Um atentado a bomba em um festival de jovens no Rio de Janeiro marcou profundamente
a vida de um jovem de 19 anos, e ele resolveu agora. Em vez de pegar em armas e
partir para a guerrilha urbana, escolheu a guitarra pra promover outro tipo de
subversão: criar o heavy metal brasileiro e ser o mais ultrajante e possível,
querendo incomodar todo mundo. A música seria a sua liz.guerrilha eterna e
perpétua.
Predestinado, Carlos “Vândalo” Lopes criou há 43 anos uma das maiores
instituições culturais brasileiras, a banda carioca Dorsal Atlântica, ainda na
ativa e om álbuns cada vez melhores lançados detonando meio mundo por conta das
mazelas sociais e desmandos político-administrativos desde país infeliz.
Por mais que afirme ter renegado o que virou o metal brasileiro, o mesmo
qu ajudou a criar, não consegue se desvencilhar da Dorsal Atlântica, já
escalada para alguns os mais importantes fetivais nacionais para 2025.
E a novidade é que a banda estará embalada peça chegada da discografia
pesasa da banda a toa as plataformas
digitais no ano que vem, finalmente oferecendo às novas gerações a oportunidade
de conhecer a banda qu começou isso tudo, ao lado dos paraenses do Stress.
Segundo Lopes, em entrevista ao programa de YouTube “Alt Cast”, disponibilidade
dos álbuns em streaming fará parte de um acordo com o selo Rocinante, que
também prepara edições limitadas de do discos da banda em vinil. “Havia relutância
de entrar para o mundo digital por diversas razões mas o acordo que firmei era
a o que faltava para invadirmos a ‘modernidade’”,
brincou o músico.
Além de músico, Carlo Lopes é u reconhecido artista gráfico e autor de
histórias em quadrinhos/graphic novels e está com uma campanha de financiamento
coletivo aberta para viabilizar o lançamento de seu mais novo livro, que terá o
título de “o Condomínio”.
De fundo autobiográfico, é baseado nas memórias de quando era
adolescente e morou em um condomínio no Leblon, na zona sul carioca, teve como
vizinhos no prédio e n mesma rua gente como Raul Seixas, Hildegard Angel e uma
série de personalidade da história do
Brasil. A campanha vai até 27 de outubro.
“Escravidão, ditadura e favelas em um prédio repleto de história. O
Brasil em um condomínio.
A HQ não trata apenas sobre um prédio, um bairro e a cidade do Rio, mas os
emprega para refletirmos sobre um país que pouco muda desde o Brasil colônia”,
explica o autor.
A MMarte Produções, especialista em quadrinhos brasileiros, tratará da
editoração, impressão e o envio do livro, cuja campanha de financiamento coletivo
está em www.catarse.me/condominiodorsalatlantica
Alegoria
“O Condomínio”trata de um conjunto de três edifícios modernistas construídos no
Leblon, Rio, nos anos 1950, quando o bairro era fora de rota, de moda, um
areal.
Erguido para abrigar jornalistas e os pracinhas da segunda guerra, o vizinho
dos prédios era a favela da Praia do Pinto com 15 mil habitantes. A construção
ocorreu durante o governo democrático de Getúlio Vargas interrompido por um
golpe militar e o suicídio.
A história em quadrinhos não fala apenas sobre os prédios e seus moradores, mas
serve como microcosmo da sociedade brasileira, a partir da fundação da cidade
do Rio de Janeiro, a escravidão, o quilombo do Leblon, o incêndio da Praia do
Pinto e a comunidade da Cruzada São Sebastião, vizinha ao Condomínio, fundada
pelo Bispo “comunista” D. Helder Câmara.
O autor relata histórias familiares, humanas, filosóficas e cita alguns dos
moradores do Condomínio como músicos, atores, políticos, escritores e vizinhos
desaparecidos pela ditadura de 1964.
“sou um artista inquieto e uma arte só, nem só música me basta. Então
imagine eu ter que conviver com a dualidade de ter ajudado a fundar o metal no
país e ao mesmo tempo não me identificar com nada do estilo... “, revela Lopes.
Em rápida conversa com o Combate Rock, ele contou como tem sido seu
processo de criação: “Tenho gravado em casa com celular releituras de músicas na guitarra baiana. Gravei tudo na
informalidade e, para mim, é tão natural que sai, vamos dizer assim, ai gravei
Girlschool, David Bowie, Clara Nunes e vem mais por aí.
E ele completa: “Nessa um artista carioca que mora H anos no Porto, em Portugal me perguntou se
eu poderia musicar uma letra dele contra o Elon Musk, dono da Tesla e do X.. Nao compunha desde 2020
e a música surgiu no mesmo minuto, então percebi que as músicas poderiam fluir
se não fossem só metal e ai compus umas dez novas fora as engavetadas que nunca
viram a luz do dia.”
Sobre o novo livro: “Estou há dois anos trabalhando nestes quadrinhos,
mas eles nunca tinham continuidade porque voltei a tocar com a banda nesses
últimos dois anos, em função do CD ‘Pandemia’. Há um ano meu irmão morreu. E
exatamente por causa da morte dele me conscientizei que não devo postergar mais
nada. Os quadrinhos O’ Condomínio’ são fruto desse processo.”
Se a campanha arrecadar mais do que o necessário, a Dorsal Atlântica gravará
a trilha sonora da HQ que será postada para ser baixada por todos. Segue o link
da música que compus para a letra sobre o Elon Musk, gravado com celular. Mais abaixo, o recado de Lopes convocando para
a campanha de financiamento coletivo.
https://www.youtube.com/watch?v=BUGiEuiZmts
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