sábado, 26 de outubro de 2024

Em tempos de informação pulverizada, surge uma opção de curadoria cultural

 

Na era da ultrainformação e da pulverização de opções de entretenimento, onde encontramos algum tipo de curadoria cultural quando a imprensa praticamente não existe mais?

 

Esse é um tema recorrente entre jornalistas e especialistas em comunicação na tentativa de entender as rápidas mudanças que ocorrem em nosso cotidiano dada a velocidade da tecnologia e da imensa gama de opções de entretenimento que nos é oferecida a todo

 

Pnde estão os cadernos culturais relevantes dos outrora relevantes jornais diários ou revistas semanais² Onde estão gente como Kid Vinil o Big Boy, craque do rádio que nos apresentavam as novidades nacionais e internacionais da música os anos 70, 80 e 90?

 

Eles já morreram, assim como Leopoldo Rey; Fabio Massari, ex-MTV, completou 60 anos, mas anda fora da mídia, para nosso azar. Onde buscar dicas e informação qualificada sobre coisas boas            e interessantes?

 

Foi pensando nessa falta de curadoria que o jornalista Thales de Menezes teve uma ideia simples e, com certeza, não muito original, de enviar para amigos inicialmente, e depois para assinante, uma espécie de newsletter por e-mail com comentários sobre filmes, CDs, livros  e artes em geral.

 

Não há nada parecido no mercado. Menezes trabalhou por mais de 25 anos no jornal Folha de S. Paulo, para o qual ainda colabora de vez em quando. Foi editor e uma espécie de colunista da Folha Ilustrada, o caderno cultural e tem um dos melhores textos do jornalismo brasileiro da área cultural. Suas informações são um oásis de bom gosto e inteligência em nossas caixas de e-mail.

 

Muita gente tentou coisa parecida em várias áreas jornalísticas nos últimos, mas as iniciativas se mostraram limitadas. Thales de Menezes conseguiu fazer um esquema sistematizado e organizado que tem dado certo e começa a se disseminar.

Os “Torpedos”, como ele nomeia os boletins são disparados às quintas-feiras e, prestes a completar um ano da iniciativa, decidiu diversificar e segmentar o esquema. Além do boletim semanal com informações culturais gerais, haverá mensagens segmentadas, sendo que a cada dia da semana ele abordará uma área – música, cinema, literatura e streaming, além de uma edição especial de fim de semana.

 

Para quem bisca informação qualificada e curadoria para saber o que de mais legal está rolando no mundo cultural, Thales de Menezes é um nome importante para ser acompanhado e desfrutado. Para fazer a assinatura dos Torpedos de Menezes entre em contato da seguinte forma:

 

E-mail:
thales1962@gmail.com

Endereço:
Thales de Menezes
Rua Abílio Soares 821 apto 111 - Paraíso
São Paulo - SP - CEP 04005-003

 

Abaixo, um exemplo do que ele está fazendo, sendo o primeiro jornalista brasileiro a abordar com mais profundidade a banda americana The Linda Lindas, formada por meninas adolescentes de ascendência asiática que está causando furor com seu segundo álbum. Ele també menciona o trabalho paralelo dos membros do Rafiohead na banda Th Smile.

 

Linda Lindas rumo à dominação mundial

 

Na estreia da TORPEDO, disparada em 29 de agosto do ano passado, a principal indicação foi o quarteto The Linda Lindas. Foi classificado aqui como uma possível opção de salvação do rock,

 

 mesmo com sua baterista de apenas 13 anos. Bem, um ano depois, Mila já tem 14 anos e a banda parece se multiplicar por todos os espaços da mídia americana.

 

Há poucos dias, lançaram o segundo álbum, “No Obligation”. Ele chega na cola da participação em festivais de primeira linha, como o Coachella, e da extensa turnê que a banda está fazendo abrindo shows do Green Day. Fora da estrada, as aparições na TV americana são muitas.

 

Algumas foram provocadas pela participação das Linda Lindas em um álbum de tributo ao Talking Heads. Clique neste link para ver a apresentação da banda no programa “The Tonight Show” tocando “Found a Job”, original dos Heads, e reparar nos terninhos que lembram o visual de David Byrne no filme “Stop Making Sense”.

 

Billy Joe Armstrong, vocalista e guitarrista do Green Day, está praticamente se tornando um padrinho das moças. Vai levá-las também para shows na Europa e na Ásia. E ele não se satisfaz em deixar o quarteto apenas como banda de abertura.

 

 Constantemente chama as meninas para tocar com o Green Day no set principal. O mundo parece estar ao alcance da guitarrista Bela Salazar, da baixista Eloise Wong, da guitarrista e principal vocalista Lucia de la Garza e de sua irmã, Mila.

 

Se antes as Linda Lindas tinham uma canção de impacto total, “Oh!”, que seria uma espécie de “Satisfaction” do grupo, agora chegou talvez a “Jumpin’ Jack Flash” delas: “All in My Head”, um pop rock que gruda no ouvido, com excelentes passagens de guitarra.

 

O clipe oficial é fantástico (clique aqui), mas é bom também ouvir uma versão ao vivo (aqui). Outro hit recém-lançado é “No Obligation”, que pode ser visto aqui numa apresentação matadora no Japão. E o mais recente fruto do segundo álbum é “Nothing Would Change” e seu clipe esperto.

 

 Se as Linda Lindas irão realmente salvar o rock é algo que ainda depende de mais tempo, mas elas estão aí para oferecer canções incríveis e provar que garotas californianas filhas de imigrantes chineses e mexicanos podem ter um lugar de destaque no panteão do rock americano. Para lembrar das meninas quando eram ainda mais novas, de aparelhos nos dentes, eis aqui a já clássica “Oh!”.

 

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Filhote do Radiohead, The Smile é ainda mais radical

 

 

Depois de seus dois primeiros álbuns, “Pablo Honey” (1993) e “The Bends” (1995), o Radiohead partiu para uma até agora incessante jornada de afastamento da canção. Singles inebriantes como “Creep”, “Fake Plastic Trees” e “High and Dry” deram lugar a músicas rumo ao inclassificável.

 

Ouvir Radiohead passou a ser uma experiência mais desafiadora do que encantadora. São músicos geniais rondando os limites do que possa ser diferente.

 

Essa atitude que fez da banda um dos pilares do rock nos últimos tempos chega a uma versão ainda mais radical no trio The Smile, projeto paralelo de dois integrantes do Radiohead, Thom Yorke e Jonny Greenwood, que dividem guitarra, baixo e teclados.

 

Complementa o trio o baterista Tom Skinner, e sua presença é muita importante. Ele tem um background intenso de jazz e acrescenta mais um ingrediente no som do The Smile. Como Greenwood carrega a fama de ser um artista inquieto, que levou o Radiohead mais para perto do progressivo, sobra ao vocalista Thom Yorke enganchar um pouco de pop no produto final.

 

Depois de um álbum gravado na pandemia, “A Light for Attracting Attention” (2022), e outro lançado em janeiro deste ano, “Wall of Eyes”, o trio acaba de soltar “Cutouts”, seu mais intrincado trabalho.

 

O curto intervalo entre os dois discos vem do fato de “Cutouts” conter faixas gravadas nas mesmas sessões do álbum anterior. No entanto, a banda rebate firmemente quem tenta classificar o novo disco como sobras de “Wall of Eyes”. Para isso, defendem a coesão entre as músicas e uma identidade clara no álbum.

 

 Os músicos têm razão. Em “Cutouts” existe uma preocupação diferente por parte da banda. Embora tenha lançado alguns singles, como “Don’t Get Me Started” e “Foreign Spies” (clique nos títulos para ver os clipes), o disco sepulta de vez o conceito de canção.

 

A proposta é a criação de atmosferas sonoras, numa possível ligação com a fase de música ambiente do produtor Brian Eno nos anos 1970 e 1980, que é venerada por roqueiros criativos de todo os tipos, como David Byrne, Thomas Dolby e o próprio Greenwood. Assim, “Cutouts” é um disco quase hipnotizante, mas que requer ser ouvido com atenção. Não vai merecer qualquer adesão da geração TikTok, mas certamente vai fisgar quem ainda acredita em música como algo transgressor e transcendente.

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