quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Primus anuncia saída do baterista Tim Alexander

Flavio Leonel - do site Roque Reverso

O Primus anunciou nesta terça-feira, 29 de outubro, a saída do baterista Tim “Herb” Alexander. Segundo a veterana banda norte-americana, o músico surpreendeu os demais integrantes no dia 17 de outubro, quando comunicou por e-mail sua decisão.

De acordo com o Primus, a decisão deixou a banda “em choque” e, mesmo depois de tentativas de comunicação com o baterista, para tentar convencê-lo a mudar de ideia, a resposta foi que ele: “perdeu a paixão por tocar”.

“Foi um choque completo para todos nós”, destacou a banda no comunicado oficial aos fãs. “Após uma maravilhosa turnê de primavera e verão e alguns planos fabulosos pela frente, tem sido um pouco desconcertante para nós que Herb tenha desistido tão abruptamente”, completaram os músicos.



E salientaram: “Por mais decepcionante que seja, respeitamos a sua escolha e isso forçou-nos a tomar algumas decisões difíceis.”

Entre as “decisões difíceis”, estão as ligadas a shows de fim de ano, por exemplo. E, claro, escolher um novo baterista, que, conforme a banda, nas apresentações mais imediatas programadas, será Danny Carey, que já passou pelo grupo em turnês em 2014.

Tim Alexander fazia parte da formação clássica do Primus, que, desde 2013, justamente com sua volta, permanecia estável.

Ao contrário do vocalista e baixista, Les Claypool, e do inseparável guitarrista Larry LaLonde, Alexander chegou a ficar um tempo fora do grupo em diversos momentos, mas se juntou novamente aos velhos companheiros em 2013.

O baterista, por sinal, passou por um susto em 2014, quando sofreu um ataque cardíaco com 49 anos de idade. Depois disso, passou por uma cirurgia para implantação de pontes de safena e, na sequência, voltou ao grupo, ficando na banda por 1 década.

No comunicado aos fãs, o Primus destacou que, entre suas missões, está procurar “o maior baterista do planeta” para substituir Tim Alexander.

Lenny Kravitz lança o clipe da música ‘Honey’

 Do site Roque Reverso

Lenny Kravitz lançou mais um clipe de faixa que pertence ao seu mais recente disco de estúdio. Na sexta-feira, 25 de outubro, o cantor e compositor norte-americano liberou o videoclipe da música “Honey”. O clipe contou com direção de Diana Kunst.

O álbum “Blue Electric Light” chegou aos fãs em maio e é o 12º de estúdio de Kravitz, sucedendo o disco de 2018 “Raise Vibration” .

O novo trabalho de estúdio do cantor norte-americano já havia rendido outros clipes.

O primeiro deles havia sido o da música “TK421”, em outubro do ano passado, quando Kravitz causou grande repercussão ao aparecer pelado em vários momentos na filmagem.

Outra canção que ganhou clipe foi “Human”, em abril de 2024.

Em julho, a faixa “Paralyzed” também teve videoclipe lançado.

Lenny Kravitz retornará ao Brasil em novembro para show em uma única capital do País, justamente para trazer a turnê do novo álbum.

A apresentação acontecerá no dia 23 de novembro, em São Paulo, no Allianz Parque, a Arena do Palmeiras

https://youtu.be/azRue-MJppE

Obituary retornará ao Brasil em fevereiro para shows em 5 capitais

Flavio Leonel - do site Roque Reverso

O Obituary retornará ao Brasil no primeiro bimestre de 2025. A banda norte-americana de death metal tocará no ano que vem, em fevereiro, em cinco capitais do País: Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Brasília.

Na capital mineira, o Obituary vai se apresentar no Mister Rock no dia 21 de fevereiro. Na capital paulista, a banda vai tocar no Carioca Club no dia 22 no Overload Beer Fest.

Em Curitiba, o show será no Tork n Roll no dia 23 de fevereiro. No Rio, a apresentação será no dia 25 no Agyto.

A passagem pelo País termina no dia 26 de fevereiro, em Brasília, no Toinha Brasil Show.



Os ingressos para os shows em Belo Horizonte, Curitiba e Rio tem o site 101 Tickets como ponto de venda.

As entradas para as apresentações em São Paulo e em Brasília tem o site Clube do Ingresso como ponto de venda.

A vinda do Obituary ao Brasil faz parte da turnê latino-americana da banda, que ainda passará por México, Costa Rica, Colômbia, Peru, Chile e Argentina.

A turnê divulga o mais recente álbum do grupo, “Dying of Everything”, o 11º de estúdio da carreira da banda e que foi lançado em 2023.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Clube de futebol Aston Villa faz nova homenagemao Black Sabbath

 

Em sua autobiografia, Ozzy Osbourne, vocalista do Black Sabbath, conta com saudade nostálgica dos tempos e criança e adolescente em Birmingham, onde nasceu, na virada dos anos 50 para os 60. Adolescente pobre e mau aluno, divertia-se com uma série de estripulias na cinzenta cidade inglesa.

 

Um dos passatempos era tentar algum troco como “flanelinha” nas imediações do lotado Villa Park, o estádio do clube de futebol Aston Villa, o mais importante da região – os outros dois times são o Birmingham e o West Bromwich; o Wolverhampto, time de cidade vizinha d mesmo nome, na época tinha conquiestado dois campeonatos ingleses e é o TIM de coração de Robert Plant (ex=Led Zeppelin) e Glenn Hughes (ex-Deep Purple).

 

Ozzy conta que era raro ter dinheiro pata ver jogos do Villa, e que se contentava em achacar motoristas bêbados e inebriados com eventuais vitórias do time. Ainda assim, é o time do coração dele dos outros três companheiros de Black Sabbath – o guitarrista Tony Iommi, o baixista Geezer Butler e o baterista Bill Ward.

 

Quase 60 anos depois, o Aston Villa vive gtande fase após dois anos seguidos, em tempos recentes,a na segunda divisão; Está em quinto lugar no disputadíssimo Campeonato Inglês e em primeiro no novo formato da Liga dos Campeões da Europa.

 

Legítimos cidadãos do bairro de Aston, onde o clube foi fundado, Os integrantes da banda foram mais uma vez homenageados pelo time. No começo da temporada, três meses atrás, Ozzye Geezer foram os atores principais da propafanda de TV e internet que apresentou o ovo uniforme para este ano/temporada;

Agora foi a vez da Adidas, fábrica alemã que fornece os uniformes do Aston Villa, homenagear a banda com seus nomes e estampas em camisas de jogo e chuteiras. A edição limitada da camisa terá o nome da banda estampado nas costas.

 

Os jogadores entraram em campo com a versão do uniforme no jogo contra o Crystal Palace pela Copa da Liga Inglesa em 30 de outubro. Apenas 250 unidades ficarão à venda no site oficial pelo valor de £ 120 (aproximadamente R$ 9008 na cotação atual). Diferentemente do outro produto mencionado, o calçado batizado de “Preds of Darkness” (uma referência ao apelido 

 

https://youtu.be/RZ6HNa4dPgQ

 

 

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Volta da Jurema dribla o mundo e mostra o hardcore nordestino


Uma fome de estrada que é bem fácil de explicar quando se está bem longe das capitais. Na estrada de erros e acerto, a banda Volta da Jurema avança várias casas na divulgação de seus mais recentes trabalhos. É hardcore agressivo e “pauleira” que vem lá do fim do Brasil – ou do começo, dependendo do ponto de vista.

O quinteto nervoso e raivoso é de Parnaíba, no estreito litoral piauiense. Uma cidade que fica a muita distância dos granes centros do Nordeste, gato que serve de inspiração paras letra de cunho político e social. “Estamos a 400 quilômetro de Teresina, a capital do Piauí, o que, por si só, já é um obstáculo para expandir a cena além de Parnaíba”, explica o baixista Arthur Fontenelle.

Assim como os grandes nomes do hardcore nacional, o cotidiano de dificuldades é a grande fonte de inspiração para a banda, que tem letras ácidas e som agressivo, por mais que as influências sejam as bandas do emocore do começo do século XXI

O som guarda boas semelhanças com o do ícone pernambucano Devotos, mas só é possível mesmo identificar traços nordestinos na Volta da Jurema nas letras bem sacadas. É o caso da rápida e envolvente “Nessa Estrada”,

“Nossa cidade está ligada a Teresina e a outras cidades do estado pela estrada BR-343, que cruza todo o Piauí de norte a suli”, diz Fontenelle. “Há um trecho dela que é conhecido como Volta da Jurema, muito perigoso e local de muitos acidentes. Por ser um desafio transitar ali, decidimos nomear a banda com esse termo.”

https://www.youtube.com/watch?v=iQtGYFxsW3s&pp=ygUPdm9sdGEgZGEganVyZW1h 

A atitude punk é elogiada pelo público, que endossa as letras de protesto e de cunho social. Para Fontenelle, tem sido interessante observar o apoio sem que haja uma eventual ideologização do discurso. Diante da inesgotável fonte assuntos e mazelas que surgem neste Brasil desigual, é inevitável que os temas sociais ganhem prominência, com um certo viés progressista. Por enquanto, essa politização do discurso tem passado ao largo de ideologias e polarizações.”

O nome da Volta da Jurema está ultrapassando as barreiras do Piauí e começa a ser falado em outros estados do Nordeste representando a nova safra de bandas punks da região. Isso não ameniza a distância do resto do país nem as dificuldades logísticas para ampliar seu público – e encarar a Volta da Jurema na BR-343 parece ser o menor dos problemas.

“Queremos ser ouvidos nestes tempos e internet e streaming. Está dando certo,, tanto que estamos falando com você aí em São Paulo”, comemora Fontenelle. “Queríamos primeiro que as pessoas soubessem de nossa existência e, depois, que ouvissem nossa música. Um passo de cada vez. Quem mora longe aprende a ter paciência, e nós temos bastante.”

A já citada música “Nessa Estrada é o segundo videoclipe extraído do recém-lançado EP de estreia “Em Paz”. A letra resume bem o discurso da banda piauiense com referências às próprias dificuldades cotidianas e engajamento em questionar desigualdades, combater preconceitos e expor mentiras, não apenas no cenário musical nordestino, mas também em todo o Brasi

Felipe Barbosa (vocal e letrista) criou essa letra após enfrentar uma crise de ansiedade pessoal, refletindo sobre as situações difíceis que passou, mas continuou firme, lutando para se manter de pé. “Minhas letras são basicamente uma mensagem para mim mesmo, tentando fazer com que eu consiga abrir minha mente para as coisas boas. Espero que isso também motive as pessoas a continuarem se esforçando”, explica o músico.

“Videoclipe? Não, aquilo foi um atropelamento. Quando a banda começou a tocar, caiu sobre o set de filmagem uma atmosfera sonoramente violenta, um Hardcore pulsante com uma letra que faz até defunto pensar. Foi como um banho de gasolina no lugar, e meu trabalho foi só acender o fósforo”, Acomentou André Leão, diretor do videoclipe.

Volta da Jurema, agora como um quinteto, é formada por Felipe Barbosa (vocal), Artur Fontenelle (baixo), Murilo Guerra (guitarra), Tiago Santos (guitarra) e Fábio Nasc (bateria).l. Musicalmente, o EP se inspira em bandas que transitam entre o Hardcore americano e o punk rock dos anos 90, como NOFX, Descendents, Bad Religion e Pennywise, além de influências brasileiras como Lobotomia, Ratos de Porão, Garage Fuzz, Dead Fish e Grinders.


https://www.youtube.com/watch?v=smGdO2kRE-k&pp=ygUPdm9sdGEgZGEganVyZW1h

Deep Purpke, uma banda em combustão/explosão constante

 

Eles eram lendas, mas pareciam perdidos em sombras e águas turvas em meados do anos 80, acossados por artistas jovens e cheios de gás e por futuro nebuloso à frente de um movimento que ganhou vários apelidos pejorativos – que mais os incomodava eram “dinossauros” ou “jurássicos”.

 

Os músicos do Deep Purple estavam na casa dos 40 aos de idade, mas se sentiam velhos demais para o rock and roll – como dizia a célebre canção do Jethro Tull  - quando liam as resenhas sobre eles e os artistas mais jovens que atropelavam e demoliam os que estavam havia tempos no mercado.

 

E então partiu o lado mãos improvável a ideia de sondar os antigos companheiros para uma volta do Deep Purple com sua formação clássica, que durara apenas quatro anos, entre 1969 e 1973.

O irascível guitarrista Ritchie Blackmore engolia o orgulho e admitia que aquela formação – ele, Ian Gillan (vcao), Roger Glover (baixo), Ian Paicce (bateria) e Jon Lord (teclados) – tinha sido o auge criativo de todos e que, reuida, poderia voltar a reinar. Mas como curar as feridas do passado e conciliar as enormes divergências entre todo?

 

Formação poderosa

 

Depois de rodarem muito pela Inglaterra e Europa continental, Blackmore e Lord se uniram em 1967 para formar uma banda d rcok que conseguisse mesclar pop, psicolderlia e som dos Beatles – uma ideia parecida com a dos integrantes do Yes, que surgia na mesma época.

 

Com um prodígio do jazz na bteria, Ian Paice, a banda logo recurtou o bom baixista Bick Simper e o esforçado cantor Rod Evans. Foram três álbuns com esse direcionamento, quando não caindo para o rock progressivo, mas a banda não estourou e continuou no segundo escalão inglês.

 

Simper e Evans são demitidos e Blackmore toma de Lord as rédeas do controle artístico e decide imprimir mais peso ao som da banda, com base nas guitarras, como faziam The Who, Jii Hendrix Experience, Cream e o nascente Led Zeppelin. O trio remanescente dcide apostar alto e chama Ian Gillan e Roger Glover, que tocavam na banda pop psicodélica Episod Six. Acertaram na mosca.

 

Como banda de hard rock, Deep Purple finalmente explode e lança quatro álbuns ótimos entre 1969 e 1973, sendo “Machine Heed” o melhor. A fileira de clássicos do período é impressionante, cm destaque para “Smoke on the Water e Highway Star”.

 

Com o sucesso chegam o dinheiro, as drogas, ciúmes, brigas de ego e pelo poder, tudo agravado pelas excentricidades e comportamento genioso de Blackmore. As tensões explodem em meados de 1973 e Gillan e Glover saem.

 

Nova formação

 

As chegadas de David Coverdale (vocais) e Glenn Hughes (baixo e vocais) dão novo fôlego  ânimo, mas só por dois discos e um ano e meio. Entraram no começo de 1874, ajudaram a cria o excelente “Burn” e o bom “Stormbringer” e então viram Blackmore partir rm maio de 1975 insatisfeito com o direcionamento mais soul/rhythm and blues.

 

O americano Tommy Bolin chega para a vaga e tunuktua tudo. Impõ como condição manter a carreira solo e ignora todos os alertas de excesso com drogas – nisso se alia a Hughes, deslumbrado com a vida de rock star. “Come Taste the Band” ai no final de 1975 e se torna um clássico imediato, mas vende menos do que o esperado e não consegue manter a locomotiva nos trilhos. A banda acaba em abril de 1976 – Bolin morreria no final do ano.

 

Ressurreição

 

A imprensa inglesa criou o adjetivo “dinossauro” quando soube volta do Deep Purple e da derrocada do Pink Floyd nauele ano de 984. Blackmore considerou uma afronta e decidiu que o álbum do retorno seria poderoso o suficiente para mostrar que aqueles quarentões dos anos 60 ainda eram relevantes.

 

Seu empresário fez uma sondagem ao empresário de Ian Gllan, então desconfortável no Black Sabbath, para saber se havia a possibilidade de retorno da formação clássica chamada de mark II, a segunda da banda. Foi em dezembro de 1983. 


Gillan demorou a reponder positivamente, mas os outros já tinham dado sinl verde, Blackmore estava encerrando o Rainbow, Lord deixara o Whitesnake e Paice precisava apenas cumprir algumas datas com a banda de Gary Morre, enquanto Glover finalizava um álbum solo, “Mask”,

 

Uma série de jantares selou a volta, que foi mantida em sigilo por algum tempo. Antes que entrasse em estúdio para gravar o que seria o ótimo “Peerfct Strangers”, quase tudo vai por terra quando Blackmore informa que ficaria com 50% de todo os ganhos.  A revolta foi geral e ele voltou atrás.

 

Mesmo depois dessa rusga, o clima era bom e os trabalhos em estúdio fluíram bem, resultando em nove músicas completas de boa qualidade - uma décima, “Son of Aleric” instrumental, entraria como bônus em edições futuras.

Boa fase 


As coisas estavam tão boas que a banda não pôde tocar no Live Aid, em 13 de julho de 1985, por compromissos assumidos anteriormente, de tão cheia que estava a agenda.

 

\infelizmente a boa fase não durou muito. “House of the Blue Light”, o disco seguinte, lançado em 1987, não manteve o mesmo pique, apesar de ter uma canção, “Bad Attitude”. E então começaram os velhos problemas de sempre, que causaram a saída de Ian Gillan o final e 1988.


Turbulências

Meses depois, Joe Lynn Turner o substituiu, pois já tinha trabalhado com Blackmore no Rainbow. Foi com ele que o Deep Purple estreou no Brasil em 1991 durante a turnê do fraco disco “Slaves and Masters”, do ano anterior. É o pior disco da banda e a turnê foi a que vendeu menos ingressos.

 

Houve vária reuniões de emergência e 1992 e então chegou-se ao consenso de que Ian Gillan tinha de voltar para as comemorações dos 26 aos da banda. Blackmore não queri, nem Gillan, mas um caminhão de dinheiro foi oferecido e os dois se convenceram de que tinham de voltar a trabalhar juntos.

 

O álbum que veio em 1993 foi melhor do que todo esperavam e então surgiu o razoável “The Battle Rages On”, com sua estupenda faixa-título. Só que as coisas já estavam azedas no final das gravações e não demoraria para surgir alguma faísca para tudo explodir.

 

E foi no meio da turnê mundial, pouquíssimos meses depois, que Blackmor oltou a bomba: Gillan “não estava cantando nada” e então teria que air. Ou então ele, Blackmore, sairia”. Ninguém se mexeu e o guitarrista largou tudo neu da turnê, dias antes de shows no Japão. Na emergência, foi substituído por Joe Satriani, que fez oito shows com a banda.Em 1994, o substituto definitivo escolhido foi o americano Steve Morse, ex-Dixie Drges, que ficaria pelos próximos 28 anos no grupo.

 

Blackmore, por sua vez, tentou reativar o Rainbow em 1995 e lançou um álbum razoável com a banda, “Strangers in Us All”. E no ano seguinte encerrou de novo o grupo para criar um projeto de música medieval com então nova esposa, a cantora Candice Night, com o qual toca até hoje. Em 2015, decidiu fazer quatro shows na Europa com uma banda renovada sob o nome Rainbow, encerrando definitivamente essa banda.

'Perfect Strangers', a perfeita ressurreição do Deeo Purple há 40 anos

  

“Dependendo do ponto de vista, ‘Perfect Strangers’ é o álbum mais importante do Deep Purple. Ele mostrou que éramos capazes de fazer boas música e nos mantermos relevantes em uma época de drásticas mudanças .”

 

A declaração é do tecladista Jon Lord (1941-2012), fundador do Deep Purple, em conversa informal com jornalistas brasileiros em 1997 durante passagem da banda por São Paulo e Santo André. Ele falava com orgulho do álbum que marcou a então improvável volta do grupo em 1984.

 

Em um processo que se manteve sigiloso por quase um ano, o Deep Purple anunciava a sua volta há 40 anos depois de um hiato de oito anos e uma surpreendente paz entre o vocalista Ian Gillan e o guitarrista Ritchie Blackmore.

 

Lord tem razão quando fala da importância do isco para a história do Deep Purple, pois foi uma obra de sucesso e de alta qualidade em um momento em que o mercado via a consolidação do Iron Maiden como banda gigante e o surgimento do hard rock californiano com força, além do thrash metal na mesma Califórnia.

 

Era um momento em que o chamado classic rock estava em frangalhos  quase destruído. Black Sabbath e Uriah Heep estavam desmantelados e em vias de acabar; Led Zeppelin e The Who não existiam mais;  O Pink Floyd estava morrendo; Nazareth e UFO estavam em baixa, enquanto que Judas Priest estava perdido na tentativa de “americanizar o som”; o Kiss abandonava as máscaras e buscava se reinventar, assim como o Aerosmith; só Queen e Van Halen pareciam manter algum fôlego, assim como o Rush.

 

“Perfect Strangers” era o álbum certo na hora certa. Resgatou o orgulho de uma geração que mandou no rock na década anterior e demonstrou que os então “dinossauros” ainda tinham boas coisas para oferecer.

 

O anúncio da volta surpreendeu muita gente. Ian Gillan estava no Black Sabbath e Blackmore mantinha vivo o seu Rainbow ao lado do baixista Roger Glover, enquanto que Jon Lord tocava com David Coverdale no Whitesnake e Ian Paice estava com Gary Moore. Haveria espaço novamente para um “novo” Deep Purple?

 

“Só funcionaria e fosse aquela segunda formação, a formação clássica”, comentou Ian Gillan em um programa de rádio nos anos 2000. “Todo estavam dispersos em projetos que não tinham realmente muito a ver com nossas carreiras. Não sei se era inevitável, mas a reunião foi uma boa ideia para o momento e o disco ‘Perfect Strangers’ mostrou que estávamos certos.”

 

Como parecia que todos queriam que acontecesse, não houve grandes dificuldades para que todos concordassem. Era necessário apenas que Rainbow e Black Sabbath concluíssem seus compromissos para que entrassem em estúdio e iniciassem logo os trabalhos de composição e gravação. E tudo foi bem rápido, pois o disco estaria nas lojs no final de outubro de 1984 a tempo de pegar a banda já em turnê europeia.

 

O álbum foi puxando pelo hit gigante da faixa-título, que atesta a genialidade de Ritchie Blackmore e Jon Lord para criar riffs memoráveis – está no mesmo patamar de “Smoke on the Water”, “Highway Star” e “Burn”. Até hoje “Perfct Stranger” é uma música das mais pedidas em escolas para se aprender guitarra e teclados.

 

Um segundo hit é “Knockin’ at Your Back Door”, com seu riff maravilhoso de introdução e uma interpretação magistral de Gillan, afiadíssimo depois e ter passado por cirurgias na garganta anos antes. As duas músicas colocaram o álbum no topo das paradas pelo mundo.

 

O restante do disco não tem a mesma inspiração, mas tm bons momentos, como “Nobody’s Home”, também candidata a hit, a rápida “Under the Gun” e a curiosa “Not Responsible”, além da balada blues “Wasted Sunsets, que inauguraria uma tenência no futuro, principalmente a partir dos anos 90.

 

Se o álbum não tem a mesma força de “Machine Head” (1972) ou “Fireball” (1971), é importante o suficiente para ter ressuscitado o grupo e empurrá-lo para a frente de forma a ter se tornado, de forma definitiva, a instituição do rock que todos imaginavam que poderia ter sido caso não tivesse encerrado as atividades em 1976. Lord talvez tenha razão ao descrever a obra como a mais importante do Deep Purple.

Bliz e Lobão tocam junto no Rio em novembro

Oito de novembro é dia de rock carioca no Qualistage. É dia de Teatro Ipanema, de Circo Voador no Arpoador, de sucessos enfileirados com as apresentações da Blitz, com sua "Turnê sem fim", e de Lobão, que celebra 50 anos de carreira no palco. Cada um dos artistas fará seu próprio show, mas um encontro não está descartado. Por quê? 

Muitos motivos, mas um é mais direto: João Luiz Woerdenbag Filho, vulgo Lobão, é o baterista original da Blitz. Ambos vêm da então incipiente cena do rock/teatro carioca dos anos 1970, Lobão com o grupo Vímana e Evandro Mesquita com o teatro do Asdúbral Trouxe o Trombone. Eventos que incluem personagens como a Gang 90 e músicos como Antônio Pedro Fortuna, ex-Mutantes, e Lulu Santos levaram à Blitz, que em sua formação clássica, após vários encontros e despedidas (desde 1980), reuniu Evandro, Lobão, Ricardo Barreto (guitarra), Fernanda Abreu e Márcia Bulcão (vozes), Antônio Pedro (baixo) e Billy Forghieri (teclados).

 Depois do lançamento do single "Você não soube me amar", de 1982, que mudou a linha do tempo da música brasileira. O inquieto (e genial) Lobão deixou a banda rumo a uma vitoriosa carreira solo, sendo substituído por Juba, e o resto é, literalmente, história.

Depois de comemorar 40 anos de carreira em 2022, a Blitz segue nos palcos – não à toa em sua turnê "Sem fim" – pelo Brasil e pelo mundo. Nos últimos anos, o grupo passou por EUA, Europa e Japão (2011, 2014, 2015 e 2018). Seu último álbum concorreu ao Grammy latino em 2017, e sua história virou filme em 2020: "Blitz – o Filme". 

A banda ainda foi homenageada no Rock in Rio 2022 e lotou o palco Sunset durante o seu show; no mesmo ano, seus 40 anos de estrada foram lembrados em programas como o "Fantástico", o "Caldeirão do Mion", "Faustão", "Altas Horas" e "Domingo Espetacular". A formação atual da Blitz tem Evandro Mesquita (vocal, guitarra e violão), Billy Forghieri (teclados), Juba (bateria), Rogério Meanda (guitarra), Sara Rosemback (baixo), Andréa Coutinho (backing vocal) e Nicole Cyrne (backing vocal).

Lobão iniciou a carreira musical nos anos 1970, e, com 17 anos, entrou na banda Vímana, ao lado de músicos renomados no cenário: o astro pop Lulu Santos, o cantor Ritchie e o tecladista Patrick Moraz, que havia integrado o Yes, a maior banda de rock progressivo de todos os tempos. No final daquela década, integrou a banda de apoio da cantora Marina, de onde pulou para a Blitz.

Aquela década marcou o início de Lobão como artista solo. Álbuns como "Cena de Cinema" (1982), "Ronaldo Foi pra Guerra" (1984) e "O Rock Errou" (1985), sacramentaram sucessos como "O Homem-Baile", "Me Chama" e "Revanche", entre tantos outros. A faixa-título do álbum "Vida Louca Vida" foi outra que estourou nas paradas e nas rádios, sendo posteriormente regravada por Cazuza, também amigo pessoal de Lobão.

Em 1990, se apresentou no festival Hollywood Rock, sendo considerado a melhor apresentação do evento pelo público. No decorrer da década, lançou "Nostalgia da Modernidade", "Noite" e "A Vida é Doce" (1999), que inovou ao ser distribuído por meio de bancas de jornais, enfrentando as grandes gravadoras, façanha repetida com "2001: Uma Odisséia no Universo Paralelo". Em 2007, lançou o ao vivo "Acústico MTV", que levou o Grammy Latino de melhor álbum de Rock do Brasil. Em 2011, chegou às lojas o box/coletânea "81-91 + DVD Acústico MTV".

Ao completar meio século de vida, lançou o livro "50 Anos a Mil". Dez anos mais tarde, providenciou um apêndice referente a essa década: "60 Anos a Mil". Ousou, confrontou e inovou em diversas maneiras o cenário musical e a indústria que o cerca. Um artista multifacetado e único, que celebra meio século de carreira e não dá sinais de que vai parar tão cedo. Lobão (voz e guitarra) se apresenta em formato power trio, ao lado de Guto Passos (baixo e vocal) e Armando Cardoso (bateria).

 

 

 

sábado, 26 de outubro de 2024

Em tempos de informação pulverizada, surge uma opção de curadoria cultural

 

Na era da ultrainformação e da pulverização de opções de entretenimento, onde encontramos algum tipo de curadoria cultural quando a imprensa praticamente não existe mais?

 

Esse é um tema recorrente entre jornalistas e especialistas em comunicação na tentativa de entender as rápidas mudanças que ocorrem em nosso cotidiano dada a velocidade da tecnologia e da imensa gama de opções de entretenimento que nos é oferecida a todo

 

Pnde estão os cadernos culturais relevantes dos outrora relevantes jornais diários ou revistas semanais² Onde estão gente como Kid Vinil o Big Boy, craque do rádio que nos apresentavam as novidades nacionais e internacionais da música os anos 70, 80 e 90?

 

Eles já morreram, assim como Leopoldo Rey; Fabio Massari, ex-MTV, completou 60 anos, mas anda fora da mídia, para nosso azar. Onde buscar dicas e informação qualificada sobre coisas boas            e interessantes?

 

Foi pensando nessa falta de curadoria que o jornalista Thales de Menezes teve uma ideia simples e, com certeza, não muito original, de enviar para amigos inicialmente, e depois para assinante, uma espécie de newsletter por e-mail com comentários sobre filmes, CDs, livros  e artes em geral.

 

Não há nada parecido no mercado. Menezes trabalhou por mais de 25 anos no jornal Folha de S. Paulo, para o qual ainda colabora de vez em quando. Foi editor e uma espécie de colunista da Folha Ilustrada, o caderno cultural e tem um dos melhores textos do jornalismo brasileiro da área cultural. Suas informações são um oásis de bom gosto e inteligência em nossas caixas de e-mail.

 

Muita gente tentou coisa parecida em várias áreas jornalísticas nos últimos, mas as iniciativas se mostraram limitadas. Thales de Menezes conseguiu fazer um esquema sistematizado e organizado que tem dado certo e começa a se disseminar.

Os “Torpedos”, como ele nomeia os boletins são disparados às quintas-feiras e, prestes a completar um ano da iniciativa, decidiu diversificar e segmentar o esquema. Além do boletim semanal com informações culturais gerais, haverá mensagens segmentadas, sendo que a cada dia da semana ele abordará uma área – música, cinema, literatura e streaming, além de uma edição especial de fim de semana.

 

Para quem bisca informação qualificada e curadoria para saber o que de mais legal está rolando no mundo cultural, Thales de Menezes é um nome importante para ser acompanhado e desfrutado. Para fazer a assinatura dos Torpedos de Menezes entre em contato da seguinte forma:

 

E-mail:
thales1962@gmail.com

Endereço:
Thales de Menezes
Rua Abílio Soares 821 apto 111 - Paraíso
São Paulo - SP - CEP 04005-003

 

Abaixo, um exemplo do que ele está fazendo, sendo o primeiro jornalista brasileiro a abordar com mais profundidade a banda americana The Linda Lindas, formada por meninas adolescentes de ascendência asiática que está causando furor com seu segundo álbum. Ele també menciona o trabalho paralelo dos membros do Rafiohead na banda Th Smile.

 

Linda Lindas rumo à dominação mundial

 

Na estreia da TORPEDO, disparada em 29 de agosto do ano passado, a principal indicação foi o quarteto The Linda Lindas. Foi classificado aqui como uma possível opção de salvação do rock,

 

 mesmo com sua baterista de apenas 13 anos. Bem, um ano depois, Mila já tem 14 anos e a banda parece se multiplicar por todos os espaços da mídia americana.

 

Há poucos dias, lançaram o segundo álbum, “No Obligation”. Ele chega na cola da participação em festivais de primeira linha, como o Coachella, e da extensa turnê que a banda está fazendo abrindo shows do Green Day. Fora da estrada, as aparições na TV americana são muitas.

 

Algumas foram provocadas pela participação das Linda Lindas em um álbum de tributo ao Talking Heads. Clique neste link para ver a apresentação da banda no programa “The Tonight Show” tocando “Found a Job”, original dos Heads, e reparar nos terninhos que lembram o visual de David Byrne no filme “Stop Making Sense”.

 

Billy Joe Armstrong, vocalista e guitarrista do Green Day, está praticamente se tornando um padrinho das moças. Vai levá-las também para shows na Europa e na Ásia. E ele não se satisfaz em deixar o quarteto apenas como banda de abertura.

 

 Constantemente chama as meninas para tocar com o Green Day no set principal. O mundo parece estar ao alcance da guitarrista Bela Salazar, da baixista Eloise Wong, da guitarrista e principal vocalista Lucia de la Garza e de sua irmã, Mila.

 

Se antes as Linda Lindas tinham uma canção de impacto total, “Oh!”, que seria uma espécie de “Satisfaction” do grupo, agora chegou talvez a “Jumpin’ Jack Flash” delas: “All in My Head”, um pop rock que gruda no ouvido, com excelentes passagens de guitarra.

 

O clipe oficial é fantástico (clique aqui), mas é bom também ouvir uma versão ao vivo (aqui). Outro hit recém-lançado é “No Obligation”, que pode ser visto aqui numa apresentação matadora no Japão. E o mais recente fruto do segundo álbum é “Nothing Would Change” e seu clipe esperto.

 

 Se as Linda Lindas irão realmente salvar o rock é algo que ainda depende de mais tempo, mas elas estão aí para oferecer canções incríveis e provar que garotas californianas filhas de imigrantes chineses e mexicanos podem ter um lugar de destaque no panteão do rock americano. Para lembrar das meninas quando eram ainda mais novas, de aparelhos nos dentes, eis aqui a já clássica “Oh!”.

 

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Filhote do Radiohead, The Smile é ainda mais radical

 

 

Depois de seus dois primeiros álbuns, “Pablo Honey” (1993) e “The Bends” (1995), o Radiohead partiu para uma até agora incessante jornada de afastamento da canção. Singles inebriantes como “Creep”, “Fake Plastic Trees” e “High and Dry” deram lugar a músicas rumo ao inclassificável.

 

Ouvir Radiohead passou a ser uma experiência mais desafiadora do que encantadora. São músicos geniais rondando os limites do que possa ser diferente.

 

Essa atitude que fez da banda um dos pilares do rock nos últimos tempos chega a uma versão ainda mais radical no trio The Smile, projeto paralelo de dois integrantes do Radiohead, Thom Yorke e Jonny Greenwood, que dividem guitarra, baixo e teclados.

 

Complementa o trio o baterista Tom Skinner, e sua presença é muita importante. Ele tem um background intenso de jazz e acrescenta mais um ingrediente no som do The Smile. Como Greenwood carrega a fama de ser um artista inquieto, que levou o Radiohead mais para perto do progressivo, sobra ao vocalista Thom Yorke enganchar um pouco de pop no produto final.

 

Depois de um álbum gravado na pandemia, “A Light for Attracting Attention” (2022), e outro lançado em janeiro deste ano, “Wall of Eyes”, o trio acaba de soltar “Cutouts”, seu mais intrincado trabalho.

 

O curto intervalo entre os dois discos vem do fato de “Cutouts” conter faixas gravadas nas mesmas sessões do álbum anterior. No entanto, a banda rebate firmemente quem tenta classificar o novo disco como sobras de “Wall of Eyes”. Para isso, defendem a coesão entre as músicas e uma identidade clara no álbum.

 

 Os músicos têm razão. Em “Cutouts” existe uma preocupação diferente por parte da banda. Embora tenha lançado alguns singles, como “Don’t Get Me Started” e “Foreign Spies” (clique nos títulos para ver os clipes), o disco sepulta de vez o conceito de canção.

 

A proposta é a criação de atmosferas sonoras, numa possível ligação com a fase de música ambiente do produtor Brian Eno nos anos 1970 e 1980, que é venerada por roqueiros criativos de todo os tipos, como David Byrne, Thomas Dolby e o próprio Greenwood. Assim, “Cutouts” é um disco quase hipnotizante, mas que requer ser ouvido com atenção. Não vai merecer qualquer adesão da geração TikTok, mas certamente vai fisgar quem ainda acredita em música como algo transgressor e transcendente.

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Marcelo Gross mostra a força de sua música ao vivo

 

 Ricardo Alexandre – especial para o Combate Rock

 

 

Quando apareceu para o grande público no início dos anos 2000 a bordo da Cachorro Grande, Marcelo Gross emitia um sinal ao mesmo tempo de rápida assimilação e traiçoeiro: com seu terninho mod impecável, seu chapéu de pescador grego inspirado em John Lennon, e sua guitarra Rickenbacker perfeitamente timbrada, estávamos diante de uma banda retrô. Que grande engano!

 

 

Apesar do conhecimento enciclopédico dos garotos e do sem-fim de referências aos anos 60 e 70, o que estávamos assistindo era muito mais a construção de uma obra sólida, baseada não no passadismo, mas na autoridade sobre as diversas linguagens e subgêneros do rock, de todos os tempos, de todos os lugares.

 

 

Quase 25 anos depois da estreia da banda e mais de uma década de uma carreira solo musculosa “Grossroads – Marcelo Gross Ao Vivo” parece colocar as coisas em sua perspectiva correta.

 

O álbum foi gravado ao vivo no Teatro de Câmara Tulio Piva em Porto Alegre nos dias 21 e 22 de março de 2024, em duas noites que também renderam um explosivo registro audiovisual, com 10 músicas, das quais cinco já estão disponíveis no canal oficial do artista no Youtube.



Com Eduardo Barretto (baixo), Lucas Leão (bateria) e Jimmy Pappon (teclados), Gross defende suas mais de duas décadas de contribuição ao pop brasileiro como cantor, compositor e guitarrista de forma serena, espontânea e segura.

 

 

Em cima do palco, em ambiente aconchegante, emerge o óbvio: em sua música e performance, há rock beat, há baladas stoneanas, há britpop, há new wave of new wave, há ecos a Erasmo e Mutantes, mas Gross flutua por sobre tudo porque está claro que não estamos diante de um retransmissor, mas de um criador com cada versículo do grande livro do rock escorrendo misturado a seu suor.

 

 

 As duas músicas inéditas do repertório são como peças-chave para entender isso:  Linguagem dos Sinais” é um rock estradeiro de amor levemente surrealista que resume boa parte das aventuras musicais de Gross desde seus tempos na banda de Júpiter Maçã, em meados da década de 1990.

 

 

A versão para “Cosas Imposibles” intitulada “Coisas Impossíveis”, tributo ao gigante latino Gustavo Cerati (ex-Soda Stereo), uma referência autoexplicativa tanto a outro guitarrista-compositor que renovou seus horizontes em carreira solo, quanto às ligações do pop gaúcho com o pop argentino, fronteira poucas vezes cruzadas pelos brasileiros. Herbert Vianna (uma das exceções) costuma dizer que os argentinos tocam rock com tanta propriedade e confiança como se eles próprios tivessem inventado o estilo. 

 

 

Ouvindo o álbum fica difícil não aproveitar o trocadilho do título e imaginar Marcelo Gross em alguma encruzilhada do Mississipi inventando o rock, ou o folk-rock, a Swinging London, a psicodelia ou qualquer movimento desdobrado a partir daí.

 

A maior parte do repertório de GROSSROADS é pescado dos dois primeiros álbuns solo de Gross: Use o Assento Para Flutuar, de 2013 (“Eu Aqui e Você Nem Aí” e “A Hora de Levantar”) e Chumbo e Pluma, de 2017 (“Me Recuperar”, “Alô, Liguei”, “Quase Fui” e “Purpurina”).

 

 

Duas músicas são clássicos da Cachorro Grande: “Dia Perfeito” (de 2001) e “Sinceramente” (de 2005). É significativo como todas elas, no calor valvulado da performance ao vivo, revelam um corpo-de-trabalho coeso e arejado.

 

 

 “Grossroads” é projeto-irmão do recém-lançado livro “Grosswords”, uma reunião de uma centena de letras de toda a carreira do músico gaúcho. O álbum chega às plataformas digitais em 25 de outubro de 2024, em um lançamento da Imã Records.

As 10 canções do disco ao vivo:

1. Me Recuperar

2. Alô, liguei 

3. Eu Aqui e Você Nem Aí

4. Coisas Impossíveis

5. Dia Perfeito

6. Quase Fui

7. Linguagem dos Sinais

8. A Hora de Levantar

9. Sinceramente

10.           Purpurina

 

Ficha Técnica

Voz e guitarra: Marcelo Gross
Baixo: Eduardo Barreto
Teclados: Jimmy Pappon
Bateria: Lucas Leão
Gravação e mixagem: Fernando Dimenor
Assistente de gravação: Rafael Pacheco
Masterização: Marcos Abreu
Produção executiva: Antonio Meira

 

** Ricardo Alexandre é jornalista, escritor e criador do podcast “Discoteca Básica”

 

** Texto cedido gentilmente por Marcia Stival Assessoria

Com a estrada no sangue, Marcelo Gross lança o primeiro álbum ao

 

 Um espírito livre na estrada, derrubando barreiras a golpes de guitarra. As figuras de linguagem sugerem resistência, que é um ponto importante na trajetória de Marcelo Gross, mas não poderem obscurecer a qualidade do trabalho excepcional que realiza há quase 30  anos nos palcos, seja com sua banda solo ou com a Cachorro Grande, um nome vital para entender o cenário underground da música brasileira deste século.

 

Nas costumeiras comparações que todos nós amam fazer, os Rolling Stones servem para uma analogia com o quinteto gaúcho Cachorro Grande: o vocalista e compositor Beto Bruno é o agregador e administrador de toda a “parada”, como Mick Jagger, Grosso é a face mais libertária e, no mínimo, tão rebelde quanto, tal como Keith Richards. Não é à toa que ambos veneram os Rolling Atones, assim como The Who, Beatles e The Kinks, nomes eternos do rock

 

“Os caras eram tão visionários modernos que até hoje suas músicas soam frescas e atuais”, diz o guitarrista em entrevista ao Combate Rock. “Até mesmo um LP contestado, como ‘Their Satanic Majesties Request’, dos Stones, de 1967, soa como uma coisa fantástica até hoje.”

 

A busca por um som mais orgânico e, de certa forma, mais pesado é o que move Marcelo Grosso nos palco e que tentou transmitir em seu mais recente álbum solo, “Grossroads”, gravado ao vivo em duas noites no mítico teatro de Câmara Túlio Piva, em Porto Alegre.

 

O som é lisérgico e carregado de psicodelia, mas é sobretudo um disco e guitarras, e bem altas. Gross não abre mão dos altos volumes. “É o que dá a característica do som orgânico que a maioria do artistas busca.  Pelas minhas influências e pelo perfil dos músicos que tocam comingo, meu show pede que seja assim,”

 

Nas inevitáveis comparações com o som da banda Cachorro Grande, Gross procura não elaborar muito nas explicações. “Como as músicas os show mais orientadas para a guitarra, é natural que eu toque um pouco mais pesado, além de mais alto. As músicas da Cachorro Grande carregam outas influência e têm um cará ter mais experimental. Tudo é rock, mas tem as diferenças necessárias.

 

 Além de alguns sucessos que compôs em seu período como guitarrista da Cachorro Grande, Gross fez incursões ao seu extenso trabalho solo, que gerou quatro álbuns (“Use o Assento para Flutuar”, “Chumbo & Pluma”, “Tempo Louco” e “Exilado”), mostrando sua safra de canções que despontam como hits.

 

 

No repertório dos shows e do disco, uma das novidades é a canção inédita “Linguagem dos Sinais” e também uma versão para  “Cosas Imposibles”, do guitarrista argentino Gustavo Cerati. “Ele um dos meus ídolos, um dos artistas que mais admiro.”

 

Nos dois shows Gross esteve acompanhado pelos músicos Eduardo Barretto no baixo, Lucas Leão na bateria e Jimmy Pappon nos teclados. “Barretto me acompanha há cinco anos, e essa nova formação estreou neste ano, e tudo está tão encaixado que parece uma formação de décadas,”

 

O primeiro single de “Grossoroads” foi lançado no final de junho  (“Alô, Liguei”). Em seguida vieram mais três singles: “Eu Aqui e Você Nem Aí”, “Quase Fui” e a versão para português de “Cosas Imposibles” (Gustavo Cerati).

 

 

Todos com seus respectivos clipes lançados no canal oficial do artista no YouTube. O lançamento do DVD Grossroads na TV será no dia 23 de novembro no canal Music Box Brazil.
O lançamento é do selo Ímã Records.

 

 

Com a retomada gradual dos trabalhos da Cachorro Grande, que chegou a anunciar o seu fim anos atrás, o desafio do guitarrista será conciliar a carreira solo bem sucedida com uma turnê da banda em 2025. “É o tipo do problema bom, sinal de que te, demanda para as duas bandas. Com criatividade as coisas vão se ajeitar e teremos um ano de 2025 que promete ser incrível.”