sexta-feira, 26 de maio de 2023
No álbum ‘Electric Delta’, Duca Belintani revisita uma de suas raízes
Ricardo Gozzi - do site Roque Reverso
Ainda nem pensávamos em pandemia quando o guitarrista Duca Belintani partiu para uma viagem sonhada durante anos. Décadas talvez. De carro, ele atravessou em 2019 os quase 1.500 quilômetros que separam as gélidas ventanias de Chicago do calor abafado de New Orleans.
Em sua maior parte, o longo trecho precisa ser percorrido por duas interstates, como são chamadas as rodovias interestaduais nos Estados Unidos, mas passa voando para os apreciadores do blues.
De Chicago até New Orleans, incontáveis bares oferecem um circuito inebriante de artistas talentosos, dos mais jovens aos mais velhos, sobre os quais talvez jamais ouçamos falar.
Mas uma coisa é colocar o pé na estrada como um mero apreciador o blues. Outra — bem mais significativa — é ser um guitarrista para o qual o blues figura como uma de suas bases de formação.
“Foi tudo mágico”, relatou Duca ao Roque Reverso.
Em Chicago, ao visitar o Buddy Guy’s Legends, deparou-se com a lenda do blues em carne e osso. Duca contou que, depois de contar a ele que havia lançado álbuns de blues no Brasil, ouviu de Buddy Guy: “Continue, precisamos levar o Blues para as novas gerações.”
Quando passou pelo Mississípi, Duca tocou pela primeira vez em uma juke joint da famosa trilha do blues. O palco foi o Blue Front Cafe, em Bentonia. E como ele foi parar ali? A convite de Jimmy “Duck” Holmes, a quem Duca mostrou seu trabalho e com quem aprendeu a pegada do hill country mississipiano.
Depois de beber direto da fonte, Duca Belintani voltou para o Brasil e foi direto para o estúdio compor e gravar “Electric Delta”.
Em seu oitavo disco solo, Duca revisita uma das raízes de seu trabalho e proporciona um grande contraste em relação a seu álbum anterior, o divertido e teatral “Blues na Floresta”, inspirado nas mais marcantes histórias do folclore brasileiro.
O novo trabalho traz nove músicas eletrizantes. Literalmente. A simplicidade das letras e das bases originadas na lama do delta do Mississippi ganhou o lustro de solos e drives de bom gosto. E rendeu mais uma prova de que ainda se faz blues de qualidade no Brasil.
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