Paul McCartney não queria acreditar. Nunca quis. Achava que poderia resgatar
a magia e recuperar o ambiente de colaboração e camaradagem que dominava os
Beatles até não muito tempo atrás. Iludiu-se com o ambiente sereno e
descontraído daquelas gravações. No entanto, no fundo, bem no fundo, sabia que
estava acabando. Nunca mais seria a mesma coisa...
“Abbey Road”, o álbum gravado nos estúdios de “Abbey Road”, da EMI, em
Londres, foi a última vez em que os quatro Beatles estiveram juntos em um
ambiente de ensaios e gravação.
Era o comecinho de setembro de 1969 quando finalizaram tudo para o disco
que seria a lançado a toque de caixa duas semanas depois. McCartney queria que fosse um recomeço, mas
outros Beatles saiam, inconscientemente, que era o epitáfio.
Faz 55 anos que os Beatles realmente acabaram, e o álbum “Abbey Road”,
que chegou \às lojas no final de setembro de 1969, era um trabalho lançado por
uma banda qu não existia mais.
O fim oficial só foi decretado em abril de 1970, quando Paul McCartney
anunciou sua saída da banda dias depois do lançamento do álbum “Let It Be”, mas
aquele LP icônico fundamental, com a
capa com os quatro atravessando a rua em frente ao prédio do estúdio, era o
verdadeiro adeus.
As gravações transcorreram bem e sem discussões, e parecia que Paul e
John Lennon estavam novamente se entendendo, fazendo piada e brincando com todo
mundo. Yoko Ono, a nova senhora Lennon, não era mais uma presença tão ostensiva
o estúdio, deixando tudo mais leve. Parecia tudo bem. ..
Com os trabalhos finalizados em 3 de setembro, os quatro e mais os executivos
da gravadora Apple de propriedade da banda, se reuniriam novamente no dia 21
para traçar planos para o futuro. Parecia tudo bem...
Na manhã do dia da reunião, havia uma certa tensão no ar, mas Paul não
percebeu. Todo mundo chegou na hora, mas John, para variar, estava atrasado. Ringo
Starr e George Harrison estavam mais quietos do que de costume, como se
estivessem entediados e impacientes, mas Paul não ligou, já que era assim nos
últimos dois anos, dede que o empresário Brian Epstein morrera, Os três Beatles
se ressentiam do fato de Paul ter tomado a frente de tudo e achado que se
tornara o líder. No entanto, o Paul achava que tudo estava bem...
Lennon chegou 40 minutos atrasados com Yoko a tira-colo. Sem
cumprimentar ninguém, sentou em sua cadeira e olhou desafiadoramente par todos,
como se dissesse: “O que estamos esperando? Vamos começar logo logo!”
Paul esperava ao menos um pedido de desculpas, mas respirou fundo e
abriu os trabalhos. Na verdade, só ele falou o tempo todo. Reclamou a situação financeira
da Apple, recomendou corte e gastos e economia severa, e sugeriu que o grupo
voltasse a fazer shows, o que não ocorria dede 1966.
Antes de uma lucrativa turnê americana, sugeriu que fizessem um grande
show de retorno, em lugar icônico, com milhares de pessoas no público e
transmissão ao vivo para o mudo todo. Seria o evento cultural mais importante o
pós-guerra.
Antes de voltarem a compor, propôs também uma volta às raízes, com o lançamento
e um álbuns de blues e canções importantes do rock dos anos 50e 60 de seus
ídolo americanos
Ficou incomodo ao não ver nenhuma reação dos companheiros após quase uma
hora de fala e de sugestões. Ninguém soube precisar a duração, mas houve um longo
silêncio constrangedor quandoPaul parou de falar.
Paul então implorou por algum comentário sobre suas ideias. Mais um
silêncio e então John soltou a bomba: “Estou saindo dos Beatles, Não pretendo
fazer mais nada,” Com um sorriso sarcástico, levantou-se e foi embora, seguido
por Yoko. Seria a última vez os outros Beatles veriam Lennon por muitos anos.
Houve mais um silêncio longo, desta vez sepulcral, até que, os poucos,
Ringo, George e alguns executivos foram saindo da sala. Atônito e constrangido,
Paul soube ali que era o fim.
Coube ao empresário da banda, Allen Klein, a missão árdua de convencer
Lennon a manter segredo de sua decisão por seis meses para que a notícia não
prejudicasse os dois lançamentos já programados para 1970: a coletânea “Hey
Jude” e o pacote LP e filme “Let It Be”. Relutante, Lennon aceitou. Não sabia
que cairia em uma armadilha, ainda que involuntária.
A relação entre os quatro azedou de vez, mas Paul McCartney se
surpreendeu com o azedume de George e Ringo em relação a ele. Os três só
voltariam a se encontrar em 4 de janeiro de 1970, em Abbey Road, para finalizar
a última canção gravada peça banda, “I Me Mine”, de George, que entraria em Let
It Be”. Lennon não apareceu – na verdade, sequer foi avisado, segundo algumas
fontes. Outras dizem que ele sabia e fez questão de ignorar.
Quase não houve interação entre os três. Na hora de ir embora, Paul e
Ringo discutiram um tom áspero sobre as datas de lançamentos de seus discos solo, e o baterista acabou por ceder e aceitou
adiar o seu para o meio do ano.
Em 10 de abril de 1970, Paul McCartney surpreendia o mundo ao anunciar,
no dia de lançamento de seu primeiro álbum solo, “McCartney”, que estava saindo
da banda. Fazia poucos dias que a Apple tinha lançado “Let It Be”, com isco nas
lojas e filme nos cinemas. Ra a vingança de Paul pela decisão de John de acabar
com a banda. Anos depois eles voltariam a manter algum tipo amizade, mas John nunca perdoou o antigo
amigopela traição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário