terça-feira, 31 de outubro de 2023

Metal nacional tipo exportação: Noturnall e Viper

Desde 2021 o mercado nacional de música pesada tem oferecido uma variedade grande de álbuns ótimos, diversificados e muito interessantes, por mais que o interesse já não seja tão grande quanto foi no passado.

O período rico nos deu trabalhos de nível internacional de artistas como Krisiun (como sempre), Edu Falaschi (como sempre), Shaman, The Damnnation, The Giant Void, Twilight Aura, o primeiro da Crypta e o quarto da Nervosa, com nova formação, só para citar alguns - neste ano, Nervosa e Crypta lançaram novos CDs ainda melhores.

Depois dde muito tempo, Noturnall e Viper gravaram trabalhos ótimos em 2023, mantendo a chama do heavy metal e mostrando alta criatividade. São álbuns incríveis e dinâmico.

 - A redenção foi o motor para a consolidação do melhor álbum de uma carreira que já supera dez anos após o segundo fim do Shaman, ocorrido nos idos de 2010 e 2011. O Noturnall se tornou uma potencial assim que foi anunciado, e trilhou um caminho dos mais veneráveis no metal internacional, por mais que as turbulências fizessem parte de sua trajetória.

"Cosmic Redemption", o quarto álbum de estúdio, é um álbum de superação acima de tudo e drible no destino que parece conspirar contra em algumas vezes. O guitarrista americano Mile Orlando gravou o disco e imprimiu um toque de power metal ianque e muito virtuosismo, mas não faz parte do grupo atualmente.

"Depois da pandemia de covid-19, ficaram inviáveis as vindas dele ao Brasil por conta do dólar muito alto. e nós também não temos como arcar os custos de nossas viagens a Nova York", disse o vocalista Thiago Bianchi em conversa com o Combate Rock. "Não consigo precisar neste momento se ele saiu definitivamente, mas, por enquanto, o Leo Mancini, que já foi do Shaman e da Noturnall, está tocando conosco."

Com produção certeira e ótimas músicas, "Cosmic Redemption" é a confirmação da evolução artística de uma banda que nasceu grande e que passou por cima do pessimismo. É o melhor dos quatro trabalhos de estúdio.

Mais do que maturidade, o trabalho ostra uma banda que esbanja confiança. Não há exageros e nada tão ousando a onto de causar estranhamento. É um conjunto de músicas que estabelece uma marca e faz da Noturnall um nome brasileiro de padrão internacional definitivamente. Hoje, oferece mais certezas do que dúvida.

Duas músicas já tinham sido divulgadas como aperitivo. "Scream!!! For!!! Me!!!" é power metal explosivo, que ganhou um clipe ainda com a presença de Orlando. Guitarras perfeitas conduzem um trem aparentemente desgovernado a um final apoteótico. E tem a luxuosa participação de Mike Portnoy (Sons of apollo, winery Dogs, ex-Dream Theater) na bateria.

"Try Harder" é outra canção poderosa que trilha o metal tradicional. Se ela não apresenta inovações ou algum tipo de ousadia, oferece energia e peso necessários para uma boa canção de apresentação de um novo trabalho.

As duas músicas, entretanto, não entregaram o principal: a versatilidade e  profusão de boas ideias em "Cosmic Redemption", cuja faixa-título já tinha sido executada na turnê russa ao lado do Disturbed antes da pandemia.

No estúdio ela soa mais sofisticada, com riffs incisivos de guitarra e uma seção rítmica que transmite total segurança - o baixo de Saulo Xakol é pulsante e pesado e a bateria de Henrique Pucci é firme e sólida. É a música que sintetiza o álbum.

"Cosmic Redemption é o disco que mais lutei para lançar e provavelmente um dos mais fortes de minha
carreira. Depois de toda uma reestruturação da banda e uma pandemia, por muitas vezes achei que não conseguiríamos…", comentou Bianchi quando do lançamento.  

O cantor expressa gratidão pela perseverança da banda e de seus colaboradores e se diz orgulhosos do que foi elaborado. "Metal é isso aí, é uma força maior do que os indivíduos de uma banda… e tem
vida própria. Orgulho gigante dos meus parceiros de banda e desse disco. Redenção Cósmica é exatamente o que estamos passando enquanto raça."

"Reset the Game" segue na mesma toada, e é possivelmente a melhor do disco entre um punhado de ótimas músicas. É metal na melhor amplitude da palavra, com os melhores e refrões que a banda produziu nos últimos tempos. 

Tem ainda uma ótima balada quase blues, a bela "Shadows (Walking Through)", carregada de simbolismos e que reflete alguns momentos difíceis da banda desde ano passado. Os arranjos orquestrais foram coordenados pelo guitarrista Michael Romeo, da banda Symphony X.

- A cobrança por novas músicas é uma das maneiras de se medir a relevância de um artista. Por esse parâmetro, "Timeless", o novo álbum da banda paulistana Viper, reafirma o que a grande parte dos apreciadores de música pesada no Brasil, sempre afirmou: como é bacana saber que que ela de volta. Ao mergulhar no passado, a banda paulistana recuperou a relevância que demonstrou ao longo de sua carreira de quase 40 anos.

O lançamento deum disco de inéditas 16 anos depois pode ser interpretado de muitas maneiras: renascimento, resistência, resiliência, tenacidade, persistência e até teimosia. Os mais afoitos ainda perguntam: precisamos de mais um álbum do Viper? Precisamos de sua volta?

"Para sorte nossa e do mundo do metal, parece que sim, a julgar pela grande expectativa que 'Timeless' gerou", disse o guitarrista Felipe Machado com bom humor e empolgação, em entrevista exclusiva ao Combate Rock. "O Viper tem um legado importante, independentemente de ter uma história atribulada. E há anos somos cobrados pelas músicas novas desde que anunciamos que as lançaríamos. Se somos cobrados, e porque as pessoas se importam com nosso trabalho."

"Timeless", é mais uma tentativa de corrigir um passado ingrato com uma das melhores bandas de rock pesado surgidas por aqui. Depois de 16 anos, imaginava-se que haveria rotas a serem corrigidas, mas que, na verdade, não precisam ser redirecionadas. Cada coisa ao seu tempo, e na sua velocidade.

 "All My Life", de 2007, era uma coleção de boas ideias que teve uma repercussão aquém do que merecia. Como reflexo de um período de dificuldades, a banda entrou em recesso.

Com as presenças de Leandro Caçoilo (vocais) e Kiko Shred (guitarra solo), o Viper soa revigorado, ainda que buscando inspiração no passado. É praticamente uma outra banda, com novas ideias e percorrendo um caminho u pouco diferente.

O power metal da maioria das canções lembra bastante o ótimo "Theatre of Fate", disco de 1989 que ampliou a presença do Viper no exterior ainda com Andre Matos, que sairia em seguida. 

Outras canções, como "The Android", mais reta, dura e rápida, remete a "Coma Rage" (1992), com uma influência mais punk, quase hardcore, e um tempo em que os vocais estavam a cargo do baixista e fundador Pit Passarell.

Para alguns críticos, "Timeless" é um disco desnecessário porque nada acrescenta, estando alicerçado no passado; para outros, foi graças a esse alicerce que a banda encontrou forças para finalmente lançar "Timeless" em um período difícil, que combinou pandemia de covid-19 coma morte de Matos, então ainda ligado ao Viper.

"Under the Sun" e "Timeless", as canções já divulgadas em singles, demonstravam uma certa "busca" por algo perdido no passado e, com isso, mantendo a chama acesa. 

A presença de Caçoilo era o que faltava para consolidar essa fase de resgate. O cantor entendeu perfeitamente o momento e lapidou as canções emprestado versatilidade e confiança. Comprou as ideias e colocou em prática um cabedal de influências que amenizou o ar "vintage" do disco.

Quem escutou "Inter-Mundos", do Caravellus, outra banda do vocalista, sabe exatamente do que Caçoilo poderia entregar.  Os bons resultados do Viper atual se devem muito a ele.

"Under the Sun" já é um clássico da banda, om potência e ótimos riffs de guitarra. Respira ares oitentistas, mas entrega algo mais, misturando passado e presente em timbres modernos.

"The Android" surpreende com sua velocidade punk e arranjo amis "sujos" que transpiram descontração e bom astral. "Angel Heart", talvez a melhor do álbum, é um hard 'n'heavy de alta qualidade e com tamanha a vontade de ser tocada que  não há como não relacioná-la a Andre Matos. Coroa uma coleção de canções que marcam mis um renascimento do Viper. 

E há ainda o encerramento com duas canções singelas e pungentes, com forte presença de violões e arranjos delicados. 

"Thais", dedicada à mulher de Pit Passarell, que morreu em 2019, é bela e cadenciada, uma quase balada empolgante, enquanto a reflexiva "Reality" fecha bem um trabalho bem feito e que, de alguma forma, redime uma banda que nunca cansou de procurar o seu caminho. O acerto em apostar em um conceito meio batido -  o disco se propõe a explorar uma sonoridade atemporal,  é evidente.

A formação atual tem Leandro Caçoilo (vocal), Kiko Shred (guitarra), Pit Passarell (baixo e vocais) e Felipe Machado (guitarra) e Guilherme Martin (bateria). Participaram das gravações os ex-guitarristas da banda Hugo Mariutti e Yves Passarell (que passaram pelo Viper antes de seguir para o Shaman e Capital Inicial, respectivamente), além de Daniel Matos, baixista e irmão de Andre Matos. A produção é de Maurício Cersosimo, que já trabalhou com nomes como Paul McCartney e Avril Lavigne, com coprodução de Val Santos, ex-guitarrista e integrante do Viper.
 


Violento e assustador, 'Jailbreak", da Nervosa, é o grande album do metal extremo em 2023

 Ninguém gosta de cair, pois geralmente machuca. Só que a gravidade dos machucados, às vezes, definem as trajetórias de qualquer um. 

Olhar para trás parece ser um exercício cada vez mais necessário no mundo artístico, principalmente depois da pandemia de covid-19 e das rápidas mudanças de comportamento e negócios no mundo da música. 

Olhando para trás, a guitarrista brasileira Prika Amaral pode sorrir e verificar que as quedas forjaram o seu futuro, que se transformou e um trabalho maravilhoso como "Jailbreak", o mais recente de sua banda, a Nervosa, criada em 2010 em São Paulo e hoje baseada na Grécia.

"Não poderia estar mais feliz com as músicas que gravei e com a nova fase.", disse a musicista em rápida conversa com este jornalista em uma recente celebração da banda Torture Squad em São Bernardo do Campo (ABC paulista). "Há uma caminho instigante a ser percorrido e estou curtindo o momento."

"Jailbreak" é um álbum memorável. Violento, ríspido, mas com guitarras lancinantes e pesadíssimas, capazes de cortar aço com a potência com que foram despejadas em uma produção que as ressaltou. é um veículo de destruição em massa e marcante por contar com um instrumental poucas vezes tão impactante. É um dos melhores álbuns de metal extremo gravados nos últimos anos.

Com um trio formado só por mulheres, a Nervosa chamou a atenção desde o começo no Brasil por conta da qualidade de seu heavy metal trabalhado, cheio de influências e vigoroso. 

Mesmo com a rotatividade de bateristas, a dupla Prika Amaral (guitarra) e Fernanda Lira (baixo e vocais) oferecia um olhar diferente e demolidor de som extremo, com temas que iam além da destruição generalizada preconizada pelas bandas do gênero.

Foram mais de dez anos em ascensão contínua, que deu visibilidade internacional ao trio, que se estabilizou com a baterista gaúcha Luana Dametto. 

No entanto, a pandemia exacerbou as diferenças pessoais e musicais entre as integrantes, sendo que pesou muito a questão do direcionamento musical: ficar no thrash metal ou enveredar para o death metal mais podre e cru?

Fernanda e Luana anunciaram que estavam saindo em medos de 2020 para criar outra potência feminina brasileira, o quarteto Crypta, mas orientado para  death meta com dois álbuns nas costas.

Em dois meses, com a ajuda da gravadora, Prika reformou a Nervosa, que virou um quarteto internacional - Diva Satânica nos vocais (Espanha), Eleni Nota na bateria (Grécia) e Mia Wallace no baixo (Itália). Não demorou muito e "Perpetual Chaos" foi lançado em dezembro de 2020.

O álbum era muito bom e prenunciava os bons ventos que viriam, mas a agenda pesada de shows a inexperiência das novas integrantes e o lançamento meio precipitado do quarto álbum cobraram o seu preço. Eleni e Mia, com problemas de saúde e familiares, não puderam seguir em frente, e Diva, insatisfeita com a administração centralizadora de Prika, optou por sair.

Escaldada e com mais tempo para analisar e refletir, fez nova reformulação com musicistas mis acostumadas com a dureza do mercado do metal e com o trabalho mais intenso. 

O entrosamento foi rápido e Helena Kotina (guitarra), Hel Pyre (baixo), duas musicistas gregas, e Michaela Naydenova (bateria), da Bulgária, deram vida a "Jailbreak", agora com Prika assumindo também os vocais. "A identidade da banda, a partir de agora, nunca mais vai mudar neste quesito", declarou ela ao canal de YuTube brasileiro Heavy Talk.

Foi uma decisão tomada no final de 2022, quando Diva já tinha saído e as gravações do novo disco estavam a odo vapor. Com o auxílio de Mayara Puertas, vocalista do Torture Squad, Prika aprendeu rápido e mostrou uma evolução impressionante.

Pela inexperiência cantando, a líder d Nervosa mostrou pouca versatilidade e um vocal ainda hesitante em alguns momentos - nada mais natural diante de tão pouco tempo. Como o álbum é excelente, essa passou a ser uma questão menor nas análises de "Jailbreak".

Os trabalhos de guitarra são brilhantes, pesados e com timbres gordos, gigantes, que preenchem todos os ambientes, além de solos precisos e cortantes. A abertura com "Endless Ambition", ´uma pancada na cabeça, remetendo aos melhores momentos de Exodus e Death Angel, por mais que, no geral, o som seja mais europeu, digamos assim.

"Suffocare" e "Ungrateful" vêm logo em seguida e não dá espaço para respiro. São toneladas e tonelada s de riffs violentos e insanos que estremecem tudo. É muita agressividade, como se Prika precisasse despejar todo os demônios de uma só vez.

Se fosse necessário destacar uma só paulada, seria "Elements of Sin", uma aula de thrash metal que incorpora diversos elementos do extremo do espectro musical, mesclando influências brasileiras, americanas e escandinavas. É a melhor canção entre as 13 de "Jailbreak", que não tem uma música "boazinha". São todas ótimas.

Mas a parte mais violenta mesmo é a trinca "Jailbreak", Sacrifice" e Behind the Wall", as três com suas tempestades de riffs e uma "parede sonora" impactante.

"Jailbreak" é um álbum muito bem produzido, gravado e mixado, beirando a perfeição em termos de agressividade e violência. O entrosamento entre Prika e Helena é repsonsável, em grande parte, pela alta qualidade de um trabalho visceral e estupendo.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Canal Bis estreia a série Black to Black em homenagem à música preta brasileira.

 Estreia hoje (30), no Canal Bis, a série Black to Black. Em seis episódios, a série busca destacar a importância e a presença da cultura negra na música brasileira, reunindo artistas do passado e do presente. Em seis episódios, teremos um artista negro da cena musical brasileira contemporânea interpretando clássicos da música preta brasileira. 

Para quem gosta de rock, o destaque é a banda mineira Black pantera, que fez releituras interessantes e muito pesadas para clássicos da música baiana. O trio de hardcore/thrash  mental é uam das bandas de rock mais importantes do Brasil atualmente.

No episódio de estreia, a cantora Larissa Luz canta alguns clássicos do samba e revela a sua relação com o gênero e a importância dele em sua formação musical e de vida. 

A série é uma produção da Opala Comunicação, com co-produção do Canal Bis e teve a direção de Felipe Ariani, produção executiva de Eriel Civali e roteiro de Maurício Gaia, integrante da equipe do Combate Rock.

Nos demais episódios, teremos:

06/11 - ep 02 - Sérgio Loroza | Black Rio

13/11 - ep 03 - Tati Quebra Barraco | Funk Carioca

20/11 - ep 04 - Simoninha | Soul Brasileiro

27/11 - ep 05 - Black Pantera | Bahia

04/12 - ep 06 - Paula Lima | DIVAS BRASILEIRAS


 

domingo, 29 de outubro de 2023

Morre Danilo Santos de Miranda, a alma e o coração do Sesc-SP

 "O Sesc é a salvação da cultura nacional. Sem o Sesc estaríamos nas trevas. Até Wynton Marsalis, quando veio tocar em São Paulo, elogiou  instituição, disse que não havia nada igual no mundo."

As sentenças acima são de um importante músico paulistano de blues e um assíduo frequentador dos palcos dos Sescs do estado de São Paulo, de longe o mais bem aparelhado e instigante. 

Soho de todo músico de qualquer estatura, fazer uma turnê pelas unidades Grande São Paulo e interior é garantia de pagamento bom e em dia. E isso apenas para ficar na área da música.

Esse modelo de sucesso, bem-sucedido e vitorioso é fruto da visão de um homem iluminado: Danilo Santos de Miranda, que chegou à instituição em 1969 e se tornou o gerente-geral do Sesc-SP os anos 80. Ele morreu neste domingo (29), aos 80 anos.

Não são poucos os que o consideram a figura mais relevante da cultura paulista das  últimas quatro décadas. Sociólogo, filósofo e ex-seminarista, refinado e culto, tinha uma sensibilidade inacreditável para lidar com as artes e o entretenimento. Levou a sofisticação e o refinamento para a agenda cultural so Sesc ao po to de se tornar referência internacional.

Se temos uma coisa chamada Sesc Jazz, com atrações das mais relevantes em termos internacionais que ocorre agora em novembro, é resultado da visão empreendedora e inovadora de Miranda. "precisamos oferecer nada mais do que o melhor para o nosso público. O retorno é garantida e recompensador", disse certa vez o executivo de cultura a este jornalista, em rápida entrevista ao Combate Rock.

E partiu dele uma das iniciativas mas relevantes e recentes do Sesc - o apoio à Orquestra Mundana Refugi, criada pelo multi-instrumetista Carlinhos Antunes que reúne uma miríade de músicos estrangeiros que vivem refugiados em São Paulo e no interior, gente que fugiu da pobreza e de perseguições religiosas e políticas.

 Mais de 50 músicos já passaram pela orquestra, representando ao menos 25 países. Seus dois CDs com canções brasileiras e de várias regiões do mundo receberam críticas esfuziantes em muitas partes do mundo.

"O Sesc-SP é o alicerce do bom gosto e da extrema capacidade de realização artística de nossa sociedade", declarou certa vez o dramaturgo e teatrólogo José Celso Martinez Correia, morto neste neste ano, em conversa informal com este jornalista durante um evento no seu teatro Oficina em 2018. "O suporte que a entidade é exemplo de política cultural voltado ao fomento  e à realização.: ""

À Folha de S. Paulo, ele declarou: "Se não tivesse Danilo Miranda, não tinha teatro em São Paulo. Só teria musical".

O belo texto que a Folha de S. Paulo fez para homenageá-lo foi direto ao ponto: "O Sesc, sob sua batuta, mais que dobrou de tamanho e se abriu para o Brasil e para o mundo. Miranda inaugurou a grande maioria das unidades da instituição no estado e retirou suas catracas para o livre acesso às acolhedoras áreas de convivência."

Green Day lança clipe da música ‘The American Dream Is Killing Me’

Do site Roque Reverso

O Green Day lançou na terça-feira, 24 de outubro, o clipe da música “The American Dream Is Killing Me”. É o primeiro single e a faixa de abertura do novo álbum que o grupo norte-americano também anunciou para o início de 2024.

“Saviors”, cuja capa acompanha este texto, tem o dia 19 de janeiro de 2024 como data oficial de lançamento, via Reprise/Warner Records, com distribuição nacional da Warner Music Brasil.

O clipe do Green Day contou com direção de Brendan Walter e Ryan Baxley. O vídeo vem em preto e branco e apresenta a banda no meio de um apocalipse zumbi.

Gravado em Londres, na Inglaterra, e Los Angeles, nos EUA, “Saviors” é a mais recente colaboração entre o Green Day e o produtor vencedor do Grammy, Rob Cavallo, que já trabalhou com a banda nos icônicos discos “Dookie”, de 1994, e “American Idiot”, de 2004.

Será o 14º álbum de estúdio do grupo e sucederá “Father Of All Motherfuckers”, lançado oficialmente em janeiro de 2020, ainda antes da pandemia.

“The American Dream Is Killing Me” foi uma das últimas faixas escritas e gravadas pelo Green Day para o novo álbum. “Assim que finalizamos, logo dissemos – ‘Ok, essa será a primeira'”, disse, em comunicado sobre o disco à imprensa, o vocalista e guitarrista Billie Joe Armstrong.

Ele descreve a nova música como “uma visão de como o sonho americano tradicional não funciona para muitas pessoas. “Na verdade está prejudicando muitas pessoas.”

https://youtu.be/t1TDvy7djJg

Torture Squad promove encontro acústico fantástico com amigos no ABC



Um karaokê um pouco diferente, acústico e com nomes importantes do rock nacional e internacional em uma aconchegante cervejaria na Grande São Paulo em plena noite de sexta-feira chuvosa. Uma ideia simples, nem um pouco original, mas que de muito certo.

Depois de algum tempo, a banda paulistana de death metal Torture Squad reuniu amigos e fãs para uma jam intimista na cervejaria Everest, no centro de São Bernardo do Campo (ABC paulista) para homenagear os heróis do rock que influenciaram os músicos.

A Everest é a responsável por fazer cervejas com rótulos das principais bandas brasileiras de rock, como Dr. Sin, Krisiun e do próprio Torture Squad.

O palco era pequeno e o ambiente bem intimista comportava pouco mais de 100 pessoas, o que foi suficiente para uma festa bacana regada a Black Sabbath, Deep Purple, Judas Priest, Iron Maiden, ZZ Top e muitos outros nomes fundamentais do rock clássico. Era mais uma edição do Torture Squad & Friends.

"É uma iniciativa descontraída e meio despojada de encontrar amigos e fazer um som que normalmente não tempos oportunidade de fazer", comentou o baterista Amílcar Christófaro, o mestre de cerimônia e um dos fundadores do Torture Squad.

Os convidados desta vez foram Prika Amaral, guitarrista e vocalista da banda Nervosa, Karina Menascé, vocalista da banda Allen Key, Alexandre Grundheidt, vocalista e guitarrista do Ancesttral, e Thiago Oliveira, guitarrista das bandas Sevenh Seal, além de Evandro de Marco, ex-vocalista da banda Ultrassônicos e um dos sócio da Everest.

A participação de Prika era a mais aguardada, já que banda Nervosa, que ela fundou em São Paulo em 2010, agora tem formação internacional e está baseada na Grécia. Nervosa acabou de lançar um poderoso álbum, "Jailbreak"

A descontração tomou conta de ambiente e a banda e convidados surpreenderam com versões acústicas ótimas para grandes hits, quase todos cantados pelas três mulheres escaladas - além de Prika e Karina, teve também Mayara "Undead" Puertas, a cantora do Torture Squad. De Marco ("Detroit Rock City") e Grunheidt ("Love Gun") interpretaram canções do Kiss.

Foi uma oportunidade interessante de observar Mayara e Prika cantando com vozes limpas e deixando o metal extremo de lado para cantar clássicos. A voz dos infernos e demolidora de Mayara ficou de lado para ela cantasse "Barracuda", da banda Heart.

Prika, por sua vez, surpreendeu ao mandar muito bem em "Please Don't Touch", ótima canção da banda Girlschool em parceria com o Motorhead. Faz menos de um ano que a moça assumiu os vocais de sua banda e estava insegura em cantar limpo pela primeira vez em público.

Já Karina, mulher de voz poderosa e ótimos recursos interpretativos, deu vida nova a "Evil Woman", que ficou famosa com o Black Sabbath em seus primórdios, e na maravilhosa "Desert Plains", do Judas Priest.

Foi um evento gostoso e muito interessante, com descontração e música da melhor qualidade, uma celebração entre amigos e fãs de uma banda importante do cenário - e que outras casas de shows e bares adotem a mesma prática, pois a Everest ofereceu o clima perfeito para o encontro.

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

No mundo do realities shows, Barão Vermelho puxa o público para o palco

 Depois das Velhas Virgens recorrerem ao "reality show no palco" para escolher a sua nova vocalista, agora é a vez o Barão Vermelho recorrer ao expediente para se aproximar de seu público e estimular uma maior interação.

"Barão e Você" é um desdobramento das comemorações dos 40 anos de existência da banda, que rendeu quatro EPs e uma longa e exitosa turnê nacional. A ideia é fazer com que os fãs gravem um vídeo - e sua publicação nas redes sociais - com a sua versão para "Pro Dia Nascer Feliz" e enviar para a banda, que vai avaliar as versões e escolher o melhor "músico' para tocar uma canção com o grupo.

"Foi uma ideia do [Rodrigo] Suricato. É uma coisa simples, mas criativa e que nos aproximará do público", afirma o baterista Guto Goffi. "É ma forma também de estimular a galera a estudar um pouco de música, e ver como os jovens encaram a nossa música."

O teste veio com a música "Por Você", onde a banda convocou fãs para participar de um "ensaio virtual". foi o pontapé inicial para chamar de vez o público para participar e "tocar" com os quatro músicos.

O quarteto gravou os vídeos interativos e os publicou em suas contas no YouTube e Instagram. em cada um dos vídeos, um dos músicos abandona o estúdio e deixa a "lacuna" para que o fã coloque a sua "parte" - vocais, teclado, bateria, baixo e guitarra. 

Segundo Goffi, não haverá um critério específico para a escolha do felizardo que vai tocar com a banda. "Acho que vai passar muito pela espontaneidade, e nem tanto pela técnica. Pode ser que achemos que o cara que seguiu direitinho a música original foi bem, ou então alguém que fez um solo criativo de guitarra, bateria, sei lá. O importante é que tenhamos um bom material para para ver como os fas se relacionam com a nossa música."

Há também a questão do estudo do instrumento, algo que sempre foi estimulado pelo quarteto. Para o baterista do Barão, a brincadeira "Barão e Você" também servirá para trazer um público mais jovem para perto da banda, 

"Não deixa de ser uma iniciativa para que o pessoal pegue o instrumento com mais afinco e faça uma versão legal da música. Queremos que os jovens busquem a informação, conheçam mais a nossa obra e estudem mais", diz Goffi.

O público poderá se gravar tocando guitarra, bateria ou teclado junto com os integrantes do Barão. Depois é só postar a performance no Instagram com a hashtag #BaraoEVoce e marcar a página @baraovermelhooficial.

O participante que mais se sobressair poderá realizar o sonho de tocar ou cantar ao vivo com a banda no palco do Qualistage, no Rio de Janeiro, dia 2 de dezembro. 

Fãs de todo o Brasil poderão enviar seus vídeos até o dia 14 de novembro e o vencedor será divulgado no dia 24 de novembro.

Links dos trechos no Instagram, para gravação de cada instrumento:

Guitarra: https://www.instagram.com/reel/CyjeCx9x4lL/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==

Bateria: https://www.instagram.com/reel/Cyjuy-ORM1G/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==

Voz: https://www.instagram.com/reel/Cylsk23xX4T/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==

Teclado: https://www.instagram.com/reel/CymZgQUxitw/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==

Playlists no Youtube com vídeos completos: https://youtube.com/playlist?list=PLEx1u1dVGbFxlu4aUrG30lHa13nG5oujJ&si=JIYNczQ6PN6Nv_-u


Lançamentos selecionados: Winger, Tygers f Pan Tang, Dokken...

Um culto a um passado nem tão recente, mas que estimula uma nostalgia positiva capaz de empurrar e resgatar bons sentimento e a criatividade perdida em algum lugar deste século inóspito para uma série de bandas e artistas.

Do mergulho de volta aos nos 80 tivermos boas surpresas, como o novo álbum dos Rolling Stones, que voltam às inéditas depois de 18 anos com bons resultados. Parece ser uma espécie de tendência deste ano de 2023, em especial na área do hard rock.

Na busca pela inspiração 40 anos atrás, o grupo americano Winger ganhou uma sobrevida com o surpreendente álbum "Seven", com uma sonoridade moderna e densa em canções de boa qualidade, em um ambiente de rejuvenescimento pouco provável para uma banda que tantos percalços sofreu a partir dos anos 90.

Enveredando por uma área pantanosa, o chamado hard'n'heavy, o Winger conseguiu retomar um caminho que parecia vitorioso lá nos anos 80, quando Kip Winger, o vocalista, despontava como uma liderança do hard rock americano em uma tendência musical que parecia eterna. 

Seria o Winger o principal rival americano do britânico Def Leppard? Seria a banda necessária para se contrapor à estética espalhafatosa e cheia de excessos do Motley Crue?

Quarenta anos depois, sobraram boas ideias e uma postura maia madura em canções como a estupenda "Proudn Desperado", que abre "Seven" com uma força incomum para bandas de hard rock aparentemente extenuadas pela décadas de peleja. A canção tem refrão pegajoso e riffs vigorosos de guitarra.

As baladas pesadonas "Tears of Blood " e "Broken Glass" ressaltam um instrumental classudo e melodias de bom gosto, onde os timbres de guitarra surpreendem ao criar climas mais densos, indicando novo caminhos para um subgênero do rock que há tempos carecia de alguma novação.

A mesma pegada diferente e pesada pode ser observada em canções fortes como "One Light to Burn" e "Resurrect Me", que são quase rocks de arena. E ainda tem o encerramento épico com " It All comes back Around", talvez a canção mais surpreendente do álbum. 

Para quem não dava nada a uma veterana banda de hard rock que deveria ter sido bem mas do que foi, "Seven" é um álbum bastante surpreendente em 2022.

O mesmo podemos dizer de "Ritual", da quase obscura banda inglesa Tygers oof Pan Tang, aquela que que quase fez sombra ao Def Leppard. Nome de frente da NWOBHM (new wave os british heavy metal), o grupo sofreu no começo com trocas de integrantes e ficou pelo caminho, mesmo tendo revelado um guitarrista excelente como John Sykes, que depois iri para o Whitesnake.

Com idas e vindas ao longo de 40 anos, a banda manteve uma integridade impressionante, jamais e rendendo a algumas facilidades dde mercado. Variou do hard ao heavy, mas sem apelações, mesmo quando a fase era crítica e lançava discos sem muita inspiração.

"Ritual" é muito bom, recuperando uma qualidade que banda destilava lá no começo os anos 80, em clássicos como "Spellbound" e "Wild Cat".  O riff de abertura da faixa "Worlds Apart", que inicia o novo álbum, é uma verdadeira aula de rock e de como insuflar multidões em shows.

Outro bom exemplo dessa usina de riffs, cortesia do ótimo guitarrista Robb Weir, é "Destiny", que não é tão moderna quando a anterior, e tenta emular um climão anos 80 típico dos momentos mais clássicos dos filmes de diversão de Hollywood. Com habilidade, a banda construiu uma canção cativante.

"Spoils of War" já retoma a veia mais pesada, com timbres de guitarra vigorosos e riffs cavalares que lembrar um pouco o estilo do Iron Maiden, algo parecido com o que constatamos também em "While Lines" e "Words Cut Like Knives", que soam mais palatáveis, mas não menos pesadas.

Não há um momento épico, daqueles que bandas clássicas como Saxon costumam fazer em odo álbum - como esta banda fez em "Pilgrimage" em seu mais recente trabalho, "Carpe Diem" -, mas "Ritual" está repleto de boas ideias e riffs, como em "Sail On" e "Art of Noise". Nada mal para uma banda que foi acusada há não muito tempo de ser apenas um fantasma pairando por ai sem assustar ninguém.

Enveredando pela mesma linha do Winger, o Dokken refinou seu hard rock cheio de arranjos e ficou ais pesado e intenso em "Heaven Comes Down". Os americanos capricharam na produção, mas sem a saturação que sempre caracterizou o som do grupo em sua melhor fase dos anos 80.

O disco é o primeiro desde a aposentadoria do baterista original, “Wild” Mick Brown. Seu substituto é Bill “BJ” Zampa. O baixista Chris McCarvill também estreia em estúdio. Os dois músicos também são membros do House of Lords. O vocalista Don Dokken e o guitarrista Jon Levin completam a formação.

Sem arroubos de gigantismo, a banda buscou uma sonoridade que tivesse alguma relação com o som massivo e encorpado de seu auge, e foi isso que Don Dokken buscou ao assinar a produção, ao lado de Bill Palmer, contando com o auxilio precioso de Kevin Shirley (produtor de Iron Maiden, Dream Theater e Black Country Communion) na mixagem.

Em recente declaração ao site inglês Blabbermouth, Dokken não escondeu que mirava uma sonoridade que remetesse a um período interessante de sua carreira, quando vendeu mais de 10 milhões de cópias dos seus álbuns dos anos 80 - “Tooth and Nail” (1984), “Under Lock and Key” (1986) e “Back for the Attack” (1988), todos premiados com discos de platina nos Estados Unidos.

A tentativa foi válida, pois "Heaven Comes Down" é um disco poderoso que busca um equilíbrio entre um som mais moderno e o "vintage". 

Se não é tão inspirado quando o ótimo album do Winger, ao menos acerta em valorizar timbres de guitarra mais claros e limpos, em uma linha seguida por muito tempo Guns N' roses. 

"Is It Me Or You?" é melhor exemplo dessa concepção sonora, um típico rockão oitentista vibrante e bem construído, assim como a faixa de abertura, "Fugitive", que foi o primeiro single.

mesmo com uma concepção sonora bem definida, Dokken evitou qualquer arroubo de inovação e invenção. Preferiu não arriscar como o Winger e deu a impressão de que poderia ter obtido resultados mais consistentes e avançados.

"Just Like a Rose" poderia estar em qualquer álbum da banda dos anos 80, mas soa meio deslocada em "Heaven Comes Down" em sua indecisão entre se manter no hard ou avançar ara o heavy. É ma canção comum, embora cumpra a sua função.

Melhores resultados aparecem em "Saving Grace" e "Over the Mountain", que apontam para um futuro mais pesado e calcado em riffs de metal, ainda que algumas características de sempre sejam mantidas. A guitarra conduz as ações em timbres mais agressivos e mais intensos.

A coisa desacelera, em termos de vibração e qualidade, nas baladas indefectíveis, "I'll Never Give Up" é comum e parece ter sido resgatada direto de 1984, enquanto "I Remember' é o momento Whitesnake, com a típica introdução "épica" da banda de David Coverdale, 

Já "Santa Fe" apresenta um resultado mais agradável com seu jeitão folk e sua boa letra. Lembra bastante a versão acústica do hino "Nothing Left to Say".

A banda Dokken parece ter reencontrado um caminho luminoso e este disco aponta neste caminho. Um pouco mais de ousadia e ambição poderiam ter feito deste "Heaven Comes Down" um disco memorável.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Surgimento de 'última música dos Beatles' não é uma boa notícia

Eles prometem que será a última música, mas nem assim dá para considerar uma boa notícia. Lá nos anos 90, a noticia da existência de duas músicas "inéditas" dos Beatles parou o mundo por semanas, dentro do projeto "Anthology", que reunia três DVDs duplos com a história da banda e três CDs duplos repletos de raridades e material nunca lançado - e com as tais inéditas.


Na verdade, era quase uma picaretagem, já que as tais músicas eram demos be cruas de duas canções de John Lennon ao violão, qu foram finalizadas em 1994 por Paul McCartney e George Harrison.


"Free as a Bird e "Real Love" foram encontradas meio por acaso por Yoko Ono a mulher de Lennon, em uma fita cassete, e foi dela a ideia de que as músicas fossem finalizadas, com o acréscimo de letras e melodias.


O beatle morto em 1980, se visse e ouvisse o resultado, não teria gostado, pois as duas soam artificiais, sem orça, além de serem bem fraquinhas, o que frustrou boa arte dos fãs da banda e de quem gosta de música.


"Now and Then", a "nova" canção inédita, segue o mesmo padrão: uma demo rascunhada de Lennon, da mesma época das duas anteriores, com o acréscimo de um violão desleixado de Harrison - que morreu em 2001 - e que foi finalizada por Paul McCartney, com a participação de Ringo Starr. É melhor não esperarmos quase nada.


Remexer os arquivos de artistas veteranos e bandas encerradas há décadas é sempre uma armadilha. os fanáticos adoram, assim como os colecionadores, mas, m termos de relevância artística, quase sempre há decepção. O mercado gosta, pois movimenta a cena e gera ansiedade e expectativa - e algum lucro.


Nunca é demais ouvir material raro, especialmente ao vivo, de várias fases de uma banda importante. Foi assim recentemente com Led Zeppelin, The Who, Metallica, Motorhead, Van Halen e muito outros. É legal, mas não acrescenta muito à história.


Esse esquema dos Beatles sobreviventes de pegar rascunho bem tosco de um colega morto e tentar criar algo próximo de um "Frankenstein" (monstro criado a partir de várias partes de corpos humanos no romance da escritora Mary Shelley) nunca deu resultados satisfatórios em termos artísticos. na de bom surgiu nestas iniciativas, e as duas canções dos Beatles do projeto "Anthology" são a prova disso.


Teremos a mesma coisa om "Now and Then"?Provavelmente. A música será lançada no dia 2 de novembro (quinta-feira). O videoclipe de "Now And Then" será lançado na sexta-feira, 3 de novembro.


Um documentário de 12 minutos chamado "Now And Then - The Last Beatles Song", escrito e dirigido por Oliver Murray, será lançado em 1º de novembro. A produção conta a história por trás da última música dos Beatles, com filmagens e comentários exclusivos de Paul, Ringo, George, Sean Ono Lennon e Peter Jackson.


https://youtu.be/KgFTpwB_uII

Volta de Mike Portnoy ao Dream Theater deve afetar pelo menos quatro bandas

Por mais que os boatos corressem soltos desde que o baterista Mike Portnoy se reconciliou com os integrantes do Dream Theater definitivamente, no começo do ano passado, parecia improvável que ele voltasse à banda no médio prazo. 

Os boatos não eram boatos, e a banda conduziu a volta de seu ex-líder e fundador de forma discreta e surpreendente. O ótimo Mike Mangini, seu substituto, foi elegant e agradeceu pelos 13 anos de convivência na banda no mesmo comunicado que informou sua saída.

A decisão da banda e de Portnoy teve impacto imediato no mesmo dia de seu anúncio: músicos amigos que tocavam com ele em vários projetos se adiantaram e, com vários grais de ironias, parabenizaram o baterista e a banda. Ao menos três bandas importantes e com trabalhos consistentes devem acabar ou voltar em longo prazo, deixando alguns músicos na berlinda.

A primeira que implodiu, mas também por outros motivos, foi a Sons of Apollo. O excelente quinteto de metal progressivo foi craido por Portnoy e o tecladista Derek Sherinian por volta de 2015. os dois se conheciam do Dream Theater,, onde o tecladista tocou de 1994 a 2000. Completavam o time o baixista Billy Sheehan (Mr. Big), o guitarrista Ron "Bumblefoot" Thal e o vocalista Jeff Scott Soto (SOTO, ex-Journey e Yngwie Malmsteeen). 

A banda tocou no Brasil há alguns meses sem Sheehan, que não se vacinou contra a covid-19 e não pôde entrar no país. Felipe Andreoli, do angra, o substituiu muito bem. Algumas datas internacionais da banda tiveram se der canceladas o reagendadas por conta do "problema" do baixista.

Antenado em relação aos boatos de Portnoy e Dream Theater, Thal concedeu entrevistas no final de setembro insinuando que a banda tinha acabado fazendo referências veladas ao comportamento de Sheehan. 

No dia do anúncio da volta do baterista ao Dream Theater, foi  vez de Soto se manifestar nas redes sociais. Parabéns a Mike e à banda, a reunião faz todo o sentido. É surpreendente acordar e dar de cara com uma notícia dessas", escreveu, indicando que não tinha sido avisado com antecedência e que o fato praticamente "enterra" o Sons of Apollo. Ele e Thal ocam em um projeto paralelo chamado Art of Anarchy. Sins of Apollo lançou dois álbuns de estúdio e um ao vivo, além de um DVD.

Outra banda que deve acabar é The Winery Dogs, que acabou de fazer uma turnê mundial para divulgar "III", o terceiro disco. O trio de hard rock existe desde 2013 e surgiu da união de Portnoy e Sheehan com o guitarrista e vocalista Richie Kotzen. 

De todos os vários projetos de Portnoy, esse é o que teve maior sucesso comercial, e a atual turnê teve locais escolhidos a dedo para evitar restrições sanitárias que afetassem o baixista antivacina.

Ainda resta o Flying Colors, que está arado há algum tempo e não deve mais se reunir. Toam nele, além e Portnoy, o seu criados, o vocalista, tecladista e guitarrista Neal Morse (Neal Morse Band), o guitarrista Steve Morse (ex-Deep Purple e Dixie Dregs), o vocalista  e guitarrista Casey McPherson (Alpha Rev) e o baixista Dave La Rue.

Com o Flying Colors, de orientação mais pop, Portnoy lançou três álbuns de estúdio e três ao vivo. Mike Portnoy ainda integrava o Transatlantic, qu fundou em 1997 como um projeto sazonal ao lado de Neal Morse, o escocês Pete Trewavas (baixo e vocal, do Marillion) e o sueco Roine Stolt (guitarra, dos flower Kings). Depois de 26 anos e cinco álbuns de estúdio e cinco ao vivo, a banda acabou no começo desste ao.

Resta ainda a questão de como Portnoy vai se virar par dar conta também de tocar com a Neal Morse band, da qual é um dos integrantes compositores e nome de peso para agendar shows. 

Depois de sair do Dream Theater, em 2010, o baterista passou rapidamente pelo Avenged Sevenfold até aceitar o convite de Morse para entrar na banda, que faz rock progressivo e é fortíssima no cenário gospel norte-americano. São pequenas as chances de Portnoy permanecer na Neal Morse Band or conta das agendas apertadas das duas bandas.

Boas ideias não têm prazo de validade: a volta da banda Front é uma boa notícia

Era tanto sucesso junto que a banda acabou sufocada... A definição poderia muito bem se encaixar à banda carioca Front, segundo um de seus integrantes, o baixista e vocalista Rodrigo Santos. 

Não foi bem isso o que ele disse, mas o sentido é exatamente esse: a banda potente que ficou pelo caminho diante de uma torrente de trabalho e de muito coisa acontecendo ao mesmo tempo. 

O Front ficou pelo caminho, mas não foi esquecido: depois de 40 anos, seus integrantes decidiram dar uma segunda chance ao quarteto que tanta esperança despertou no mercado do rock nacional oitentista. Faz sentido resgatar uma história que quase não aconteceu?

Se o critério para a resposta fr os dois primeiros álbuns inéditos lançados agora, então faz todo o sentido. O material engavetado por ´40 anos é de boa qualidade e merecia ver a luz do dia. 

Faria sucesso em 1983 ou 1984? Em um ambiente de extrema criatividade e concorrência, teria boa chances de, no mínimo, emplacar alguma coisa, pois o potencial era grande.

"Esse resgate faz sentido porque é um material feito por músicos que fizeram sucesso em todos os lugares em que tocaram. As circunstâncias da época nos levaram a outros caminhos, mas sempre achamos que as música do Front tinham qualidade. Chegou o momento de resgatá-las", diz Santos.

Ele emenda: “Não me arrependo de nada pois nesse nosso caminho tocando com tantos grandes artistas, com tantos caminhos musicais, pudemos nos desenvolver muito individualmente. Eu me arrependo é de não ter sido dois Kadus . O processo de composição foi nos empolgando, as duas primeiras saíram pelo whatsapp. Além disso, o Nani já tinha mais de 100 bases prontas e eu outras tantas letras. O álbum nasceu fácil, de um jeito muito natural. Começamos a compor em agosto e em um mês já tínhamos todas as músicas.”

A banda retoma os trabalhos coma  formação de 1983: Rodrigo Santos (voz e baixo), Nani Dias (voz, guitarra, violões, programações), Ricardo Palmeira (guitarras) e Kadu Menezes (bateria). 

Todos garotos, mas já enfronhados na música profissional e despontando como músicos importantes no entorno de artistas como Léo Jaime, Kid abelha e Barão Vermelho. O Front era uma realidade, mas havia outras realidades em paralelo.

“Em 83 éramos quatro garotos talentosos tentando fazer um grupo e hoje somos produtores experientes, evoluídos e maduros. Isso também pode ser percebido nas letras e no som”. afirma Palmeira.

Grandes expectativas

O ano era 1983 e os quatro formaram o Front, uma das mais promissoras bandas surgindo no Rio de Janeiro. Em 1984, são convidados pelo produtor João Augusto para participar da coletânea “Os Intocáveis” (CBS). Fazer parte de coletâneas, ditas “paus de sebo”, era o caminho para uma banda subir degraus. 

Eles subiram. Fizeram sucesso na coletânea e partiram pro próximo degrau: o compacto, mais uma praxe dos anos 80. No lado A, “Dengosa” entra na trilha sonora do filme Rock Estrela; e “Olhos De Gata”, o lado B, entra na coletânea da rádio Transamérica. Entrar em coletânea de rádio. Nos anos 80! Pronto, o caminho estava traçado?

No meio do caminho tinha um Leo Jaime! Leo foi não só o produtor do compacto, mas também era o patrão: Rodrigo, Ricardo e Kadu faziam parte do João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, a banda de apoio do Leo, um artista de grande sucesso desde essa época. É, além do Front ser uma banda promissora, seus integrantes eram músicos cada vez mais respeitados. E requisitados!

 Juntos e separados prestaram grandes serviços para Barão Vermelho, Kid Abelha, Cazuza, Lobão, João Penca, Leo Jaime, Blitz, Paulo Ricardo... tá bom ou quer mais? Era tanta estrada, tanto sucesso, tanto de tudo rolando que a banda foi ficando num segundo plano. 
 
Hoje, 40 anos depois, todos músicos para lá de reconhecidos, produtores musicais de sucesso, seguem sendo amigos. Foi num encontro sem grandes pretensões, para tocar num festival, que eles perceberam que seguem sendo Front. 

 Vasculhando os arquivos e acrescentando novas ideias, o Front tem 50 músicas que serão transformadas em cinco álbuns. 

Os dois primeiros saindo agora em outubro - "Tempo-Espazo" e "Espazo-Tempo" - e o terceiro será gravado em novembro no estúdio mais famoso e inspirador do planeta: Abbey Road, em Londres, aquele dos Beatles e de suas obras maiores. . Sairão de lá com o terceiro álbum e um documentário dirigido por Pedro Paulo Carneiro.

Falando do agora temos os dois primeiros trabalhos: “Tempo I Espazo” e “Espazo I Tempo”. São 14 faixas, 11 delas da parceria Rodrigo e Nani, todas num clima retrô-futurista que remete a David Bowie, Duran Duran, The Cure e LCD Soundsystem. 

Dois discos gravados em um mês. Não é nem o caso de querer recuperar tempo perdido, até porque, para todos eles nenhum tempo foi perdido. A hora é agora, aqui é o lugar. É disso que eles falam. Tudo é destino. Tudo é busca. Presente, passado e futuro ao mesmo tempo. 

Canções como “Warning” alertam para o fim do planeta e o mal que fazemos uns aos outros. “Noite” é a busca de equilíbrio na corda bamba de ser feliz ou infeliz. “Redor do Radar” bota lupa na desumanidade, a falta de empatia, a ansiosa sensação de falta de tempo e estar perdido no espaço.

Merecem destaque as capas dos álbuns, ambas assinadas pelo designer gráfico Jampa. Segundo ele, o som da banda remete a “festas interplanetárias orbitando um pop solar”, e assim temos os quatro integrantes da banda transformados em entidades futuristas.

Front é uma banda do seu tempo querendo ocupar mais espaço aqui e agora sabendo que a estrada vem de longe. Amizade e música para viver as melhores recordações do futuro. Como diz a letra de “Me’n my Luv”: “O que virá, o que vai ser, não me pergunte, só sei que vai acontecer”.

 “Depois de centenas de gravações, programas de TV, viagens internacionais, tours, grandes festivais, prêmios, discos de ouro e platina, dezenas de composições e projetos com grandes artistas como Barão Vermelho, Kid Abelha, Cazuza, Lobão, João Penca, Leo Jaime, Blitz, Paulo Ricardo e até o internacional Andy Summers, 40 anos se passaram desde o surgimento da nossa banda de garotos”, Rodrigo Santos, que ainda mantém o projeto Call the Police, que recria a obra de The Police com a companhia de Andy summers, o guitarrista da banda inglesa.

Nani dias faz uma interessante reflexão a respeito da comparação entre as formas de tralho de hje e de 40 anos atrás. "Muita coisa mudou de 83 pra cá, mas principalmente a liberdade. Hoje em dia a gente tem a tecnologia e a informação a nosso favor, então podemos mostrar nosso trabalho de uma forma bem mais rápida e acessível. Isso tudo, somado à nossa experiência de 40 anos, nos desenvolveu e proporcionou que a nossa música chegasse aonde ela está, em termos de sonoridade, de expressão e de disponibilidade.".

"Esse nosso reencontro foi uma grande surpresa. Juntou a fome com a vontade de comer. Nos reencontramos para tocar num festival e a química estava lá, parecia uma banda de jovens com 18 anos de idade. Vai ser uma experiência nova entre quatro grandes e velhos amigos", finaliza Kadu Menezes.



 

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Na estreia da turnê brasileira, Roger Waters venceu de novo

 A primeira vitória foi ser recebido pelos presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília, no Palácio do Planalto. A segunda, em terras brasileiras, foi soterrar a aliança entre bolsonaristas e judeus irados pelo apoio histórico do artista aos palestinos, passando por cima de "boicotes virtuais" à turnê brasileira.

O músico inglês Roger Waters volta ao Brasil para sete shows e, aparentemente, mais leve - mas não menos contundente. Já não há mais a ameaça fascista no Brasil, ao menos por enquanto, ele pôde se manifestar do jeito que quis no palco, ignorando os patrulheiros imbecis de sempre.

Na passagem pelo Palácio do Planalto e nas entrevistas aos veículos de imprensa oficiais do governo federal, ele novamente mostrou a solidariedade ao povo palestino, que está sendo massacrado impiedosamente pelas forças armadas de Israel. "Meu coração está em Gaza", declarou o ex-integrante do Pink Floyd visivelmente emocionado.

Foi o que bastou para que eia dúzia de tontos para tentar um boicote ao músico e aos seus shows por aqui. Pena que os desinformados perpetradores do boicote não souberam que as sete apresentações estão com ingressos quase esgotados.

Se Waters não mencionou diretamente o horrendo ato terrorista do Hamas contra civis israelenses - não condenou diretamente o grupo terrorista -, deixou claro que abomina qualquer tipo de violência, especialmente a política.

Progressista e ativista, o baixista e vocalista inglês apoia a causa palestina desde o anos 70, ao lado de personalidades como a atriz inglesa Vanessa Redgrave. 

Acusado de antissemita, ele sempre foi claro, como nesta entrevista à TV Brasil para o jornalista Leandro Demori. "Sou antifascista, progressista e a favor dos direitos humanos. O povo palestino é oprimido. Nada tenho contra os israelense, mas com as posturas do Estado e dos governos israelenses."  

Ele foi um do primeiros a denunciar o que chamou de "guetificação" de Gaza, um território de 385 km², área menor do que a do município de São Bernardo do Campo (SP), mas com 2,5 milhões de habitantes. No conflito permanente entre Israel e palestinos, Gaza foi cercada por muros e seus habitantes confinados em gueto, precisando de autorização para entrar e sair do pequeno território.

Cancelamento cancelado, restou a vergonha aos imbecis de xingar Waters de antissemita, nazista e apoiador de terrorista, Ignorando essa matilha de seres hidrófobos e irrelevantes, Roger Waters inaugurou a turnê em Brasília com um show elogiado e pontuado por declarações políticas.

Ele venceu de novo, e deixou claro que sue show também é engajado e político, chamando presidentes americanos de vários períodos de criminosos de guerra, além de bater forte nos ditadores de plantão que empreendem guerras diversas.

O poder do boicote é enorme, especialmente nas democracia, mas só dá frutos e resultados quando empreendido em causas justas e antiopressivas. Judeus sionistas e bolsonaristas/fascistas empedernidos terão de se esforçar muito mais para arranhar a imagem do baixista inglês.


Um ano mágico para o blues: Joanne Shaw Taylor, Jackie Venson, Caroline Cotto...

 


 – Joanne Shaw Taylor é mais uma boa artista britânica a mergulhar na cultura americana de raiz e colher bons resultados, seguindo os exemplos bem-sucedidos de Eric Clapton, Van Morrison e U2, entre outros. Isso é resultado direto do trabalho com o maior nome do blues da atualidade, o guitarrista onipresente Joe Bonamassa, que resolveu se aventurar como produtor.

A guitarrista inglesa coloca na praça seu terceiro álbum desde 2021 – um deles ao vivo – e esbanja bom gosto na escolha do repertório e dos timbres de guitarra mais limpos.

Para os puristas e fãs mais radicais, a notícia não é boa. O som está mais pop e caindo para a country music em “Nobody’s Fool”, o recém-lançado disco.

“Won’t Be Fooled Again” é o maior exemplo desse direcionamento, e cm direito a uma participação muito especial de Bonamassa, de novo participando da produção. É uma canção pop pura, bem feita e bem executada, com um show de Bonamassa nos dois solos.

É curioso esse direcionamento sabendo que Bonamassa produziu o disco anterior da musicista inglesa, cm dos dois caindo de cabeça no blues americano de raiz, em um discaço. O direcionamento pop e country era um antigo anseio de Joanne, que nunca negou a admiração por uam série de artistas americanos.

“Just No Getting Over You” (Dream Cruise) é o retrato dessa admiração, em que passeia pelo cancioneiro pop com arranjos de extrema qualidade que jogam a música para cima e para frente em um country soul de primeira qualidade.

“Nobody’s Fool”, a canção, tem delicadeza e sofisticação na medida certa, seja na guitarra acústica que serve de base seja na guitarra manhosa e cheia de efeitos que ressalta a melodia.

No baladão country conduzido por piano e violoncelo (blo trabalho de Tina Guo) “Fade Away” Joanne se aproxima do gospel em clima intimista, enquanto que “Then There’s You” volta a ressaltar a delicadeza da interpretação em um ambiente mais controlado.

“Runaway” flerta com o folk com suas guitarras acústicas e um baixo distorcido que dá um outro aspecto a uma canção bonita e meio displicente, que destoa de certa forma das outras canções.

Outro convidado de peso abrilhanta o álbum – Dave Stewart, ex-Eurythmics, transforma em um pop classudo “Missionary Man”, que cairia muito bem na vo de Aretha Franklin. Sem os excessos na produção, Stewart domina tudo e imprime m aspecto de soul music em alguns arranjos.

Inusitada é a participação de Carmen Vandenberg, guitarrista da banda Bones e ex-colaboradora de Jeff Beck. Ela dá um colorido diferente para a acelerada “Figure It Out”, uma gema pop de inspiração oitentista. É uma canção simples e eficiente, a melhor desde curioso álbum, que tem todos os ingredientes da cultura roqueira britânica.

Por fim, temos a canção que talvez seja a marca registrada do álbum. “New Love” é um achado pop que remete ao que de melhor os grupos femininos dos anos 60 produziram, com coros e segundas vozes cativantes, e uma linha mellódica grudenta e alto astral.

Se alguém queria blues, é melhor ir buscar disco anterior, “The Blues Album”. Assim como outras guitarristas e cantoras de blues rock, como a australiana Orianthi, opção por mudanças não atendeu a necessidades artísticas de mercado, mas pura e simples vontade de explorar novos mundos. Embute riscos, mas as recompensas são gratificantes. Mais uma vez Taylor fez um grande trabalho.

 Jackie Venson é uma guitarrista texana que é muito talentosa e versátil. Ignora padrões e conceitos e grava o que quer da forma que quer, ao estilo da baixista esplendorosa Esperanza Spalding.

“Love Transcends” é um disco de blues, mas é tão versátil e tão surpreendente que pode perfeitamente ser considerado uma obra experimental com tantos recursos utilizados.

‘Rollin’ On”, por exemplo, é uma beleza de blues movido a guitarra e piano, escorrendo feeling por todos os poros. “See What You Want” é um blues pesado e eficiente, daqueles que tiram sorrisos dos taciturnos.

Com o instrumento semiplugado, ela dá um show de interpretação nas ótimas “On Step Forward” e “Til This Pain Goes Away”, com dedilhados precisos e fraseados invejáveis, feitos com tanta facilidade que chega a irritar.

“Always Free”, seu maior hit, ganha uma versão mais contida e sossegada, o que realça a sua condição de extraordinária intérprete. negra como Jimi Hendrix, é frequentemente comparada a ele, o que a lisonjeia, mas nem tanto por cnta do excesso de obviedade na comparação.

Seja como for, ela não pode negar a influência, assim como a de outro gênio, Eric Gales, principalmente na grooveada canção “Cover My Eyes”, que contém um solo extraordinário de guitarra com um timbre diferente e instigante.

E tem também funk, daqueles de fazer Sly Stone se orgulhar. “Fall of the USA” tem um balanço irresistível, com fraseados cativantes e riffs ganchudos que ganham a adição de uma linha de baixo de responsabilidade.

O funk permanece na faixa-título, mas com um groove mais voltado para o rock, com uma guitarra mais passada e ousada, que permeia a canção como uma cama aveludada para a voz estonteante de Jackie Venson.

O disco está menos pesado do que os anteriores, mas é o mais intenso e diversificado. É a melhor versão da guitarrista texana, em todo o seu esplendor.

- O som de Nova Orleans está no sangue de Caroline Cotto, experiente guitarrista que acaba de lançar "Bayou Sun", álbum com jeito retrô mas que cumpre muito bem a sua função.

O som variado é a cara da cidade em questão: arranjos exuberantes, composições bem construídas e naipes de metais afiados, que expandem o som de forma impactante.

"Mystery Ride", um hard blues movido a metais, é soberba, com uma interpretação muito boa da musicista, que não abusa da voz pequena e manda ver dentro de suas possibilidades. 

"Come Closer" é um baladão gospel com inclinação ao rhythm and blues, cativante em todos os seus trechos, em especial pela condução de piano e pelo baixo sombrio. 

Há boas ideias também na animada faixa-título e na intensa "Stay", um blues que impressiona pela guitarra climática e pelos arranjos simples, mas certeiros. É uma típica balada blues encharcada dde sentimento e da região da Louisiana.

"Heaven in My Hands" e "Awake to Love" completam a boa coleção de canções abordando o jazz de uma forma mais abrangente, ainda abusando do naipe de metais e com uma guitarra mais insinuante, com solos inspirados e um bom trabalho vocal. "Bayou Sun"é um disco surpreendente deste ano.

Um ano mágico para o blues: Ally Venable, Samantha Fish, Grainne Duffy...

 Expansionista, diversificada, nostálgica e muito criativa. A guitarra blues empunhada pelas mulheres ganhou mais um capítulo com os mais recentes lançamentos em uma profusão de criatividade e qualidade.

São jovens instrumentistas que demonstram uma experiência e maturidade que surpreende, além de não terem receio de experimentar e ousar, mesmo em searas tradicionais.

As americanas Ally Venable e Samantha Fish conseguiram revigorar revigorar o gênero buscando inspiração no rock, no folk e na country music; a sérvia Ana Popovic abraçou sem medo o mundo pop e a inglesa Joanne Shaw Taylor revestiu seu toque sofisticado de um tradicionalismo com sotaque moderno.

Ally Venable é um legítimo produto deste século. Tem só 24 anos de idade, mas toca como uma veterana, a ponto de arrancar elogios de gente como Bonnie Raitt e Susan Tedeschi, duas das mais importantes guitarristas do blues moderno.

Texana como outra jovem durona e virtuose, Jackie Venson, Ally tem uma discografia respeitável e lançou recentemente "Real Gone", seu melhor trabalho e candidato ás listas de melhores do ano. Tem peso, tem timbre diferenciado e muita energia.

Suas referências são as melhores possíveis e, caminhando diretamente para o rock. Mas é no blues que ela se destaca co uma pequena ajudinha de amigos da pesada, como Buddy Guy na arrasa-quarteirão "Texas Louisiana". 

Os dois se divertem homenageando figuras importantes da música de seus Estados natais e demonstraram um entrosamento invejável - e improvável por conta da diferença de idade, 64 anos.

A moça esbanja qualidade em uma canção típica do cancioneiro blues acústico, com muita sensibilidade e delicadeza em "Blues Is My Best Friend", onde canta divinamente e transborda feeling e sensibilidade. Seu solo no meio da música é excelente e cativante.

O rock chega com tudo na faixa-título, onde certamente enche de orgulho Billy Gibbons, outra lenda texana que lidera o ZZ Top. Os riffs são certeiros, com solos que exalam urgência e força.

O onipresente Joe Bonamassa, maior nome do blues da atualidade, não poderia deixar de dar uma canja, ele que já produziu e tocou com Joanna Connor e Joanne Shaw Taylor.

"Broken and Blue" é uma balada blues que transpira sensibilidade e competência, onde Ally se revela uma cantora inspirada sob a batuta de um guitarrista estrelado. Uma canção que poderia estar em qualquer disco recente de Bonamassa.

E ainda tem pérolas como "Don't Lose Me", "Justifyin'", "Going Home" e uma saraivada de blues com pitadas de rock que soam incandescentes e frenéticos. Com seu novo álbum, chegou ao mesmo patamar de Ana Popovic, Samantha Fish, a citada Joanne Shaw Taylor, Joanna Connor, Jackie Venson e Erja Lyytinen. 

- Destaque em diversos festivais europeus há quase duas décadas, a sérvia Ana Popovic desembarcou nos Estados Unidos disposta a furar a barreira do preconceito contra os estrangeiros que se aventuram no blues, algo recorrente contra os brasileiros, por exemplo.

Até mesmo ela se surpreendeu com o sucesso dela, caindo nas graças dos americanos mais tradicionalistas e ainda penetrando em terrenos mais espinhosos, como o daqueles que apreciam o blues mais moderno. 

"Trilogy" foi um de seus projetos mais bem-sucedidos, um disco triplo contendo muito blues, muita soul music e música mais pop e acessível.

E é nessa praia que que a guitarrista europeia ressurge com seu mais recente trabalho, "Power", assumindo sua "americanidade", com sotaque guitarrístico próprio e vocais bacanas, com tal desenvoltura que alguns questionam se ela é mesmo sérvia.

"Rise Up" é uma delícia de jazz pop onde Ana desfila uma classe e versatilidade contagiantes, misturando groove e solos de muito bom gosto.

E não é que tem bossa nova? "Power Over Me" tem um sotaque meio carioca, meio novaiorquino, com um balanço regado a seção de metais que surpreende pelo groove latino e pelo bom desempenho notável nos vocais. Ana Popovic brinca com sua voz e faz com que todo o conjunto de instrumentistas se destaque.

Tem reggae e calipso? Também tem, e com acentuados elementos latinos novamente."Doin' This". Toda a influência de Carlo Santana transpira na guitarra malemolente e cheia de balanço embalada por base em teclados que fazem da canção algo bem diferente de tudo o qu ela já fez.

Ela atira para outros lados, acertando sempre e mirando outros públicos e outras praias em 'Deep Down", "Rise It" e "Strong Taste", Mostrando que, indo além do blues, sua total imersão na música americana foi uma excelente decisão, ainda que arriscada.

Samantha Fish ainda não chegou aos 35 anos de idade, mas é a mais elogiada das guitarristas de blues dos últimos cinco anos nos Estados Unidos. Transita de forma desenvolta por todos os subgêneros e causa arrepios com sua destreza e pegada firme, para não falar do timbre incandescente.

Com os elogios e a a boa recepção de todos os seus álbuns, especialmente "Faster", sentiu-se credenciada a explorar outros ambientes, e o fez com a ajuda de um guitarrista virtuoso e de outra praia, Jesse Dayton, um nome importante na área da country music.

A parceria inusitada o estúdio rendeu passeios pelo jazz, pelo rock e pelo funk, tudo regado a guitarras afiadas e flamejantes, que não economizaram na ousadia.

"Death Wish Blues", o nome do álbum, poderia remeter a algo mais tradicional do blues, mas a faixa-título nos leva a outra direção: um rock vigoroso e pesado, cheio de guitarras saturadas e riffs poderosos.

"Down in the Mud" é um cavalo-de-pau para o funk, com as guitarras cheias de efeitos embarcando no melhor estilo Carlos Alomar (Santana, David Bowie) com um molho todo especial e um vocal bem trabalhado de Dayton. E o duelo de guitarras no meio da canção é bem saboroso.

É uma preparação par a excelente "Riders", o primeiro single divulgado, com um dueto saboroso temperado por um blues misturando com funk que remete aos melhores momentos dos anos 70. É forte, é pegajoso, é dançante.

Se a trinca inicial tem essa pegada, o que dizer do resto do álbum? É tão poderoso quanto, com os dois guitarristas esbanjando talento e qualidade nas composições. 

"Settle For Less" envereda por um rock alternativo simples, mas repleto de "clima sujo" de boteco de periferia, desafiador e meio profano. "Trauma" segue na mesma linha, com Dayton dando o tom os vocais e duelando nas guitarras com Samantha.

Bastante coeso e regular, "Death Wish Blues" mostra ainda boas canções como "No Apology", uma canção pop por excelência, mas sem grandes atrativos, e "Flooted Love", mais um rock com acento alternativo e guitarras nervosas, evidenciando uma certa diversidade sonora. 

"Dangerous People" é a cara dessa diversidade, com seus arranjo mais modernos   uma batida que emula algo de eletrônico, assim como as vozes processadas.

 É um álbum diferente da musicista, com menos blues e mais experimentações e tiros para outras direções. Samantha Fish olha novamente para o futuro e isso é muito bom.

- Da Irlanda vem a ótima guitarrista Grainne Duffy, que atinge a maturidade aos 36 anos em processo parecido com o de Samantha Fish. Fiel a uma tradição britânica, a moça aposta em um blues rock mais tradicional e sem muitas variações.

Influenciada por Gary Moore (1952-2011) e Rory Gallagher (1948-1995), referências históricas e conterrâneos, ela desfila elegância e bom gosto na escolha de temas em seu mais novo disco, "Dirt Woman Blues".

Mesmo que opte por uma sonoridade mais "old school", consegue dar uma cara de modernidade em algumas canções, como é o caso de "Running Back to You", uma canção com jeitão tradicional com uma linha de guitarra interessante na linha texana.

"Rise Above" vai na mesma toada, com riffs variando entre o blues rock e o folk americano embasando um vocal bem ao estilo irlandês, intercalado com alguma pitada de sotaque de Boston.

"What's It Going to Be?" é mais blueseira, sem grande ousadia, apesar do vocal bem feito e delicado. "Sweet Liberation" é um mergulho interessante no blues rock da Costa Leste, remetendo quase que diretamente a Gov't Mule com uma levada á la Rolling Stones em alguns momentos.

Se inovação não é a tônica do disco "Dirt Woman Blues", a fidelidade a um estilo mais despojado é a característica mais marcante tanto nos riffs como nos vocais, como é possível observar em "Hold On to You" e "Well Well Well".. Um pouco mais de ambição aparece em "Yes I Am", com um trabalho notável de guitarras e solos bem construídos.

Com o destaque que vem tendo no blues britânico, é mais uma candidata a ser apadrinhada por Joe Bonamassa, da mesma forma que Joanne Shaw Taylor. 

Um ano mágico para o blues: Gov't Mule, Danny Bryant, Eric Sardinas...


É um ano memorável para o blues moderno, com obras de alto calibre sendo lançadas em todas as vertentes - e tome doses cavalares de guitarra de todos os jeitos, da mais pesada até a mais acústica e encharcada de slide.

O Gov't Mule ja tinha encantando com seu 13º trabalho, "Heavy Load Blues", de 2921, e repete a dose com o novo trabalho que foi gravado na mesma época que o anterior, só que com um direcionamento diferente.

E tem Joe Bonamassa revisitando clássicos do lues e fazendo uma homenagem a ele mesmo com o segundo voume de "Blues Deluxe", celebrabdo os 20 anos do primeiro disco com esse nome. E ainda tem a volta do Blues Traveler, Danny Bryant desacelerando, Eric Sardinas detonando, as mulheres no topo com Ally Venable e Laura Cox...

Na primeira parte, o destaque é Gov't Mule, mas tem tem também Bryant e Sardinas.

 - Gov't Mule - "Peace... Like a River" - As comemorações dos 30 anos de banda já começaram em altíssimo estilo. O quarteto norte-americano que "inaugurou" a era do blues pesado nos anos 90 mantém a tradição de jamais cometer um álbum ruim.

A banda se deu ao luxo de gravar quase 30 músicas entre 2019 e 2021, mesmo com uma pandemia de covid-19 que isolou o mundo e trancou as pessoas em casa. O material era tão rico e poderoso que rendeu dois álbuns com vários bônus cada um - e ainda sobrou material bom para uso futuro. 

Não são poucos os que consideram "HeavyLoad Blues" o seu melhor álbum - uma façanha, pois a banda consegue fazer sucessivamente um disco melhor do que o outro. Não foi o caso dessa vez, mas isso não quer dizer que eles perderam a mão - muito pelo contrário.

A questão é que "Heavy Load Blues" é extraordinário de excelente, o que "dificulta" as coisas par "Peace... Like a River". A banda não economizou na criatividade e extrapolou sua capacidade artística.

O novo álbum, gravado praticamente nas mesmas sessões do disco anterior, é ótimo, mas é menos blues, mais soul e experimental, tanto que tem uma música esquisita, "The River Only Flows One Way", um blues arrastado com arranjos inusitados e um vocal embriagado e recitado de Billy Bob Thornton, ator de cinema consagrado e que também se aventura na música, na sear da música country. Não ficou ruim, mas é bem esquisita.

As coisas voltam ao normal na excelente "Dreaming Out Loud", um blues ao estilo Nova Orleans com as participações excelentes dos ótimos Ivan Neville e Ruthie Foster, expoentes máximos do blues e do rhythm nd blues. A guitarra de Warren Haynes, guitarrista, vocalista e líder do Gov't Mule, chega a ser comovente.

"Shake Out Way Out" é outra pérola, encharcada de boogie e com uma guitarra malemolente e estupenda de Billy F. Gibbons, do ZZ Top. Não tem como dar errado. 

"Made My Peace" é provavelmente a melhor entre as melhores, com seus nove minutos do melhor blues. Começa como uma balada e termina em um épica de emocionar até velhas raposas como Neil Young. É de uma delicadeza capaz de emocionar gente dura e ríspida como Lemmy Kilmister, do Motorhead.

E ainda tem "Same As It Ever Was", que abre o álbum de maneira imponente com um blues rock que tem uma aura folk, mesclado suavidade e força com riffs bem construídos de guitarra e teclados. 

E ainda tem "After the Storm" e "Just Across the River", duas peças maravilhosas de folk rock adornado pelo blues que só Warren Haynes consegue emitir, fechando um álbum que reflete sobre a vida, a passagem do tempo e como a paz de espírito é um be incalculável. Uma obra estupenda.

- Danny Bryant - "Rise" - O guitarrista inglês domou o espírito e está mais contido. "Rise é um típico álbum de blues, aqui desfalcado dos timbres grandes e volumosos de guitarra que chamaram tanto a atenção em "Means to Escape", de 2018.

Neste novo trabalho, o corpulento guitarrista privilegiou os arranjos mais tradicionais do gênero, deixando os timbres mais estrondosos e pesados em segundo pano, como na ótima faixa-título.

Ele tenta deixar a coisa um pouco mais pesada em "Hard Way to Go", uma peça de resistência que valoriza uma abordagem mais moderna em cima de uma base mais tradicional. Ficou muito bom, assim como em "I Want You", uma balada que é lamento de guitarra blues bem feito, mas em bases menos estridentes, embalado em um climão folk. Desconte a letra brega, o instrumental compensa.

"Scarlett Street", é mais sombria e bebe na fonte de Chicago sem nenhum pudor, embora consiga desfilar riffs bacanas dentro do clima de balada romântica. 

O rock mais moderno comparece na interessante "Into the Slipstream", que tem uma guitarra menos potente, embora o solo do meio seja inspirado. Não é o melhor trabalho do inglês, mas cumpre bem a função d valorizar o blues do século XXI, como faz a conterrânea guitarrista Joanne Shaw Taylor.

- Eric Sardinas - "Midnight Junction" - A mistura de blues com southern rock catapultou o guitarrista norte-americano Eric Sardinas nos anos 90 e estabeleceu o seu prestígio. 

Especialista em slide (quando as cordas, no braço, são deslizadas com o auxílio de um tubinho de metal ou gargalho de vidro de garrafa) e violão do tipo dobro (com corpo de aço), cresceu ouvindo Allman Brothers, Lynyrd Skynyrd, 38 Special, ZZ Top e a mais fina linhagem do blues do Texas. cresceu ouvindo Allman Brothers, Lynyrd Skynyrd, 38 Special, ZZ Top e a mais fina linhagem do blues do Texas - principalmente Stevie Ray Vaughan -, embora tenha nascido e crescido n Flórida.

Muito se disse que ele teve vários auges em su carreira mas, aos 53 anos de idade, parece que finalmente chegou ao ponto de ter gravado o seu melhor trabalho. 

Precoce e prodígio os sete anos de idade, aprendeu a tocar sozinho graças aos vários discos de Muddy Waters e Big Bill Broonze que sua família tinha. Largou a escola aos 15 anos e partiu para Los Angeles, onde ficou anos tocando em botecos e esquinas até ser descoberto por empresários e produtores musicais nos anos 90.

Reuniu 13 músicas que passeiam por diversos estilos de blues e blues rock dos Estados Unidos, sendo o ápice a extraordinária "Miracle Mile", onde esbanja um feeling absurdo nos solos nos riffs.

"Laundromat", de Rory Gallagher, é um perfeito tributo ao guitarrista irlandês morto em 1995, com uma pegada vigorosa que faz a canção virar quase um hard rock.

As mesmas características podem ser observadas nas rápidas e interessantes "long Shot" e "Tonight", que abrem "Midnight Junction". na primeira a guitarra soa feérica e estridente, enquanto que na segunda o rock explode de forma descontraída.

"Muddy Water", um blues ao estilo texano, é uma homenagem a um dos seus heróis, como o título entrega, em um saraivada de riffs em violões e guitarras sobrepostas, deixando tudo com cara de semiacústico.

 "Lock and Key" é mais tradicional, um blues rock pegajoso e cínico, enquanto que o sarcasmo predomina na ótima "Julep" e na country-caipira "Swamp Colloer", uma gostosa brincadeira om riffs e palavras quase aleatórios.

O som sulista predomina na animada "White Lightnin'", esbarrando no hard rock, ao passo que "Liquid Store" abusa do violões em uma canção à la Aerosmith saída de um boteco de beira de estrada do Mississippi. E tome doses cavalares de slide. 

O encerramento com a balada climática instrumental "Emilia" é meio anticlimático, mas valoriza a sutileza e a versatilidade de Sardinas, que é um guitarrista estupendo o registrar seu trabalho mais coeso e encorpado.


The Smiths, 40 anos: quando a estética roqueira abraçou a 'pretensão sofisticada'

 Há bandas que melhoram com o tempo (mas não muito), especialmente depois que acabam. O chamado movimento pós-punk inglês legou algumas pérolas do mundo pop que eram motivo de abominação por parte de quem ouvia rock pesado nos anos 80 no Brasil. 

Por sua presença maciça e constante nas emissoras de rádio, com suspeitas de que eram, muitas vezes, movida a jabá (gravadora pagando para que uma música tocasse muito nas rádios), logo bandas como The Cure, The Smiths, Sisters of Mercy, Siouxsie and the Banshees, Echo and The Bunnymen e muitas outras viraram alvo dos roqueiros mais radicais – dos metaleiros aos punks. Eram bandas pop demais e com qualidade bastante questionável.

A criação dos Smiths faz 40 anos (embora a gênese tenha ocorrido meses antes, no anterior),, e o lançamento do primeiro disco do grupo ocorreu em fevereiro de 1984. Com o nome idêntico ao da banda liderada por Morrissey, o álbum não ficou exatamente do jeito que o conjunto musical desejava, mas foi bem recebido pela crítica e pelo público. 

Os Smiths só duraram quatro anos, mas deixaram inegavelmente um legado importante. Queiram ou não, fizeram um som diferente daquele pastiche pop que predominava nas paradas e nas emissoras de rádio – só Smiths, Echo e The Cult se salvavam.

Sempre considerei The Smiths uma das bandas mais superestimadas do rock, na mesma categoria que os brasileiros dos Mutantes. As bandas subiram um pouquinho só no meu conceito ao longo dos anos, com a cotação dos Smiths sendo ligeiramente maior. 

A banda inglesa simbolizou para parte do público roqueiro dos anos 80 o que de pior existia no mundo pop: som cheio de efeitos nas vozes e nas guitarras, letras pseudo-intelectuais com fundo pseudo-existencialista e um cantor fraco, que ainda assim teve o mérito de ter criado um estilo de cantar. 

Era uma banda supostamente alternativa, que foi adotada por um público supostamente alternativo, que desconhecia totalmente o conceito do grupo, mas que aderiu por representar o que "era moderno" na época, ou seja, entre 1985-1987.

 E realmente os moderninhos abraçaram a estética blasé dos Smiths no Brasil, algo que o grupo sequer imaginou. Aliás, os que se diziam "modernos" e "antenados" tinham vários ícones: os Smiths eram adorados pelos que queriam aparecer, ser vistos e reconhecidos como verdadeiramente "antenados"; Matt Bianco e Style Council, com sua música soft mais próxima do jazz e da bossa nova, eram venerados por aqueles que insistiam em não ser "rotulados", que odiavam ser chamados de "roqueiros", e que ouviam qualquer porcaria produzida pela MPB da época só para posarem de ecléticos; e o Durruti Column e Jesus Jesus and Mary Chain, que tinham como seguidores os radicais do pop e esquisitões por vontade própria. 

Smiths era uma banda com total falta de pegada, de adrenalina, algo que, deliberadamente ou não, parecia totalmente anti-rock, com uma estética ao mesmo tempo elitista e anticomercial. Falava-se muito em Johnny Marr como gênio da guitarra, com seus barulhinhos esquisitos e efeitos enjoativos.

Quarenta anos depois a audição de alguns clássicos da banda mostra que havia alguma qualidade no trabalho do quarteto. Por mais irritante que seja, os Smiths produziram algumas músicas inspiradas e os barulhos de Marr fazem um pouco de sentido, mostrando um instrumentista de bom nível e realmente criativo no marasmo coalhado de cures e siouxsies dos anos 80.

The Smiths a banda diferente daquela época e a que demonstrou maior originalidade, ainda que a repetição dos temas e mesmice rítmica dominasse parte da obra. 

"The Queen is Dead" e "Hatful of Hollow" são álbuns que merecem ser escutados com atenção. Não sejam brilhantes, muito longe disso. Trazem sons de certa qualidade que são característicos de uma época em que a porcaria total dominava as FMs.

The Smiths a banda diferente daquela época e a que demonstrou maior originalidade, ainda que a repetição dos temas e mesmice rítmica dominasse parte da obra. 

"The Queen is Dead" e "Hatful of Hollow" são álbuns que merecem ser escutados com atenção. Não sejam brilhantes, muito longe disso. Trazem sons de certa qualidade que são característicos de uma época em que a porcaria total dominava as FMs.

São Paulo ganha prêmio internacional de música que sirva para fomentar mais a cultura

Os mais fissurados em rock clássico e heavy metal sempre alimentaram um sonho de morar em Londres nos anos 70 e 80 por conta da suposta facilidade de ter acesso aos shows dos sonhos. na segunda, ver Deep Purple no Marquee Club; na terça, Eric Clapton no Royal Albert Hall; na quarta, Led Zeppelin no Earl's Court; na quinta, Judas Priest no Hammersmith Odeon; na sexta; The who no estádio do Charlton; no sábado, Rolling Stones na Wembley Arena...

Jamais poderíamos imaginar que 40 ou 50 anos depois teríamos São Paulo como uma das cidades cobiçadas por conta de sua vida cultural e da grande oferta de shows nacionais e internacionais.

Pois é isso que aponta uma pesquisa que resultou em um prêmio concedido à capital paulista, eleita a "Melhor Cidade Global da Música" em 2023 pela Music Cities Events, em solenidade realizada no Alabama, nos Estados Unidos.
 
A entidade é parceira oficial da ONU e se dedica a desenvolver e aprimorar práticas socialmente responsáveis e a reduzir o impacto ambiental de eventos globais. 

Há 12 anos, realiza o prêmio global Music Cities Awards para reconhecer as ações mais notáveis da música para o desenvolvimento econômico, social, ambiental e cultural.

Na edição deste ano, São Paulo concorreu com outras nove cidades na categoria “Melhor Cidade Global da Música” e chegou à final com Manchester, no Reino Unido, e Frutillar, no Chile.

Essa categoria premia o município que apoia ativamente o meio musical, seja com a produção, seja oferecendo infraestrutura para receber eventos. E que também promove a inclusão, desenvolvimento econômico, saúde, turismo, planejamento urbano, economia noturna e construção comunitária, por exemplo.

Durante o Music Cities Convention são apresentadas as melhores práticas adotadas por líderes nas áreas do planeamento urbano, música, desenvolvimento econômico, turismo, meio acadêmico, e também projetos bem-sucedidos desenvolvidos por organizações sem fins lucrativos e organismos públicos e privados.

-E evidente que a comparação com a Londres do período 1965-1985 soa fora de propósito - aliás, desde sempre, até  mesmo com os dias da hoje em termos de oferta -, mas o prêmio é merecido porque São Paulo é parada obrigatória de qualquer artista internacional, e de qualquer calibre. 

Recentemente, e um domingo, na área do rock, quatro bandas internacionais disputavam as atenções dos consumidores na capital paulista. algo quase nunca visto por aqui.

"Este prêmio vem para reconhecer a importância de São Paulo no cenário musical internacional, com seus grandes festivais privados e grandes investimentos públicos descentralizados para fazer a cultura chegar à população mais carente onde ela é realmente necessária”, declarou a secretária Municipal de Cultura, Aline Torres. 

Segundo os organizadores da 12ª edição, este ano foi realizado o maior concurso, com mais de 200 candidaturas provenientes de 25 países espalhados por seis continentes. O evento já passou por pelo Reino Unido, Alemanha, Austrália, China, Coreia do Sul, Canadá e agora está sendo realizado novamente nos Estados Unidos.

Em termos práticos, o que o prêmio significa? Apenas uma ferramenta de propaganda para uma administração que nunca valorizou a cultura e o entretenimento, por mais que estes tragam altos volumes de recursos para a cidade.

Todos os megaeventos citados como "importantes" para o reconhecimento e para a concessão do prêmio sempre estiveram no calendário da cidade há pelo menos 20 anos, no mínimo. Nenhum foi uma conquista ou demandou investimento de competência ou inteligência da equipe do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que mais se notabiliza pelas seguidas mudanças na Virada Cultural coo objetivo de desidratá-la.

The Town em São Paulo em 2023? Era um projeto antigo da empresa de Roberto Medina, responsável pelo Rock in Rio, e seria realizado em São Paulo de qualquer maneira. É um projeto de no mínimo três anos.

A prefeitura vai faturar politicamente e nada de substancial vai mudar. Alguns eventos gratuitos, no caso do rock, ainda contam com apoio da administração municipal, como os shows de julho, o mês do rock, e o Rockfun Fest, mas ainda é nada perto do espaço que pode ser ocupado com o apoio do poder público.

Quantos shows de rock, rap, MPB e outros gêneros beneficiando artistas do underground são capazes de serem realizados mensalmente, ou semanalmente? 

Estrutura a prefeitura tem, em toda a cidade, em seus teatros e centros culturais. Falta investimento e mais vontade política para melhorar ainda mais o cenário musical da cidade, especialmente nos eventos gratuitos. 

O reconhecimento é, em parte, merecido, e que o prêmio sirva para estimular o apoio púbico aos artistas que têm menos visibilidade e oportunidades.

Dream Theater tenta engatar nova fase com a volta de Mike Portnoy

 Os sinais já eram evidentes há pelo menos dois anos. O baterista Mike Portnoy se reaproximou o guitarrista John Petrucci, amigo de adolescência, e os dois voltaram a tocar juntos no último disco solo do segundo.

Em seguida, o baterista reativou  amizade com o tecladista Jordan Rudess, e assim o projeto Liquid Tension Experiment, dos dois com Petrucci, ressurgiu. Era a preparação para a volta de Portnoy ao Dream Theater.

Assim como ocorreu com Iron Maiden, Ban Halen, Judas Priest e Black Sabbath, as saídas de integrantes muito importantes é apenas temporária, por mais que tenham durado bastante. 

Mike Portnoy ficou 13 anos longe da banda qu fundou em 1985, mas voltou ao Dream Theater, segundo anúncio oficial da banda nas redes sociais nesta quarta-feira (25).

A reaproximação com Petrucci e Rudess mereceu a atenção especial dos fãs, embora todos negasse qualquer possibilidade, já que Portnoy tinha compromissos com seus vários projetos e o Dream Theater também.

O que parece ter aberto as portas para o retorno foi o primeiro show da banda a que Portnoy assistiu da plateia em sua vida, no começo de 2022, m Nova York. 

Ao final da apresentação, foi convidado a ir ao camarim e ali selou a reconciliação com o vocalista James LaBrie, que sempre foi o mais reticente a qualquer contato com o então ex-baterista da banda.

Removido o último entrave - Portnoy sempre manteve uma amizade distante no período fora da banda com o baixista John Myung, não foram poucos os que cravaram que a volta à banda era questão de tempo. Afinal, Portnoy sempre fez questão de dizer que ele tinha fundado a banda ao lado de Petrucci e Myung na Berklee, escola de úsica de Boston, em 1985.

O comunicado nas redes sociais informa que o antigo baterista já está envolvido no processo de composição e gravação do próximo álbum de estúdio do Dream Theater. Quanto a Mike Mangini, o agora ex-baterista, apenas os agradecimentos e votos de "boa sorte". Nos bastidores, dizem que a demissão acabou ocorrendo de forma amigável.

Mangini foi "escolhido" supostamente após um "reality show" com sete bateristas e performances em estúdio transmitidas ao vivo ela internet - o brasileiro Aquiles Priester (ex-Angra, Hangar e atual Edu Falaschi) foi um deles.

Assim como o "concurso" mundial para escolher o substituto de Bruce Dickinson no Iron Maiden, em 1994, foi um golpe de marketing - Blaze Bayley tinha sido o indicado bem antes -, a escolha do Dream Theater també beirou a uma farsa, já que Mike Mangini, o escolhido, era muito amigo de James LaBrie, tendo tocado em seus discos solo.

Foi uma boa escolha, pois é excelente baterista e tem o DNA do metal progressivo. Era o fim de um drama que começou em 2009, quando ficava claro que Portnoy estava com dificuldades para cumprir todos os compromissos que assumia.

Havia outros problemas internos sérios, mas a gora d'água foi quando o baterista sugeriu que a banda parasse por mais de um ano entre 2010 e 2011 para que todos pudessem "fazer seus trabalhos paralelos". 

Segundo os bastidores da época, o baterista tinha agendado trabalhos com Transatlanic e Flying Colours na certeza de que teria o tempo livre necessário e que a banda pararia por um tempo. Ele não contava com a resistência dos companheiros e a crise resultou em sua saída e o rompimento das amizades, exceto com Myung.

Correm as especulações de que a volta seria uma espécie de preparação da banda para as celebrações dos 40 anos de criação do Dream Theater e, eventualmente, ua turnê e álbum de despedida.

Outra corrente argumenta que a volta faz parte de uma estratégia para que dar novo fôlego à banda, que estaria perdendo público nos shows e vendendo menos álbuns mesmo com trabalhos muito bons, como os últimos dois de estúdio.

O retorno de Portnoy é uma notícia importante, mas não necessariamente muda muda coisa na trajetória do Dream Theater. Mais versátil e bom compositor, Mike Portnoy acrescentará um pouco mais de possibilidades ao intrincado e progressivo som da banda, mas não haverá alterações significativas ao som do Dream Theater.


terça-feira, 24 de outubro de 2023

Sem a espontaneidade e o vigor, irmãos Cavalera regravam clássicos do Sepultura

 Quando os irmãos Max e Iggor Cavalera, os fundadores do Sepultura, anunciaram que regravariam dois álbuns clássicos de sua ex-banda, todos os alertas foram acesos. 

Houve quem achasse uma provocação pura e simples, como a de Roger Waters, ex-Pink Floyd, que regravou "The Dark Side of the Moon" de forma semiacústica, minimalista e sem os solos de guitarra.

Para outros admiradores do metal extremo, os irmãos, que deixaram a banda respectivamente em 1996 e 2006 de forma não muito pacífica, quiseram reinventar álbuns icônicos que tinham o DNA da época em que que foram gravados - com as limitações dos anos 80, tanto de equipamento, como de grana e de qualidade técnica. Esse tipo de coisa costuma ser perigoso e com resultados quase sempre decepcionantes.

As obras escolhidas para serem regravadas form "Morbid Visions" e "Bestial Devastation", e com um nome novo para o projeto, "Cavalera", indicando que nada te a ver com o Cavalera Conspiracy, que reúne os irmãos em uma banda com uma proposta sonora mais experimental.

Como na maioria das vezes em que artistas importantes resolve regravar o passado, a resposta para a pergunta "era necessário fazer isso?", a resposta costuma ser "não". É difícil melhorar o que já era ótimo, exatamente como no caso de Waters, que teve um resultado desastroso ao recriar, a sua maneira, a maior obra do Pink Floyd.

"Morbid Visions" não perdeu força ou vigor com a regravações, mas ficou "moderno" demais. Aquela "sujeira" e precariedade que predominavam nos primórdios do metal brasileiro desapareceram e deram lugar a uma produção mais "domesticada", ainda que preserve a violência sonora.

"War" e "Funeral Rites" ficaram mais encorpadas e parecem ter ressuscitado, enquanto "Mayhem" ficou mais violenta e "Troops of Doom" manteve a carga violenta, mas sem a espontaneidade de outrora, com a guitarra vacilante de Jairo Guedz que dava um certo charme e frescor ao som extremo pretendido em 1986 pela banda. Não ficou ruim, mas é bem diferente do que nos acostumamos a escutar.

O EP "Bestial Devastation", de 1985, foi o que sofreu mais transformações com as versões mais "modernas". A violência destacada ela tosca produção e pela agressividade latente de garotos de 15 anos meio que se perde diante da produção que valoriza outros aspectos do século XXI.

Da mesma forma que "Morbid Visions", aqui não se trata de algo malfeito ou sem qualidade. A questão é a tal da "modernização" do som que incomoda. 

E não importa quem assine a produção do dois álbuns - no caso, os irmãos Cavalera, com engenharia de som de John Aquilino e mixagem/masterização de Arthur Risk. A pergunta sempre será recorrente: será que precisava, por mais que a produção da época evidenciasse todas as limitações técnicas em todos os sentidos?

Se essas regravações nada acrescentam, resta apenas observar que Max Cavalera fez um trabalho muito bom nas vocais, algo bem superior ao que tinha feito nos discos do Cavalera Conspiracy. 

No caso de Iggor, de tão bom que foi seu desempenho no estúdio agora, por ironia acabou ferindo os conceitos originais. Está tudo muito perfeito para músicas que são históricas por conta de suas imperfeições, já que o baterista nem de longe indicava que seria a referência mundial que se tornaria.

Não se trata de jogar fora a identidade que a banda imprimiu na versão original, mas é evidente que algo se perdeu e que é incapaz de ser resgatado em versões pesadas e poderosas de "Bestial Devastation", "Antichrist' e "Necromancer". 

Para quem não conhece as versões originais há um gostinho de novidade com Max cantando de forma diferente do Soulfly; no caso de Iggor, é interessante vê-lo de novo produzindo ua usina de riffs que demolem tudo, como e fosse a trilha sonora do inferno.

Para os nostálgicos e saudosistas, ou mesmo puristas, os dois trabalhos regravados nada acrescentam ao mundo Sepultura/Cavalera ao mexer com algo tão sagrado e idolatrado. Infelizmente, será um rodapé na história da banda.

Eloy Fritsch retorna com álbum com nova versões de músicas clássicas de sua carreira

Houve um tempo em que a banda gaúcha Apocalypse se tornou sinônimo de rock progressivo no Brasil, um gênero que nunca foi bem compreendido or aqui, ao menos no que se refere a artistas nacionais do gênero.

O coração do Apocalypse, há algum tempo em mais um hiato, é o tecladista e fundador Eloy Fritsch, compositor extraordinário e prolífico, com uma carreira solo tão importante quanto a da banda.

Ele agendou para o dia 4 de novembro o lançamento de seu novo álbum, intitulado “Epic Synthesizer Music Vol. 2”, uma coletânea com novas versões para composições do músico. 

As canções que compõem o álbum são melódicas, majestosas e épicas, formadas por texturas eletrônicas criadas através de sintetizadores e sequenciadores. 

O álbum já pode seer definido como um dos mais importantes de sua carreira, e que inicia com uma nova versão para a composição eletrônica “Spacetime” do álbum “Cosmic Light” (2021), lançado apenas na Holanda pela gravadora Groove Unlimited e que também foi selecionada para a coletânea alemã “Schwingungen Radio auf CD - Edition Nr.308” (2021). 

A segunda faixa é uma versão reduzida de “Mayan Temple” mas que mantém o espírito virtuosístico do rock progressivo.

Na sequência, a música “Eternal” é um hino com o acompanhamento sinfônico em que a melodia é realizada pelo sintetizador e depois pela voz soprano. Esta música foi feita em homenagem ao compositor grego Vangelis, uma das principais influências musicais para Fritsch. 

 A quarta música escolhida para esta coletânea é “Spacelab”, do álbum “Journey to the Future” (2019), uma música cósmica e com lindas melodias, enquanto a música “Warp Drive” é um instrumental com solos virtuosos de minimoog (uma espécie de teclado) acompanhados por baixo e bateria. “Artificial Inteligence” é na linha da música eletrônica com vocais realizados por vocoder.

A sétima faixa se chama “Aurora Borealis” e apresenta uma bela melodia com textura sinfônica ao som de vozes femininas acompanhadas por sintetizadores. 

A faixa épica “Atlantis” também apresenta temas cativantes com percussão e alternância entre sons sintetizados e de instrumentos étnicos. 

Duas músicas do álbum “Exogenesis” são apresentadas aqui em novas versões. A primeira delas é a “Exogenesis Part I”, música eletrônica extraída da suíte de quatro movimentos de mesmo nome e a segunda “Neutron Star”. 

Para encerrar a coletânea, Eloy Fritch apresenta a nova versão para a música “Beyond the Mountain” em que enfatiza as partes corais acompanhadas por sintetizadores.

O tecladista já lançou 16 álbuns autorais lançados por gravadoras internacionais tocando teclado eletrônico e foi indicado quatro vezes ao Prêmio Açorianos de Música de Porto Alegre na categoria melhor compositor.

 Em 2021 recebeu o troféu açorianos de melhor instrumentista pelo álbum “Moment in Paradise” (2020). Somando o Apocalypse e as gravações do projeto solo são mais de 30 álbuns lançados e várias participações em coletâneas. 

Com a pandemia as apresentações artísticas pararam e Fritsch se dedicou a gravar o álbum “Moment in Paradise”, seu penúltimo registro de inéditas, utilizando diversos teclados incluindo os clássicos analógicos como o minimoog e os modernos como o Kronos, System-8, FA08 e Jupiter-80. 

O último lançamento do tecladista é o álbum “Epic Synthesizer Music Vol. 1”, lançado em abril deste ano, trazendo dez composições inéditas. 

Ouça a música “Moment in Paradise” no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=CeqLe8Ri-_M; Ouça o álbum “Moment in Paradise” no Spotify: https://open.spotify.com/album/12n6RN1JhVTyBcGaRpgCQq; Confira “Epic Synthesizer Music Vol. 1” no Bandcamp: https://eloyfritsch.bandcamp.com/album/epic-synthesizer-music-vol-1