Nelson Britto esboçava um leve sorriso quando alguém dizia que seu estilo de tocar baixo era semelhante ao do mestre John Entwistle (1944-2002(, a band inglesa The Who. Outros diziam que era mais para Jack Bruce (1943-2014), do Cream. Discreto, agradecia meio sem jeito
Fundador e sustentáculo da banda Golpe Estado, Britto tinha uma solidez única solidez que impressionava nos palcos, permitindo que o guitarrista Helcio Aguirra (1956-2014) implementasse uma cama sonora que moldou o som d banda de hard rock paulistana.
Internado há mais de um mês para tratar de um tumor no intestino, Nelson Britto morreu um dia depois de completar 64 anos, em 12 de julho. Era o único integrante fundador do Golpe de Estado, que mais uma vez corre sério rico de acabar.
Emotivo e sincero, decidiu pela aposentadoria 'forçada" em 2014 após a morte do parceiro Aguirra. Dizia à época não ter motivação para seguir.
Menos de um ano depois estava de volta ao palcos com a banda, convencido por Rogério Fernandes, vocalista do Carro Bomba, que integrou o Golpe por quase dois anos na época até convocar João Luiz (ex-King Bird) para substituí-lo.
"O legado da banda é muito importante e muita gente pediu a nossa volta. Quero que seja uma homenagem ao Helcio, que sempre lutou muito por nossa trajetória e fez história no rock nacional", disse o baixista certa vez a este jornalista após um show em São Bernardo (ABC Paulista).
Músico talentoso, Nelson Britto era adepto da simplicidade e da eficiência, deixando o virtuosismo para Aguirra e o baterista Paulo Ziinner. Era o pilar da banda.
Foi com Zinner que a aventura musical profissional surgiu no começo dos anos 80 depois de uma temporada de dificuldades e boas histórias em Londres, na Inglaterra. Formaram o Fickle Pickle trio de rock pesado com o guitarrista André Chrustóvam.
O grupo durou por cerca de dois anos até que o guitarrista foi tocar com Rita Lee e com a banda Heróis do Brasil antes de se tornar um nomes maiores do blues nacional. Foi a senha para a chegada Helcio Aguirra, que era do Harppia, e mais tarde André Mareehal, o Catalau, o vocalista icônico da primeira fase da banda.
O quarteto de certo logo na sua formação, e a partir de 1986 engatou uma série de shows e álbuns que são reverenciados até hoje.
Pesado demais para o rock dos anos 80 e leve demais pra o metal extremo da época, o Golpe de Estado trilhou caminho próprio e pagou o preço pelo pioneirismo e independência; Talvez seja por isso que seja tão cultuado, embora não tenha explodido nas paradas.
Nelson Britto foi um do gigantes do nosso rock e era referência em todos os sentidos. Com ele se vai a essência do que tinha restado de originalidade e intrepidez da banda. P buraco que fica é gigantesco.
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