segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Dr. Sin para e sinaliza o fim de uma era dourada do rock nrasileiro

 Marcelo Moreira

inda não é o fim, mas é como se fosse, Não é coincidência que três das cinco maiores bandas do rock clássico/metal clássico do Brasil anunciem encerramento de atividades ou paradas por tempo indeterminado na mesma época, deixando um buraco imenso em um mercado que ainda luta para encontrar um modelo viável de negócio.

Foi uma surpresa o anúncio de parada por tempo indeterminado do trio paulistano Dr. Sin alegando necessidade para “respirar” e “repensar” o futuro- o último show será em fevereiro, em Feira de Santana, na Bahia.

Analisando o contexto, até que a decisão não é tão surpreendente. Mesmo com um produto ótimo para divulgar – o CD/DCD “Acústico” -, o grupo não engatou uma sequência de shows para alavancar o que tinha em mãos.

Uma série de outros compromissos mudou o foco no biênio 2023-2924, culminando com o baixista e vocalista substituindo temporariamente Mingau no Ultraje a Rigor. Is rumos foram redirecionados.

E então, eis a razão, de acordo com os bastidores: o Dr. Sin estava ficando para trás com os tr}es integrantes seguindo seus próprios caminhos e buscando seus interesses. Seria demais dizer que a banda estava sem segundo plano, mas passou a dividir com igual atenção o espaço com outras coisas.

Dr. Sin (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Mingau, do Ultraje, foi baleado na cabeça no fim de 2023 em Paraty (RJ), onde administra uma pousada. Desde então trava uma emocionante luta pela vida, com várias internações para recuperação. No entanto. É impossível dizer se vai se recuperar totalmente e voltar a tocar.

Andria o substituiu temporariamente, que tem como principal atividade ser o grupo musical de apoio ao programa “The Noite, o tal show do humorista Danilo Gentili. Na semana passada, foi efetivado como integrante permanente, o que acelerou a decisão do Dr. Sin de parara por tempo indeterminado.

O baterista Ivan Busic se volta para a carreira solo e o projeto que mantém com a mulher, Nat Zuukas, o Inpupura, de pop rock, enquanto Thiago Melo dá aulas de guitarra e toca com muita gente.

Assim, temos Dr. Sin, Angra e Sepultura na iminência do fim. O Sepultura encerra as atividades em 2026, enquanto o Angra atua até o final de 2025 pR m período de hiato de “dois ou três ano”, segundo o guitarrista Rafael Bittencourt.

Será que deveremos nos espantar se Korzus, com quase 45 anos, e Krisiun, com quase 35 anunciarem em breve seus “hiatos”?

Se ainda nos perguntávamos como seria um mundo do rock nacional sem Angra e Sepultura, o Dr. Sin nos lembra que o buraco é bem maior.

São três bandas que representavam uma era em que o sucesso internacional estava ao alcance, assim como lançar álbuns com por gravadoras multinacionais ou internacionais.

Sepultura  (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Antes de lançar uma demo, o Dr. Sin já tinha contrato internacional. O Angra nasceu como supergrupo de músicos virtuosos com suporte e ambições, tanto que seu primeiro trabalho, “Angels Cry”, de 1993, ansiosamente aguardado, foi sucesso imediato no Japão e na França.

E o Sepultura já era grande no metal, vindo dos álbuns aclamados “Arise” e “Chaos AD”; Eram os gloriosos anos 90, que marcaram o fim da indústria fonográfica como a conhecemos.

Como remanescentes dessa época, as três bandas sempre foram admiradas por representar aquele sonho de formar um portfólio respeitável e de ser abraçada pelo suporte de uma gravadora.

Resumindo, encarnavam o sucesso, mesmo do passado, de gravar no exterior, vender muitos álbuns e fazer turnês internacionais. Parafraseando o cantor Sting na música “Money For Nothing”, do Dire Straits, “I Want My MTV” (eu quero a minha MTV).

Com o Dr. Sin fora de combate, dá para dizer que essa época, definitivamente, é passado. O rock/metal clássico consolidado, com carreira internacional, lentamente sai de cena deixando boas lembranças e grande legado, mas indicando que os sucessores terão de remar muito, mas muito, para alcançar o menos parte do que foi conquistado.

É um novo e, por enquanto, não muito legal. Claro que inevitavelmente essa época chegaria, mas as três bandas saem do palco muito cedo – poderiam oferecer bastante coisa, vide os shows lotados de Sepultura e Angra antes das paradas.

Nem todas as bandas podem ser Rolling Stones e The Who, com mais de 60 anos ainda na ativa, mas poderíamos desfrutar um pouco mais das brasileiras.

O Dr. Sin anuncia que para sem saber ao certo se volta, indicando definitivamente o fim de uma época dourada, intensa e importante do rock nacional.


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