrota da civilização quando constatamos essa terrível realidade.

Já não é exceção a situação em que olhamos com preconceito o cidadão que aparece no carro ou nos fones de ouvido apreciado "Smoke in the Water" (Deep Purple) ou "Paranoid" (Black Sabbath) ou "Black Dog " (Led Zeppelin)... "Lá vai um ser desprezível", vem ás vezes em nossa mente, da mesma maneira que observamos, hoje, alguém envergar com orgulho a camisa amarela da seleção.

Parecia ser impossível, mas a praga bolsonarista fascista de extrema-direita sequestrou também, em vários ambientes, o rock clássico, como fez com a bandeira brasileira e a camisa amarela. Talvez não haja crime maior contra a música cometido por essa gente medieval.

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Em celebração de 50 anos, 'Live at Pompeii', do Pink Floyd, ganha novas versões

Gastar um dinheiro absurdo para levar um car equipamento até um lugar deserto, inóspito e em um pais que ainda não tinha tradição de rock. E, pior ainda: fazer uma apresentação em público.

Nada fazia sentido na ideia de ocar para ninguém e para as areias das ruínas de Pompeia, uma cidade romana destruída em 79 a.c. após a erupção do vulcão Vesúvio, no sul da Itália.

"Live at Pompeii' se tornou uma das peças mais estranhas e cultuadas do mundo do rock, a ponto de suas imagens e áudios serem valorizadíssimos como bootlegs nos anos 70.

O lançamento do vídeo, em versão editada, foi lançada em 1972 e foi tratado como uma excentricidade de uma banda de rock progressivo tresloucada. Hoje o evento é tratado como um evento muito importante na história do rock.

Uma versão em DVD, com o devido tratamento e colorizada/recuperada foi lançada no começo os anos 2000 e reeditada em 2012 e 2016. O áudio ganhou nova mixagem a partir de fitas masters também recuperadas e depois de um tratamento rigoroso.

Para a comemoração dos 50 anos do vídeo, novas versões chegaram lojas, e a tecnologi atual melhorou o que já era muito bom. O resultado de 2022 é fabuloso.

A ideia de  filmar e gravar em Pompeia foi do cineasta Adrian Maben, que era fã do Pink Floyd. Ele passou férias no sul da Itália, na região de Nápoles. Enquanto procurava seu passaporte perdido no anfiteatro de Pompeia, concorrido local turístico, analisou o visual e a acústica do local.

Para o cineasta, era perfeito para um show do Pink Floyd. Pars ele, o silêncio espectral do lugar eram maravilhoso, o que poderia dar um contraste fantástico para o som espacial para muitas "viagens" sonoras. 

E o melhor: sem público, para evitar que a performance fosse atrapalhada pelo barulho, como ocorreu nos documentários sobre o festival de Woodstock e sobre Altamont, um show desastrado dos rolling ;stones na Califórnia.

Foram três dias de viagem da Inglaterra para Pompeia. Lá descobriram que não havia fornecimento de energia elétrica no local. O problema foi resolvido com um cabo de força saindo de uma igreja próxima.

Ao todo, banda e equipe investiram   na gravação – de 4 a 7 de outubro de 1971. Mesmo assim, algumas das performances foram concluídas em um estúdio em Paris.

Os objetivos imaginados pelo diretor de cinema foram atingidos. O Pink Floyd mostrou excelência musical e altas doses de experimentalismo. Gastaram muito dinheiro, mas o prestígio que adquiriram compensou, assim como as vendas posteriores.

Três das oito canções são memoráveis e fazem parte das melhores passagens do rock: "Echoes part I", "Set the Control From the Heart of the Sun" e "Careful With the Axe, Eugene", o auge do experimentalismo sonoro e musical da banda, algo que se refletiria dois anos depois com o lançamento de "The Dark Side of the Moon". As versões 2022 de filme e áudio são imerdíveis, é óbvio.

Versão 'Super Deluxe' de 'Revolver' reforça a genialidade dos Beatles

Quando os Beatles lançaram "Rubber Souol, em dezembro de 1965, John Lennon foi perguntado por um repórter o que significada "Norweggian Wood", uma canção de inspiração folk e belíssimos arranjos de guitarra e cordas. Tudo muito diferente do que a banda já tinha feito anteriormente.

Naquele momento, Lennon não tinha revelado que era uma música cifrada a respeito de um de seus muitos casos de infidelidade, mas deu uma resposta crua e e direita. "Estamos avançando e melhorando. Evoluímos. Não dá para escrever 'Love Me Do' [música do primeiro disco, de dois aos antes, mas lançada em single ainda em 1962]."

A imprensa não tinha ideia do quanto a banda estava evoluindo, a ponto de mudar definitivamente a história da música e das técnicas de se gravar qualquer coisa. Na verdade, nem eles mesmos tinham ideia do quanto eram revolucionários.

"Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", de 1967, é considerado o melhor disco de todos os tempos, mas cresce a parcela de fãs e críticos que afirmam categoricamente que "Revolver", de 1966, é o melhor e mais importante da maior de todas as bandas. 

Com atraso, a versão "Deluxe" de "Revolver" foi lançada, e sem muito estardalhaço, com quatro CDs. Contém versões diferentes das canções do disco, com outras mixagens e versões demo. Sem muita novidade para os fanáticos (tudo já saíra em edições piratas), mas ainda assim é instigante.

Originalmente lançado em 5 de agosto de 1966, o álbum passou sete semanas no número um na parada de álbuns do Reino Unido, enquanto um single duplo do lado A, com "Eleanor Rigby" e "Yellow Submarine", liderou a parada de singles no país por quatro semanas em agosto e setembro. 

Para variar, a versão americana foi mutilada, já que “I’m Only Sleeping”, “Doctor Robert” e “And Your Bird Can Sing” foram escolhidos para o lançamento de junho anterior da coletânia "Yesterday and Today".

As caixas "Super Deluxe" em CD e vinil incluem um prefácio de Paul McCartney, uma introdução de Giles Martin (filho do produtor George Martin, morto em 2016) , um ensaio do baterista do The Roots, Questlove, e um longo ensfaio do historiador dos Beatles Kevin Howlett.

O material também traz fotos raras e inédit19as e imagens de memorabilia (letras manuscritas, caixas de fitas, folhas de gravação, anúncios impressos) e trechos da graphic novel de "Voormann, o nascimento de um ícone: REVOLVER". 

Klaus Voorman, artista plástico e músico alemão, conheceu os Beatles quando a banda tocou em Hamburgo, cidade portuária alemã, entre 1960 e 1962. Perdeu a namorada, a fotógrafa Astrid Kirchher, para o então baixista Stu Sutcliffe na época, mas ficou amigão de Lennon. Fez a capa de "Revolver" e chegou a tocar baixo na banda solo do beatle no final dos anos 60.

Tudo é muito caprichado a ponto de reacender o interesse pelo álbum e pelas magias que cometiam no estúdio ao lado de George Martin e a equipe dos estúdios de Abbey Road, em Londres.

Foram nas gravações do disco que surgiram algumas inovações aparentemente inocentes, mas que fizeram toda a diferença, como os tape loops, double tracking automático, microfonação próxima da bateria e dos instrumentos diversos e fitas reversas.

Antes mesmo que as bandas de rock progressivo invadissem a área, os Beatles inventaram a utilização de quarteto de cordas em "Yesterday", no ano anterior, e repetiriam a dose, com um octeto, em "Eleanor Rigby", além de criar toda uma ambientação para pérolas como "Here, There, and Everywhere", ou a descoberta de timbres inusitados como em "And Your Bird Can Sing", "Taxman", "Good Day Sunshine" e "Got to Get You Into My Life".

O auge foi em "Tomorrow Never Knows", onde os quatro beatles perturbaram George Martin para acrescentar inúmeros efeitos sonoros. Lennon quis testar a paciência de Martin ao "exigir" um coro com mil monges tibetanos. Diante da impossibilidade, deixou a cargo do produtor "resolver" o problema. O resultado foi uma das maiores engenharias musicais de todos os tempos.

O engenheiro Geoff Emerick, aos 21 anos, mas desde os 17 em Abbey Road, foi o engenheiro de som e aquele foi o seu primeiro trabalho com os Beatles. Em seu livro sobre a convivência com os quatro, contou que aquele disco "mudou a maneira como todos os outros faziam discos". 

O álbum recebeu nova mixagem estéreo criada a partir das fitas master originais de quatro faixas de gravação, o que foi possível devido aos avanços na tecnologia de desmixagem desenvolvida pela equipe de Emile de la Rey na WingNut Films, de Peter Jackson (que demonstrou esse trabalho impressionante no documentário "Get Back", de 2021). 

Além de nova mixagem, os formatos Super Deluxe incluem o mix mono original de 1966 proveniente das fitas master originais; 28 tomadas iniciais e alternadas; três demonstrações em casa; e um EP de quatro músicas com novas mixagens estéreo e as mixagens mono originais para o single não-LP “Paperback Writer” b/w “Rain”.

Foi criado também um novo mix surround em Dolby Atmos, mas pela primeira vez o mix surround é apenas digital e não será incluído em um pacote físico. 

Para os curiosos, há tales diversos das canções do álbum despidos da produção grandiosa de Martin, em versões iniciais ou de ensaios simples; há oytos takes com mixagem diferente, com arranjos diferentes e leves alterações.

Os chamados discos "Sessons" apresentam mais de duas dúzias de takes raros e inéditos que exploram o making of das canções, como a primeira tomada dos Beatles de “Tomorrow Never Knows”, da sessão de 6 de abril de 1966. Outra preciosidade é uma mixagem mono alternativa que foi lançada em um pequeno número de álbuns antes de ser recortada com a mixagem adequada.

"Taxman", de George Harrison, aparece com letras alternativas e John e Paul nos vocais de fundo em falsete. A primeira versão de "Got to Get You Into My Life", ou pouco diferente, divide espaço com uma mixagem especial enfatizando os overdubs de metais.

"Yellow Submarine" surge bem diferente, com uma mistura de seus efeitos sonoros inusitados; as duas primeiras tomadas da faixa "Paperback Writer", lançada antes, em single, são verdadeiras raridades, assim como duas versões de "Rain", lado B da canção anterior (as duas não entraram no álbum original).  

Def Leppard e Mötley Crüe voltam ao Brasil em março de 2023



Do site Roque Reverso

Def Leppard e Mötley Crüe voltarão ao Brasil no primeiro trimestre de 2023 para shows em três capitais do País: São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. As apresentações fazem parte da “The World Tour”, que começa em fevereiro no México e termina na Escócia em julho.

Na capital paulista, as bandas tocam no dia 7 de março, no Allianz Parque. Na capital paranaense, vão se apresentar no dia 9, no Estádio Couto Pereira. Na capital gaúcha, fazem show no dia 11 de março, na Arena do Grêmio.

Os ingressos começam a ser vendidos na terça-feira, 25 de outubro, a partir das 10 horas (de Brasília) no site da Eventim e, às 11 horas, nas bilheterias oficiais dos respectivos estádios, sem taxa de serviço. Os valores podem ser parcelados em até 5 vezes sem juros.

Para o show em São Paulo, os preços por setor para a entrada inteira são os seguintes: Pista Premium (R$ 760,00), Pista (R$ 440,00), Cadeira Inferior (R$ 560,00) e Cadeira Superior (R$ 360,00).

Quanto à apresentação em Curitiba, os valores por setor para entrada inteira são os seguintes: Pista Premium (R$ 850,00), Pista (R$ 520,00), Cadeira Inferior Social (R$ 520,00), Cadeira Superior Social (R$ 550,00), Cadeira Pro Tork (R$ 650,00) e Arquibancada (R$ 390,00);

Para o show de Porto Alegre, os preços por setor para a entrada inteira são os seguintes: Pista Premium (R$ 840,00), Pista (R$ 520,00), Cadeira Inferior (R$ 580,00), Cadeira Superior (R$ 380,00) e Cadeira Gold (R$ 490,00).

A vinda mais recente do Def Leppard no Brasil foi em 2017, quando o grupo britânico tocou no Rock in Rio e no São Paulo Trip.

A passagem mais recente do Mötley Crüe no País foi em 2015, quando tocou no Rock in Rio na mesma noite do headliner Metallica.

'Rock no Rolê' valoriza a cultura como negócio em série de shows e workshops

A cultura como negócio e sua importância como agente transformador da sociedade - e tudo temperado com rock dos bons. Essa é uma iniciativa das mais interessantes que ocorrerá na cidade de São Paulo ainda neste mês de outubro e também em novembro - é o "Rock no Rolê.

O projeto tem a participação da A Associação Cultural do Rock de São Paulo em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura (SMC). A associação é uma entidade que surgiu em 2020 com o objetivo de preservar a história e a produção artística do rock autoral brasileiro como legítima manifestação cultural.

O chamado "Circuito Rock no Rolê" vai abrir espaço para produção cultural de rock na cidade de São Paulo com workshop, palestras e shows musicais pela cidade.

"Haverá eventos de rock nas Casas de Cultura, e as bandas que participarem serão inseridas no elenco oficial da prefeitura. Será também uma forma de alinhar a documentação para a divulgação, nos padrões tanto dos órgãos públicos quanto do mercado privado", explica Daniel Gerber, presidente da associação. 

"O intuito do projeto 'Rock no Rolê', e da própria Associação Cultural do Rock de São Paulo, é descentralizar e fomentar público de rock de diversas comunidades perto das Casas de Cultura espalhadas por São Paulo", completa.

Formada por músicos, produtores culturais, técnicos, jornalistas, empresários e fãs, a missão da Associação Cultural do Rock de São Paulo é a de informação, formação e disseminação do estilo. 

"A música é um agente transformador e o nosso trabalho é fomentar, criar e realizar ações para que o rock continue ativo, unido e forte entre músicos e os players que compõem a cena", explica Bruno Veloso, que cuida das relações institucionais da entidade.

Além das apresentações musicais, os eventos promovidos pela Associação Cultural do Rock de São Paulo terão workshops, exibições de filmes, fotos, discos e outras formas de expressões artísticas e culturais.

"Ter tocado ao lado de Golpe de Estado e Miro de Melo e Os Bregapunks na Casa de Cultura da Freguesia do Ó, num evento organizado pela ACR, foi muito legal. Como é um dos próprios objetivos da associação, esse tipo de evento, além de trazer ao público dos bairros e comunidades eventos gratuitos e de qualidade, serve para descentralizar os shows de rock pela cidade de São Paulo", comentou o baixista e vocalista Pepe Bueno, da banda Os Estranhos e ex-Tomada.

Confira a agenda dos eventos, que começam a partir das 14h e têm entrada gratuita:

OUTUBRO

29/10 - Casa de Cultura Raul Seixas
Rua Murmúrios Da Tarde, 211 - José Bonifácio - Itaquera
Atrações: Os Estranhos e Os Kurandeiros

NOVEMBRO
02/11 - Casa de Cultura Tremembé
Rua Maria Amália Lopes Azevedo, 190 - Tremembé
Atrações: Carro Bomba e Anjos dos Becos

05/11 - Casa De Cultura Raul Seixas
Rua Murmúrios Da Tarde, 211 - José Bonifácio - Itaquera
Atrações: Dito Branco, Zé Brasil e Capitão Bourbon

11/11 - Casa de Cultura Campo Limpo - Dora Nascimento
Rua Aroldo de Azevedo, 100 - Jd. Bom Refúgio
Atração: Veneno de Alice

12/11 - Casa de Cultura São Miguel
Rua Irineu Bonardi, 169 - Vila Pedroso
Atrações: LeRoyale e Crom

13/11 - Casa de Cultura do Butantã
Avenida Junta Mizumoto, 13 - Jd. Peri Peri
Atração: 3 Pipe Problem

Exposições de Fotos: Cris Jatoba, Lincoln Baraccat e Cláudio Lopes
Exposição Caricaturas: Humberto Pessoa

Workshops:

Gigi Jardim, produção executiva e contratos
Bruno Veloso, relações institucionais
Julio Negri, produção de eventos
Klaus Porlan, produção de eventos
Autoral Brasil, rádio e comunicação

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Censura x fake news: mesmo ganhando nas urnas, já perdemos na manutenção da civilização

 Qualquer que seja o resultado das urnas em 30 de outubro, o sentimento é de derrota. Perdemos de goleada nos campos educacional, político e institucional. 

A falsa polêmica sobre censura x fake news revelou o que há de mais podre em nossa sociedade deteriorada pelas ideologias malignas autoritárias. Definitivamente, a contaminação inviabiliza qualquer tipo de reação ou recuperação.

Não se trata apenas de reforçar o fato de que a esquerda, no Brasil, historicamente sempre teve umas superioridade moral inquestionável. Trata-se simplesmente de explicitar a podridão do mundo fascista do bolsonarismo que insiste em empestear  a civilização.

Os mesmos músicos que defendem e defenderam os ataques á democracia, com a implantação da censura aos que pensam diferente do fascismo-extremismo de direita que nos assola, agora se insurgem contra as medidas mais do que acertadas da Justiça Eleitoral contra veículos de comunicação e pessoas que disseminam todo tipo de fake news e mentiras para espalhar sua ideologia pútrida e nefasta.

Músicos de alto calibre defendem a ideia de que a mais podre das emissoras de rádio, que abandonou o jornalismo por xingamentos de vários tons contra o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem o direito de xingar, caluniar e desrespeitar ferindo a lei, como se isso caracterizasse "liberdade de expressão".

Um guitarrista de blues carioca sexagenário, famoso pela boa qualidade de seu trabalho, é um dos arautos da defesa da tal emissora diretamente atingida, com toda a razão, pelas determinações da Justiça Eleitoral. 

Irado e espumando pela boca, o músico bolsonarista desconhece, seja or ignorância ou por má fé, o fato de que fake news é crime. Esbanjando indigência intelectual, brada a favor da "liberdade de expressão", a mesma instituição que quer vedar aos "inimigos" de sua nefasta ideologia e aos que criticam o nefasto presidente protofascista.  Censura? O que vem a ser isso, na visão tosca dessa gente estúpida?

A burrice é um traço inerente ao bolsonarismo e, na imensa maioria dos casos, aos seus apoiadores. A deliberada ignorância do significado entre crime de disseminação de mentiras e censura escancara a impossibilidade de convivência com esse tipo de gente. 

Como o fascismo geralmente é combatido com medidas fascistas, já que não dá para tolerar os intolerantes, é preciso derrotar esses animais nas runas e, depois, confiná-los/neutralizá-los, empurrando-os de volta ao esgoto de onde emergiram. No embate entre civilização e barbárie, todas as armas devem ser usadas para destroçar esse inimigo pernicioso.

A discussão a respeito da "censura" contra criminosos da comunicação e da palavra é a sentença de morte definitiva a qualquer tentativa de pacificação. 

Não há paz e nem deverá haver paz. A vitória da esquerda em 30 de outubro será apenas o início de um longo conflito político-social para manter o mundo medieval e do retrocesso nos bueiros e nas fossas.

Enquanto artistas estiverem na vanguarda do atraso e liderando iniciativas para censurar adversários políticos e quem pensa diferente não pode haver qualquer solução para essa sociedade doente - e nenhum tipo de conciliação com fascistas.

Enquanto essas mesmas figuras da classe artística continuarem a defender a prática de crimes em nome de deus, pátria deformada e famílias milicianas. É perda de tempo querer esclarecer as diferenças entre os crimes que praticam e defendem e o verdadeiro significado de censura.

O jogo está perdido, e faz tempo, ainda que ganhemos. Nunca mais haverá conciliação - e nem deve haver enquanto predominar o lixo fascista em metade da população deste país infeliz. Com a derrota definitiva, acabam-se as possibilidades de qualquer futuro minimamente viável para o Brasil.

Manifesto Hardcore Contra o Fascismo: shows gratuitos ocorrerão na zona oeste de SP

Do site Hardcore Contra o Fascismo

Neste momento histórico e crucial para a liberdade e os direitos civis em nosso país, o Hardcore Contra o Fascismo convoca uma nova edição para o dia 23 de Outubro de 2022 no Largo da Batata, em São Paulo, com a presença de diversas bandas. 

Às vésperas do segundo turno de nossas eleições, o ato apoia a Frente Ampla pela Democracia que se empenha em por um fim neste desastroso atual governo, se alinhando com as candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Haddad (PT).

O Hardcore Contra o Fascismo segue sua luta contra as pautas do atual Governo Federal e se posiciona contra as ameaças à Democracia que o presidente Jair Bolsonaro representa. 

Um mandatário que a todo momento critica as decisões e tenta intimidar o Supremo Tribunal Federal (STF), assim como faz suas bravatas de supostamente não respeitar o resultado das eleições presidenciais deste ano e espalha notícias falsas sobre a segurança das urnas eletrônicas.

Este é obviamente um ato político necessário, mas também é uma congregação de bandas e de grupos que estão alinhados numa causa muito maior. O Hardcore Contra o Fascismo convida a todos a comparecerem com suas bandeiras, faixas e camisetas. Trazendo sua camiseta lisa (de tecido de cor clara) você pode estampar de graça o seu apoio ao ato.

Além disso, estão programadas palestras com as presenças de Quique Brown, membro do Leptospirose, vereador e ex-secretário de Cultura de Bragança Paulista, Katia Ciccone, co-fundadora do Ação de Rua SP, Debora Lima, presidenta do PSOL em São Paulo e coordenadora estadual do MTST e Vivi Torrico, do Solidariedade Vegan. 

Entre bandas e artistas que devem se apresentar estão Felipe Flip, Hayz, Space Grease, Blastrash, War Inside, Water Rats, CxAxT, Leptospirose, Desalmado e Black Pantera.

Mas muitos podem se questionar, será mesmo que estamos com a Democracia ameaçada? Existe Fascismo no Brasil?

Podemos categoricamente afirmar que sim para ambas as perguntas.

Desde a redemocratização, nosso país nunca sofreu tantos ataques tão aviltantes contra a democracia. Os ataques vem da boca do próprio presidente, assim como dos membros de seu ministério e dos seus apoiadores nas redes sociais. Cabe ressaltar também os frequentes ataques contra a imprensa e seus profissionais.

Outro fator extremamente preocupante é o forte envolvimento de militares no governo federal atual e o chamado "militarismo na política". Que são uma afronta aos nossos princípios democráticos de separação do Estado e das Forças Armadas, como prevê a Constituição Brasileira. Isto é, as Forças Armadas não devem interferir no funcionamento dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

A crise sanitária e o descaso do atual presidente com as vacinas só fez prosperar a desigualdade e a miséria, retrocedendo melhorias que vinham acontecendo há décadas com programas sociais de governos anteriores.

 Programas educacionais, de saúde popular e de educação foram atacados com cortes drásticos de recursos que foram transferidos para garantir o malfadado "Orçamento Secreto", que nada mais é que uma forma velada de compra de apoio de parlamentares.

O discurso de ódio e da violência política nunca foi tão grande, com ataques nas redes sociais mas que sobretudo que vêm ocasionando ataques reais com casos de assassinatos que lemos e assistimos recentemente nos noticiários.

O estímulo à discriminação foi muito claro com a declaração recente de Jair de que o analfabetismo no Nordeste seria a explicação a derrota sofrida na região no primeiro turno. Mas o que esperar de um governante que apresenta fascínio por ditadores, torturadores e líderes de extrema-direita?

Vamos lembrar que ele foi obrigado a exonerar Roberto Alvim, seu então secretário de Cultura, por usar um discurso copiado de Goebbels, ministro da propaganda nazista de Hitler. Alvim só foi demitido após uma enxurrada de críticas recebidas nas redes sociais e sua permanência ter se tornado insustentável.

Com base em tudo isto, Hardcore Contra o Fascismo realiza novamente mais este ato partindo do princípio de defender os direitos das futuras gerações deste país. Algo muito mais amplo, uma pauta essencial para que as outras lutas sociais continuem existindo: contra o racismo, pelos diretos da comunidade LGBTQIA+, pelos direitos das Mulheres, pela liberdade religiosa e outros tantos assuntos que são essenciais.

Vamos juntos contra toda forma de autoritarismo, preconceito e a favor da democracia!

“Contra a miséria, fome e o genocídio da população pobre”

RF Force mergulha fundo no resgate do velho metal tradicional

Nelson Souza Lima - especial para o Combate Rock

 Criado em São Paulo e integrado "por caras que queriam lançar material próprio inspirado em Judas Priest e Iron Maiden", o RF Force tem feito cabeças e pescoços de fãs do Metal tradicional. 

À frente do quinteto está o guitarrista Rodrigo Flausino e ladeado por Marcelo Saracino (vocal), Daniel Iasbeck (guitarra), Ricardo Flausino (baixo) e Lucas Emídio (bateria) vem lançando singles e clipes nas redes sociais com grande aceitação do público.
 
Músicos bastante experientes que já passaram por bandas como Exxótica, Secos & Molhados e Scenes From a Dream os caras não acreditam num "resgate" do metal oitentista, pois ícones como os já citados Judas e Iron deixam seu legado de pai para filho.

"O Metal Tradicional nunca morreu. Acredito que nunca morrerá. Junto com o Thrash, o metal tradicional é o gênero que tem mais fãs da música pesada no mundo", diz o guitarrista Rodrigo Flausino.

Segundo ele, jovens estão curtindo o estilo, mesmo que não seja modinha. "Nosso clipe 'Old School Metal' retrata bem isso. Não tem como esse legado deixar de existir", atesta.

Em agosto o grupo abriu o show dos australianos do Airbourne, no Fabrique Club. Numa apresentação competente mostraram o quanto são uma banda de palco, empolgando a galera.

"O público respondeu de forma muito positiva. Assim como quando tocamos com o Angra. Modéstia à parte nossa banda tem grande poder de fogo ao vivo e esses shows provaram isso. A galera não nos conhecia, participou do show todo cantando e respondendo muito bem aos sons. Fizemos um medley com Accept, Sabbath, Iron e Judas, pois nós temos pouco tempo pra apresentar nossas músicas. Ao mesmo tempo, é importante pra dinâmica do show ter músicas que o público já conhece", afirma Rodrigo Flausino.

Leia a entrevista completa com Rodrigo Flausino e o vocalista Marcelo Saracino:

Combate Rock- Bem, evidentemente pra começar a pergunta básica. Como surgiu a RF Force? E podemos dizer que se trata de um super grupo (muita gente não gosta do termo), já que vocês estão na estrada há um bom tempo. Cada um já tocou ou toca em outras bandas.

RF Force -
Nós nos conhecíamos há algum tempo, principalmente no meio cover. Surgiu então a ideia de lançarmos algo autoral inspirado no que nossos ídolos faziam. Obrigado pelo "supergrupo", mas somos apenas caras que curtem tocar e já tocamos há bons anos por aí com nossas bandas. Muitos nos conhecem seja pela Children Of The Beast (Iron Maiden Cover), seja pela Heaven & Hell, Hardstuff, Scenes From a Dream, The Hammer, e assim por diante.

CR - O RF Force bebe na fonte do metal setentista e oitentista e percebemos uma retomada do gênero vide o chamado New Wave Of Tradicional Heavy Metal (NWOTHM) que a partir do meio dos anos 2000 revelou bandas muitos legais como Skull Fist e Enforcer. Há algum motivo pra essa reativada no estilo, uma vez tem muita gente curtindo o metal das antigas.
 
RF -
Apesar de modas, tendências e épocas, o Metal Tradicional nunca morreu. Acreditamos que nunca morrerá. Junto com o thrash, o metal tradicional liderado por Judas e Iron são está entre o que tem mais fãs da música pesada no mundo. Não tem como um legado desses deixar de existir. É música que passa de pai pra filho. Sempre vimos jovens de 20 e poucos anos ou menos curtindo, mesmo que não fosse moda. Nosso clipe da "Old School Metal" retrata bem isso inclusive.

CR- O álbum de estreia homônimo foi lançado em formato físico e digital. Naturalmente que lançar em mercado europeu é tentar marcar o nome da banda no Velho Continente. E no concorrido mercado americano há planos futuros de lançar na Terra do Tio Sam?

RF-
Nosso selo europeu também distribui na América e Japão. Recebemos mensagens de fãs dos EUA perguntando quando vamos pra lá, ou pedindo material. Nosso CD está na terra do tio Sam.

CR - Vocês estão ao longo dos últimos meses lançando clipes. Muito bem produzidos. Tem algum que curtam mais? “The Beast and The Hunter” é uma porrada sonora e videoclíptica.
 
RF - Eu particularmente curto a mensagem que passamos no clipe da Old School. Mas também adoro como apresentamos a banda às pessoas no clipe da "Fallen Angel". São meus dois vídeos favoritos. Ambos trabalhos em conjunto com o amigo XTudo.

CR - Os temas são profundos e bastante fortes como guerra e estupidez humana. Como é o processo de composição do grupo?

RF-
Não temos uma regra, mas no geral primeiro vieram ideias instrumentais, na sequência melodias vocais e então as letras. Mesmo que houvesse uma ideia original de um integrante, nós discutimos arranjos pra chegar num denominador comum e deixar o som com a identidade da banda como um todo.

CR - Vocês abriram o show do Airbourne (única apresentação dos australianos no Brasil). Como foi feito o convite? Rolou uma brodagem com os caras. Só fiquei na febre que vocês não tocaram “Balls To The Walls”, do Accept na integra. Há alguma música que mais representa o que é o som da banda? Tipo “Old School Metal”?
 
RF -
Foi muito massa. Eu falei um pouco com o batera e com o baixista. Os caras são tranquilos, na deles, mas cordiais. Eu vi o Manifesto divulgando e lancei a ideia pra eles de abrirmos. Funcionou e muito. O público respondeu de forma muito positiva, assim como quando tocamos com o Angra. Modéstia à parte, nossa banda tem grande poder de fogo ao vivo e esses shows foram a prova disso. A galera que não nos conhecia participou do show todo cantando e respondendo muito bem aos sons. Fizemos um medley com Accept, Sabbath, Iron e Judas pois nós temos pouco tempo pra apresentar nossas músicas. Ao mesmo tempo, é importante pra dinâmica do show ter músicas que o público já conhece. Então achamos que o medley foi um melhor caminho. Agora, é difícil escolher apenas uma música que nos represente. "Fallen Angel", "Old School Metal" e "The Beast and the Hunter" são talvez as minhas favotiras, mas a galera adora quando tocamos "Creeps of the World", "Beyond Life and Death" e "M.O.A.B.". O importante é ter opções no repertório.

CR - Como vocês avaliam o cenário da música pesada no Brasil?

RF -
Muitos integrantes de bandas que amam metal e amam tocar, público não muito afim de sair para conferir a maioria das bandas - a não ser as mais consagradas principalmente gringas. Salvo raras exceções como a galera que curte Crypta e Project 46 que é um público legal. A maioria das bandas precisam tocar ao vivo pra crescer, mas conseguem espaço e interesse de produtores apenas as grandes. Seguimos buscando alternativas.

CR - Planos futuros do RF Force?

RF -
Marcar shows e mais shows em diferentes cidades e países e preparar o próximo álbum com força total.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Punho de Mahin, Time Bomb Girls e Mukeka Di Rato são atrações de minifestival punk em SP


Rock engajado e ativista dos bons ocorrerá no sábado, 22 de outubro, no Hangar 110, zona central de São Paulo (Bom Retiro, próximo da estação Armênia-Ponte Pequena do metrô). No geral é um minifestival punk, encabeçado pela furiosa Mukeka di Rato, mas tem muito mais.

É o caso do power trio feminino Time Bomb Girls, composto por Déia Marinho (voz e baixo), Camila Lacerda (voz e bateria) e Sayuri Yamamoto (voz, guitarra e gaita), que nasceu em 2018 fazendo um barulho em São Paulo, passando por várias casas e festas renomadas do rock ‘n’ roll underground Brasil afora.

Será mais uma oportunidade de mostrar o poder do disco de estreia, 'Las Tres Destemidas”, lançado pela Monstro Discos em julho de 2020, e mais algumas versões exclusivas e personalizadas pelas meninas paulistanas.

O quarteto punk Punho de Mahin, na ativa desde 2018, é um dos expoentes mais prestigiados da atual cena pesada paulistana. O som é punk das antigas que descamba, eventualmente, para um hardcore nervoso e atuante. 

A banda evidencia uma temática pouco discutida na cena punk e no underground de modo geral: o negro na sociedade por meio de letras sobre o racismo estrutural, machismo, sexismo, repressão às minorias subjugadas, intolerância, violência policial e demais mazelas sociais.

Punho de Mahin faz referência à Luíza Mahin que teria sido uma princesa na Costa Mina, África, província de Mahi, trazida como escravizada para Bahia no século XIX.

Muçulmana, inteligente e articulada, conquistou sua alforria, reuniu aliados confabulando uma série de revoltas, sendo a mais emblemática a Revolta dos Malês. Luiza Mahin foi mãe do maior advogado, abolicionista e poeta: Luiz Gama.

O show tem como base o disco de estreia, "Embate & Ancestralidade, lançado este ano, além de músicas do split Racistas Otários nos Deixem em Paz, que saiu em 2021 pelo 1o Andar Studio & Produções junto à banda Sendo Fogo

"A expectativa para esse show é grande. Tocar no Hangar é sempre emocionante e ainda mais com o MDR, banda que ouvia muito na adolescência. E tem as meninas do TBG que são incríveis, fazem um verdadeiro show", conta a vocalista Natália Matos.

Serviço

Data: 22 de outubro de 2022 (sábado)
Horário: a partir das 18h
Bandas: Mukeka di Rato, Water Ratz, Time Bomb Girls e Punho de Mahin
Local: Hangar 110
Endereço: rua Rodolfo Miranda, 110 - São Paulo/SP

Ingressos
Pista
2 lote - R$60,00

Mezzanino
2 lote - R$100,00

Venda on-line: www.pixelticket.com.br
Link: https://pixelticket.com.br/eventos/10322/mukeka-di-rato-water-rats-time-bomb-girls-punho-de-mahin.

Judas Priest e Pantera farão show em São Paulo no dia 15 de dezembro

 Do site Roque Reverso

Judas Priest e Pantera vão se apresentar em São Paulo no dia 15 de dezembro na casa de shows Vibra, ex-Credicard Hall. O evento acontecerá poucos dias antes de as duas bandas tocarem no primeiro Knotfest Brasil, festival organizado pelo Slipknot, que acontecerá no dia 18 de dezembro no Anhembi.

Enquanto o lendário Judas Priest fará show pertencente à turnê comemorativa de 50 anos da banda que foi interrompida pela pandemia, o Pantera volta ao Brasil em um novo momento, numa reunião que tenta celebrar, com uma formação diferente, o grupo norte-americano que colocou o heavy metal de ponta-cabeça nos Anos 1990.

O Pantera já estava rompido em 2003 com desavenças dos integrantes, mas a tragédia com o assassinato do talentoso guitarrista Dimebag Darrell em 2004 colocou fim a qualquer tentativa de reunião da formação clássica. Em 2018, o irmão de Dimebag, o baterista Vinnie Paul, também morreu, restando apenas o vocalista Phil Anselmo e o baixista Rex Brown como representantes da fase áurea.

Surpreendentemente, em julho de 2022, a revista Billboard trouxe reportagem informando que Brown e Anselmo iriam reunir o Pantera para uma turnê.

Para os lugares dos irmãos falecidos, foram escolhidos o guitarrista Zakk Wylde e o baterista Charlie Benante, do Anthrax.

Os ingressos para o show na casa Vibra já estão à venda no site da Eventim.

Pagamentos realizados com Ame Digital parcelam os valores em até seis vezes sem juros. Demais meios de pagamento parcelam em até três vezes sem juros. Clientes Ame ainda contam com entrada exclusiva e early entrance no dia do show.

Os valores das entradas inteiras por setor são os seguintes: Pista Premium (R$ 690,00), Pista (R$ 390,00), Camarote 1 (R$ 650,00), Camarote 2 (R$ 550,00), Mezanino 1 (R$ 260,00), Mezanino 2 (R$ 240,00), Mezanino 3 (R$ 220,00) e Mezanino com vista parcial (R$ 180,00).

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Sammy Hagar, 75: fascinação e brilhantismo com e sem o Van Halen

 Um passo gigante e arriscadíssimo, ainda mais para um cantor e guitarrista que tinha uma carreira sólida de sucesso desde a década anterior. Entrar em uma banda imensas e substituir um vocalista carismático e adorado? Ele precisava disso?

Sim, Sammy Hagar precisava, como contou em sua interessante autobiografia. Ele precisava mostrar o quanto era bom e diferenciado, e o Van Halen precisava de uma estabilidade perdida com o estrelismo cada vez maior de Dave Lee Roth, em constante rota de colisão com o guitarrista Eddie Van Halen.

A união foi prolífica e bastante conveniente e transformou a banda. Se o Van Halen era um nome do topo do hard rock americano em 1984, subiu vários degraus com a chegada do "red rocker" Sammy Hagar.  E o Van Halen ficou maior do que Iron Maiden, Judas Priest, AC/DC e Ozzy Osbourne.

Sammy Hagar completou 75 anos de idade em outubro e é um artista realizado. Cantor excelente e com voz privilegiada, teve de ralar bastante para encontrar seu caminho na juventude até ser acolhido por um guitarrista generoso, mas instável e inconstante. 

Ronnie Montrose precisava de um braço direito, um músico que soubesse compor, cantar e servir de âncora artística. E então a banda Montrose decolou no começo os anos 70 como um dos nomes fortes da cena de rock pesado, quase arranhando o sucesso de bandas como Mountain e Grand Funk Railroad.

Mas a instabilidade e o caos administrativo em volta de Ronnie desgastaram a relação depois de tr~es ótimos discos lançados. Hagar queria mais reconhecimento e um pagamento maior, ou seja, mais participação no bolo dos direitos autorais das composições.

Os conflitos nunca resultaram em brigas homéricas, mas foram o suficiente para que o cantor buscasse o seu caminho na carreira solo. E fez muito sucesso entre 1977 e 1984, em discos cada vez melhores e crescendo como guitarrista. Por que então aceitar o posto de cantor do Van Halen?

Representante maior do hard rock festivo californiano, o Van Halen parecia exasperado diante de ma encruzilhada artística: continuar fazendo o rock mais alegre e irreverente ou partir pra uma aventura mais ousada, em busca de um público mais maduro e exigente? Como convencer David Lee Roth e a encarar a mudança?

A resposta do vocalista foi a sua carreira solo antes mesmo de debandar, naqueles meses fatídicos do fim de 1984 e começo de 1985. "Just a Gigolo" e "California Girls" (versão de clássico dos Beach Boys) eram puro glam pop oitentista que exaltava o mundo ensolarado em que vivia. O Van halen teria de procurar a solução com outra voz - e outra postura.

A profusão d sintetizadores e letras mais duras e menos luminosas em "1984" já mostravam  caminho a seguir, e a chegada de Sammy Hagar, ótimo compositor e competente guitarrista, solidificaram as mudanças e o acerto do novo caminho.

Nunca o quarteto venderia tanto e ganharia tantos prêmios como a sequência matadora de discos ótimos, como "5150", "OU812" e "For Unlawful Carnal Knowledge". 

A voz de Hagar colou em hits universais como "Why Can't This Be Love", "Summer Nights", "Dreams", "Right Now" e mais alguns. O Van Halen era a maior banda do mundo, rivalizando com o U2 e os então sumidos Rolling Stones. 

A música da banda ficou mais séria, mas concreta e, de certa forma, um pouco mais brega, já que  amor era tema recorrente abordado pelo novo vocalista.

Alcançou um novo e mais ampliado público, mas perdeu um pouco de sua essência - a irreverência, a jovialidade e a luminosidade ensolarada. em alguns momentos, o Van Halen ficou mais melancólico e sombrio, como no disco "Balance', de 1995, o quarto e último de Sammy Hagar com a banda.

Já havia uma série de ruídos entre os outrora amigões Hagar e Eddie Van Halen. As insatisfações do guitarrista eram grandes, mas aparentemente não explicitadas, a ponto de a saída de Hagar ter surpreendido o mundo e ele próprio.

Empresários já negociavam a volta de Roth ao posto, e Eddie "roeu a corda" antes do tempo. Roth fez exigências além da conta, demorou para aceitar e acabou irritando demais os irmãos Eddie e Alex Van Halen.

Uma aparição surpresa em numa cerimônia de entrega de prêmio musical e a gravação de duas músicas inéditas - "Can't Get This Stuff No More" e "Me Wise Magic" - foi o que rendeu a rápida reunião em 1996. Após nova briga, o Van Halen descartou o antigo vocalista e apelou para o amigo Gary Cherone (ex-Extreme), que gravou o fraco "Van Halen III" em 1998 e só.

Sammy Hagar já era um um artista mais do que realizado em 1996, ainda que machucado com a forma de como saíra do Van Halen. Retomou a carreira solo, gravou bons álbuns e tentou uma segunda chance com a banda entre 2003 e 2004, em uma turnê saudosista. Mais desavenças o afastaram de vez do grupo.

A carreira solo ia bem, de qualquer forma, assim como a casa noturna estrelada na costa do México e as vendas da sua famosa marca de tequila. A fase era tão boa que uma brincadeira entre amigos se tornou um projeto bem interessante.

Chickenfoot era a banda que reunia Hagar, Michael Anthony (baixista, demitido do Van Halen em 2006 pela amizade com Hagar), Joe Satriani na guitarra e o baterista Chad Smith, do Red Hot Chili Peppers.

Era o som que o Van Halen deveria estar fazendo nos anos 2000: leve, brincalhão, irreverente e bastante pesado. Foram dois discos de estúdio, um ao vivo e um DVD. Apesar do sucesso, nunca passou de um projeto paralelo, já que Satriani e Smith tinham outros planos com suas ocupações principais.

O Chickenfoot foi substituído por The Circle, e a nova encarnação virou Sammy Hagar and The Circle, com Vic Johnson nas guitarras e Jason Bonham na bateria. O novo disco da turma, o terceiro, é o mais puro hard rock inconsequente e festeiro, ainda que algumas letras sejam pesadas.

Sammy Hagar é um músico realizado e um exemplo de carreira sólida e bem-sucedida - e também um prêmio para um artista tão dedicado e que teve d enfrentar enormes dificuldades na juventude até conseguir projeção ao lado da banda Montrose.