Marcelo Moreira
Fabiano NegRI (FOTO: DIVULGAÇÃO) |
Ele simboliza o que de melhor o rock underground paulista pode oferecer além de boa música: persistência e perseverança. Cogitou parar no ano em que completou um quarto de século de carreira, mas uma providencial proposta de uma gravadora americana evitou que perdêssemos a obra diferenciada de Fabiano Negri.
Cantor, compositor e multi-instrumentista campineiro, o artista de texto refinado e de soluções melódicas criativas celebra os 30 anos de rock and roll com o lançamento do registro do show comemorativo realizado no ano passado no Clube da Música, em Caminas.
“No Matter How You Feel Alive” é o resumo de três décadas de muito trabalho e um certo reconhecimento, ainda que abaixo do que merece. Reuniu amigos de toda uma vida, além da mulher, cantora de bons recursos e nome bastante apropriado – Nara Leão – e do filho, Ian, também cantor e multi-instumentista. Uma noite magnífica para comemorar, encerrar um ciclo e começar outro.
Versátil e com toneladas de referências, fez de sua carreira um exemplo no interior de São Paulo, lançando álbuns ótimos e apostando nas suas bombásticas performances e na missão de ensinar e disseminar conhecimento e cultura – é proprietário de uma escola de música que virou um “centro cultural” em Capinas tamanha a sua importância musical.
O show de 30 anos foi aquilo que se esperava e uma homenagem a um cenário musical rico, mas pouco explorado, em uma das maiores cidades do país. Generoso, deixou seus convidados brilharem, e agiu como um inspirado mestre de cerimônias
Com canções de todas as fases de sua carreira, deixou de lado os sons mais pesados dos três últimos álbuns e fez um passeio pelo rock,pelo pop, pelo blues e mostrou também um lado mais alternativo com o suporte da surpreendente banda Bebê Diabo, que estava muito à vontade com o repertório eclético e variado.
Privilegiando a fidelidade sonora e as performances intensas da banda e convidados, Negri conseguiu captar a essência de seu trabalho e a energia de palco que vem dos tempos em que cantava na banda Rei Lagarto, que teve seus bons momentos no final dos anos 90.
Para a noite especial de celebração, Neri escolheu canções representativas, mas que também fossem bem acessíveis, mesmo que um pouco mais pesadas do que o habitual para um público bem variado. Seus álbuns “Reborn” e “Reborn II” deram o tom com “Sad Clown” e Ready to Go”.
Também teve surpresas, como “Sun Machine”, original da banda Bebê Diabo, e “My Flseh”, raramente executada ao vivo. "Potsdmmer Platz”, sua canção mais conhecida, ganhou arranjos diferentes e um pouco mais “viajantes”, enquanto que “Everything That I Want”, rock dos bons, representou a banda Dusty Old Fingers, da qual fez parte e sp gravou um álbum.
O Rei Lagarto, o começo de tudo, foi homenageado com uma bela sequência que encerrou o show bem bacana, que foi muito além de um tributo a um artista importante e bandas idem da cidade de Caminas. “No Matter How You Feel Alive” é uma celebração da música orgânica, underground, aquela feita pertinho da gente e que é essencial para manter a cultura e a arte pulsando, principalmente em tempos de crise e difíceis como os que vivemos hoje.
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