Foram poucos os que perceberam a importância do lançamento: o rock chegando às telas de cinema cacifados por um sucesso estrondoso em meio a uma revolução cultural sem precedentes no Ocidente. Não era apenas uma moda ou um filme bobinho de garotos correndo e meninas gritando: era a consolidação do jovem com ator importante na sociedade de consumo.
“A Hard Day’s
Night”, o filme criado e filmado para os Beatçes, completa 60 anos como o auge
da beatlemania que assolou o mundo em 1964. Se artisticamente há poucos argumentos para
encontrar qualidades cinematográficas, em termos de counicação de massa é o
arrombamento da porta – e derrubada do muro – erguidos para separar arte e
entretenimento.
Acadêmicos
de diversos matizes sempre relutaram em aceitar aquela “música de negros” como
algo de valor artístico. ERlvis Presley, o rei, era desprezado por conta de
seus movimentos corporais e por suas músicas “indigentes” em termos de letras. O
blues de gente como Robert Johnson, Muddy Waters e Howlin’ Wolf não passava de
música de rua, assim como Woodie Guthrie
e outros bardos country-folk não passavam de “jecas da roça”.
Ainda bem
que havia gente jovem e moderna mas universidades americanas e na biblioteca do
Congresso daquele país que entendeu o que estava acontecendo e, movidos pelo interesse
suscitado pelo surgimento e sucesso de Bob Dylan, foram atrás da informação e
da história. E fizeram história.
O primeiro
filme dos Beatles chegou no momento em que a cultura popular e a cultura pop –
coisas diferentes – começar a ser levadas a sério pelo mercado de forma ampla.
Especialistas e estudiosos finalmente entenderam que os jovens, ainda que dependentes,
de certa forma, economicamente dos pais e responsáveis – há muito ditavam
compras, comportamentos e tendências dos dois lados do oceano Atlântico.
E o
empresário dos Beatles, Brian Epstein, foi um dos primeiros a perceber isso. E
aumentou ainda mais as possibilidades de ganhar dinheiro e de formar um novo
mercado consumidor poderoso; Como astros pop de altíssima penetração, os Beatles
podiam vender tudo. E venderam tudo. Eram fenômenos de marketing e propaganda, mas
só conseguiram isso porque faziam música de qualidade e se mostraram como
grande novidade pop naquela década de 1960.
“A Hard Day’s
Night”, filme e o LP que trazia a trilha sonora, são verdadeiras gemas pop e a
gênese do que se tornou o mercado fonográfico voltado para a juventude. Ainda preservavam
certa ingenuidade e um pouco da inocência daqueles tempos, mas começavam a apontar
alguns caminhos mais instigante que viriam a seguir.
A estética
dos videoclipes dos anos 70 e 80, com a massificação da MTV, começou com o
filme dos Beatles. A faixa-título abriu
o leque para algumas experimentações, a começar pelo acorde inicial, indicando
que a música seria mais pesada do que os espectadores e ouvintes estavam
acostumados.
As baladas “And
I Love Her” e “IF I Fell” trilhavam caminhos mais densos e enveredavam por
outros tipos de sentimentos, indo além as chorosas canções de amor. “I’ll Cry
Instead” era uma canção diferente que abusava do sarcasmo e da ironia, enquanto
“When I Get Home” tinha uma agressividade pouco usual até então no repertório
da banda.
O carro–chefe,
“Can’t Buy Me Love”, ainda mantinha os pés no “passado”, digamos assim, investindo
nos códigos que ainda sustentavam a beatlemania, assim como a massiva e
ganchuda “I Should Have Known Better”,
feita sob medida para o gosto estridente dos adolescentes da época.
Históricos
sob muitos aspectos, o combo “A hard Day’s Night” preparou os Beatles e todo o mercado de música pop para
desafios interessantes nos anos seguintes. Agora que o rock era “arte” e
reconhecido por críticos antes ásperos e reticentes, como seria possível
avançar e oferecer algo mais classudo sem perder a veia pop e comercial?
Coo seria
possível conciliar aspirações da juventude em busca de liberdade e independência
com os aspectos de “moral e bons costumes”
que ainda predominavam? As respostas vieram dos próprios Beatles, que
estavam amadurecendo rápido, e da molecada pouco disposta a ficar a reboque do
que diziam os mais velhos.
Movidos a
blues e guitarras, os garotos inglses deram a letra, bradando que queriam mais
satisfação (“[I Can’t Get No] Satisfaction”, com os Rolling Stones) e “quero
morrer antes de ficar velho” (verso de “My Genereation”, de The Who).
E foi Bob
Dylan que definitivamente decretou que o rock era arte quando lançou uma série
de canções entre 1964e 1965, culminando na dupla de hits magistrais “Blowin’ n
tge Wind” e “Like a Rolling Stone”, verdadeiras crônicas sociais com algo de
protesto folk.
A portira
estava aberta e os muros, derrubados. Os Beatles saíram de “A Hard Day’s Night”
gigante e monstruosos, mas conscientes de que tinham de andar por outras
bandas. E então veio o sisudo “Beatles For Sale”, de dezembro de 1964, um álbum
mais reflexivo que contém joias como “Every Little Thing”, “Words of Love”, “Eight
Days a Week” e as pesadas, tanto no som como nos temas, “baby’s um Black”, “No
Reply” e “I’m a Loser”.
Os Beatles
realmente acreditaram que rock era arte e invadiram a seara da música erudita
ainda em 1965, com os singles “Yesterday” we Michelle”, ambos com belíssimos
arranjos de cordas que elevavam o padrão de criatividade na música pop – e, no
ano seguinte, atingiriam i auge nesse cainho com as maravilhosas “Eleanor Rigby”
e “Here, There and Everywhere”, do disco “Revolver”. Neste também tem o flerte
com o jazz “Got to Get Into My Life” e com o rock progressivo em “Tomorrow
Never Knows”.
E quem diria
que “A Hard Days Night” roperia barreiras e furaria o bloqueio da “Cortina de
Ferro” dos países comunistas tutelados pela União Soviética? Foi o que aconteceu,
como pode Sr lido neste interessante texto publicado pelp site “Music Non Stop”
- https://musicnonstop.uol.com.br/a-hard-days-night/
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