As
desavenças e disputas pelo nome da banda Yes se acirraram a parir de 2008,
quando o vocalista Jon Anderson ficou doente e acabou sumariamente demitido e
trocado por Benoit David, um cantor canadense de uma banda cover do próprio Yes.
A medida teve
o apoio do guitarrista Steve Howe e do baixista Chris Squire, o dono da marca.
Quando este último morreu, em 2015, as disputas se intensificaram. Desde então
Howe e Anderson torçam farpas pela imprensa, mas de forma polida e sem
agressões. Agora a contenda chega ao mercado
em forma de álbuns solo em lançamentos quase simultâneos enquanto Howe mantém o
Yes em férias.
“true” é o
surpreendente álbum novo de Jon Anderson, que completou 80 anos recentemente,
Tanto na carreira solo como nas colaborações com Rick Wakeman (tecladista), Jean-Luc
Ponty (violinista), Vabelis (tecladista), Roine Stolt (guitarrista), entre
outros, o cantor se notabilizou por um viés mais reflexivo e new age. Desta
vez, porre,. Caiu de cabeça no rock.
De forma proposital,
formou uma banda, a Band Geeks, para acompanhá-lo no estúdio e ao vivo que
emula de forma categórica o som de sua antiga banda. Anderson mandou que seus
colaboradores recriassem timbre por timbre característicos da banda nos anos
70, e o resultado ficou impressionante. A guitarra de Howe e o baixo de Squire
parecem ter saído diretamente das sessões de “Fragile”, clássico do Yes de
1971.
Com profusão
de letras que abusam do tom de auto-ajuda e de psicologia positiva, Anderson
comete um álbum agradável de ouvir, mas com cheiro de naftalina e zero novidade.
Exceto por algumas colaborações com Rick Wakeman, amigo e ex-companheiro de Yes,
o cantor sempre procurou se afastar do rock progressivo que o consagrou,
preferindo um som mais calcado no folk inglês e na world music. A recaída soa
bastante estranha.
“Time
Messenger” e “Shine On”, os primeiros singles, são as melhores canções com todo
aquele clima setentista embalado por mensagens positivas e de alto astral,
quando não religiosas e reflexivas, como na auto-explicativa “Thank God”. Os
fanáticos pelo Yes vão se deliciar.
Sreve Howe,
por sua vez, retoma a sua série de trabalhos instrumentais em “Guitarscape”, só
qu desta vez cim uma roupagem mais crua e simples, sem arroubos de produção.
Seu estilo limpo e claro de tocar às vezes fica soterrado por um teclado não
muito dinâmico, mas não chega a complicar
as coisas. O problema é que os temas, desta vez, são fracos. O mestre da
guitarra parece terficado sem inspiração.
A comparação
com a série de Cds “Homebrew” escancara essa pobreza de criatividade, que fica
mais evidente com a decisão de afotar uma produção bastante acanhada, que
deixou os temas com cara de “fita demo”, quando as canções estão despidas de
arranjos para servir apenas como demonstração para os músicos da banda e
produtor.
Do conjunto
decepcionante de 14 canções, salvam-se apenas a fluida “Equinox”, a agitada “Touch
the Surface” e a interessante “Secret Mission” com seu solo bem elanorado e
faiscante. Muito pouco para um dos grandes guitarristas do nosso tempo.
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