Era tudo muito improvável, já que o cantor tinha acabado de passar por uma cirurgia na garganta. No entanto, após uma noite inteira de bebedeira e jogo d sinuca, o fato estava sacramentado: Ian Gillan, ex-Deep Purple, era o novo vocalista do Black Sabbath.
O acerto foi corroborado horas depois, em uma fria tarde de 1983, sob protestos do empresário do cantor: "Você poderia ter ao menos me avisado".
Era o desfecho de uma era desastrada na carreira dos dois artistas. O cantor vinha de altos e baios com as banda Gillan a Ian Gillan Band e teve dde parar para cuidar da saúde.
Já o Black Sabbath demitira o vocalista Ozzy Osbourne em 1979 e passou meses ensaiando cm Ronnie James Dio, então saído do Rainbow, até defini-lo como o cantor do grupo. durou até 1982, quando, após dois álbuns e um ao vivo, houve uma ruptura litigiosa.
Não tinha nada a ver a junção, mas acabou sendo bom para todos os lados porque ambo recuperaram algum fôlego para seguir nos competitivos anos 80. No fundo, Gillan e Tony Iommi, o guitarrista líder do Sabbath, sabiam que o arranjo era provisório e temporário.
Os dois músicos eram muito amigos e viviam se encontrando em pubs, mas nunca cogitaram tocar juntos profissionalmente. "Só mesmo muito álcool para criar esse 'monstro'", brincou anos depois o vocalista ao comentar o desfecho em uma manhã gelada e cinzenta em um pub.
Apesar de esquisito, Iommi gostou da ideia tempos depois e se esforçou para que desse certo. Tanto ele quanto o cantor resolveram mergulhar no trabalho e fazer dar resultado.
O baixista Geezer Butler e o baterista Bill Ward, da formação original, escutaram os planos e resolveram voltar depois de um afastamento. Com Gillan, um nome gigante do rock, avaliaram que haveria boas perspectivas. E então a bomba estourou na imprensa.
Todos são unânimes em dizer que foi um período bastante divertido e que o astral no estúdio era bem interessante e construtivo, por mais que o álbum concebido, "Born Again", fosse muito pesado, sombrio e até violento.
Com uma produção esquisita e sons estranhos, os músicos não gostaram do resultado, as acabou se tornando um disco cultuado em várias partes do mundo, principalmente no Brasil e na Argentina. Há pelos menos três clássicos: "Born Again", "Disturbing the Priest" e "Zero the Hero".
O disco não vendeu muito, mas o suficiente para animar a todos e fazer a banda engatar uma turnê americana em 1983 e shows na Europa no ano seguinte, uma turnê que também foi considerada divertida pelos músicos - ill Ward, por problemas de saúde e com o álcool, foi substituído por Bev Bevan, que tinha passado pela Electric Light Orchestra.
Inusitada, interessante, divertida, com bons resultados... Mas desconfortável em vários momentos e circunstâncias, segundo próprio Gillan comentou em várias entrevistas. Havia um incômodo latente, e todo percebiam. A união não era natural.
O sentimento era de que as coisas estavam fora do lugar, especialmente quando a banda encerrava o show com "Smoke on the Water", do Deep Purple, a pedido/exigência de Gillan. Era curioso e interessante, mas não funcionava perfeitamente. Mais do que nunca, ali ficava claro que o "Deep Sabbath" não iria longe.
O que fazer? Para Gillan, rezar por uma solução que caísse do céu. Ou torcer para a volt da formação clássica do Deep Purple, aquela chamada de "mark II", que durou de 1969 a 1973.
Foi durante a turnê que emissários de Ritchie Blackmore, ex-guitarrista do Deep Purple, sondaram Gillan sobre a possibilidade de voltar - o Purple havia acabado em 1976 com outra formação. Feliz, o vocalista fez jogo duro para não dar o braço a torcer, mas cedeu quando soube que Ian Paice (bateria), Roger Glover (baixo) e Jon Lord (teclados) haviam topado.
Ian Gillan manteve segredo por algum tempo até que notinhas na imprensa musical surgiram na virada do ano idicando que havia uma movimentação para reunir o Purple. Diz a lenda ue foi no mesmo pub onde selou a entrada na banda que Gillan confirmou os rumores a Iommi de que a antiga banda voltaria.
O guitarrista do Black Sabbath não se surpreendeu, embora não soubesse dos rumores. De certa forma, até esperava um desfecho parecido com aquele. A inadequação de Gillan era evidente no Sabbath e logo haveria aquele desfecho.
Ian Gillan se despediu com shows na Inglaterra no começo de 1984 e logo entraria em estúdi para gravar "Perfect Strangers", a volta do Deep Purple, aina em 1984.
Já o Black Sabbath deveria ter ficado parado, já que Bevan e Geezer anunciaram que estavam fora do Black Sabbath, deixando Iommi sozinho. O guitarrista começou a preparar o seu primeiro álbum soo e testou vários vocalistas até definir que o amigo Glenn Hughes, outro ex-deep Purple, seria o cantor
No final das gravações do álbum, em 1985, a gravadora de Iommi exigiu que o disco fosse lançado como do Black Sabbath. O músico aceitou, desagradando aos músicos de sua então banda solo.
"Seventh Star" saiu bem no comecinho de 1986, com Glenn Hughes nos vocais, ams este estava no auge de seu vício em drogas e álcool e acabou demitido depois do quarto show da turnê, substituído pelo americano Ray Gillan. Era apenas o começo de um longo calvário para o Black Sabbath que só terminaria em 1997 com a volta de Ozzy Osbourne.
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