Henrique
Neal - especial para o Combate Rock
A imponência
do Living Colour intimida. O quarteto entra no palco de forma descontraída e
relaxada, brinca com o público, mas ele é grande, muito grande. Representa muito mais do que uma banda negra
de rock and roll que faz hard rock com maestria. O Living Colour nos representa
porque é resistência em um ambiente controlado por brancos e usufruído por
brancos.
É curioso
fazer esas constatações quando a maioria do público que assistiu ao maravilhoso
show deles em São Paulo, no dia 12 de outubro, era majoritariamente branco. Nem
todos, obviamente, se identificava com esse contexto de resistência. Estavam
pouco se importando, e os músicos do Living Colour estava pouco se importando
com isso. A maioria queria somente rock, e mais nada.
Tudo no
quarteto é imponente, desde os faseados elegantes de Vernon Reid na guitarra
até os malabarismos vocais ompressionantes de Corey Glover. Como bom baixista,
Doug Wimbish é discreto, mas se torna um vulcão sonoro ao lado do baterista William
Calhoun. E a música explode de forma contundente. Tudo paree simples, mas nem
de longe. O entrosamento é sensacional.
Se a
discografia é curta para 376 anos de carreira, é certeira para fazer um grande
show de rock pesado misturando com milhares de influências. Peso e groove nas
medidas certas, em vários tons, e de formas inusitadas. Não há como não amar e
se excitar com o baixo na canção “Never Satisfied.” Não há como não sacolejar
com o groove soul blues de “”Love Rears Its Ugly Head”, aimentada por uma
interpretação sacana de Glover.
O momento
hit FM veio, é claro, claro, com “Glamour Boys”, um hino da juventude dos anos
80 e 90. A plateia cantou em peso. “Auslander” deuuma esfriada, mas foi legal ouvi-la
principalmente por causa de seu teor político – é um protesto contra o racismo
e xenofobia na Alemanha.
“Ignorance
is Bliss” e “Bi” não comoveram tanto, mas assim que as primeiras notas de “Open
Letter (to a Landlord”” começaram as pessoas se lembraram do poder de fogo daquela
banda extraordinária. Para encerrar, um ataque sonoro demolidor com “Time’s Up”,
“Cult of Personality” e “Type”. Foi de tirar o fôlego
O Clichê
serve de forma perfeita aqui? Não precisam provar nada para ninguém. Living
Colour representa resistência, mas
também um entretenimento de suprema qualidade e rock visceral, daquele tipo de
cura a alma e engrandece o ser humano. São poucos discos, mas é uma banda cada
vez mais necessária.
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