O guitarrista
inglês Eric Clapton passou quase incólume pelos quatro shows que fez no Brasil
no final de setembro. Com uma bandeira da Palestina na guitarra, teve de
suportar judeus na plateia exibindo a bandeira de Israel e apoiando o Estado
assassino e genocida comandado pelo criminoso primeiro-ministro Benyamin
Netanyahu.
Curiosamente,
ninguém usou questioná-lo, ne, com o mais leve protesto, por seu negacionistmo
e postura antivacina.Pouparam o artista nos shows, mas estão detonando-o por conta
do lançamento de seu álbum mais recente, “Meanwhile”, lançado enquanto ele
estava no Brasil.
O álbum não
e ruim só por conter mensagem negacionista e anicivilizatória. É um disco muito
charo, previsível e sem a menor inspiração, não passando de uma colagem de singles
lançados desde a pandemia. É uma colcha de retalhos feios e malfeitos, um
amontoado de canções sem unidade e muito desigual.
Poderia ser
uma obra que seria lembrada por conter uma das últimas gravações de Jeff Beck
(1944-2023) – o clássico ‘Moon River” se tornou aqui uma peça sentimental do
mais puro jazz -, mas está rotulada como um clássico do nonsense e da negação
com as três canções que Clapton compôs e gravou com Van Morrison em protesto contra
as medidas de distanciamento social determinadas pelas autoridades do Reino
Unido durante a pandemia de covid-19.
Os dois se
uniram para bradar contra a obrigatoriedade da vacinação. Não s osso,
investiram contra os lockdowns e todas as medidas para conter a disseminação do
vírus. Alegaram que estavam lutando pela liberdade de ir e vir e contra as
regras que “causavam a demissão ea fome de milhares de músicos e trabalhadores”.
O maior lixo
é “Stand and Deliver”, que expõe toda a desumanidade dos dois e a incapacidade
de entender o que estava em jogo no momento mais agudo da pandemia. “Você quer
ser um home livre ou escravo?”, vomitou o guitarrista em uma parte da letra
nojenta. “This Has Gotta Stop” vai na mesma linha, envergonhando o rock e o
colocando, até certo ponto, contra a civiliza~ção.
Só por isso
é m álbum ruim. O restante do disco é uma coleção de musiquinhas pop com
levadinhas reggae, como a insossa “One Woman”, comum e igual a muitas que Clapton
compôs e gravou ao longo do tempo. Na mesma linha seguem as fracas “Heart of
Child”, “You’ve Changed” e “Pompous Fool”.
Além de “moon
River”, o destaque é “How Could We Know”, uma balada folk pop com vários
convidados, entre eles o brasileiro Daniel Santiago, um do violonistas mais
festejado nos Estados Unidos na atualidade e colaborador assíduo de Cçapton.
Apesar da letra insinuar certa ingenuidade a respeito o que pensa o inglês sobre a vida, é possível
ouvi-la com outros ouvidos e entender Uma certa beleza agridoce. São as únicas
canções boas em álbum dispensável marcado elo negacionismo.
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