terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

O rock delas está cada vez mis em alta - e o blues também...



É um novo tipo de blues, embora nem tão novo assim. As mulheres procuraram novidades para revitalizar o gênero com ideias diferentes baseadas em guitarras bem timbradas e temas diversos nos últimos três anos cinco anos e cinco delas se destacaram no período.

A inglesa Joanne Shaw Taylor ganhou novo fôlego e subiu de patamar com a ajuda do mestre Joe Bonamassa na produção; Annika Andersson e sua banda ousam um pouco mais ao investir no blues rock; e a texana Jackie Venson aposta em experimentalismos e mergulho em outros gêneros. 

A americana Rory Block fez uma aposta no folk blues e cometeu um grande CD revisitando clássicos do blues, do folk e do cancioneiro dos Estados Unidos. e a banda Diane & The Deductibles mergulhou no blues rock com gosto e muita vontade.

– Joanne Shaw Taylor é mais uma boa artista britânica a mergulhar na cultura americana de raiz e colher bons resultados, seguindo os exemplos bem-sucedidos de Eric Clapton, Van Morrison e U2, entre outros. Isso é resultado direto do trabalho com o maior nome do blues da atualidade, o guitarrista onipresente Joe Bonamassa, que resolveu se aventurar como produtor.

A guitarrista inglesa coloca na praça seu terceiro álbum desde 2021 – um deles ao vivo – e esbanja bom gosto na escolha do repertório e dos timbres de guitarra mais limpos.

Para os puristas e fãs mais radicais, a notícia não é boa. O som está mais pop e caindo para a country music em “Nobody’s Fool”, o recém-lançado disco.

“Won’t Be Fooled Again” é o maior exemplo desse direcionamento, e cm direito a uma participação muito especial de Bonamassa, de novo participando da produção. É uma canção pop pura, bem feita e bem executada, com um show de Bonamassa nos dois solos.

É curioso esse direcionamento sabendo que Bonamassa produziu o disco anterior da musicista inglesa, cm dos dois caindo de cabeça no blues americano de raiz, em um discaço. O direcionamento pop e country era um antigo anseio de Joanne, que nunca negou a admiração por uam série de artistas americanos.

“Just No Getting Over You” (Dream Cruise) é o retrato dessa admiração, em que passeia pelo cancioneiro pop com arranjos de extrema qualidade que jogam a música para cima e para frente em um country soul de primeira qualidade.

“Nobody’s Fool”, a canção, tem delicadeza e sofisticação na medida certa, seja na guitarra acústica que serve de base seja na guitarra manhosa e cheia de efeitos que ressalta a melodia.

No baladão country conduzido por piano e violoncelo (blo trabalho de Tina Guo) “Fade Away” Joanne se aproxima do gospel em clima intimista, enquanto que “Then There’s You” volta a ressaltar a delicadeza da interpretação em um ambiente mais controlado.

“Runaway” flerta com o folk com suas guitarras acústicas e um baixo distorcido que dá um outro aspecto a uma canção bonita e meio displicente, que destoa de certa forma das outras canções.

Outro convidado de peso abrilhanta o álbum – Dave Stewart, ex-Eurythmics, transforma em um pop classudo “Missionary Man”, que cairia muito bem na vo de Aretha Franklin. Sem os excessos na produção, Stewart domina tudo e imprime m aspecto de soul music em alguns arranjos.

Inusitada é a participação de Carmen Vandenberg, guitarrista da banda Bones e ex-colaboradora de Jeff Beck. Ela dá um colorido diferente para a acelerada “Figure It Out”, uma gema pop de inspiração oitentista. É uma canção simples e eficiente, a melhor desde curioso álbum, que tem todos os ingredientes da cultura roqueira britânica.

Por fim, temos a canção que talvez seja a marca registrada do álbum. “New Love” é um achado pop que remete ao que de melhor os grupos femininos dos anos 60 produziram, com coros e segundas vozes cativantes, e uma linha mellódica grudenta e alto astral.

Se alguém queria blues, é melhor ir buscar disco anterior, “The Blues Album”. Assim como outras guitarristas e cantoras de blues rock, como a australiana Orianthi, opção por mudanças não atendeu a necessidades artísticas de mercado, mas pura e simples vontade de explorar novos mundos. Embute riscos, mas as recompensas são gratificantes. Mais uma vez Taylor fez um grande trabalho.

– Há bandas que transformam o estúdio em playgound e se divertem para valer naquilo que na maioria das vezes é trabalho, e dos pesados. Gov’t Mule é um exemplo e isso transparece no resultado final de um álbum.

Essa impressão também é verdadeira m relação à cantora Annika Andersson, que consegue resgatar um clima festivo de anos 70, bem ao estilo da baixista e cantora Suzi Quatro- a postura e a voz lembram muito essa diva dos anos 70.

“Playing in a Rock’n Roll Band” é creditado a Annika Andersson & The Boiling Blues Band, mas estamos falando mesmo e de rock poderoso e fervoroso, daqueles gostoso de ouvir em uma tarde ensolarada romandon uma boa cerveja.

Indo com muita facilidade do blues ao hard rock, a banda equilibra peso e feeling com muita qualidade e competência, ou seja, é uma legítima banda de boteco, como podemos ver no boogie contagiante “Every Little Thing”.

O hard come solto em “Hold Me One More Time”, enquanto o blues escorre com leveza e suavidade em “Learnt” e na purista “Do I Move You”, que é um daqueles temas de fazer chorar os durões da vida.

Os teclados são um show à parte, especialmene quando os timbres de órgão Hammond entram em cena, como em “Tonight”, “Old faithful” e “Going Out With a Bang”. O hard rock se apresenta na pesadas e vigorosas “Playing in a Rock’n Roll Band” e “She Will Take Your Love”.



Para encerrar, um blues arrasador e que demole as paredes, ao estilo de Gov’t Mule e Stevie Ray Vaughan. “Sweating in My Kitchen” é escorregadia, malemolente, manhosa e extremamente prazerosa de ouvir. Um encerramento ótimo para um disco bacana e surpreendente.

– Jackie Venson é uma guitarrista texana que é muito talentosa e versátil. Ignora padrões e conceitos e grava o que quer da forma que quer, ao estilo da baixista esplendorosa Esperanza Spalding.

“Love Transcends” é um disco de blues, mas é tão versátil e tão surpreendente que pode perfeitamente ser considerado uma obra experimental com tantos recursos utilizados.

‘Rollin’ On”, por exemplo, é uma beleza de blues movido a guitarra e piano, escorrendo feeling por todos os poros. “See What You Want” é um blues pesado e eficiente, daqueles que tiram sorrisos dos taciturnos.

Com o instrumento semiplugado, ela dá um show de interpretação nas ótimas “On Step Forward” e “Til This Pain Goes Away”, com dedilhados precisos e fraseados invejáveis, feitos com tanta facilidade que chega a irritar.

“Always Free”, seu maior hit, ganha uma versão mais contida e sossegada, o que realça a sua condição de extraordinária intérprete. negra como Jimi Hendrix, é frequentemente comparada a ele, o que a lisonjeia, mas nem tanto por cnta do excesso de obviedade na comparação.

Seja como for, ela não pode negar a influência, assim como a de outro gênio, Eric Gales, principalmente na grooveada canção “Cover My Eyes”, que contém um solo extraordinário de guitarra com um timbre diferente e instigante.

E tem também funk, daqueles de fazer Sly Stone se orgulhar. “Fall of the USA” tem um balanço irresistível, com fraseados cativantes e riffs ganchudos que ganham a adição de uma linha de baixo de responsabilidade.

O funk permanece na faixa-título, mas com um groove mais voltado para o rock, com uma guitarra mais passada e ousada, que permeia a canção como uma cama aveludada para a voz estonteante de Jackie Venson.

O disco está menos pesado do que os anteriores, mas é o mais intenso e diversificado. É a melhor versão da guitarrista texana, em todo o seu esplendor.

– Som despretensioso, curioso e muito agradável. Diane Adams acertou de novo ao lançar uma coleção de canções fortes e pesadas, mas sem avançar o sinal – ou seja, é pesado, mas nem tanto, sendo acessível na medida certa.

Diane & The Deductibles é uma típica banda de hard rock do Meio Oeste norte-americano, que absorve influências diversas e evita cravar uma sonoridade única. Passeia pelo hard californiano, mas festivo, incorpora o suingue texano e o som mais áspero da Costa Leste.

Foi assim no bom álbum “Two” e ficou ainda melhor no recente “Three Feet Six Apart”. Está um pouco mais pesado, só que o blues também aparece com mais frequência e o resultado é bem interessante.

A banda é recente, mas os músicos são veteranos e muito experientes. A formação tem Diane Adams (vocais e guitarra, ex-Studio Singer), Cliff Rehrig (baixo, ex-Air Supply), Robert Sarzo (guitarra, ex-Hurricane), Keith Lynch (guitarra, ex-colaborador de Bill Ward, baterista do Black Sabbath) e Ronnie Ciago (bateria, ex-Riverdogs).

Como tudo na banda é equilibrado, os vocais de Diane se destacam pelo comedimento. nada de excessos e nem de virtuosismo. A ideia é que ressaltar a qualidade das boas canções e acentuar o tom bluesy do do grupo. seu timbre vocal lembra em alguns momentos Natalie Merchant (ex-10.Maniacs) e Beth Hart.

Curiosamente, a abertura do disco, com “Let’s Live”, remete aos bons momentos do Whitesnake dos anos 70, com seus riffs bacanas de guitarra e vozes dobradas.

“Say What You Mean” traz a banda de volta ao cenário ianque com um groove característico do hard americano. É onde Diane se sai melhor com uma variação de tipos vocais que são cehios de referências.

Não é um disco dedicado a hits, mas se tem um que se encaixa no conceito é “Hold On”, uma canção pop na medida certa sem perder a pegada roqueira. Os arranjos de guitarra tornam o ambiente bastante agradável a ponto de lembrarmos aqui de Stevie Nicks e os melhores momentos do Fleetwood Mac dos anos 70.

“Darkness” e ‘”Never Say Goodbye” são outros estaques do álbum. As guitarras dominam, mas Diane Adams consegue imprimir o acento pop mais acessível e torná-las cativantes sem descambar diretamente para o pop.

Vale uma menção a “Next Breath”, talvez a mais acelerada e roqueira, e aqui há nítida influência do cantor americano Bob Seger. É rock dos bons e muito bem feito.

– Rory Block é uma guitarrista de blues de raiz, da mesma estirpe de Bonnie Raitt e Susan Tedeschi. Toca muito, mas nunca superou aquilo que se pode chamar de timidez artística, que ela mesma chama de discrição necessária para tocar a vida. Toca blues e adora ocar por aí, mas sem que a fama “atrapalhe” a sua vida.

É uma opção, mas devemos lamentar, de certa forma, que trabalhos de qualidade lançados em mais de três décadas tenham um alcance penas nacional nos Estados Unidos, quando ela deveria ser ovacionada em todo p mundo.

“Ain’t Nobody Worried – Celebrate Great Women Songs” é o novo disco recheado de grandes canções passenado pelo blues, pela folk music e pela country music, em canções próprias e versões bem arranjadas. E dá-lhe violão com bottleck deslizando pelas cordas (tubinho de vidro ou de aço, no dedo mindinho da mão que digita no braço do instrumento).

O clássico “I’ll Take You There” de Mavis Staples e The Staples Singers, por exemplo, ganhou uma versão notável, que rejuvenesceu a canção, que é um clássico soul dos anos 60.

As homenagens às divas negras dos anos 60 permeiam todo o álbum, em arranjos semiacústicos de raro bom gosto. Gladys Knight ressurge em todo o seu esplendor em uma versão deliciosa para “Midnight Train to Georgia”, com uma sensibilidade extraordinária.

O conceito do álbum é realmente de homenagem, sem conotações feministas ou de qualquer tentativa de empoderamento feminino – e não haveria problema se houvesse. É que a leveza das execuções das músicas nos leva a outro direcionamento. É para celebrar, como na ensolarada versão de “My Guy”, de Mary Wells: violão econômico e seu firulas, deixando que a doce voz de Rory Block conduza a melodia.

A ótima Tracy Chapman é exaltada em seu maior clássico, “Fast Car”, em uma versão muito reverente e próxima à original.

A mesma coisa ocorre com outro clássico mundial, “You’ve got a Friend”, da imensa Carole King, mas a situação muda em “Dancing in the Street”, de Martha and the Vandellas, que ganha uma versão mais quente, ainda que reforce um climinha de ingenuidade sessentista. Ficou muito bom.

Como um álbum de versões é muito interessante por se tratar de uma artista versátil ae muito talentosa que não se limitou apenas ao básico e tradicional. São quase 40 anos de carreira que fizeram uma diferença enorme na gravação e na escolha do repertório.

https://youtu.be/A_nZsetyVnw?list=OLAK5uy_kFYmjAWV0oMzDa0L-sOKWQ-wQ7R2k5kjo

https://youtu.be/iFnZzoOng00

https://youtu.be/d6f-QrgIP4k?list=OLAK5uy_mFsACDsSYE4AzgPCAE1gPpgPgn-T40-Hs

O rock delas cada vez mais forte - e o blues se mistura com o pop e o rock



Guitarras pesadas costumam caracterizar artistas e bandas com fome de mercado e sucesso neste século XXI, mas as mulheres que decidiram enveredar por esse campo em 2022 acrescentaram um que de experimentalismo e ousadia. O blues se misturou com o pop e com o hard rock em meio à delicadeza e sutileza em lançamentos interessantes que chamaram a atenção

A guitarrista australiana Orianthi costuma ter uma postura mais distanciada e autossuficiente, do tipo “não tenho mais nada a provar a ninguém”; já Taylor Momsen, cantora da banda Pretty Reckless, prega sempre que tem de provar tudo a todos a todo momento. Para Stacey Savage, resta apenas aprender com as duas estrelas do hard rock atual .

– A influência direta de Richie Sambora (ex-Bon Jovi) fez bem para a guitarrista australiana Orianthi. Ou não, dependendo do mau humor. A moça lançou dois álbuns em 2022, sendo um ao vivo, mas o de inéditas é o que nos interessa.

“Live in Hollywood” trouxe a guitarrista imprimimndo mais peso a temas conhecidos de sua carreira e do rock, mas “Rock Candy”, disco de inéditas, é o que nos interessa diante das mudanças que ela pretende imprimir em sua carreira.

O hard’n’blues que dominou o começo de sua carreira dá lugar aqui a um rock mais pesado, com timbres de guitarra típicos do hard rock, mas com acento pop, bem ao gosto do Bon Jovi – cortesia de Sambora, ex-namorado e ex-parceiro no projeto RSO.

Boa aprendiz e instrumentista de ótimos recursos, Orianthi fez bem a lição de casa e apresenta uma coleção de canções de certa forma surpreendente.

“Rock Candy” é um álbum orientado para as rádios norte-americanas, embora não se saiba se isso é necessariamente uma boa ideia m 2022. Lançado há 10 ou 15 anos emplacaria ao menos dois hits nas paradas pop, mas hoje? Chamará algum atenção, e certamente atingirá um outro público, Mas o risco é grande de passar em branco.

Não é um CD ruim, mas parece deslocado na tentativa de ampliar o público apelando para uma sonoridade mais pop. “Where Did Your Heart Go”, por exemplo, é uma canção forte e intensa, mas remete a um passado distante, mesmo que seja candidata a hit – e mesmo que seja brega.

Com certeza essa não foi a preocupação de Orianthi. Ela não teve vergonha de cair no sentimentalismo amoroso na maioria das canções, em uma visão romântica bem tradicional e sem novidades. É o caso de “Living Is Like Dying Without You” e a delicada “Witch Th & The Devil”.

No aspecto estritamente guitarrístico, o álbum tem boas ideias em “Void” e “Burning’, com riffs mais roqueiros e solos interessantes. “Red Light” e “Fire Together” apresentam uma sonoridade mais pesada, ainda que as guitarras estejam soterradas por efeitos eletrônicos, vozes processadas e baterias chapadas.

O saldo é bem razoável, e louvemos a coragem dela de empreender mudanças bem complicadas e arriscadas. É um disco de rock mais acessível. Poderia ser mais pesado? Sempre pode, mas aí o conceito seria desvirtuado, pois espantaria uma parte do público mais “soft” que ela pretende atingir.

– A moça decidiu ir à forra. Depois de aguentar meio que calada as críticas de que era um rostinho bonito a frente de uma poderosa banda de hard rock – e mais nada -, Taylor Momsen mandou um recado poderoso em “Other Worlds”: “Eu sei cantar e canto bem”.

O mais recente lançamento da banda Pretty Reckless é um disco acústico com duas canções elétricas com mixagens diferentes. E Taylor mandou bem em todas as canções.

“Loud Love” é um tema duro e pesado e ganhou uma roupagem que remete a coisas bem pesadas do Led Zeppelin da fase “Physical Grafitti” e o resultado ficou muito bom. O remix de “Got So High” ´altamente dispensável e nada acrescenta.

Os outros nove temas acústicos semiacústicos trazem despojamento e interpretações leves e suaves. E, sim, a moça sabe cantar, e bem. “The Keeper” é a prova disso, as também “Quicksand” e “25”.

Nas canções só com voz e violão ela se destaca ainda mais, com delicadeza e força bem equilibradas em “Death by Rock and Roll” e na ótima “Only Love Can save Me Now”. Ela se dá ao luxo de brincar com a própria voz em “Harley Darling” e soar bastante emotiva em (What’s So Funny ‘Bout) Peace, Love and Understanding” uma balada delicada e melancólica.

Não é uma obra que crescente muito à discografia interessante da banda americana de hard rock, ainda que tenham sido corajosos em fazer versões acústicas de verdade, totalmente despojadas. Serve mais como uma prova de que Taylor Momsen é sim boa cantora.

– A banda americana Savage Master chega ao quarto álbum ainda indecisa se abraça o hard rock ou se mergulho direto no heavy metal. O seu hard’n’heavy parece indeciso e tolhe o bom potencial que demonstra. “Those Who Hunt at Night” é um álbum que merece a atenção tanto pelos seus méritos como por seus defeitos.

A cantora Stacey Savage é esforçada e faz bem o seu serviço, mas são as guitarras o grande destaque são as guitarras, agora a cargo de Nick Burks, na banda desde 2021. Os solos em ‘Hunt at Night” e “Rain of Tears” são inspirados e de bom gosto.

Stacey Savage não tem uma grande voz, mas compensa com um jeito estranho de cantar. Empresta um ar meio cafona em algumas canções, como em “Spirit of Death” (não passa muita credibilidade no tema macabro), mas se redime em temas mais pesados, como “Hangman’s Tree” e “A Warrior’s Return”.

A questão da credibilidade é um pequeno problema porque a Savage Master abusa dos clichês do metal mesmo em seu quarto disco. Por mais que a cantora se esforce, o grupo não consegue soar “malvadão” em “Queen Satan” e “The Death of Time”.

O instrumental convence em alguns momentos, mas não em outros, talvez pelo fato de a produção não ter valorizado timbres mais limpos nas guitarras e na bateria, esta bastante opaca e sem pegada.

O rock delas está cada vez mais forte - e a Europa lidera a boa safra neste século

 A Europa é a força propulsora do rock impulsionado pelas mulheres neste milênio, tendo a Suécia como o motor dessa tendência, como já mostramos em texto anterior, mas a Holanda, a Alemanha e a Bélgica oferecem boas opções para quem busca vozes femininas em um hard/stoner rock - ou mesmo em um gótico/sinfônico, como no caso da banda Beyond the Black.

Existe uma sensação de que nunca as cantoras ou bandas formada por mulheres tiveram tanta exposição como agora. Aparentemente, é só uma impressão, mas é um fato que estamos prestando mais atenção a um número cada vez maior de cantoras que já estão na praça há um bom temo.

- O Avatarium é uma banda originada na Suécia e, por algum tempo, foi um projeto paralelo de Leif Edling, o baixista e chefão do Candlemass, o maior nome do doom metal.

Com o tempo, foi se afastando por conta de falta de tempo e deixou a direção por conta do guitarrista Marcus Jidell (também da banda Soen, e ex-Evergrey) e sua mulher, a cantora Jennie-Ann Smith, originalmente uma cantora de blues.

Foram quatro discos interessantes e pesados até o recém-lançado "Death, where Is Your Sting", com uma leve mudança de orientação musical.

O peso diminuiu, enquanto que o folk progressivo entrou em cena. Muita guitarra acústica em composições sutis e um pouco mais reflexivas, embora o tom lúgubre ainda permeie todas as músicas.

As canções mais cadenciadas com acento medieval ressaltam os ótimos vocais de Jennie-Ann, que evita o tom "angelical" para fugir de comparações com a ótima Candice Night, vocalista do Blackmore's Night, de Ritchie Blackmore (ex-Deep Purple), com quem é casada.

Nas referências, o nome a ser mencionado é outra diva, Annie Haslam, inglesa que canta no veterano Renaissance. "A Love Like Yours" tem uma veia pop, com um refrão realçado por um riff interessante de guitarra. A faixa-título, que vem a seguir, a melhor do curto álbum, também se sustenta em um refrão estupendo e uma interpretação dedicada da cantora.

Sem oscilações e pontos baixos, o disco mantém o pique em duas boas canções - "Psalms for the Living" e "God Is Silent", esta de conteúdo mais profundo, jogando ma carga em bem pesada no ouvinte.

Peso de guitarras, aliás, estremece o ambiente em "Stockholm", uma canção com ares mais modernos e agressivos, deixando sutilezas de lado e mergulhando fundo no heavy metal de ares oitentistas, mas sem abrir mão da estética hard/doom metal.

Este álbum vai decepcionar quem estava esperando algo mais pesado, na linha dos discos anteriores, mas apresenta uma banda madura e sem medo de experimentar.

- Depois de bons grupos de rock retrô, de inspiração setentista - Kadavar, Zodiac e Samsara Blues Experiment -, a Alemanha nos brinda com a incandescente Wucan, que tem como vocalista a ótima cantora Francis Tobolski.

Mesmo com a reunificação do país, em 1990, a antiga Alemanha Oriental, comunista, demorou a produzir bandas de rock com grande potencial de mercado - em grande parte por causa do isolamento autoritário/totalitário que predominava no então país-satélite da União Soviética. 

Ok, é verdade que o Rammstein é de lá e que se tornou o maior fenômeno do rock alemão depois de Accept e Scorpions, mas é quase uma exceção. Os alemães orientais gostam mesmo é de underground e garagem, e a Wucan de Dresden, a metrópole incinerada pelas bombas dos Aliados no fim da II Guerra Mundial.

A banda foi formada em 2011 e lançou um EP e dois álbuns de estúdio até hoje. Francis Tobolsky, Tim George e Patrik Dröge são os membros fundadores da banda e permanecem na formação desde então.

O quarteto acaba de lançar um CD ao vivo que faz jus à fama de banda de palco e com energia transbordante. Gravado na cidade de Isernhagen em 2021, o disco mostra uma banda querendo recuperar o tempo perdido por conta do isolamento social causando pela pandemia e entrega o que promete.

O som lembra um pouco o começo da Blues Pills e do Avatarium, grandes bandas suecas com cantoras e que tem a base do som pesado no blues. 

"Live in Deutschlandfunk" é uma pequena, mas significativa amostra da performance incendiária e precisa, embora o último trabalho de estúdio, "Heretic Tongue", de 2022, tenha finalmente colocado o grupo em um patamar mais alto dentro da Alemanha

É o melhor trabalho do grupo e navega entre o hard rock setentista e um heavy mais cru dos anos 80. Os destaques são "Don't Break the Oath" e épica "Physycal Boundaries", esta com mais de 12 minutos e uma interpretação ótima de Tobolsky.

- As comparações com Evanescence e sua vocalista, Amy Lee, são inevitáveis, seja pelo som, seja pela performance e comportamento da cantora Jennifer Haben. A banda alemã Beyond the Black repete muito da trajetória da multiplatinada banda americana nos últimos tempos.

Após várias mudanças de formação, Haben praticamente assumiu funções de liderança, assim como Amy Lee, e passou a ditar os rumos artísticos do conjunto, que está menos pesado e progressivo, com elementos mais pop e acessíveis,

"Beyond the Black", o novo trabalho, lançado há pouco, empurra a banda para novos territórios, em risco calculado. Deu certo e o trabalho foi bem recebido.

Ela canta muito bem e evita alguns exageros observados em cantoras da vizinha Holanda na área do metal sinfônico. A voz é poderosa e versátil e, como uma atriz de musicais, capricha nas interpretações.

'Raise Your Head" é uma canção muito boa, tanto que ganhou uma versão orquestral magistral. Merecem destaque também "Wide Awake" e "Not In Your Name".

- A banda alemã WolveSpirit é mais antiga e optou por um hard rock mais simples e sem firulas, ao melhor estilo dos anos 80, mas sem o peso e a saturação de guitarras característicos do estilo. 

A vocalista é Donna "Debbie" McCann, que tem uma voz rouba e mais grave, atuando em uma região vocal semelhante à de outra diva alemã, Doro Pesch (ex-Warlock).

O último trabalho, "Change the World", de 2022, é o melhor da carreira de 14 anos - como tem sido frequente em todas essas bandas do século XXI que têm mergulhado no som setentista e oitentista.

Debbie transmite muita segurança e, assim como as conterrâneas do Wucan e Beyond the Black, evita exagero e gritos agudos desnecessários, preferindo apostar no som de base bluesy que emulam algumas fases do Whitesnake em relação á base instrumental.

No último álbum, os destaques são a faixa-título, que é a mais "épica" e dramática do CD, com ótimo trabalho de guitarras, e as rápidas e bem acessíveis "Don't You Know" e "Fallen". Dá para arriscar dizer que Debbie é uma boa rival para Elin Larsson, do Blues Pills, hoje a melhor cantora dessa safra.

- A banda belga Black Mirrors ainda não tem o prestígio da conterrânea Brutus, mas não deve demorar para chegar no mesmo patamar. Assumidamente um grupo de stoner rock, é mais uma atuar na praia do Blues Pills e dos islandeses do Vintage Caravan. Não é tão peada, mas aposta em canções rápidas e de base blusey.

Marcella di Troia é a charmosa vocalista que tem presença de palco, Articulada e elétrica, não para quieta e tem uma energia comparável a Elin Larsson, da Blues Pills, embora sem a mesma potência vocal. Compensa isso com uma acurada técnica de interpretação e, assim como as outras cantoras já citadas, evita todo o tipo de exagero.

O trabalho mais recente da banda, "Tomorrow Will Be Without Us", ainda preserva a verve stoner, mas tem mais características de blues rock. 

Enquanto as demais citadas neste longo especial com caras femininas novas (não tão novas assim) já se mostram mais sólidas em suas carreiras e em suas bandas, a Black Mirrors parecia estar em busca de sua vocação e seu caminho. Dentro dessa tendência, Marcella busca aquela segurança que Larsson tem de sobra.

Se ainda não é uma banda madura, Black Mirrors mostra boas qualidades em canções como a faixa-título, densa e dramática, e em "Ode to the My Unborn Child", em que melancolia e dureza aparecem em bom equilíbrio. 

As letras são reflexivas e um pouco pessimistas, destoando bastante das bandas concorrentes, mas, ao mesmo tempo, oferecendo uma outra visão de mundo, o que é um ponto positivo na "disputa" por espaço.

O rock delas está cada vez mais forte - e elas se destacam também no hard rock



O ano de 2022 foi prolífico no rock pesado cantado e tocado pelas mulheres. Uma explosão de bandas e de trabalhos de boa qualidade surgiu envolvendo nomes promissores e artistas veteranas. 

Enquanto Leather Lone resgata o metal clássico do anos 80, as bandas The Riven, Stormstress e Space Elevator turbinam o hard rock com base no blues.

– A cantora norte-americana Leather Leone parecia ter um futuro luminoso dentro da música pesada. Como vocalista da banda Chastain, era furiosa e reunia algumas qualidades, como a voz rouca e poderosa e uma presença de palco insana. Seria algo como a versão americana da alemã Doro Pesch, então na banda Warlock nos anos 80.

Mesmo com boas críticas e desempenho satisfatório para uma banda underground, o Chastain não decolava e as tensões dentro da banda beiravam o insuportável, até porque o “dono” do negócio, o guitarrista David T. Chastain,cobava muito, mas tinha outros projetos (carreira solo, CJSS, que era metal instrumental, e Southern Gentleman, de blues). O sucesso não veio e Leather se desiludiu.

Fora da música, a moça passou por inúmeros subempregos e amargou a falta de grana, além de um ressentimento pelo rock pesado pelos negócios que estão por trás.

Foram quase 20 anos até que decidisse novamente pelos palcos e por uma carreira solo surpreendente e muito pesada, com direito até a uma rápida passagem pelo Brasil anos atrás.” 

Quando decidi voltar para a música, não era para ser uma grande coisa, era apenas algo muito próprio, sem grandes pretensões”, disse a cantora em entrevista ao Combate Rock anos atrás. “Eu simplesmente pedi à minha voz: ‘recupere a sua memória’. Comecei a entrar em estúdios e gravar faixas para ver até onde conseguiria chegar. Comecei um esquema de exercícios físicos e e de exercícios vocais diariamente. Minha voz rapidamente voltou a um nível bem satisfatório.”

A pandemia de covid-19 atrapalhou os planos, mas finalmente a veterana cantora lançou o ótimo álbum “We Are the Chosen”, o seu melhor em carreira solo e de longe o mais pesado e bem acabado.

Sem nenhuma preocupação em soar datada, Leather, como passou a ser conhecida, abusa dos anos 80 com toda a propriedade e entrega o que promete: heavy metal tradicional agressivo e com guitarras bem na frente, com timbres que estariam na vanguarda em 1989. E o resultado é bem interessante.

“We Take Back Control” é forte e beira o metal de arena, com ares de “hino” e letra típica do metal oitentista, da mesma forma que a faixa-título, que lembra bastante o Chastain e a própria banda alemã Warlock. É metal puro em seu clima épico e suas “cavalgadas” na guitarra.

Sem firulas, ela desfila qualidade e talento em “Shadows”, que é agressiva em uma estrutura de hard rock. “Always Been Evil” evoca os melhores momentos do Saxon, enquanto que o Iron Maiden aparece aqui e ali, como nas ótimas “Tyrants” e “Off With Your Head”.

O clima de nostalgia permeia todo o álbum, e isso não atrapalha. A ideia era essa mesmo, soar o mais próximo do que foram os anos 80 para o metal tradicional – e nada além disso. Se ignorarmos a total falta de originalidade, temos um disco bastante divertido.

– Celeiro de boa música, principalmente no rock, a Suécia começou a revelar em profusão bandas de mulheres ou com mulheres no vocal. A lista é bem grande: Blues Pills, Lucifer, Thundermother, MaidaVale, Arch Enemy…

The Riven não é exatamente uma novidade, mas com “Peace and Conflict”, seu novo álbum, atingiu a maturidade até de uma forma precoce lançando seu melhor trabalho até aqui é apenas o segundo lançamento.

Totta Ekebergh é uma cantora classuda, que compensa a falta de uma voz tão poderosa com uma interpretação visceral de um rock clássico. Ela brilha de forma intensa com uma entrega que é raro ver hoje em dia.

Embarcando na onda retrô que parece acometer essas bandas escandinavas nos vocais, The Riven parece parece estar deslocada no tempo, ao emular Blondie e Runaways, acrescentando uma certa sujeira nos timbres de guitarra, como na certeira abertura, “On Time”.

Assim como Blues Pills, o mergulho nos anos 70 é fundo e não tão pesado quanto a Thundermother. “The Taker” é ainda mais calcada no som mais acessível do Blondie, com um refrão matador e riffs e batidas que poderiam estar em qualquer dos primeiros discos do Aerosmith e do Kiss.

O som é gostoso e contagiante, faz com que o dia fique melhor. Não chega a ser um som festivo, mas é rock and roll que esbarra no hard rock e traz trabalhos de guitarra acertados e certeiros.

Na hora de soar mais elaborada, a banda se sai bem na faixa-título, mais cadenciada e com soluções rítmicas surpreendentes para aquilo que deveria ser apenas uma canção de rock and roll. O baixo é o fio condutor da coisa toda e mostra que a banda é diferenciada.

A segurança que Totta passa é invejável, transitando entre mundos complicados com a mesma desenvoltura que Elin Larsson, do Blues Pills.

Com a mesma garra demonstrada, a vocalista é o destaque em “Sorceress of the Sky”, um clássico hard’n’roll onde a melodia bluesy casa perfeitamente com sua voz. Os riffs são lentos e pegajosos e destacam Totta como não havia acontecido no álbum.

A coisa fica mais pesada em “On top of Evil”, onde a certa luminosidade que dominava o ambiente dá lugar a uma melodia sombria e tons lúgubres, antecipando aquela que é a canção mais pesada, onde a cantora mais uma vez dá um show de interpretação, tanto na primeira parte, totalmente blues, como na explosão hard do final.

“Death” é a canção mis progressiva do disco, adicionando peso e densidade de forma equilibrada, formando uma boa cama para Totta desfilar sua classe e sua garra.

The Riven mostra um trabalho de ótima qualidade, bem melhor que a estreia, que já tinha sido boa em 2019. E Totta Ekebergh se candidata a se tornar a nova diva do rock escandinavo.

– O trio feminino de Boston pretendia ser uma banda punk, mas as meninas perceberam a chance de avançar e mostrar um repertório autoral de respeito. E o álbum de estreia, “Silver Lining”, surpreendeu com um hard rock bem feito e com bastante energia.

Stormstress é formado pelas irmãs gêmeas Tanya Venom (guitarra e vocais) e Tia Mayhem (baixo e vocais) , além da talentosa baterista Maddy May Scott. O som e forte, pesado e bem tocado, e elas se definem como uma banda de heavy metal, embora o om esteja mais para o hard rock,

O grande hit da banda é “Fall With You”, uma canção poderosa e com um refrão bastante cativante. Para uma banda que esperava ganhar terreno no punk, a virada foi grande. A canção é quase uma balada hard, mas de extremo bom gosto e solos interessantes de guitarra.

Em obra curta e econômica, as meninas investiram em temas com destaque para a energia e aos riffs e guitarra. “You Can’t Hurt me Now” abre os trabalhos com peso e uma urgência contagiantes, coisa que conseguimos perceber na canção seguinte, “Paint the Mask”.

“Internal Divide” e “Gold” transitam entre o hard rock e o heavy metal, mas sem grandes novidades, deixando as canções mais vigoras para o final, com “Corpses Don’t Cry” e “I Wish I Could”, uma faixa mais densa e com boas soluções melódicas. O disco é pesado, mas também é pop e acessível, disposto a agradar vários públicos.

– Uma união improvável em uma banda de hard rock com pretensões a ser uma referência também no rock progressivo. A pretensão era grande, mas o veterano baixista Neil Murray decidiu topar a empreitada e se divertiu com o primeiro trabalho ao lado de uma cantora.

“Persona Non Grata” é a estreia da banda inglesa Space Elevator, que consegue finalmente alçar um patamar acima a cantora conhecida como The Duchess (A Duquesa) em um trabalho elegante e bem gravado.

Murray é um músico rodado na Inglaterra. Tocou com Tony Iommi, Brian May, Whitesnake e chegou a fazer parte de uma das formações menos memoráveis do Black Sabbath, no final dos anos 80 e também em 1995, além de tocar com The Snakes, formada por ex-membros do Whitesnake.

O virtuoso guitarrista é David Young, o responsável pelas linhas melódicas mais intensas e pesadas mas o suporte dado pelo baixista Elliott Ware, que foi músico de apoio de The Who, fundamental para definir o som da banda. Completa o time o baterista Brian Greene.

Embora possa ser definida como uma banda de hard rock, o Space Elevator se caracteriza por um som mais fácil de ser assimilado. O começo do disco “Persona No Grata” é progressivo, com as duas partes da faixa-título, uma grande sacada sonora, mas é com as músicas mais simples que a banda deslancha.

O hit do momento é “Stevie Nicks Smile”, uma canção que transborda ironia, mas que também é uma homenagem à cantora do Fleetwood Mac. A guitarra tem momentos inspirados dentro de uma melodia de fácil assimilação.

“Passive Agression” é mais pesada e agressiva, com guitarras mais contundentes, enquanto que “First Girl on the Moon” e “Love You Better” transitam por uma área mais pop, com boas ideias melódicas e riffs de guitarra bem construídos.

“I Will Hold On to You”, apesar de mais sombria, é mais pop e oferece mais possibilidades de diversificação sonora aproveitando a versatilidade da cantora, que dá um show de interpretação em todas as canções. É uma banda nova com músicos veteranos que certamente ascenderão dentro do nicho classic rock.

O rock delas está cada vez mais forte - e elas se destacam no metal europeu

 

Três vozes femininas poderosas em projetos interessantes aparecem com destaque no rock europeu desde que a pandemia de covid-19 começou a dar uma trégua a partir de 2021. São mulheres que mostram trabalhos maduros e consistentes fora de suas bandas principais, indicando caminhos promissores.

As finlandesas Netta Laurenne e Noora Louhimo e a polonesa Marta Gabriel são as musas do metal da atualidade e já rivalizam com as consagradas Cristina Scabbia (Lacuna Coil), italiana que se tornou ícone da música pesada, e Alissa White-Gluz (Arch Enemy), a canadense que se tornou a voz estrondosa do Arch Enemy.

Noora Louhimo surpreendeu os fãs da banda Battle Beast em sua primeira iniciativa solo durante a pandemia. Abraçando um hard rock de viés americanizado, a loura brilhou com o seu Noora Louhimo Experience no álbum “Eternal Wheel of Time and Space”.

O power metal de sua banda principal dá lugar aqui a um hard rock encharcado de blues e o acerto é total. Sua voz ganha muito destaque sem as pesadas camadas de guitarras e teclados do Battle Beast e a moça tem mais espaço para interpretar.

A faixa-título é um primor de feeling, com seus violões em harmonia e criando um clima bem gostoso de southern rock, completamente diferente da gélida Finlândia e do som duro e marcial do Battle Beast. Noora brinca com a voz, indo do suave ao grito primal com muita facilidade.

O clima psicodélico sessentista permeia todo o disco e torna bem agradável a audição de canções simples como “Piece of Your Love” e “Urban Life”. “Coda” mergulha um pouco no rock progressivo para descambar em um hard bem feito e energético.

É bem surpreendente ouvir algo bom e, ao mesmo tempo, despretensioso, com doses inteligentes de várias influências. O que menos existe aqui é o metal estridente e intenso da Battle Beast.

Noora Louhimo também protagoniza outro trabalho interessante lançado na pandemia. Em “The Reckoning”, ela junta forças com uma rival e compatriota, ao menos na música: Netta Laurenne, da banda de metal Smackbound.

Laurenne-Louhimo é o nome do projeto inventado pela gravadora italiana Frontiers, uma das grandes incentivadoras do hard rock e do classic rock no mundo depredado pelo fim das gravadoras como as conhecemos.

Durante a divulgação do CD, Laurenne mostrou uma empolgação com o trabalho em dupla: “Com este álbum, eu quis capturar a essência do heavy metal clássico e hard rock e combiná-la com ótimas melodias e letras que têm valor. Ficou claro desde o início, tendo duas vozes fortes no álbum, que isso álbum ia ser cheio de poder, energia, atitude e emoção.”

Segundo ela, é um lado porrada que precisava ser libertado. “Eu o imaginei chutando amorosamente a bunda de todos, inclusive a minha, e acho que faz exatamente isso. Está nos empurrando para fazer melhor e evoluir, mas tendo grande empatia para com o lutas que todos nós enfrentamos como humanos.”

Louhimo acrescenta : “Minha inspiração foi definitivamente o pensamento de empoderar e as músicas darem um sentimento de força e sensibilidade. E interpretarmos as músicas de nossos corações e almas com força total, sem deixar dúvidas sobre o quão apaixonados somos como vocalistas e artistas.”

“Bitch Fire”, a música mais representativa, é um metal poderoso à la Warlock, da diva alemã Doro Pesch. Lembra um pouco os clássicos do Accept, com bateria e baixo retos e guitarras em cavalgada e carregadas de peso nos refrões.

As duas vozes, ao contrário do que se poderia esperar, se complementam e criam um ambiente de energia e nostalgia, algo que se repete em outra boa canção, “Time to Kill the Night”, com melodias poderosas e ganchudas.

A fórmula neste álbum é bem conhecida, já aplicada nos projetos Allen-Lande (Russel Allen, do Symphony X, e Jorn Lande, ex-Masterplan) e Allen-Olzon, este com a ex-vocalista do Nightwish Anette Olzon. É power metal bruto, mas com teclados proeminentes, e sem firulas, com canções direcionadas e sem muito espaço para invenções.

Por mais que as moças se esforcem, falta um pouco de feeling e diversidade nas dez canções, que parecem ter saído diretamente da mesma fórmula, o que é a mais pura verdade.

“Tongue of Dirt” e “Viper’s Kiss” por muito pouco não se tornam a mesma canção, pois o molde é o mesmo, mas há outras boas ideias, como em “Walk Through Fire”, um metal mais moderno, e “Dancers of Fire”, que agrega mais elementos dos anos 80. É um disco interessante por reunir duas grandes vozes do metal europeu, mas perde um pouco em vitalidade na comparação com o Noora Louhimo Experience.

A polonesa Marta Gabriel é a voz da banda de power metal Crystal Viper, veterana da cena pesada do leste europeu. Cantora de excelentes recursos, preferiu não inventar em sua primeira iniciativa solo e fez um básico disco de versões de clássicos do rock e do metal cantados por mulheres.

Tudo é muito simples e direto, como se tivesse sido obra de uma collab ao vivo. “Metal Queens” é o óbvio título do álbum, e a faixa-título (original da canadense Lee Aaron) ganha uma versão totalmente NWOBHM (New Wave of British heavy Metal), com seu ar épico.

“Max Overload”, da banda Acid, é um petardo quase punk, lembrando bastante o Iron Maiden da fase Paul Di’Anno. “Light in the Dark”, da banda Chastain, é um rock clássico bastante reverente ao original, enquanto que “Mr. Gold”, do Warlock, é a melhor canção, mais bem produzida e com guitarras bastante afiadas.

Apesar de básico, “Metal Queens” é bacana porque Marta fugiu do óbvio e homenageou bandas e cantoras importantes do metal mas que nunca tiveram o merecido reconhecimento.

O rock delas está cada vez mais forte - e elas também mandam no prog metal



A música pesada apostou nas vozes femininas na década passada para abocanhar uma parcela expressiva da fatia de mercado do rock pesado. Houve o revigoramento do Nightwish, a ascensão da Epica, a explosão de Evanescence e Halestorm e a consolidação de Battle Beast, Beyond the Black e Jinjer.

Em uma área mais underground, algumas bandas se beneficiaram do movimento e aproveitaram a pandemia e covid-19 para reformular seus repertórios e caírem de cabeça no experimentalismo e na busca de novas tendências, como é o caso de Oceans of Slumber, Brutus e The Great Discord.

– Em uma guinada perigosa, a boa banda de metal moderno Oceans of Slumber, dos Estados Unidos, abraçou o doom e o gothic metal em seu novo disco, “Starlight and Ash”. Ficou bom, mas vai causar estranheza nos antigos fãs, especialmente por uma música que virou um excelente clipe, “The hangman Tree”.

A banda já chama a atenção por ter como vocalista Cammie Beverly-Gilbert, uma negra com uma voz poderosa e uma interpretação primorosa de temas pesados e densos, conferindo dramaticidade e desespero a uma séria de boas canções. É provavelmente a única cantora negra de metal da atualidade e em muitos anos.

“The Hangman Tree” é uma excelente balada dramática com um tema que remete á escravidão e ao racismo, o que mostra que o símbolo da forca ainda está presente no imaginário da população negra americana descendente de escravos. As guitarras etéreas e climáticas dão o tom em toda a música.

“Just a Day”, que rivaliza com a balada, é pesadíssima, com seu som á la Black Sabbath. O clima é desolador e perigoso, com os vocais desesperados de Gilbert. Ela é precedida de um belo tema instrumental somente ao piano, cravando uma “estaca” melancólica no peito do ouvinte.

É uma audição difícil, e o sexteto texano não alivia, desfilado canções tão lúgubres e pesadas que podem ser “cortadas” em pedaços no ar. As guitarras estão com afinações baixas, acentuando o ambiente doom e apavorante.

O tema tradicional americano “House of the Rising Sun”, mundialmente famoso com The Animals e Nina Simone, ganha uma versão tocante, acústica, com piano e quarteto de cordas e uma interpretação sublime da cantora, destoando do climão geral do disco.

Outras boas surpresas neste CD bem variado e diferente são a pop “The Shipbuilders Son”, outra balada arrasadora, “The Waters Rising”, que alinhava todas as características da banda, e “Hearts of Stone”, que solidifica a impressão de que Oceans of Slumber tem bastante coisa a dizer. Os trabalhos de guitarra de Alexander Lucian e Jessie Santos são elogiáveis.

The Great Discord é uma banda sueca de metal diversificado também com uma vocalista poderosa. Fia Kempe empresta uma grande credibilidade ao som modernoso e pesado cheio de arranjos do quinteto. E a moça ainda toca clavinete.

Ora abordando o metal tradicional, ora mergulhando em arranjos que levam o som para o metal industrial, o grupo explora caminhos inusitados, como na abertura do disco “Deam Morte”, “Arrival”, um tema que passeia por ambientes eletrônicos, com toques pesados e quase extremos.

“Gula” vem a seguir e também mostra boas qualidades, embora sem o mesmo peso, mas acentuando o clima gótico. A canção e muito boa, mas tem muita informação, como múltiplas guitarras e pianos espalhados ao longo da canção.

“Blood and Envy” se aproxima mais do doom metal, mas há partes mais aceleradas que exigem uma concentração total da cantora, que parece um pouco deslocada diante o experimentalismo da faixa.

Dá para dizer o mesmo da já citada “Gula” e de “Recalcitrance”, um tema com vozes processadas e guitarras muito pesadas, que exploram vasto campo harmônico.

“Dies Irae” e “Wildfire” reforçam o tom experimental quase quase inclassificável de The Great Discord, com suas guitarras estrondosas com afinações baixas, o que confere um clima desafiador.

Com boa vontade dá para dizer que é um metal alternativo extremo, com ideias interessantes e algumas tentativas de inovação, principalmente quando se aproxima do metal industrial. Nem sempre a banda acerto neste álbum, mas é bom ver que tem gente buscando inovar e experimentar sem medo.

– Da Bélgica vem um trio que tenta recuperar o pop gótico dos anos 80 dentro do metal. Para isso, Brutus abusa do timbre vocal da cantora e baterista Stephanie Mannaerts, que transita em uma área vocal que remete a Evanescence, Cocteau Twins e Siouxsie and the Banshees, com resultados irregulares, mas não ruins.

“Where Have Are Done” é um baladão clássico do metal gótico e mostra a cantora à vontade, em boa interpretação naquele que talvez seja o ponto alto do álbum recém-lançado “Unison Life”. Não está errado quem identifica ecos de Cranberries nesta música e na intensa “Liar”, que é urgente e a moça não abusa tanto dos gritos.

“Victoria” já é um mergulho nos anos 80 com tempero noventista, já que há uma mistura de Cranberries, 10.000 Maniacs e até mesmo Everything But te Girl. As referências são muitas, o que deixa a canção pouco original, mas certamente agradará aos órfãos de Dolores O’Riordan, a falecida cantora de Cranberries.

“Dust” é mais interessante, com fraseados de guitarra pós-punks que certamente caberiam em um disco do ótimo Husker Dü, seminal banda americana de pós-punk e hardcore dos anos 80 e que tinha os dois pés fincados no pop em muitas de suas músicas.

Brutus pretende seguir essa sina, ainda que falte um pouco mais de lapidação nas canções. “Unison Life” é um álbum que é diferente do que ouve hoje em dia, e um alento para quem procura alguma coisa com bastante referência e fuja dos padrões altamente produzidos e anódinos de muitas bandas de rock atuais. E a moça é um talento cantando e tocando bateria, como se pode ver abaixo no vídeo da música “War”, de 2020.

O rock delas está cada vez mais forte - principalmente na Suécia

 Há um consenso de que nunca se lançou tantos álbuns de rock com mulheres cantando ou tomando conta de tudo nas bandas como nestes tempos. E o mais legal é que o som delas está sendo mais consumido do em tempos imemoriais.

Artistas como Lzzy Hale, da banda Halestorm, ou Elin Larsson, da banda sueca Blues Pills, adquiriram tamanha fama e prestígio que foram muito além do mero símbolo sexual ou da beleza em cima dos palcos. Ganharam muitos prêmios em muitas categorias de melhores do ano de revistas e sites. e não tem mais essa de separar em categorias só para "meninas".

Nesta série de textos vamos listar alguns dos destaques femininos das últimas temporadas entre as mulheres para homenageá-las neste dia 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, e também no mês inteiro, que costuma ser dedicado a elas também.

Com trabalhos diversificados e com temas abordados diferentes do usual, as mulheres do rock tiveram tempo de sobra para cometer alguns dos melhores discos do ano ou, pelo menos, para incomodar o mundo do rock de tal forma que pouca gente ficaria indiferente. 

O destaque será dado aos trabalhos mais recentes e mostrar o que de melhor elas estão fazendo no rock e no blues.

- O Blues Pills adquiriu o status de banda grande na Europa, encabelando grandes festivais e modernizando seu rock retrô com influência do som dos anos setenta. O som pesado e bluesy do começo de carreira agora cai para a a soul music e o rhythm and blues. Está mais dançante em "Holy Molly", trabalho sofisticado e que traz a cantora Elin Larsson explorando mais a sua voz e acrescentando um suingue antes desconhecido. Ao vivo continua pesada e intensa, como vimos em recente passagem pelo Brasil. É a grande banda europeia do momento.

- Outra banda sueca, mas com uma cantora alemã (Johana Sadonis), o Lucifer faz um som mais próximo do heavy metal e o mais recente trabalho, "V", mostra uma variedade sonora complexa, acrescentando mais elementos além do soturno timbre do Black Sabbath nas guitarras. Sadonis, uma cantora de voz potente e assustadora em alguns aspectos, domina como ninguém a área do chamado hard'n'heavy. Com inteligência e composições simples, mas bem feitas, atinge um público mais tradicional do rock pesado e consegue agradar e gente que cai direito para o lado mais pesado. 

- E a Suécia nada de braçada quando se fala em rock de qualidade e é obrigatório citar Siena Root e Thundermother. "Revelation" é o novo disco do Siena Root, cada z mais psicodélico e menos pesado. Zubaida Solid consolidou sua posição de vocalista principal e canta de forma divina e intensa, emulando o estilo de grandes cantoras como Maggie Bell (Stone the Crow) e Grace Slick (Jefferson Airplane), indo do hard rock ao rock progressivo com uma facilidade que chega a irritar. Também consegue imprimir uma sutileza em algumas músicas que mostram o quão versátil e técnica ela é, alterando de forma indelével a sonoridade de uma banda que já tem 25 anos de carreira.

- As suecas do Thundermother aproveitaram a pandemia da melhor forma possível. “Black and Gold”, o quinto álbum, é uma das melhores coisas lançadas em 2022: hard rock muito bem feito, pesado, melódico e com certa originalidade, ainda que não deixe as influências de Runaways, Girlschool e Joan Jett, além de um pique à la AC/DC reconhecível. A produção é excelente e ressalta principalmente as poderosas guitarras, que dão um show em praticamente todo o álbum. São canções fáceis, agradáveis, mas não necessariamente acessíveis. A primeira música já dá o tom do que vem pela frente. “The Light in the Sky”, assim como a abertura do álbum da Halestorm, é forte e pesada, com guitarras espalhando riffs pegajosos e solos incandescentes, típicos daqueles shows em combustão e para levantar o astral de qualquer festa. Não há alívio no que vem seguida. “Black and Gold” e “Raise Your Hands” recuperam a leveza de um hard rock de certa forma puro e ingênuo, mas energético, como costumavam ser os shows das Runaways. No quesito sujeira e descarrilamento para o lado mais heavy, temos as ótimas “Watch Out”, “Wasted” e “I Don’t Know You”, esta última uma porrada no queixo. As letras não são as que costumamos escutar no hard em geral ou nas bandas em que as vocalistas são as protagonistas, escancarando são sentimentos e sua visão meio crua do mundo, como Lzzie Hale ou Amy Lee (Evanescence). Há canção de amor, como a já citada “I don’t Know You” a menos interessante “Try for Love”, mas o tom é diferente: mais maduro, menos (melo)dramático. E há as baladas, um diferencial da banda, com uso desmedido de violões, com muito bom gosto. São elas “Stratosphere” e “Borrowed Time”, que equilibram o tom confessional e sentimentos mais positivos. Um belo trabalho de rock neste ano. A formação conta com Guernica Mancini (vocais), ótima em todo o álbum, Filippa Nässil (guitarra) e Emlee Johanson (bateria). A baixista Majsan Lindeberg saiu no ano passado, mas registrou sua presença em algumas músicas. Sua substituta é Mona Lindgren.

Calendário de shows do mês de março 2023

Um mês de março cheio, com destaque para o festival Lollapalooza, evento anual e obrigatório. Ha atrações para todos os gostos dentro do rock, indo do soft e do pop aé o heavy metal mais tradicional.

- Evan Dando - 3 e 4 de março
- Evan Dando, vocalista da banda norte-americana de rock alternativo Lemonheads, faz dois shows em voz e violão no Sesc Avenida Paulista.Nessas apresentações, será apresentado set acústico de uma hora e meia com hits do Lemonheads, como "Ride with me", "The outdoor type", "Being around," "Into your arms", "Tenderfoot", "Different drum", entre outras músicas. Dando, como sempre, costuma atender pedidos da plateia. 

SESC Avenida Paulista
Av. Paulista, 119
Bela Vista - São Paulo - SP - BR
www.sescsp.org.br
Ingressos de R$10 a R$30

- Big Time Rush - 3 de março - A turnê de cinco shows na América do Sul começou em 24 de fevereiro no Teatro Caupolicán, em Santiago, no Chile, com paradas em Buenos Aires, Bogotá, São Paulo, antes de terminar no Vivo Rio, no Rio de Janeiro, em 5 de março. A Forever Tour teve grande sucesso desde o seu lançamento no início deste ano, com shows esgotados em locais icônicos, desde o Madison Square Garden de Nova York, a uma sequência de três shows no México. Não é nenhum segredo que a banda está de volta e veio para ficar. O Big Time Rush também levou sua música para o mundo todo com o recente lançamento de seu primeiro single latino "Dale Pa´ Ya" ao lado do produtor três vezes vencedor do Latin Grammy, Maffio. Este é o primeiro single a ser lançado de seu próximo EP, produzido por Maffio. 

Espaço Unimed
Rua Tagipurú, 795
Barra Funda - São Paulo - SP - BR
www.espacounimed.com.br
Ingressos de R$195 a R$680
www.eventim.com.br

- Jota Quest - 4 de março - Depois de seis meses de shows esgotados por todo o Brasil, o Jota Quest anuncia agenda de novas apresentações nas principais cidades do país da turnê "JotaDe Volta ao Novo", em parceria com a Opus Entretenimento. Entre as datas, a banda mineira já reservou o Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, no dia 17 de junho, para a gravação do DVD da turnê. A banda escolheu 25 grandes sucessos que seguem embalando a vida de boa parte dos brasileiros nessas últimas duas décadas e meia como Fácil, Dias Melhores, Na Moral, Amor Maior, Encontrar Alguém e Só Hoje, além de singles recentes como A Voz do Coração, Imprevisível e Te Ver Superar. A direção musical do show está a cargo da própria banda em parceria com o músico e produtor paulistano Renato Galozzi. A direção geral do espetáculo é de Fábio de Lucena, a direção criativa da turnê é de Rafael Conde, roteiros de Eduardo Rios, produção audiovisual do Studio Curva, iluminação de Carlinhos Nogueira e cenários do renomado Zé Carratu.

Espaço Unimed
Rua Tagipurú, 795
Barra Funda - São Paulo - SP - BR
www.espacounimed.com.br
Ingressos a partir de R$90
www.ticket360.com.br


- Def Leppard + Motley Crue + Edu Falaschi - 7 de março -  As bandas trarão seus shows eletrizantes em todo o mundo com paradas em toda a América Latina antes de seguir para a Europa em maio de 2023 - que inclui uma parada no icônico Estádio de Wembley no sábado, 1º de julho de 2023 - e terminar em Glasgow, Reino Unido, em Hampden Park em 6 de julho de 2023. No Brasil, a "The World Tour" vai passar por São Paulo no dia 07 de março, no Allianz Parque, dia 9 de março por Curitiba, no Estádio Couto Pereira, e no dia 11 de março por Porto Alegre, na Arena do Grêmio.  

Allianz Parque
Rua Turiaçu, 1840
Perdizes - São Paulo - SP - BR
www.allianzparque.com.br
Ingressos de R$180 a R$560
www.eventim.com.br


- Coldplay - 10, 11. 13, 14, '7 e 18 e março - Os ingressos já adquiridos no ano passado continuam válidos, não sendo necessário trocá-los. Em São Paulo, os shows serão transferidos do Allianz Parque para o Estádio do Morumbi, e acontecerão nos dias 10, 11, 13, 14, 17 e 18 de março de 2023. Esta será a primeira vez que um artista se apresenta seis noites na mesma turnê no Allianz Parque em São Paulo, Brasil e quatro noites no Estádio Nacional em Santiago, Chile. Isso também marca a primeira vez que um artista internacional esgotou quatro noites no Foro Sol na Cidade do México e duas noites no Estádio Akron em Guadalajara. O nono álbum do Coldplay conta com a participação de grandes artistas como Selena Gomez, BTS e Jacob Collier. Diferentemente das outras turnês do grupo inglês, os integrantes pensaram em fazer esse espetáculo o mais sustentável e de baixo carbono possível, com a finalidade de causar o menor impacto possível ao meio ambiente, com a redução de emissão de gás carbônico, apoio a novas tecnologias verdes, uso da energia renovável para alimentação da produção de palco, entre outros fatores em prol da sustentabilidade.

Estádio do Morumbi
Praça Roberto Gomes Pedrosa
Morumbi - São Paulo - SP - BR

- Paramore - 9, 11 e 12 de março - Os shows no Brasil acontecem no dia 9 de março de 2023, no Qualistage (Rio de Janeiro) e nos dias 11 e 12 de março em São Paulo, no Centro Esportivo Tietê. O anúncio vem na esteira de uma série de lançamentos da banda após um hiato de cinco anos. Hayley Williams, Taylor York e Zac Farro lançaram em setembro o single "This is Why", primeira música do sexto álbum do grupo, que leva o mesmo nome e será lançado em 10 de fevereiro de 2023, pouco antes do início da turnê na América do Sul.

Centro Esportivo Tietê
Av. Santos Dumont, 843
Luz - São Paulo - SP - BR
Ingressos de R$200 a R$780
www.ticketsforfun.com.br


-- Kool Metal Fest - O Kool Metal Fest - 20 anos, que acontece nos dias 11 e 12 de março, vai ficando encorpado a cada anúncio - a atração internacional em ambos das datas, respectivamente Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP), é a clássica banda norte-americana de crossover D.R.I., em tour que celebra 40 anos de estrada. Tem também Trovão (heavy/hard cantado em português) na edição de São Paulo, dia 12/3, no Carioca Club, e Falsa Luz (do punk ao black metal) no KMF em Belo Horizonte, um dia antes, 11/03, no Mister Rock. Os ingressos 0n-line para ambos os eventos estão no site do Clube do Ingresso ou físico, sem taxa, na Loja 255 (Galeria do Rock), mas somente mediante pagamento em dinheiro. A realização do Kool Metal Fest é da Loja 255, Cospe Fogo e Agência Sobcontrole.

Carioca Club
R. Cardeal Arcoverde, 2899
Pinheiros - São Paulo - SP - BR
www.cariocaclub.com.br
Ingressos de R$120 a R$360www.clubedoingresso.com

- Roupa Nova - 14 de março -  Sucesso indiscutível há mais de quatro décadas, o Roupa Nova entra em 2023 com muitas novidades. Uma das bandas mais populares do Brasil acaba de anunciar mais um projeto inédito na carreira, que promete encantar fãs de todas as idades. Em formato mais intimista e produzido justamente para apresentações nos principais teatros do país, "Simplesmente Roupa Nova" já tem a sua primeira data confirmada. Ovacionados por onde passam, Cleberson Horsth, Ricardo Feghali, Kiko, Nando, Serginho e Fábio Nestares, trazem no repertório grandes sucessos como "Dona", "A Viagem", "Os Corações não são iguais", "Coração Pirata", "Linda Demais", entre tantos outros, além de momentos de interação e aproximação com o público, relembrando momentos marcantes da carreira.
 
Teatro Bradesco
Rua Turiassu, 2100 - Shopping Bourbon - 3° Piso
Barra Funda - São Paulo - SP - BR
www.teatrobradesco.com.br
Ingressos de R$120 a R$295

- Black Crowes - 14 de março - O regresso aos palcos de uma das maiores bandas da história do rock, a norte-americana The Black Crowes, dos irmãos Chris e Rich Robinson, culmina com a celebração ao vivo do 30º aniversário do seu álbum inovador de estreia, "Shake Your Money Maker". E a turnê comemorativa chega ao Brasil com uma única apresentação em São Paulo, no dia 14 de março de 2023, no Espaço Unimed. A celebração pelo trigésimo aniversário do álbum de estreia do The Black Crowes, na verdade, deveria ter acontecido em 2020, mas os planos foram adiados por conta da pandemia. Em julho de 2021 a banda começou a turnê com um show em Nashville, nos Estados Unidos. Hits como "Remedy", "Jealous Again", "Sister Luck", "Hard To Handle" e "She Talks To Angels" levaram o púbico ao delírio e devem fazer o mesmo com o público brasileiro. 

Espaço Unimed
Rua Tagipurú, 795
Barra Funda - São Paulo - SP - BR
www.espacounimed.com.br
Ingressos de R$170 a R$680
www.ticketsforfun.com.br
www.eventim.com.br

- Chvrches - 16 e 24 de março - O trio escocês Chvches ao Brasil e marca dois shows solo no país. A banda se apresenta no dia 16 de março, na Audio, em São Paulo, e no dia 24 de março, na Sacadura 154, no Rio de Janeiro. Os fãs poderão conferir as músicas do último álbum, Screen Violence, além de outros sucessos. Sucesso nas paradas musicais, a banda é composta por Lauren Mayberry, Iain Cook e Martin Doherty, e tem uma longa história de sucessos. Em 2013, o trio lançou seu primeiro álbum, intitulado The Bones Of What You Believe, que conseguiu alcançar a 9ª posição no Reino Unido e a 12ª nos Estados Unidos. Foi por conta desse álbum também que a banda foi convidada para se apresentar no programa de Jimmy Fallon e Jools Holland.

Audio Club
Av. Francisco Matarazzo, 694
Barra Funda - São Paulo - SP - BR
www.audiosp.com.br
Ingressos a partir de R$175
www.ticketmaster.com.br

- Skank - 17 e 18 de março - O Skank ainda não definiu se a atual turnê é um adeus definitivo ou um até breve. Justamente quando comemora 30 anos de existência, o quarteto mineiro anuncia uma parada por tempo indeterminado, mas não antes de fazer uma longa turnê nacional revisitando toda a carreira recheada de sucessos.

Espaço Unimed
Rua Tagipurú, 795
Barra Funda - São Paulo - SP - BR
www.espacounimed.com.br
Ingressos de R$100 a R$150
www.ticket360.com.br


- Sonata Arctica - 18 e março - O Sonata Arctica, um dos nomes mais respeitados do metal mundial, acaba de adiar a sua mais nova turnê pela América Latina para 2023, pois alguns integrantes contraíram Covid-19, o que impede qualquer tipo de viagem internacional. A "25th Anniversary tour" começaria já no próximo dia 31 de março e passaria por diversas cidades do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala e México, durante todo o mês de abril.

Audio Club
Av. Francisco Matarazzo, 694
Barra Funda - São Paulo - SP - BR
www.audiosp.com.br
Ingressos de R$130 a R$200
www.ticket360.com.br

- Lollapalooza - 24, 25 e 26 de março - Festival antes de música alternativa, tornou-se um evento fundamental para a música no Brasil e para a cidade de São Paulo. serão mais de 100 atrações, sendo ue as principais, para o público roqueiro, são Tame Impala, Jane's Addiction, Bink-182 e Pitty.

Autódromo de Interlagos
Av. Senador Teotônio Vilela, 261
Interlagos - São Paulo - SP - BR
www.autodromodeinterlagos.com.br
Ingressos a partir de R$561
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O rock delas está cada vez mais forte - e elas brilham muito no Brasil

 Com as bandas de heavy metal extremo mais conhecidas ou em estúdio gravando ou passando longas temporadas em turnê - quando não trocando incessantemente de integrantes -, duas bandas formadas por mulheres que atuam voltadas para o mercado nacional ganham destaque desde o ano passado com trabalhos consistentes.

A Malvada é um quarteto de hard rock que canta em português e aposta em um viés mais pop, só que encharcado de blues e muita sensualidade, abordando temas mais intimistas com o olhar feminino - é óbvio -, mas evitando o sentimentalismo e enveredando por um lado mais empoderado, completamente distante do mundo triste e rancoroso das sertanejas.

É uma banda que deu certo muito rápido, já que as meninas se conheceram pessoalmente no estúdio um pouco antes da pandemia. 

Claro que os contatos anteriores virtuais azeitaram o caminho, mas o entrosamento foi tão bom que logo entrara em estúdio para gravar o disco "A Noite Vai Ferver", de 2021, com uma série de hits potenciais, como a faixa-título e "inovaMais Um Gole", por exemplo.

O single mais recente, "Perfeito Imperfeito", lançado no começo do ano, é um hard potente e com a característica da banda, uma levada bluesy que quase descamba para a balada - agradou tanto que ganhou uma versão acústica mais lenta e romântica.

O quarteto formado por quatro garotas com experiências tão diferentes prova que é possível fazer algo diferente sem necessariamente inovar ao extremo.

É o mesmo caminho traçado pelo trio instrumental Ema Stoned, de São Paulo, Totalmente underground, toca jazz e rock experimental com tamanha desenvoltura que chama a atenção de fãs e sites internacionais - já são quase dez anos na estrada.

Com uma bagagem recheada, passeia com class e qualidade pelo ambiente progressivo, com toques importantes de King Crimson, e pela psicodelia pesada do Led Zeppelin e a delicadeza surpreendente do s Mutantes. Não é à toa que seu show mais recente se chama "Devaneios", que deve nomear o próximo álbum.

Outro trio de mulheres que voou em 2022 foi The Damnnation, que saboreia a boa repercussão de seus trabalhos, o EP "Parasite" e o álbum "Way of Perdition". 

O death metal praticado é radical e muito extremo, com uma velocidade alucinante e riffs que penetram na alma. É impossível ficar indiferente à pancadaria sonora de uma banda que se encontrou pela primeira vez em estúdio para tocar após indicações e contatos virtuais. 

Como na Malvada, a química foi perfeita, apesar da troca de baterista por questões logísticas - a original mora em Minas Gerais. O trio acaba de voltar de uma bem-sucedida turnê sul-americana.

Os dois destaques femininos dos últimos anos no Brasil estão concentrados nos próximos lançamentos. O quarteto Crypta incorporou a guitarrista Jessica Jessica di Falchi no lo lugar da holandesa Sonia "Anubis" Nesselder e hoje divide os holofotes internacionais das bandas extremas brasileiras com Krisiun e Nervosa.

O quarteto era um projeto paralelo formado por duas então integrantes da Nervosa, um trio. Fernanda Lira (vocal e baixo) e Luana Dametto (bateria) saíram em 2021  transformaram o projeto Crypta, de death metal, em ocupação principal. Deu tão certo que foram um dos destaques do festival alemão Wacken, em 2022. Estão gravando o novo disco em São Paulo.

A banda Nervosa entra em seu 13º ano sob o signo de mais uma reformulação. Com as saídas de Fernanda e Luana, a guitarrista Prika Amaral conseguiu reformar a banda em dois meses com musicistas internacionais - cada integrante, todas mulheres, era de um país diferente.

Elas só se encontraram pessoalmente no aeroporto de Madri para irem a Málaga, também na Espanha, e gravar o bom disco "Perpetual Chaos". 

Deu certo no começo e a formação parecia promissora, mas uma série de problemas de saúde e familiares implodiram o grupo. Agora banda é um quinteto e nenhuma das três musicistas que entraram em 2021 permaneceu.

Em meio ao processo de gravação do quinto álbum, a Nervosa passa por nova reformulação liderada por Prika, que hoje mora na Itália. Entretanto, o mercado ainda reconhece a Nervosa como uma força emergente do metal extremo internacional.

Ascensão, aliás, é uma palavra que descreve bem a trajetória recente de duas bandas que trabalham com a mesma vocalista. A surpreendente Karina Menascé, estupenda cantora, criou a Allen Key como um grupo voltado ao metal mais tradicional. 

O álbum "The Last Rhino" frequentou as listas de melhores do ano de 2021 e apresentou a cantora como um talento como compositora e cantora de voz potente e versátil.

A versatilidade pode ser conferida no disco citado e no trabalho da banda Mercy Shot, na qual foi convidada a participar quando o material já estava composto. 

É um metal mais moderno, com afinações mais baixas e mais acelerado e agressivo que o da Allen Key, mas Karina dá um show de interpretação e versatilidade.

Os mesmo elogios pode ser estendidos a outro nome importante d rock pesado nacional, a cantora paulista Daísa Munhoz, da banda Vandroya e com participações marcantes em canções dos mineiros do Tuatha de Danann e projeto Soulspell.

Ela foi convidada para trabalhar recentemente com a banda Twilight Aura, um projeto antigo do guitarrista André Bastos (que mora nos Estados Unidos). 

O primeiro disco do projeto é excelente e mistura heavy tradicional com o metal progressivo, uma área bastante confortável  para Daísa, que hoje é uma das mais requisitadas cantoras do underground brasileiro. 

O rock delas está cada vez mais forte - a fúria do Halestorm que o diga



Elas chegaram com muita força em 2022 depois que a pandemia colocou muitos projetos em xeque. Mesmo nos trabalhos gravados antes de o mundo parar, havia muita coisa que seria destaque mesmo que os temas não tivessem sido diretamente influenciados elo isolamento social.

Com trabalhos diversificados e com temas abordados diferentes do usual, as mulheres do rock tiveram tempo de sobra para cometer alguns dos melhores discos do ano ou, pelo menos, para incomodar o mundo do rock de tal forma que pouca gente ficaria indiferente.

– Em uma rara entrevista para uma emissora de rádio norte-americana, a guitarrista e cantora Lzzy Hale se enfureceu quando ouviu uma pergunta de cunho machista, ainda que sem a intenção: “Você se considera uma uma musa improvável do rock or sua rebeldia?” 

Sem perder tempo, emendou: “Sou uma musicista improvável, e até uma guitarrista improvável. É por isso que quero ser conhecida e reconhecida.” 

A voz e a cara da banda Halestorm não perde tempo quando se trata de defender o seu legado e o de sua banda de hard rock – como se ainda precisasse provar o tempo todo a qualidade de seu trabalho. Claro que ela não ignora o apelo que sua beleza traz e que impulsiona a sua música, mas faz questão de dizer que isto está em segundo plano. 

“Back to the Dead”, o quito álbum de estúdio da banda, corrobora essa tese. Mais furiosa e mais irritada, a moa parece desabafar em cada palavra gritada no novo trabalho. É o mais pesado e mais bem elaborado dos cinco discos, e certamente estará em várias listas de melhores do ano de 2022.

 Claro que a pandemia ajudou a fomentar a raiva, mas o álbum soa como um brado de reafirmação do trabalho do quarteto e reforça o que todo mundo percebia desde a estreia, há mais de dez anos: Halestorm sempre foi uma banda de hard rock, e se afastou cada vez mais do pop – tanto que Lzzle e sua voz forte e rasgada ajudou a lustrar canções de bandas como Dream Theater e Adrenaline Mob. 

“Back From the Dead”, que abre o álbum, é um senhor heavy metal de primeira, com os pés fincados nos anos 90 e com guitarras bem timbradas, com afinação baixa. Coloca a moça raivosa cantando sobre uma cama densa de riffs simples, mas poderosos. 

A banda não alivia em “Wicked Ways” e “Strange Girl”, que vêm na sequência e detonam em riffs igualmente poderosos e um certo jogo de guitarras – não são duelos, mas arranjos interessantes que fazem com que se complementem, especialmente na segunda canção. 

“Brightside” retoma um pouco as ares mais antigos do grupo, com um hard rock encorpado, mas sem muitas concessões, enquanto que “The Steeple” recupera o fôlego mais pesado, com uma letra mais agressiva, quase como um protesto. 

O pique é mantido em quase todo o álbum, com direito a um violão bem interessante na introdução de “My Redemption”, enquanto que “Terrible Things” traz Lzzy mais intensa e “soberana”. O final surpreendente com “Raise Your Horns”, só com a moça e o piano, é um belo encerramento para um álbum muito bom.

Suzi Quatro está de bem com a vida depois dos ótimos álbuns que lançou nos anos na companhia do filho mais velho, Richard Tuckey, um produtor e guitarrista elogiado. Assim, permitiu-se dar um refresco e se divertir no estúdio para gravar versões de canções que ouvia quando era jovem e que moldaram seu jeito de tocar baixo e de compor músicas pop e rocks pesados. 

“Uncovered” é um EP com seis músicas e irradia alto astral pela escolha certeira do repertório. aos 72 anos de idade, faz seu baixo soar macio e insinuate para que um monstro do rock americano brilhe – Steve Cropper, que tocou em duas canções que coescreveu – “In the Midnight Hour”, que teve a voz Wilson Pickett, e “(Sitting On) The Dock Of The Bay”, de famosa com Otis Redding.

As duas versões ficaram bastante reverentes, mas exalam um certo frescor justamente por conta da presença de Cropper, um frasista excelente e um mestre da melodia. Do repertório do Creedence Clearwater Revival ela sacou a bela “Bad Moon Rising”, que ficou um pouco mais pesada, só que um groove diferente, mas roqueiro.

O mesmo ocorre em “I Feel The Earth Move”, de Carole King, que perde o acento folk para ganhar mais peso e um balanço na linha de baixo – que é o destaque em “The Boss”, de James Brown, conduzindo tudo e empurrando a canção. 

O clássico eterno “Walking The Dog”, de Rufus Thomas, encerra a rápida obra sem grande destaque, atendo-se bem à versão original. Quando Suzi Quatro se diverte no estúdio isso se dissemina em qualquer tocador de música.

 - Depois de muito tempo em silêncio, eis que a banda Nashville Pussy voltou ao mercado com um disco ao vivo. “Eaten Alive” é interessante, com muita energia, mas não tanto quanto o seminal “Keep on Fucking in Paris”, de 2003. 

Gravado antes da pandemia, em shows de 2019, tem o grande mérito de conter 19 músicas que são um bom resumo do que é o grupo de hard rock mais temido dos Estados Unidos, segundo o próprio vocalista e guitarrista Blaine Cartwright. E tome sequência alucinante de hits, como “Go, Motherfucker, Go”, “Piece of Ass”, “We Want a War”, “Go To Hell”, “I’m the Man”, “Struttin’ Cock” e vários outros, tudo recheado com muitos palavrões. 

O grande destaque é a guitarrista canadense Ruyter Suys, casada com Blaine – formam um dupla infernal, responsável pelo conceito de misturar AC/DC com Motorhead, com resultados excelentes. O baterista desde o começo, ao lado do casal, é Jeremy Thompson, e a baixista da vez – a quinta – é Bonnie Buitrago. 

O rock delas está mais forte do que sempre

Há um consenso de que nunca se lançou tantos álbuns de rock com mulheres cantando ou tomando conta de tudo nas bandas como nestes tempos. E o mais legal é que o som delas está sendo mais consumido do em tempos imemoriais.

Artistas como Lzzy Hale, da banda Halestorm, ou Elin Larsson, da banda sueca Blues Pills, adquiriram tamanha fama e prestígio que foram muito além do mero símbolo sexual ou da beleza em cima dos palcos. Ganharam muitos prêmios em muitas categorias de melhores do ano de revistas e sites. e não tem mais essa de separar em categorias só para "meninas".

Nesta série de textos vamos listar alguns dos destaques femininos das últimas temporadas entre as mulheres para homenageá-las neste dia 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, e também no mês inteiro, que costuma ser dedicado a elas também.

Com trabalhos diversificados e com temas abordados diferentes do usual, as mulheres do rock tiveram tempo de sobra para cometer alguns dos melhores discos do ano ou, pelo menos, para incomodar o mundo do rock de tal forma que pouca gente ficaria indiferente. 

O destaque será dado aos trabalhos mais recentes e mostrar o que de melhor elas estão fazendo no rock e no blues.

- O Blues Pills adquiriu o status de banda grande na Europa, encabelando grandes festivais e modernizando seu rock retrô com influência do som dos anos setenta. O som pesado e bluesy do começo de carreira agora cai para a a soul music e o rhythm and blues. Está mais dançante em "Holy Molly", trabalho sofisticado e que traz a cantora Elin Larsson explorando mais a sua voz e acrescentando um suingue antes desconhecido. Ao vivo continua pesada e intensa, como vimos em recente passagem pelo Brasil. É a grande banda europeia do momento.

- Outra banda sueca, mas com uma cantora alemã (Johana Sadonis), o Lucifer faz um som mais próximo do heavy metal e o mais recente trabalho, "V", mostra uma variedade sonora complexa, acrescentando mais elementos além do soturno timbre do Black Sabbath nas guitarras. Sadonis, uma cantora de voz potente e assustadora em alguns aspectos, domina como ninguém a área do chamado hard'n'heavy. Com inteligência e composições simples, mas bem feitas, atinge um público mais tradicional do rock pesado e consegue agradar e gente que cai direito para o lado mais pesado. 

- E a Suécia nada de braçada quando se fala em rock de qualidade e é obrigatório citar Siena Root e Thundermother. "Revelation" é o novo disco do Siena Root, cada z mais psicodélico e menos pesado. Zubaida Solid consolidou sua posição de vocalista principal e canta de forma divina e intensa, emulando o estilo de grandes cantoras como Maggie Bell (Stone the Crow) e Grace Slick (Jefferson Airplane), indo do hard rock ao rock progressivo com uma facilidade que chega a irritar. Também consegue imprimir uma sutileza em algumas músicas que mostram o quão versátil e técnica ela é, alterando de forma indelével a sonoridade de uma banda que já tem 25 anos de carreira.

- As suecas do Thundermother aproveitaram a pandemia da melhor forma possível. “Black and Gold”, o quinto álbum, é uma das melhores coisas lançadas em 2022: hard rock muito bem feito, pesado, melódico e com certa originalidade, ainda que não deixe as influências de Runaways, Girlschool e Joan Jett, além de um pique à la AC/DC reconhecível. A produção é excelente e ressalta principalmente as poderosas guitarras, que dão um show em praticamente todo o álbum. São canções fáceis, agradáveis, mas não necessariamente acessíveis. A primeira música já dá o tom do que vem pela frente. “The Light in the Sky”, assim como a abertura do álbum da Halestorm, é forte e pesada, com guitarras espalhando riffs pegajosos e solos incandescentes, típicos daqueles shows em combustão e para levantar o astral de qualquer festa. Não há alívio no que vem seguida. “Black and Gold” e “Raise Your Hands” recuperam a leveza de um hard rock de certa forma puro e ingênuo, mas energético, como costumavam ser os shows das Runaways. No quesito sujeira e descarrilamento para o lado mais heavy, temos as ótimas “Watch Out”, “Wasted” e “I Don’t Know You”, esta última uma porrada no queixo. As letras não são as que costumamos escutar no hard em geral ou nas bandas em que as vocalistas são as protagonistas, escancarando são sentimentos e sua visão meio crua do mundo, como Lzzie Hale ou Amy Lee (Evanescence). Há canção de amor, como a já citada “I don’t Know You” a menos interessante “Try for Love”, mas o tom é diferente: mais maduro, menos (melo)dramático. E há as baladas, um diferencial da banda, com uso desmedido de violões, com muito bom gosto. São elas “Stratosphere” e “Borrowed Time”, que equilibram o tom confessional e sentimentos mais positivos. Um belo trabalho de rock neste ano. A formação conta com Guernica Mancini (vocais), ótima em todo o álbum, Filippa Nässil (guitarra) e Emlee Johanson (bateria). A baixista Majsan Lindeberg saiu no ano passado, mas registrou sua presença em algumas músicas. Sua substituta é Mona Lindgren.

– Em uma rara entrevista para uma emissora de rádio norte-americana, a guitarrista e cantora Lzzy Hale se enfureceu quando ouviu uma pergunta de cunho machista, ainda que sem a intenção: “Você se considera uma uma musa improvável do rock or sua rebeldia?” Sem perder tempo, emendou: “Sou uma musicista improvável, e até uma guitarrista improvável. É por isso que quero ser conhecida e reconhecida.” A voz e a cara da banda Halestorm não perde tempo quando se trata de defender o seu legado e o de sua banda de hard rock – como se ainda precisasse provar o tempo todo a qualidade de seu trabalho. Claro que ela não ignora o apelo que sua beleza traz e que impulsiona a sua música, mas faz questão de dizer que isto está em segundo plano. “Back to the Dead”, o quito álbum de estúdio da banda, corrobora essa tese. Mais furiosa e mais irritada, a moa parece desabafar em cada palavra gritada no novo trabalho. É o mais pesado e mais bem elaborado dos cinco discos, e certamente estará em várias listas de melhores do ano de 2022. Claro que a pandemia ajudou a fomentar a raiva, mas o álbum soa como um brado de reafirmação do trabalho do quarteto e reforça o que todo mundo percebia desde a estreia, há mais de dez anos: Halestorm sempre foi uma banda de hard rock, e se afastou cada vez mais do pop – tanto que Lzzle e sua voz forte e rasgada ajudou a lustrar canções de bandas como Dream Theater e Adrenaline Mob. “Back From the Dead”, que abre o álbum, é um senhor heavy metal de primeira, com os pés fincados nos anos 90 e com guitarras bem timbradas, com afinação baixa. Coloca a moça raivosa cantando sobre uma cama densa de riffs simples, mas poderosos. A banda não alivia em “Wicked Ways” e “Strange Girl”, que vêm na sequência e detonam em riffs igualmente poderosos e um certo jogo de guitarras – não são duelos, mas arranjos interessantes que fazem com que se complementem, especialmente na segunda canção. “Brightside” retoma um pouco as ares mais antigos do grupo, com um hard rock encorpado, mas sem muitas concessões, enquanto que “The Steeple” recupera o fôlego mais pesado, com uma letra mais agressiva, quase como um protesto. O pique é mantido em quase todo o álbum, com direito a um violão bem interessante na introdução de “My Redemption”, enquanto que “Terrible Things” traz Lzzy mais intensa e “soberana”. O final surpreendente com “Raise Your Horns”, só com a moça e o piano, é um belo encerramento para um álbum muito bom.

Suzi Quatro está de bem com a vida depois dos ótimos álbuns que lançou nos anos na companhia do filho mais velho, Richard Tuckey, um produtor e guitarrista elogiado. Assim, permitiu-se dar um refresco e se divertir no estúdio para gravar versões de canções que ouvia quando era jovem e que moldaram seu jeito de tocar baixo e de compor músicas pop e rocks pesados. “Uncovered” é um EP com seis músicas e irradia alto astral pela escolha certeira do repertório. aos 72 anos de idade, faz seu baixo soar macio e insinuate para que um monstro do rock americano brilhe – Steve Cropper, que tocou em duas canções que coescreveu – “In the Midnight Hour”, que teve a voz Wilson Pickett, e “(Sitting On) The Dock Of The Bay”, de famosa com Otis Redding.As duas versões ficaram bastante reverentes, mas exalam um certo frescor justamente por conta da presença de Cropper, um frasista excelente e um mestre da melodia. Do repertório do Creedence Clearwater Revival ela sacou a bela “Bad Moon Rising”, que ficou um pouco mais pesada, só que um groove diferente, mas roqueiro.O mesmo ocorre em “I Feel The Earth Move”, de Carole King, que perde o acento folk para ganhar mais peso e um balanço na linha de baixo – que é o destaque em “The Boss”, de James Brown, conduzindo tudo e empurrando a canção. O clássico eterno “Walking The Dog”, de Rufus Thomas, encerra a rápida obra sem grande destaque, atendo-se bem à versão original. Quando Suzi Quatro se diverte no estúdio isso se dissemina em qualquer tocador de música.

 - Depois de muito tempo em silêncio, eis que a banda Nashville Pussy voltou ao mercado com um disco ao vivo. “Eaten Alive” é interessante, com muita energia, mas não tanto quanto o seminal “Keep on Fucking in Paris”, de 2003. Gravado antes da pandemia, em shows de 2019, tem o grande mérito de conter 19 músicas que são um bom resumo do que é o grupo de hard rock mais temido dos Estados Unidos, segundo o próprio vocalista e guitarrista Blaine Cartwright. E tome sequência alucinante de hits, como “Go, Motherfucker, Go”, “Piece of Ass”, “We Want a War”, “Go To Hell”, “I’m the Man”, “Struttin’ Cock” e vários outros, tudo recheado com muitos palavrões. O grande destaque é a guitarrista canadense Ruyter Suys, casada com Blaine – formam um dupla infernal, responsável pelo conceito de misturar AC/DC com Motorhead, com resultados excelentes. O baterista desde o começo, ao lado do casal, é Jeremy Thompson, e a baixista da vez – a quinta – é Bonnie Buitrago.

Em tempos de escravidão moderna, o metal tenta nos redimir em tempos de trevas

Parecia premeditado. No momento em que  banda mineira Tuatha de Danann divulgava a sua nova música, "The Nameless", a imprensa divulgava o caso mais chocante de trabalho escravo moderno no Brasil, em no sul do país, em plena Serra Gaúcha, que está longe de ser um rincão perdido.

Form quatro anos de um terrível e nefasto governo federal de cunho quase fascista na face repugnante de Jair Bolsonaro (PL), que tentou implantar uma extrema-direita burra (redundância) e predatória, que facilitou invasão de terras indígenas e estimulou o garimpo legal - incluiu o que desmantelando as estruturas de fiscalização de Funai (Fundação Nacional do Índio), Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) e do Ministério do Trabalho.

No período, o combate ao chamado "trabalho análogo ao da escravidão", muito comum nos interiores de Minas Gerais, Pará, Mato Grosso, Tocantins, Rondônia e Amazônia, quase sempre no agronegócio, dessa vez ocorreu na vitivinicultura no Rio Grande do Sul em um ambiente que se supunha legal e moderno.

 Mais de 250 trabalhadores escravizados fora libertado em propriedades que prestavam serviço para empresas famosas que engarrafam vinhos.

Trabalho escravo em regiões que se dizem modernas e que frequentemente discriminam o "atrasado e pobre" Nordeste?

A letra de "The Nameless" é profética e certeira em relação ao caos mundial em relação ao mundo do trabalho e casou perfeitamente com a deflagração da operação que libertou os trabalhadores escravizados nas vinícolas gaúchas.

“Hear the cries, the nameless slaves, they cry. Try to hear the whispers of the kings… They are carrying the spoils they plundered and they are marching over those lying prostrate”. Em tradução livre: “Ouça os gritos, os escravos sem nome, eles choram. Tente ouvir os sussurros dos reis… Eles estão carregando os despojos que saquearam e estão marchando sobre aqueles que jazem prostrados.”

Bruno Maia, vocalista, guitarrista e flautista que lidera o Tuatha, comentou sobre a letra em entrevista recente: "Na letra tentamos trazer os excluídos, dominados e derrotados para o centro e foco da obra. Para o [filósofo Walter] Benjamin, só é possível haver justiça real se houver uma justiça histórica e uma justiça da memória. Esta música, tanto as melodias de voz, climas e letra tem em algumas dessas teses de História do Benjamin sua maior inspiração”.

Esqueçamos o eufemismo "trabalho análogo à escravidão". É trabalho escravo e pronto. O caso gaúcho é extremamente escandaloso porque é o ápice de uma circunstância que foi deliberadamente negligenciada por um governo destrutivo, que desarticulou a fiscalização oficial contra essa prática - sempre com o o apoio de deputados e senadores de extrema-direita que sempre fizera de tudo para minar, impedir, bloquear ou dificultar as fiscalizações, investigações, condenações e punições. Não é surpreendente, já que muitos desses eram alvos das próprias investigações.

É bom que uma banda engajada de heavy metal nos relembre e que tipo de mundo podre estamos vivendo especialmente no Brasil, onde vicejam e campeiam diversos tipos de atividades criminosas em quase todas as áreas tendo autoridades políticas como cúmplices, associadas ou coniventes.

A todo momento somos lembrados pela realidade que estamos mergulhados em uma fossa onde predominam práticas e ideias medievais que foram estimuladas pelo repugnante bolsonarsmo de inspiração fascista. 

"Trabalho análogo à escravidão" não é resquício de tempos obscuros, mas uma marca indelével da sociedade brasileira autoritária, escravagista, elitista e totalmente preconceituosa. É uma triste face dos tempos de trevas dos quais demoraremos muito para nos livrarmos.

Tuatha de Danann é aquela banda brasileira que anos atrás lançou um álbum com canções de protesto irlandesas, bem ao estilo folk metal, que louvavam a resistência do povo sofrido que enfrentou guerras, dominações, fome e todo o tipo de injustiças históricas. Não é surpreendente que tenham lançado um brado contundente contra a injustiça social em 2023.

Que continuem fazendo a trilha sonora do combate a nojeiras como a escravidão dos tempos modernos em terras brasileiras - e cada vez mais pertinho de você...

 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Zunido reúne atrações nacionais e internacionais em março no Sesc Pompeia

 Eugênio Martins Júnior - do blog Mannish Blog

Entre quinta, dia 9, e domingo, dia 19 de março, o famoso palco da comedoria do Sesc Pompéia abriga mais um festival entre tantos que já aconteceram, o Zunido.
 
Dessa vez o Zunido reverbera a musicalidade negra em suas mais diversas dimensões, tendo como base uma leitura contemporânea da tradição da música urbana.

A programação inclui Kid Koala & Lealani (Canadá/ Estados Unidos); Maíra Freitas & Jazz das Minas (Brasil); Marcos Valle + Azymuth (Brasil), Pupillo Sonorado apresenta Novelas: Pupillo com Thomas Harres, Marcio Arantes, Antonio Neves, Limma e Guri (Brasil), Rodrigo Ogi / Dr. Drumah (Brasil) e The Last Poets (Estados Unidos). 

Maíra Freitas & Jazz das Minas - O sexteto carioca Maíra Freitas & Jazz das Minas apresenta sua música que celebra a pluralidade de potências femininas. O show inclui ritmos como samba, ijexá, marcha-rancho, maracatu e jazz, interpretados com vivacidade entre improvisos e poesias. Criado em 2019, o grupo abre o Festival Zunido com composições de Maíra, de seu pai Martinho da Vila, além de canções de outros artistas renomados, como Luedji Luna, Nei Lopes, Milton Nascimento, Gilberto Gil e sucessos nas vozes de Nina Simone, Elza Soares e Alcione. Vencedoras do edital Sesc RJ Pulsar e selecionadas no edital FOCA RJ, elas se preparam para gravar seu primeiro álbum autoral em 2023.
Ficha técnica: Maíra Freitas (direção musical, piano, voz), Samara Líbano (violão 7 cordas), Marfa Kurakina (baixo/voz), Flavia Belchior (bateria/percussão), Mônica Ávila (sax/flauta), Rapha Morret (percussão). Dia 9/3. Quinta, às 21h30.

Marcos Valle + Azymuth - Ícones da música brasileira celebram sua parceria em show que reúne o repertório dos discos "Garra" (1971) e "Previsão do Tempo" (1973), de Valle. Fazedor de hits, o compositor, cantor, instrumentista e arranjador Marcos Valle celebra seus 80 anos. Valle incorpora em suas apresentações diversas vertentes e gêneros: da bossa nova à música negra norte-americana, do rock progressivo e psicodélico ao pop dançante dos anos 1970 e 1980, junto ao seu indefectível groove e a uma variedade de ritmos regionais brasileiros. Formado no Rio de Janeiro em 1973, a partir de uma colaboração com Valle na trilha sonora de O Fabuloso Fittipaldi, Azymuth se consolidou com um som de estilo próprio: o Samba Doido, uma combinação de soul, funk e jazz com samba. Com 35 álbuns lançados em 50 anos de uma carreira em constante movimento, o grupo já se apresentou em grandes festivais ao redor do mundo e trabalhou com musicistas como Eumir Deodato, Stevie Wonder, Sarah Vaughan, Milton Nascimento, Gal Costa, Erasmo Carlos, Airto Moreira e Flora Purim. Recentemente participou do projeto JAZZ IS DEAD, de Ali Shaheed Muhammad e Adrian Younge. Ficha técnica: Marcos Valle (fender rhodes e voz), Kiko Continentino (teclados), Alex Malheiros (baixo), Ivan Conti (bateria). Dia 10/3. Sexta, às 21h30.

Kid Koala & Lealani - DJ canadense cultuado no Brasil apresenta seu novo projeto, em parceria com a filha cantora e multi-instrumentista. Kid Koala, DJ de scratch desde 1994, é conhecido por suas habilidades. Ele evoluiu sua abordagem para combinar toca-discos com máquinas analógicas e dispositivos visuais e, assim, criar um estilo único. Koala desenvolve facilmente uma ampla gama de gêneros, incluindo hip-hop, ambiente, alternativo, clássico contemporâneo, blues, rock clássico e jazz tradicional. Com cinco álbuns solo e turnês com bandas como Radiohead, Arcade Fire, Beastie Boys e A Tribe Called Quest, Koala também conta com colaborações com Deltron 3030, Gorillaz e Afiara String Quartet. Seus shows ao vivo variam de sets de DJ a espetáculos multimídia. Em sua nova apresentação, Koala é acompanhado pela artista Lealani nos vocais, guitarra e MPC (sampler e drum machine/ misto de bateria eletrônica e gravador).
Ficha técnica: Kid Koala (toca-discos/turntables), Lealani (vocals, guitar and mpc/vocal, guitarra, MPC). Dias 11/3 e 12/3. Sábado, às 21h30. Domingo, às 18h30

Pupillo - Sonorado apresenta Novelas: Pupillo com Thomas Harres, Marcio Arantes, Antonio Neves, Limma e Guri. Lançado em meio à pandemia, o Sonorado Apresenta Novelas marca a estreia individual de Romário Menezes de Oliveira Jr., o Pupillo. O álbum apresenta temas instrumentais de novelas dos anos 70, época em que as trilhas sonoras eram assinadas por grandes compositores e traziam arranjos dos maiores maestro, a exemplo das faixas Selva de Pedra e Mentira, de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, O Semideus, de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, e Tema de Kiko, de Roberto e Erasmo Carlos. O baterista e produtor apresenta uma música funkeada e, sobretudo, instrumental, com vocais ocasionais que funcionam como instrumentos, além de projeções de imagens das novelas originais.
Antes de se apresentar solo, Pupillo foi membro da banda Nação Zumbi até 2018 e tem colaborado com artistas como Gal Costa, Marisa Monte, Otto, Junio Barreto, Lirinha, Mombojó, Nando Reis e Céu. Como compositor de trilhas sonoras, assina músicas de filmes como: Baile Perfumado (1997), Amarelo Manga (2003), Baixio das Bestas (2006), Árido Movie (2006), Besouro (2008), Jardim Atlântico (2012), Quase Samba (2013), Sangue Azul (2015) entre outros.
Ficha técnica: Pupillo (bateria), Guri (guitarra), Marcio Arantes (baixo), Thomas Harres (percussão), Limma (teclado), Antonio Neves (trombone). Dia 16/3. Quinta, às 21h30.

Rodrigo Ogi / Dr. Drumah - Em noite de duas atrações, Dr. Drumah traz seu dub set com como maior referência e Ogi se apresenta acompanhado com a banda. Dr. Drumah é o nome artístico adotado pelo produtor e baterista baiano Jorge Dubman para sua persona beatmaker. Tendo o dub como principal referência de seu trabalho, o músico busca citá-lo em composições de qualquer estilo. Com a sintetização de sons, Dubman tornou-se conhecido pelos delays que reproduz organicamente em caixa e chimbal. Exaustivo pesquisador, procura aplicar em suas composições diferentes formas de se relacionar com os sons e utiliza em seu set programações e samplers. É fundador do grupo instrumental IFÁ, onde atua como produtor e baterista. Sob a alcunha de "Drumah", já soma 13 álbuns produzidos, possui também dois álbuns autorais: The Confinement Vol. 1: África, lançado no início da pandemia, e Nu-Konduktor, de 2021. Ficha técnica: Dr. Drumah (bateria), Bruno Aranha (teclados), Fabricio Mota (baixo), Fernando Macuna (percussão), Gleison Coelho (sax e flauta), Junix (guitarra).

Rodrigo Ogi - No rap desde o começo dos anos 2000, quando integrava o grupo Contra Fluxo, Rodrigo Ogi se lançou na carreira solo em 2011, com o elogiado Crônicas da Cidade Cinza. Quatro anos depois, o rapper regressou com Rá!, produzido pelo curitibano Nave, que consolidou seu nome no rap brasileiro e foi o responsável por Ogi passar a convidar músicos para tocar instrumentos em seus discos. Já Pé no Chão, mostra um outro lado de Ogi, famoso como contador de histórias, dando espaço para faixas mais pessoais. O show com banda apresenta versões novas e mais imersivas de suas canções. Inspirado em grupos famosos do rap norte-americano, como o The Roots e o Digable Planets, o espetáculo utiliza instrumentos para ressaltar a organicidade e a musicalidade de suas faixas, e conta ainda com a fundamental presença do DJ, elemento indispensável da cultura hip-hop. Ficha técnica: Rodrigo Ogi (MC), DJ Nato (PK), Tiago Red (MC), Bruno Dupre (guitarra), Rato Bass (contrabaixo elétrico), Muka Brass (bateria). Dia 17/3. Sexta, às 21h30.

The Last Poets - Pela primeira vez no país, precursores do rap apresentam seu icônico catálogo de spoken word music em tom revolucionário. Antes mesmo que o rap soubesse seu nome, The Last Poets falava sobre racismo, pobreza e outras preocupações sociais afro-americanas. Seus poemas clássicos Niggers are Scared of Revolution, This is Madness, When the Revolution Comes e Gashman foram lançados nos dois primeiros álbuns, The Last Poets (1970) e This Is Madness (1971), e provocaram uma considerável e longínqua influência no cenário do hip-hop.
O lendário grupo surgiu no final dos anos 60, no bairro do Harlem, em Nova York, fundado por Abiodun Oyewole, David Nelson e Gylan Kain. Ao longo da sua história, agregou mais quatro jovens poetas negros e hispânicos: Umar bin Hassan, Felipe Luciano, Jalal Mansur Nuruddin, e Suliaman El Hadi, além de dois percussionistas: Nilaja Obabi e Baba Don.
Ficha Técnica: Abiodun Oyewole, Dahveed Nelson, Babatunde (Baba Don), (Guest Poet) Sharrif Simmons, El Rhan Da Soundking (DJ). Dias 18 e 19/3. Sábado, às 21h30. Domingo, às 18h30.

Serviço:

De 9 a 19 de março de 2023
Sesc Pompeia
Local: Comedoria
Ingressos: R$ 50 / R$ 25 / R$ 15
Classificação indicativa: 18 anos