Marcelo Moreira
A imagem é bem eloquente como comparação: imagine um grupo musical de samba formado por portugueses desembarcando no Rio de Janeiro causando um furor descomunal e fazendo um sucesso estrondoso.
Foi mais ou menos isso o que ocorreu em 1964 quando os Beatles desembarcaram em Nova York em um frio mês de fevereiro para a sua primeira visita aos Estados Unidos. Começava ali a “Beatlemania”, o maior fenômeno do mundo pop já visto.
Esse é o tema de “Beatles ‘64”, produzido pelo cineasta Martin Scorsese e dirigido po David Tedeschi, um documentário bem feito e interessante sobre o impacto que a banda inglesa teve no país que criou o rock e, por tabela, na cultura do mundo ocidental.
Inicialmente considerado apenas uma curiosidade, já que praticamente não traz nenhuma novidade, o file acabou se tornando o documento definitivo de uma era importante da arte humana, além de registrar com fidelidade e bem contextualizo o primeiro fenômeno mundial do entretenimento do ponto de vista midiático.
Independente do que se possa ver como novidade ou não, o documentário é saboroso por conter o fino do que foi o começo da “Beatlemania”, quase todo baseado em imagens feitas pelos documentaristas Albert e David Maisles, contratados para cobrir jornalisticamente a visitados Beatles.
Mais do que registrar simplesmente a comoção da chegada do quarteto de Liverpool aos Estados Unidos, o novo filme aproveita para fazer uma boa contextualização do que estava por trás daquele momento.
Carente de atrações diferentes e ansioso por se livrar do baixo astral que dominou o país com o assassinato do presidente John Kennedy, em novembro de 1963, o público americano queria mergulhar no escapismo e voltar a sonhar com um mundo idílico e ideal de sonho americano.
O problema é que havia uma entressafra de artistas de grande potencial pop. O rock estava em baixa, o cinema estava tomado por diretores e roteiristas sem inspiração e a vanguarda artística em todos os sentidos estava em baixa. O outrora selvagem Elvis Presley tinha ido para o exército anos antes e voltado totalmente domesticado. Faltavam ídolos para os jovens.
Os Beatles eram os caras perfeitos para tomar conta do buraco aberto. Eram ídolos dos adolescentes ingleses e conquistaram rapidamente a Europa. Eram jovens, bonitinhos, carismáticos e, aparentemente, inofensivos.
Com boas entrevistas atuais e da época, ”Beatles ’64” é bom como obra cinematográfica e muito importante como documento histórico. ´R uma fita à altura da importância dos Beatles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário