quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Living Colour: umanoite de luta, reisstência e bom gosto

 

Henrique Neal - especial para o Combate Rock

 

A imponência do Living Colour intimida. O quarteto entra no palco de forma descontraída e relaxada, brinca com o público, mas ele é grande, muito grande.  Representa muito mais do que uma banda negra de rock and roll que faz hard rock com maestria. O Living Colour nos representa porque é resistência em um ambiente controlado por brancos e usufruído por brancos.

 

É curioso fazer esas constatações quando a maioria do público que assistiu ao maravilhoso show deles em São Paulo, no dia 12 de outubro, era majoritariamente branco. Nem todos, obviamente, se identificava com esse contexto de resistência. Estavam pouco se importando, e os músicos do Living Colour estava pouco se importando com isso. A maioria queria somente rock, e mais nada.

 

Tudo no quarteto é imponente, desde os faseados elegantes de Vernon Reid na guitarra até os malabarismos vocais ompressionantes de Corey Glover. Como bom baixista, Doug Wimbish é discreto, mas se torna um vulcão sonoro ao lado do baterista William Calhoun. E a música explode de forma contundente. Tudo paree simples, mas nem de longe. O entrosamento é sensacional.

 

Se a discografia é curta para 376 anos de carreira, é certeira para fazer um grande show de rock pesado misturando com milhares de influências. Peso e groove nas medidas certas, em vários tons, e de formas inusitadas. Não há como não amar e se excitar com o baixo na canção “Never Satisfied.” Não há como não sacolejar com o groove soul blues de “”Love Rears Its Ugly Head”, aimentada por uma interpretação sacana de Glover.

 

O momento hit FM veio, é claro, claro, com “Glamour Boys”, um hino da juventude dos anos 80 e 90. A plateia cantou em peso. “Auslander” deuuma esfriada, mas foi legal ouvi-la principalmente por causa de seu teor político – é um protesto contra o racismo e xenofobia na Alemanha.

 

“Ignorance is Bliss” e “Bi” não comoveram tanto, mas assim que as primeiras notas de “Open Letter (to a Landlord”” começaram as pessoas se lembraram do poder de fogo daquela banda extraordinária. Para encerrar, um ataque sonoro demolidor com “Time’s Up”, “Cult of Personality” e “Type”. Foi de tirar o fôlego

 

O Clichê serve de forma perfeita aqui? Não precisam provar nada para ninguém. Living Colour representa  resistência, mas também um entretenimento de suprema qualidade e rock visceral, daquele tipo de cura a alma e engrandece o ser humano. São poucos discos, mas é uma banda cada vez mais necessária.

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