segunda-feira, 30 de setembro de 2024

Eleição municipa: cultura e arte no fim da fila, como sempre

 

A cultura como última opção. Na eleição municipal movida a cadeiradas e agressões físicas e verbais, sobram conversas fiadas e promessas vazias e faltam projetos verdadeiros para a área de cultura nos programas dos candidatos a prefeito em 2024. É sempre a mesma coisa em todas as eleições.

 

A indigência de promessas intenções nas áreas de cultura, arte e entretenimento domina o pleito em quase todas as cidades brasileiras, pequenas e grandes. Em São Paulo, a que tem o maior orçamento do país e possui muitos equipamentos que poderiam atender bem a população, os debates são dominados por questões de zeladoria, filas em hospitais e postos de saúde, falta de creches e Cracolândia.

 

Para ficar apenas no urgente caso da eleição paulistana, a cultura segue desprezada nos programas dos cinco principais candidatos. São tópicos genéricos nos calhamaços de programa de governo, todos com mais de 40 páginas, e nada de concreto.

Até mesmo Guilherme Boulos (Psol), deputado federal comprometido com áreas de cultura e artes, pouco detalha ou fala sobre o assunto nas caminhadas e em debates. Despreza até mesmo o auxílio luxuoso de sua candidata a vice-prefeita, marta Suplicy, ex-orefeita (entre 2001 e 2004) com muitos bons serviços prestados na educação e na área de entretenimento.

 

Boulos repete outros candidatos e fala genericamente em abrir os CEUs e outros equipamenos de educação ára atividades de lazer e espeortivas aos finais de semana, além de “levar atividadesculturais de música e teatro”. Isso é genérico demais. O que diferencia seu programa de governo dos demais é que há a menção no calhamaço de buscar aumentar o orçamento da cultura da prefeitura para 3% do total da cidade. Já é alguma coisa.

 

O prefeito Ricardo Nunes (MDB), em bsuca da reeleição, manteve em seu governo o desprezo quase total à cultura, agravando o desmonte da Virada Cultural iniciado por João Doria (PSDB) em 2017. Seu governo, na verdade, é uma continuação do Doria, já que assumiu a vaga de Bruno Covas (PSDB, era vice de Doria e reeleito em 2020; morreu em 2021).

 

Na propaganda eleitoral de rádio e TV, não tem pudor em dizer que os CEUs receberão os melhores equipamentos de última geração, ganhando “cinema e até piscina”. A pergunta que fica é a seguinte: por que isso não existe hoje, já que govrna a cidade há três anos e meio?

 

Pablo Marçal (PRTB)  José Luiz Datena )PSDB), candidatos mais preocupados em brigar e fazer palhaçadas do que discutir seriamente os problemas da cidade, não têm o que oferece em nenhum quesito, muito menos na área de cultura.

 

Sobra então Tabata Amaral (PSB), uma deputada federal jovem e que demonstra conhecimento, inteligência e bom preparo, mas sem estogo político ainda. Seu programa na área de cultura também é genérico e raquítico, maqs ao menos demonstra ter boas ideias na área de lazer e entretenimento e compartilha a visão trágica da maioria a respeito do desmonte da Virada Cultural.

 

Nos debates de TV e sabatinas de emissoras de rádio e sites, foi a única que abordou, mais de uma vez, promessas para a área da cultura, principalmente na revitalização da Virada Cultura, que virou uma das marcas da cidade de São Paulo e que foi depredada desde 2017, com uma descaracterização total na gestão de Ricardo Nunes.

 

“Precisamos recuperar a Virada, que perdeu seu caráter de inclusão e inserção social”, diz a candidata.”Eu nasci e moro na periferia eu sei como é grave a carência de opções de lazer e arte. Mas a Virada era importante Omo era porque proporcionava o acesso, de graça, a várias atrações quase ao mesmo tempo. Hoje tudo se dispersou.”

 

Na sabatina da rádio CBN, ela falou na linha do que pensa o Combate Rock. “A reocupação do centro da cidade tinha na Virada Cultural um ponto crucial. Eram centenas de atrações. Era possível assistir a um show de rap, andar um pouco e ver outro de MPB, e ter acesso a uma peça de teatro ou uma exposição andando um pouco mais, tudo de madrugada e pela manhã. A cidade ficava em movimento. Hoje não existe mais Virada. Os palcos foram dispersos na periferia, tudo acaba às 22h e o centro fica deserto. Não dá para sair de um palco de rock n Butantã e ir de transporte público a um de aze em Itaquera. Na minha gestão haverá atrações em bairros mais distantes, como sempre ocorreu, mas o principal ocorrerá no centro, em com 24 horas de duração, recuperando o conceito criado pela gestão de José Serra (PSDB, 2004 a 2006).”

 

Claro que um programa de governo não se resuime a reativar a Virada Cultural, mas já é uma grande coisa uma candidata ter uma visão básia e correta de um evento cultural que se tornou uma marca fundamental da cidade e exemplo mundial , atraindo turistas de mundo todo e enchendo os cofres da prefeitura por conta do turismo.

 

Tabata Amaral se tornou uma exceção em uma eleição polarizada marcada pela lacração e pela absoluta indigência de ideias – e também pelo baixíssimo nível de informação e educação do eleitor, pois somente isso explica o gato de alguém votar ou ter a intenção de votar em uma excrescência como Pablo Marçal.

Com o blues visceral, Eric Clapton resgata o melhor de sua carreira

 Marcelo Moreira e Magnus Craven (especial para o Combate Rock)

“Trouxe minha carteira de vacinação para qualquer ‘eventualidade’”, brincou a psicóloga Bia Fontes na fila para entrar no Allianz Parque, em São Paulo, no último domingo. Ela e outros fãs de Eric Clapton zombaram do negacionismo do músicoe só queriam saber de ouvir um bom rock and roll.

 

E não foi bem um rock que ouviram na maior parte do tempo no estádio lotado do Palmeiras em uma tarde/noite memorável e com temperatura agradável.  Guitarrista inglês resolveu incorporar todos os mestres do blues e emocionou a plateia com solos precisos e riffs inspirados, Mostrou o porquê de ser “deus”l como diziam as pichações em Londres em 1965.

 

Muita gente inteligente tinha bons argumentos para boicotar um dos últimos sobreviventes da era de ouro do rock e do pop, seja pelo negacionismo em relação à vacinas, seja pelo lamentável episódio de racismo/xenofobia manifestadas no palco em 1976 ( ao que consta, foi a única vez no palco, situação pela qual se desculpou mais tarde).

Quem preferiu separar obra das bobagens proferidas foi premiado com um grande show, em que o artista de 79 anos expôs todo o feeling e maestria para desfilar fraseados emocionantes e solos pungentes e encharcados e blues até o talo.

 

O clichê vale para este caso: vimos a história passando pelos nos olhos no palco do Allianz Parque naquela que deve ser a última passagem pelo Brasil de Clapton.  Ele estava em forma, com agilidade nos braços e no raciocínio, e ofereceu um espetáculo digno de sua altíssima categoria.

 

Com algumas alterações no repertório em relação ao show de sábado, no Vibra, mais intimista, Clapton privilegiou o blues e clássicos que ganharam nova vida nas suas cordas, como Crossroads”, do mítico Robert Johnson, o “Jey to the Highway”, de Charles Sugar e regravada por milhões de pessoas.

 

A introdução de “Sunshine of Your Love”, de sua antiga banda Cream, enganou, mas ele deu de presente outra do trio maravilhoso, “Badge”, parceria com George Harrison.  E teve também “Hoochie Coochie Man”, de Muddy Waters, que surpreendentemente causou alvoroço no público.

 

O set acústico veio logo no comelo do show e deu uma esfriada, causando alguns apupos e reclamações. O guitarrista não deu bola e mostrou-se exímio violonista, ancorado por uma bada de craques e com a participação especial do de um amigo recente, o violonista brasileiro Daniel Santiago, que vive em Nova York.

 

“Rinning on Faith” é uma peróla da carreira do músico, assim como a nem tão reente “Change the World”, que ganhou uma roupagem mais intimista e leve. O blues “Nobody Knows You When You’re Down and Out”, de Jimmy Cox, ponto alto do seu CD “MTV Unplugged”, antecedei à participação de Santiago, que brilhou em “Lonely Stranger”, “Believe in Life”, e no megahit “Tears in Heaven”, talvez a única que a maioria do público conhecia na íntegra;

 

Como concessão ao mundo pop, “Old Love” e “Cocaine”, e J.J. Clae, satisfizeram uma “necessidade” de algo mais palatável e “FM”, mas o bis tratou de recolocar as coias no lugar com o blues manjado e maravilhoso “Before You Accuse Me”.

 

Não foi tão intenso e urgente quanto às apresentações anteriores dele no Brasil, mas esteve bem adequada a apresentação ao momento em que Clapton vive, à beira dos 80 anos de idade e ensaiando uma redução drástica de atividades, principalmente em relação a turnês. Continua sendo um dos nomes fundamentais da música de nosso tempo

 

Na abertura, a acertada escalação do guitarrista norte-americano Gary Clark Jr, um nome máximo do blues atual, ao lado de Eric Gales e Joe Bonamassa. Seu bçues é mais atual e experimental, com a presença de elementos diferentes, de bases eletrônicas e, em alguns momentos, com uma pegada rap e rhythm and blues.

 

Claro que a plateia estranhou um pouco, mas pareee que a intenção de Clapton era essa mesmo, pois houve estranhamento em outras praças onde a turnê passou. Foi essa música “diferente” e com estruturasinusitadas  que provocou um misto de curiosidade e indiferença na plateia.

 

Com alguns ecos de Jimi Hendrix (1942-1970) e do amigo Eric Gales, Clark apostou em um início mais roqueiro e depois foi abrandando, preferindo temas mais “politizados” e sua discografia de seis álbuns, com destaque para “When My Train Pulls In”, “This is Who We Are” e “What About the Children”, além de “Bright Lights”, talvez o seu maior hit até agora.


U2 relança álbum de 20 anos atrás com CD bônus contendo material inédito

 Depois de regravar 40 músicas de seu catálogo no formao acústico/semiacúsico para celebrar 40 anos de carreira, o U2 anunciou que vai desovar material de arquivo há muito esquecido em algum porão insondável de gravadora ou da casa de um dos integrantes. 

Muita gente está chamando de "novo álbum", mas é apenas uma coletânea de sobras de stúdio que doram descartadas por diversos motivos. O projeto é para celebrar os 20 anos do lançamento de "How to dismantle an Atomic Bomb", um álbum apenas razoável. 

A edição em CD duplo será lançada em novembro, sendo o álbum original remasterizado e remixado como prato principal e "How To Re-Assemble An Atomic Bom", o segundo CD, com músicas inéditas não aproveitadas na época.  

No comunicado que anunciou o "novo" lançamento, foram divulgados nomes de faixas como omo "Country Mile" e "Picture Of You (X + W)", desconhecidas até então mesmo por especialistas em material pirata, os chamados bootlegs.

O jornalista Mauricio gaia, integrante do Combate Rock, costuma dizer que se o artista não divulou o mateial quando devia e optoi por deixá-lo em arquivo é porque não tinha qualidade suficiente mesmo para o próprio artista. Parece ser o caso dessas duas canções do U2, que soam sem vigor e comuns demais. Parece que o quarteto mudou de ideia...

"Pictures of You" é uma canção apenas razoável, um roquinho básico movido a guitarras oitentistas sem o timvre característico de The Edge, com letra que concentra diversos clichês do rock,

"Country Mine" não é muito melhor, mas ao menos se paree que com o que o U2 estava fazendo à época, em uma tentativa de voltar um pouco às raízes pós-punks e abandonando os elementos eletrônicos. Tem um ar retrô que remete aos tempos do álbum "War", de 1983. 

O com masi esse relançamento, o U2 indica que a crise criativa continua, com nenhuma inspiração ou voltade de compor e lançar material novo. É evidente que isso alimenta boatos de um hiato prolongado e indeterminado ou até mesmo o final da banda 0 seus integrantes têm todos 64 anos de idade.

https://youtu.be/KVW-xthPZSE

https://youtu.be/_fIXQXTE-v8



domingo, 29 de setembro de 2024

O verdadeiro final dos Beatles meses antes do anúncio oficial

 

Quando foi que os Beatles acabaram realmente? Em abril de 1970, quando Paul McCartney anunciou que não estava mais na banda quando do lançamento de seu primeiro álbum solo? Ou foi quando John Lennon disse que estava saindo em setembro de 1969, poucos dias antes de “Abbey Road” chegar às lojas?

 

Oficialmente, os registros em jornai e TVs informam que em 10 de abril de 1970 o primeiro álbum solo de Paul chegava às lojas simultaneamente ao anúncio de que não fazia mais parte da banda. Fazia isso poucos dias depois do lançamento, pela Apple, de “Let It Be”, LP e filme.

 

Cronologicamente, “Let It Be” é o último lançamento oficial da banda. Foi gravado ante de “Abbey Road’ e lançado pouco antes do anúncio da saída de Paul.

 

Alguns historiadores dizem que Lennon, George Haarrison e Ringo Starr cogitaram ficar juntos e chamar o fotógrafo alemão e antigo amigo da banda Klaus Voorman para assumir o baixo. Pensaram até em mudar de nome para The Ladder. Entretanto, nem os músicos nem amigos próximos jamais confirmaram essa história. Lennon tratou de confirmar o fim da banda no final de abril. George e Ringo silnciaram

 

Mundo em ruínas

  

As fraturas estavam evidentes desde 1968, mas ficaram expostas em janeiro de 1969, quando Paul forçou a banda a se enfurnar nos sombrios estúdios e cinema de Twickenham, em Londres, para compor e gravar o próximo isco de inéditas. Haveria uma equipe de filmagem o tempo todo para filmar o processo de criação para um documentário.

 

O projeto, batizado de “Get Back”, não deu certo e foi abandonado. O clima entre eles estava ruim – George, irritado com críticas de Paul, chegou a abandonar temporariamente os trabalhos. A coisa ficou tão fria que ficaram meses sem se encontrar e se falar.

 

Antes, para “celebrar” o fim das gravações fracassadas, subiram ao terraço do prédio da Apple, em Londres, em 30 de janeiro de 1969, para fazer um concerto improvisado durante o dia.

 

Tocaram cinco músicas na companhia do tecladista norte-americano Billy Preston. Estavam enferrujados depois de quase três anos sem shows, mas foi interessante e banda mostrou que era poderosa ao vivo. Foram interrompidos ela polícia, que atendeu a reclamações da vizinhança.

 

Apesar de o clima ter sido bom, algum coisa tinha se quebrado e não parecia haver a mesma irmandade de sempre Paul McCartney parecia saber e sentir isso, mas preferiu se iludir. Quase seis meses depois, convenceu todo mundo a voltar para o estúdio de Abbey Road, a sua “casa” na EMI.

 

A ilusão aumentou por conta da boa convivência e de poucas animosidades entre eles, além de um material de ótima qualidade, que transformou Abby Road” em um dos grandes discos da história do rock. Vendeu muito bem e foi bastante elogiado pela imprensa, como sempre.

 

Dias depois do fim das gravações e antes de o LP ser lançado, John Lennon anunciou, em uma reunião na manhã de 21 de setembro de 1969, que estava saído dos Beatles. Levantou da cadeira e foi embora sem dizer tchau. George teve certeza de que ali era o fim do grupo, algo de Paul e Ringo relutaram em admitir. Entre eles, só voltariam ase  falar anos depois.

 

Vingança e traição 

 

Não se sabe se Paul não aceitou ou não admitiu que era o fim. Entrou em u período de reclusão e de certa negação. Pragmático, o empresário Allen Klin convenceu o resoluto Lnnon a adiar o anúncio de sua saída para não prejudicar os próximos lançamentos, programado para janeiro e abril de 1970. Contra a vontade, Lennon.

 

Conformado e enfurecido, Paul teve de ser convencido a sair de sua fazenda na Escócia e ir a Londres para um último compromisso do a banda: finalizar uma canção de George que estaria no LP “Let It Be”

 

Quem presencio Paul, George e Ringo m 4 de janeiro finalizando “i Me Mine” teve a certeza de que a banda não existia mais. Praticamente não interagiram e demonstravam impaciência para ir embora, Lennon não apareceu e há fonte que garantem que ele sequer foi avisado, Outras dizem que ele sabia, mas fez questão de não ir.

 

 

Paul e Ringo, na porta do estúdio, discutiram de forma ríspida sobre quem lançaria o seu álbum solo primeiro, e foram emora irritados. Ficariam por muito tempo sem se falar.

 

Nesse meio tempo, Lennon pegou as gravações em áudio  de “Get Back” e que seriam transforadas no LP “Let It be” e entregou nas mãos do produtor americano Phil Spector. Fez isso sem avisar ninguém e o resultado irritou a todos com a adição de naipes de cordas, metais e corais em músicas que não pediam isso, coo The Long and Winding Road” e “Across the Universe”. Era o fim definitivo pra Paul McCartney.

 

 Llet It Be... naked”, lançado neste século com as bênção de Paul, traz uma versão aproximada do álbum como deveria ter sido lançado em 1970 sem as mãos de Spctor.

  

Fraturas expostas

 

O filme “Let It Be”, de 1970, filmado, dirigido e editado por Michael Lindsay-Hogg, é um retrato melancólico que se evidenciava na época: a dissolução e o fim iminente dos Beatles. Privilegiou os momentos de tensão e de dificuldades na criação das canções. O clima é sempre carregado em um ambiente soturno Foi o que ele sentiu e captou, como disse em várias entrevistas ao longo dos anos.

 

Ele não estava errado, já que os Beatles implodiram meses depois, embora a crise definitiva e seu desfecho só tenham ocorrido mais de um ano depois da conclusão das filmagens

 

O problema para Lindsay-Hogg é que o neozelandês Peter Jackson, d trilogia “O Senhor do Anéis”, resolveu pegar tudo o que o diretor original filmou, dúzias de horas, e fazer a sua própria versão”  Em ve de fazer um documentário, fez uma “minissérie”.

 

 

Nas mais de sete horas dos três capítulos de “Get Back”, o mesmo título do que originalmente estava programado, Jackson apresenta um clima menos tenho e uma certa cordialidade com alguns momento. Entre os músicos e deles com as equipes de produção musical.

 

A versão nova levou muita gente a questionar o trabalho de Lindsay-Hogg, o que gerou muita polêmica estéril. Lindsay-Hogg não inventou nada. O clima tenho está lã. A questão é que, em mais de 50 ou 100 horas de filmagens, nem tudo era briga  e nem tudo guerra. Caso contrário, os músicos não teria se suportado por quase 30 dias - tudo teria acabado no terceiro dia

  

São dois filmes diferentes, mas não excludentes, que são importantes par mostrar o cotidiano de criação e composição da maior de todas as bandas, algo raro e impactante. Entretanto, é importante também porque registra o processo então irreversível de desagregação e implosão de uma banda de rock ultrafamosa e hipertalentosa.

 

Como em todas as famílias, os altos e baixos ocorrem cotidianamente, muitas vezes no mesmo dia Nos dois filmes do Beatles, dá ara dizer que isso ficou explícito  de forma total, como um grande reality show moderno. Infelizmente, as consequências foram danosas para a banda e para a música pop.  São visões diferentes da mesma família, mas fica claro que em nenhum momento o cineasta Michael Lindsay-Hogg inventou o que quer que seja,

Lanlado há 55 anos, 'Abbey Road' foi o mais belo epitáfio possível para os Beatles

 

 Cronologicamente, “Abbey Roa” é o penúltimo LP de musicas inéditas e antepenúltimo lançamento dos Beatles. Depois vieram a coletânea “Hey Jude” e o combo LP -filme “Let It Be”. Entretanto, é o trabalho que marca o fim da colaboração entre os quatro músicos, a última vez em que trabalharam como uma banda em estúdio.

 

O futuro dos Beatles parecia incerto depois que eles fizeram um concerto improvisado no terraço da gravadora Apple, de sua propriedade, em 30 de janeiro de 1969. Era uma espécie de “celebração” pelo final antecipado das filmagens do que deveria ser u filme e LP chamado “Get Back”.

 

Enfurnados em um estúdio de cinema no bairro e Twickenham, foram acompanhados por um mês por uma equipe de cinema liderada pelo cineasta Michael Lindsay-Hogg. A ideia era registrar o processo  de criação e gravação de um álbum dos Beatles

 

Não deu certo. Os músicos se incomodaram com as câmeras, o processo e composição e gravação fora de Abbey Road não fluiu e todos, irritados, resolveram abortar o projeto. No dia 30 de janeiro, o show improvisado com apenas cinco músicas e a presença o tecladista americano Billy Preston só mostrou que eles estavam bem enferrujados, ainda que o resultado final tenha sido ao menos interessante. O concerto foi interropido pela polícia por conta de reclamações de moradores da vizinhança.

 

Com as música das sessões de “get Back” descartadas, assim como as imagens, cada um dos músicos se recolheu e mergulharam em suas vidas particulares, mostrando desinteresse pela Apple e pela banda. Cou a Paul McCartney a iniciativa de. Convencer os então amigos a voltar para o estúdio.

 

Paul se surpreendeu com a boa vontade de todos e com a qualidade do material que apresentaram para as canções inéditas, Ficou aliviado com uma certa descontração e bom humor – em janeiro, durante “Get Back”, George Harrison chegou a abandonar os trabalhos por conta de criticas e orientações de Paul.

 

Foram dois meses trabalho concentrado e muita pesquisa sonora. Ringo Starr apareceu com sua até então melhor composição para a banda, a curiosa a animada “Octopus Garden”, dando o tom de como seriam as gravações.

 

George Harrison ofereceu simplesmente os dois maiores hits do disco: “Something”, gravada até por Frank Sinatra aos depois, e a ensolarada “Here Comes the Sun”, até hoje uma das preferidas por quem começa a aprender a toar violão.

 

Cada vez mais experimental e intimista, John Lennon surgiu com duas canções ótimas> “Come Together”, com sua letra meio nnonsense e sua linha de baixo magistral, e a longa e hipnótica “I Want You (She’s SoHgeavy)”, que é a junção de duas canções. Mais tarde apareceria com a linda “Because”, que ganhou belos arranjos vocais e de sintetizadores.

 

Paul insistiu em incluir a bobinha e fraquinha “Maxwell’ s Silver Hammer”, mas compensou com o blues romântico desesperado “Oh, Darling”, um dos ponto altos da trajetória dos Beatles. Também foi dele a grande ideia de juntar fragmentos esparsos de canções dele e de John para um improvável medley no lado B, incluindo a angustiante e triste “Golden Slumber” e a enigmática e premonitória “The End”, a última faixa gravada pelos quatro juntos

 

O álbum foi um sucesso, como tudo o que envolvia o nome dos Beatles (ou quase tudo), mas quando o álbum, muito bem recebido pela crítica, foi lançado, os Beatles já não existiam mais - ou pelo menos não mais como quarteto,. Em uma reunião de trabalho no dia 21 de setembro de 1969, John Lennon anunciou que estava fora da banda, e ficaria por anos sem ver e conversar com os ex-companheiros.

 

 

Lennon foi convencido a manter segredo para não atrapalhar os dois próximos lançamentos dos Beatles, “Hey Jude”, a coletânea, e “Let It Be”, filme e LP. Lennon aceitou, mas foi traído por Paul, que anunciou que estava saindo da banda quando do lançamento  seu primeiro álbum solo em abril de 1970.

 

Assim sendo, “Abbey Road” se tornou realmente o último e verdadeiro isco dos Beatles, um epitáfio à altura da genialidade da maior de todas as bandas pop e de rock.

'Abbey Road' marcous, há 55 anos, o verdadeiro fim dos Beatles

 

Paul McCartney não queria acreditar. Nunca quis. Achava que poderia resgatar a magia e recuperar o ambiente de colaboração e camaradagem que dominava os Beatles até não muito tempo atrás. Iludiu-se com o ambiente sereno e descontraído daquelas gravações. No entanto, no fundo, bem no fundo, sabia que estava acabando. Nunca mais seria a mesma coisa...

 

“Abbey Road”, o álbum gravado nos estúdios de “Abbey Road”, da EMI, em Londres, foi a última vez em que os quatro Beatles estiveram juntos em um ambiente de ensaios e gravação.

 

Era o comecinho de setembro de 1969 quando finalizaram tudo para o disco que seria a lançado a toque de caixa duas semanas depois.  McCartney queria que fosse um recomeço, mas outros Beatles saiam, inconscientemente, que era o epitáfio.

 

Faz 55 anos que os Beatles realmente acabaram, e o álbum “Abbey Road”, que chegou \às lojas no final de setembro de 1969, era um trabalho lançado por uma banda qu não existia mais.

 

O fim oficial só foi decretado em abril de 1970, quando Paul McCartney anunciou sua saída da banda dias depois do lançamento do álbum “Let It Be”, mas aquele LP icônico  fundamental, com a capa com os quatro atravessando a rua em frente ao prédio do estúdio, era o verdadeiro adeus.

 

As gravações transcorreram bem e sem discussões, e parecia que Paul e John Lennon estavam novamente se entendendo, fazendo piada e brincando com todo mundo. Yoko Ono, a nova senhora Lennon, não era mais uma presença tão ostensiva o estúdio, deixando tudo mais leve. Parecia tudo bem. ..

 

Com os trabalhos finalizados em 3 de setembro, os quatro e mais os executivos da gravadora Apple de propriedade da banda, se reuniriam novamente no dia 21 para traçar planos para o futuro. Parecia tudo bem...

 

Na manhã do dia da reunião, havia uma certa tensão no ar, mas Paul não percebeu. Todo mundo chegou na hora, mas John, para variar, estava atrasado. Ringo Starr e George Harrison estavam mais quietos do que de costume, como se estivessem entediados e impacientes, mas Paul não ligou, já que era assim nos últimos dois anos, dede que o empresário Brian Epstein morrera, Os três Beatles se ressentiam do fato de Paul ter tomado a frente de tudo e achado que se tornara o líder. No entanto, o Paul achava que tudo estava bem...

 

Lennon chegou 40 minutos atrasados com Yoko a tira-colo. Sem cumprimentar ninguém, sentou em sua cadeira e olhou desafiadoramente par todos, como se dissesse: “O que estamos esperando? Vamos começar logo logo!”

 

Paul esperava ao menos um pedido de desculpas, mas respirou fundo e abriu os trabalhos. Na verdade, só ele falou o tempo todo. Reclamou a situação financeira da Apple, recomendou corte e gastos e economia severa, e sugeriu que o grupo voltasse a fazer shows, o que não ocorria dede 1966.

 

Antes de uma lucrativa turnê americana, sugeriu que fizessem um grande show de retorno, em lugar icônico, com milhares de pessoas no público e transmissão ao vivo para o mudo todo. Seria o evento cultural mais importante o pós-guerra.

 

Antes de voltarem a compor, propôs também uma volta às raízes, com o lançamento e um álbuns de blues e canções importantes do rock dos anos 50e 60 de seus ídolo americanos

 

Ficou incomodo ao não ver nenhuma reação dos companheiros após quase uma hora de fala e de sugestões. Ninguém soube precisar a duração, mas houve um longo silêncio constrangedor quandoPaul parou de falar.

 

Paul então implorou por algum comentário sobre suas ideias. Mais um silêncio e então John soltou a bomba: “Estou saindo dos Beatles, Não pretendo fazer mais nada,” Com um sorriso sarcástico, levantou-se e foi embora, seguido por Yoko. Seria a última vez os outros Beatles veriam Lennon por muitos anos.

 

Houve mais um silêncio longo, desta vez sepulcral, até que, os poucos, Ringo, George e alguns executivos foram saindo da sala. Atônito e constrangido, Paul soube ali que era o fim.

 

Coube ao empresário da banda, Allen Klein, a missão árdua de convencer Lennon a manter segredo de sua decisão por seis meses para que a notícia não prejudicasse os dois lançamentos já programados para 1970: a coletânea “Hey Jude” e o pacote LP e filme “Let It Be”. Relutante, Lennon aceitou. Não sabia que cairia em uma armadilha, ainda que involuntária.

 

A relação entre os quatro azedou de vez, mas Paul McCartney se surpreendeu com o azedume de George e Ringo em relação a ele. Os três só voltariam a se encontrar em 4 de janeiro de 1970, em Abbey Road, para finalizar a última canção gravada peça banda, “I Me Mine”, de George, que entraria em Let It Be”. Lennon não apareceu – na verdade, sequer foi avisado, segundo algumas fontes. Outras dizem que ele sabia e fez questão de ignorar.

 

Quase não houve interação entre os três. Na hora de ir embora, Paul e Ringo discutiram um tom áspero sobre as datas de lançamentos de seus discos  solo, e o baterista acabou por ceder e aceitou adiar o seu para o meio do ano.

 

Em 10 de abril de 1970, Paul McCartney surpreendia o mundo ao anunciar, no dia de lançamento de seu primeiro álbum solo, “McCartney”, que estava saindo da banda. Fazia poucos dias que a Apple tinha lançado “Let It Be”, com isco nas lojas e filme nos cinemas. Ra a vingança de Paul pela decisão de John de acabar com a banda. Anos depois eles voltariam a manter algum tipo  amizade, mas John nunca perdoou o antigo amigopela traição.

Há 55 anos morra Brian Jones, o gênio dilacerado e atormentado dos Rolling Stones



O guitarrista inglês Brian Jones conseguiu uma rara unanimidade no rock, em especial no tempo em que ficou vivo: conseguiu desagradar a todos que conviveram com ele. 

 

É óbvio que ele não pode mais se defender, mas são abundantes as declarações e petardos disparados contra ele, de ex-mulheres a ex-companheiros dos Rolling Stones, de ex-funcionários a empresários e até amigos que um dia foram mais chegados.

Em todas as biografias da banda ou livros sobre fatos específicos da carreira do grupo as referências ao músico, sobretudo no período entre 1966 e 1969, não são nada lisonjeiras. 

 

É raro achar alguém que fale bem do cara. No momento em que é lembrado o marco do 55 anos de sua morte, - ele teria 82 anos se estivesse vivo - não só o seu desaparecimento ainda está envolto em mistério, mas sim boa parte de sua breve vida. 

 

Não há dúvidas de que foi um dos grandes pilares dos Rolling Stones, mas também é fato que sua saída foi um bálsamo para que a locomotiva continuasse e se tornasse a maior de todas as bandas de rock.

Musicalmente, entretanto, Jones foi extraordinário dentro do rock e reconhecido como um de seus primeiros visionários.

 

Apaixonado por blues e exímio instrumentista, tinha o defeito de não saber (ou não querer) compor, o que o limitava como artista – e que acabou determinando o futuro dos Rolling Stones, que ajudou a criar, mas que saiu de seu controle quando Mick Jagger e Keith Richards se tornaram bons compositores e assumiram a linha de frente. 

 

Para muita gente, Jones se tornou o verdadeiro primeiro rock star da história, pelo menos da forma como conhecemos atualmente, em relação ao comportamento.

Excêntrico, irritadiço e totalmente dependente de drogas diversas, fazia questão de demonstrar sempre que podia o seu talento, um traço impressionante de sua personalidade insegura e paranoica.

Entretanto, da mesma forma que se destacava como uma estrela perdida – e mais tarde cadente -, cativava amigos e fãs por conta de um charme espantoso e uma aura de intelectualidade e jovialidade, temperada com rebeldia, que caracterizou rock britânico dos anos 60 bem no meio da beatlemania.

 

Guitarrista elogiado, com um ouvido absoluto, – conseguia em pouco tempo tirar qualquer música e aprender qualquer instrumento de cordas – Lewis Brian Hopkins Jones é muito mais lembrado por seu comportamento errático e insano, além do consumo industrial de drogas.

É consenso que ele perdeu a mão por causa do abuso de drogas, mas não só por isso. Inseguro por natureza e incapaz de aceitar a derrota (ou que alguém o superasse), foi aos poucos se desligando da realidade e se afastando da banda, até porque não compunha. Teimoso e pouco colaborativo, insistia em manter a fidelidade ao blues puro e "sem contaminação", que já o colocou em rota de colisão com os demais Stones ainda em 1965.

Competitivo, mas sem grandes argumentos ou outros instrumentos que lhe permitissem encarar de igual para igual Jagger e Richards, logo caiu em depressão e não conseguiu reagir. Perdeu a liderança e o controle da banda – e a namorada para Keith Richards – e se afundou ainda mais nas drogas. 

 

A partir de 1966 sua presença nos estúdios era cada vez mais rara – e, para sua grande frustração, sua ausência era cada vez menos notada, com as guitarras assumidas integramente por Richards.

Nos álbuns "Between the Bottons" (1967) e "Their Satanic Majesties Request" (1967), assim como os singles daquele ano, Jones pouco acrescentou ao som dos Stones, coisa que piorou no ano seguinte, em "Beggar's Banquet", quando apenas duas faixas tinham algum instrumento tocado por ele. 

 

Prestes a ser limado da banda, Jones era incapaz de perceber que estava perdendo rapidamente a credibilidade no meio artístico. 

 

Com quase todo mundo familiarizado com os problemas dos Rolling Stones e com a fama e o comportamento errático do guitarrista, Brian já era tratado como caso perdido por quase todos, incluindo o amigo e junkie de carteirinha Jimi Hendrix. Seria Brian Jones um dos maiores desperdícios do rock?

Uma alma penada em vida

Brian Jones se considerava o verdadeiro criador dos Rolling Stones, mas na verdade ele foi procurado pela dupla Mick Jagger e Keith Richards no começo de 1962 para formar uma banda. 

 

Como já era experiente e tocava na noite de Londres, conhecia muita gente e logo tomou conta do "empreendimento", autoproclamando-se líder e empresário, pois arrumou um lugar para ensaios e outros músicos para iniciar os trabalhos. 

 

Também foi de Jones a ideia de nomeá-los como Rolling Stones, nome que foi detestado pela banda, em meio ao desespero no momento de agendar o primeiro show, no Marquee Club, em 12 de junho de 1962, substituindo a Blues Incorporated, de Alexis Korner.

Não bastasse tudo isso, foi o maior entusiasta da assinatura de contrato com Andrew Loog Oldham, um moleque de apenas 19 anos, mas com a "experiência" de ex-assistente de Brian Epstein, dos Beatles, no currículo. 

 

Oldham foi o primeiro empresário e o mentor da frase "Você deixaria sua filha se casar com um Rolling Stone?" Ironicamente, foi Oldham que deu o primeiro empurrão para o início da autodestruição do paranoico, ególatra e narcisístico Jones ao trancar Jagger e Richards na cozinha de sua casa no começo de 1965.

O aviso foi claro: os dois só sairiam de lá quando compusessem uma música. A ideia era não depender mais da ajuda de amigos (como os Beatles, que cederam "I Wanna Be Your Man") e de versões do blues americanos. Demorou horas na madrugada, mas a dupla fez uma música, e a partir daí embalou a perpetrar sucessos atrás de sucesso.

Como não compunha, Jones ficou para trás. Quando percebeu, tinha perdido a liderança para Jagger e Richards, especialmente no final do ano, com o estouro de "(I Can't Get No) Satisfaction", hit gigantesco até hoje. 

 

O guitarrista problemático e irascível já demonstrava um desequilíbrio e fragilidade emocionais preocupantes, agravados pelo tempestuoso relacionamento com Anita Pallenberg, a modelo alemã que o trocou por Richards, e com as constantes visitas de oficiais de Justiça e moças pedindo o reconhecimento de paternidade de seus filhos (oficialmente, foram seis filhos nascidos entre 1963 e 1969).

Segundo o escritor Simon Wells em "Encurralados: Os Stones no Banco dos Réus”, aos 17 anos Brian Jones já era pai de dois filhos que ele não reconheceu. Até a sua morte, em 1969, teria outros quatro. Pelo menos três das crianças teriam sido encaminhadas para a adoção em Londres e Cheltenham. Teria convivido pouco tempo com apenas um,  Julian Marks, fruto de seu relacionamento com Pat Andrews, uma menina de Cheltenham.

O guitarrista mergulhou na decadência física e artística em 1966, entrando de cabeça nas drogas e no álcool – que já usava em doses bastante altas desde 1963. 

 

Embora fosse um prodígio nos instrumentos – era capaz de aprender um instrumento novo em horas, como no caso da cítara – não compunha, o que o relegou ao segundo plano nos Stones. Lentamente foi se desinteressando pelo trabalho no estúdio, com suas partes sendo tocadas por Richards. 

 

No palco, mostrava desinteresse ainda maior. Nos álbuns "Between the Buttons" e "Their Satanic Majesties Request", gravados e lançados entre 1966 e 1967, sua contribuição foi pequena, participando de poucas músicas. 

 

A situação piorou ainda mais no clássico "Beggar's Banquet", lançado em 1968, coincidindo com Anita Pallenberg o trocando por Richards após uma viagem à França e ao Marrocos ocorrida no finalzinho do ano anterior.

Mergulho fatal

O ressentimento e a paranoia aumentaram muito, assim como o consumo de drogas. Jones praticamente desapareceu dos estúdios e teve problemas com a polícia por conta de posse de "substâncias ilícitas".

 

Por um momento passou a odiar Jagger, a quem culpava por todos os seus males – o maior deles, o de "roubar a minha banda". Culpava também Richards por seu isolamento na banda e pelo fosso artístico-criativo em que estava mergulhado. 

 

Jones foi levando a situação em estado catártico até o primeiro semestre de 1969, quando se recusava cumprir compromissos com a banda e a gravar novas músicas desde final do ano anterior.

Na época os Stones estavam tocando pouco ao vivo, mas voltariam às turnês no final do ano nos Estados Unidos. Richards adiou o quanto pôde, mas teve de ceder à ira de Jagger: Brian estava fora da banda e não havia mais como mantê-lo.

 

A decisão foi tomada em abril, quando Mick Taylor, geniozinho da guitarra da banda de John Mayall, foi convidado a gravar partes do álbum que viria ser "Let It Bleed" (lançado em dezembro de 1969), para pouco depois ser efetivado. 

 

Apesar de tudo isso, Jagger e Richards só tomaram coragem de ir ao apartamento de Jones no começo de junho para oficialmente dispensá-lo. Surpreendentemente, o demitido recebeu a notícia de forma serena e resignada, ao menos na aparência.

Dilacerado emocionalmente, passou a consumir toneladas de drogas para aplacar a depressão e a sensação de fracasso, que culminariam na sua morte um mês depois, em 3 de julho de 1969, afogado na piscina de sua casa de campo.

 

É fato que ele estava entupido de drogas e completamente bêbado, mas até hoje persistem versões de que teria sido assassinado por um pedreiro que fazia uma obra no imóvel. Outras versões dão conta de que Jagger teria mandado matá-lo – ou feito com as próprias mãos. As sandices são muitas neste caso.

Dois dias depois, os Stones fizeram o célebre concerto do Hyde Park, em Londres, com abertura do King Crimson e do Blind Faith. 

 

O que era para ser a apresentação oficial de Taylor tornou-se um show em memória de Brian Jones, embora Jagger e Richards não tenham comparecido ao funeral dias depois. 

 

Como disse Pete Townshend em uma entrevista logo depois, "Brian era um cara que morria todos os dias".


A bela homenagem de Dinho Ouro Preto ao amigo Pit Passarell



Entre as personalidades do rock nacional que se manifestaram sobre a morte de Pit Passarell, baixista  vocalista do Viper, a mais emocionante e contundente foi a de Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial. Ele publicou a homenagem em texto nas redes sociais

Pit Passarell morreu aos 56 anos em São Paulo no dia 27 de setembro, em decorrência de um câncer no pâncreas. Além de integrante da banda de heavy metal Viper, que ajudou a fundar em 1984,  mantinha uma carreira solo e compunha canções para diversos artistas, eles a banda Capital Inicial, naquel toca seu irmão Yves - que integrou o Viper por quase 15 anos.
Para o Capital Inicial, 

Pit contribuiu com as faixas “O Mundo” (presente no álbum “Atrás dos Olhos”, de 1998), “Algum Dia” (no disco “Rosas e Vinho Tinto”, 2002), “Seus Olhos”, “Instinto Selvagem” (ambas de “Gigante”, 2004) e “Depois da Meia-Noite” (de “Das Kapital”, 2010). Todas essas canções foram regravadas pelo músico em seu álbum solo “Praticamente Nada”, de 2020.

Leia o texto que Dinho postou nas redes sociais:

“Acabo de saber do falecimento do meu amigo Pit Passarell, irmão do Yves Passarell do Capital. Hoje é um dia de tristeza e luto. Conheço o Pit há várias décadas e ele era uma das pessoas mais geniais, gentis e generosas que eu tive o prazer de conhecer. Ao longo dos anos passamos várias noites rindo e falando sobre música.

A turma dele virou a nossa turma. Seus amigos são meus amigos. Seu irmão, o Yves, veio tocar no Capital. Todas as vezes em que nos encontramos ele estava de bom humor, de olho no futuro e fazendo planos. Aliás, no nosso último encontro falamos em nos reunir pra escrever mais música. O Capital gravou inúmeras canções dele. Acho que foram umas cinco ou seis — todas excelentes.

Ele, além das suas virtudes pessoais, era um músico e compositor único. Daqueles que conseguem colocar em palavras aquilo que todos nós sentimos, mas não sabemos verbalizar. Ele era um dos grandes compositores do rock brasileiro — sublime e inspirado. Suas letras me comovem todas as vezes que as ouço. E como se não bastasse, ele também era uma pessoa gentil e engraçada. Daquelas que você podia passar a noite jogando conversa fora sem ver o tempo passar.

E hoje, infelizmente, ele se foi. Acordei hoje com essa terrível notícia. Ele vai deixar um vazio imenso na vida de todas as pessoas que o conheceram. Hoje é um dia de tristeza — mas também é um dia de celebrar sua grandeza. É um dia de pensar nele como a pessoa e como o artista que ele foi. É preciso ouvir a sua música no volume máximo. Acredito que é o que ele gostaria que nós fizéssemos. O Pit pode ter partido, mas ele e suas músicas vão ser lembrados pra sempre.”

Body Count traz sua versão para ‘Comfortably Numb’, com participação de David Gilmour

 Do site Roque Reverso

O Body Count liberou na sexta-feira, 20 de setembro, sua versão especial para a música “Comfortably Numb”, clássico do Pink Floyd. Numa roupagem completamente diferente da música original e com uma intervenção radical na letra feita pelo vocalista e líder do grupo norte-americano, Ice-T, a faixa faz parte do próximo álbum do Body Count previsto para o último bimestre de 2024.

“Merciless”, cuja capa acompanha este texto, será lançado oficialmente no dia 22 de novembro.

As mudanças radicais em relação à composição original do Pink Floyd podem chocar os fãs mais tradicionais da banda, mas é bom que eles saibam que o vocalista e guitarrista do grupo, David Gilmour, não apenas gostou como participou da gravação da faixa. E rasgou elogios para a novidade.

Em entrevista à tradicional revista Kerrang, ele concordou que a versão do Body Count é bastante radical, mas que ficou impressionado com a letra.

“Fico surpreso que uma música que escrevi há quase 50 anos esteja de volta com essa nova abordagem fantástica. Eles a tornaram relevante novamente. O contato inicial do Ice-T foi para obter permissão para usar a música, mas pensei em me oferecer para tocá-la também”, afirmou o lendário componente do Pink Floyd.

E acrescentou: “Gosto da nova letra, que fala sobre o mundo em que estamos vivendo agora, o que é bastante assustador.”

Ice-T, por sua vez, afirmou, em comunicado, que, para ele, “Comfortably Numb” é uma “música introspectiva”. “Sou eu reconhecendo que estou mais velho agora. Estou dizendo à geração mais jovem, você tem duas escolhas: você pode manter a chama acesa ou pode desistir”, destacou. “Sou eu tentando dar sentido ao que está acontecendo, mas também apontando que estamos todos em um lugar onde não temos que encarar a realidade.

O disco “Merciless” sucederá o álbum “Carnivore”, de 2020, e será o oitavo trabalho de estúdio do Body Count, que chegou a ganhar um Grammy, em 2021, justamente por uma faixa do mais recente álbum.

Na ocasião, a música “Bum-Rush” venceu o Grammy na categoria Melhor Performance de Metal.

Ouça abaixo, por meio do lyric video lançado pelo Body Count, a versão da banda para “Comfortably Numb”.

https://youtu.be/pl8zhYA0BHU