Marcelo Moreira
Feira do Livro de Porto Alegre (FOTO: DIVULGAÇÃO)
A anedota antifascista
é mais ou menos assim: “E gora? O que nos resta? O que faremos?” A resposta: “Poesia.
Esses canalhas não suportam poesia.” Com esse espírito libertário e
determinado, o povo gaúcho secou as lágrimas dos rostos ainda encharcados pelas
águas dos rios que alagaram todo o estado do Rio Grande do Sul e foram à luta.
Seis meses depois
das tragédias das enchentes, a cultura é o sinal mais eloquente a volta por
cima gaúcha e serve de exemplo de como batalhar pela superação e pela
recuperação.
O Cais Mauá
renovado e a Feira do Livro de Porto Alegre enche m de esperança diante da luta
incessante contra o negacionismo climático, a disseminação criminosa de fake news
e a movimentação igualmente criminosa de extremistas de direita de se esquivar
das responsabilidades pela falta de preparo para enfrentar a tragédia.
Quando o
livreiro viu a sua livraria inundada no centro d Porto Alegre, só lhe veio uma
resposta na cabeça ao ser perguntado como fazer para se levantar. “Cantar e
mergulhar na arte. A arte cura tudo e persegui-la é prazeroso. Vamos nos
recuperar porque ade uma vida mais digna.” arte é a base de tudo
As livrarias
foram recuperadas e formaram a base para que a Feira Literária voltasse a
acontecer, como bem lembrou o músico e cineasta Carlos Gerbase em conversa com
a equipe do Combate Rock. “A recuperação foi dura, lenta e custosa, mas estamos
de pé novamente e a Feira do Livro é a parte mais vistosa de nossa recuperação.”
São pelo
menos 20 editoras gaúchas expondo seu material e clamando por leitores em pelo processo
de recuperação. Algumas perdera tudo, bem como autores que ainda estão casa
para morar. Mais do resiliência, o meio literário o Rio Grande do Sul mostra
resistência e uma capacidade impressionante de se reerguer. Mais uma vez é hora
de prestigiar autores e editoras gaúchas.
Quanto ao
recuperado Cais Mauá, tão cantado nas letras das bandas gaúchas de rock, o
cartão postal de Porto Alegre reabre com novas atrações e mais de 30 bares e
restaurantes. É o coração cultural da capital odos gaúchos e onde pulsa a veia
roqueira de uma cidade que sempre amou a música e a cultura.
Poder
desfrutar de tamanho privilégio após meses de uma grave tragédia é o maior sinal
do poder de regeneração e superação de uma sociedade que ainda busca sua consciência
ambiental e de preservação da espécie.
A questão é
isso não é suficiente para que consigamos nos precaver de novas tragédias – e a
eleição de lixos como Donald Trump, nos Estados Unidos, e porcarias parecidas
no Brasil sempre nos lembra isso,
Quantas
vezes teremos de assistir ao choro de quem perdeu tudo e às declarações inconformadas
de pessoas que tentam passar otimismo ao falar de recuperação? Até quando
teremos de despender esforços para “reconstruir” e “recuperar”, em vez de criar
e avançar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário