sábado, 18 de setembro de 2021

Governo de terroristas e delinquentes

Luiz Francisco Carvalho Filho, Folha de S. Paulo, 18 de setembro de 2021


"Afastada a possibilidade de impeachment (apesar do rosário de crimes cometidos e do colapso econômico e sanitário, falta vontade política no Parlamento), o Brasil terá que conviver com um governo de terroristas e delinquentes, cada vez mais aloprados pelo fantasma da impopularidade.


Todos que ocupam cargos de confiança no governo federal são cúmplices de Jair Bolsonaro e fazem parte de uma quadrilha política que conspira contra a democracia.


Não há mocinho no governo Bolsonaro. Só há bandidos. Não há espírito público. Só há espírito de golpe —além de muita picaretagem, é claro.


A imagem do miliciano Fabrício Queiroz, corrupto de estimação da família Bolsonaro, sendo tratado como celebridade fascista em Copacabana, em manifestação convocada para erodir a credibilidade do Supremo Tribunal Federal, sintetiza o estado das coisas. O escárnio não tem limites.


O recuo de Jair Bolsonaro é estratégico e tem por objetivo principal obter aliados para a paralisação das investigações instauradas para apurar o enriquecimento ilícito de seus filhos. A corda esticada demais com o STF deixou de ser conveniente.


Bolsonaro conta com a pusilanimidade de personagens de outros poderes, inclusive no Judiciário, sempre aflitos para (metaforicamente) tirar selfies com o célebre Fabricio Queiroz, receber medalhas no Palácio do Planalto ou enxergar boa-fé nos desatinos presidenciais.


Agrado ao chefe do Executivo sempre fez parte do cardápio de serviços prestados pela PGR desde o fim do regime militar, mas nunca um procurador-geral da República foi tão descaradamente servil e rasteiro como Augusto Aras: definiu como “festa cívica” as manifestações contrárias ao STF.


O presidente da Câmara reagiu rápido à confusão provocada pelo presidente, mas deixou escapar depois sua posição de apoio a Bolsonaro na arbitragem do conflito: “ninguém é obrigado a cumprir decisão inconstitucional”.


Especialista em disfarces e tergiversações, o presidente do Senado primeiro sumiu. Ao reaparecer, não teve coragem de incluir em seu pronunciamento insosso uma crítica concreta aos ataques golpistas do presidente da República. Como não poderia deixar de ser, Rodrigo Pacheco festejaria a nota de “pacificação” do presidente beligerante e criminoso como um espetáculo da democracia brasileira: “Vai de encontro ao que a maioria espera”. Na verdade, senador, a maioria quer ver o impeachment de Bolsonaro.


A devolução da Medida Provisória das fake news pelo presidente do Senado, baseada em manifestação assinada pelo procurador-geral da República, é um arranjo entre amigos (de Bolsonaro). Como o Supremo iria rejeitá-la, Aras e Pacheco fingem que são independentes, o presidente da República pode posar mais uma vez de vítima de poderes ilegítimos, que não o deixam governar em paz, e, por não externar agressões ou grosserias, tenta transmitir a ideia de que, graças às mágicas mãos de Michel Temer, é um novo homem.


Mas Bolsonaro não muda.


A investida contra a vacinação de adolescentes pelo ministro golpista da Saúde é uma releitura politica dos ataques de Bolsonaro ao Supremo e à urna eletrônica.


Agrada bases obscurantistas, frustradas pela aparente covardia do recuo pós 7 de setembro, propaga mentiras institucionais, uma especialidade do atual governo, e corrói a reputação de adversários, governadores e prefeitos.


Marcelo Queiroga é pior e mais daninho que Eduardo Pazzuelo."

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Steve Harris, 65 anos: a força propulsor do heavy metal moderno

 Marcelo Moreira

Iron Maiden atual - Steve Harris é o quarto da esquerda para a direita (FOTO: DIVULGAÇÃO)


Entediado e frustrado por ter de desistir de seu sonho de jogar futebol profissional por seu time do coração, um garoto decide abraçar o rock em pleno dia de Natal. 

Ao formar uma banda naquele dia cinzento e frio de 1975, o ex-futuro meio-campista do West Ham, de Londres, criava um gigante do rock, tão grande e importante quanto alguns de seus ídolos musicais.

Steve Harris tinha muita força física, apesar de baixo, e era mais habilidoso com a bola do que a maioria dos moleques de 18 anos de Londres daquele tempo, mas tudo isso não foi o suficiente para que abraçasse o seu West Ham - uma lesão no joelho também contribuiu para a dsilusão.

O futuro estava no rock, mas não como baixista da banda Smiler. Era preciso que ele criasse a sua própria banda para que não desse satisfações a ninguém. 

Nascia então o Iron Maiden. São 45 anos de uma história improvável – sem falar nos 65 anos de idade de Harris, mas de profunda perseverança e insistência. 

Antes dos primeiros frutos reais do trabalho intenso, foram cinco anos de ralação e muitas trocas de integrantes, até que finalmente algo começasse a acontecer. E quando aconteceu, nem um pouco por acaso, foi tudo muito rápido.

O consenso entre historiadores, biógrafos e o próprio Harris diz que o Maiden surgiu no dia 25 de dezembro de 1975, mas certeza, certeza mesmo, nenhum deles tem. O músico até admite que o surgimento possa ter ocorrido um pouco antes. 

Harris com o baixo e a camisa do amado West Ham, de Londres (FOTO: DIVULGAÇÃO/ARQUIVO PESSOAL)

Não importa. A locomotiva do rock pesado iniciou a sua jornada naquele ano para atingir um patamar somente igualado como a maior manda de heavy metal que já surgiu, ao lado do Metallica. 

O maior nome da New Wave of British Heavy Metal, que era visto apenas como um subproduto do punk no final de 1979 – e o vocalista Paul Di'Anno confirmava todos os indícios – elevou o patamar de agressividade e peso no rock, alargando ainda mais a estética que tomou. 

Sob a mão de ferro de Harris, o Iron Maiden praticamente se tornou um sinônimo de heavy metal e um dos símbolos principais do gênero. E tudo isso surgiu graças ao fim do sonho de boleiro de um moleque de 18 anos em Londres...

domingo, 8 de agosto de 2021

Mudamos de endereço!!!!! Siga-nos em www.combaterock.com.br

 



Nosso endereço www.combaterock.com.br está de volta! Percalços da vida neste mundo pandêmico empurraram a reestreia em nova plataforma, mas aqui estamos para continuar publicando notícias relevantes sobre rock, sobre a vida e sobre a luta democrática e sempre antifascista.

Este endereço estará a postos pra qualquer intempérie e mostrou fora e resiliência, servindo maravilhosamente de forma provisória. Rock and Roll all Night and Party Every Day!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Notas roqueiras: Leandro Caçoilo, Never End, Sculptor...


- O vocalista Leandro Caçoilo (Viper, Caravellus, Hardshine) acaba de disponibilizar um vídeo com a regravação, em formato acústico, da música “At Least a Chance”. Lançada originalmente pelo Viper, no álbum “Theatre of Fate” (1989), a versão de Caçoilo apresenta a participação do guitarrista e produtor Mayki Fabiani. Assista At Least a Chance (ft. Mayki Fabiani): https://youtu.be/LI62i1pRurk. Caçoilo explica sua homenagem ao clássico tema do Viper: “Esse é um tributo, além de um muito obrigado ao Andre Matos e ao Viper, banda que hoje em dia carrego a bandeira com muito orgulho. Gravar essa música foi um grande desafio, por originalmente ter uma linha vocal muito refinada do Andre. Tive a ajuda de um grande amigo, o músico Mayki Fabiani, que fez um trabalho maravilhoso, tocando e produzindo”.

- Com um som que mescla várias vertentes do metal e rock'n'roll, podendo ser classificado como new thrash, grove metal e/ou metal core, a banda portuguesa Never End assina com a gravadora americana Brutal Records para o lançamento mundial do álbum de estreia "The Cold and the Craving". "Assinar com a Brutal Records foi um enorme passo na nossa carreira como banda. Era algo que procurávamos há muito tempo. Sentimos também que é fruto do nosso trabalho e investimento", ressalta a banda.
O disco será lançado em 3 de setembro de 2021 e traz nove canções que refletem a natureza conflituante da condição humana e representa uma oportunidade para refletir e explorar essa experiência. É raro ver uma abordagem tão nova funcionar tão bem e se fundir com os sons clássicos de metal, grunge e hardcore.

- O Sculptor está lançando um vídeo ao vivo da faixa “Watch Rope”, gravado em maio de 2019, no show de abertura para os ingleses do Cradle of Filth em Curitiba, na turnê comemorativa do álbum “Cruelty and the Beast”. Presente em “Untold Secrets”, debut da banda, a música é um dos destaques do trabalho, e tem em sua temática um assunto importante a ser debatido: a depressão. Composta pelo vocalista Rick Eraser, a letra se tornou um reflexo da própria experiência do músico: “A letra da música “Watch Rope” tem uma forte mensagem sobre a luta de uma pessoa com depressão e que a qualquer momento pode ser o último minuto de vida dela se deixar de lutar, é uma batalha diária que a pessoa passa, e que no final temos sempre a esperança de dias melhores”. Confira o vídeo de “Watch Rope”:
https://www.youtube.com/watch?v=P2lZGwxHdtA 

Notas roqueiras: Jured, As the Palaces Burn, Bruxas Exorcistas...

 


 - A pandemia da Covid-19 obrigou o cenário underground a se reinventar, com as bandas buscando novas formas de divulgar seus lançamentos e trabalhos. Dentro dessa nova realidade, as “lives” entraram no cotidiano dos fãs e heavy metal, como um substituto dos shows presenciais. Tendo lançado no início desse ano o seu ótimo álbum de estreia, “Emboscada”, o trio Jured resolveu fazer sua primeira live oficial no dia 5 de junho, com o intuito de apresentar a todos o seu trabalho. O resultado do evento foi tão positivo, que a banda resolveu transformar ele em um álbum ao vivo, intitulado “Quarentena Conspiracy Record”, que após ter sido disponibilizado nas principais plataformas de streaming musical, agora se encontra também presente no YouTube. Confira no link abaixo, todo o poder de fogo da música do Jured. Escute em https://youtu.be/NOXFZX74epM

- Após os ótimos resultados com o álbum de estreia, "End´evour", e o recente EP 'All The Evil', a banda As The Palaces Burn retorna com novidades. O grupo anuncia a nova identidade visual, feita pela Gigante Propaganda, e o lançamento do novo álbum de estúdio que está previsto para estrear ainda esse ano. A banda está em estúdio gravando o aguardado segundo disco sob o comando de Adair Daufembach na produção, com previsão de lançamento para o último semestre de 2021. Para promover esta nova fase, As The Palaces Burn irá lançar o primeiro single, "For The Weak", junto com o lyric vídeo, no dia 26 de julho.

- O selo Maxilar apresenta as Bruxas Exorcistas, projeto musical ue reúne sete mulheres com importanabalhos no rock e na MPB: Virginie Boutaud (Metrô), Érika Martins (Autoramas), Lovefoxxx (Cansei de Ser Sexy) , Apolônia Alexandrina (Anvil FX), Maria Paraguaya (Cigarras, Escambau), Camila Costa e Emilie Ducassé. A primeira música é Vade Retro, Satanás", já lancada nas plataformas digitais. Composta por Virginie no violão, a música foi inteiramente gravada e mixada no Garage band na região de Toulouse, na França, onde mora a cantora há muitos anos. As vozes das bruxas foram gravadas em estúdios ou celulares, entre Sampa, Garopaba (SC), Toulouse, Paris e Curitiba. A arte da capa é de Lovefoxxx e o clipe, dirigido por Raphael Erichsen
 

O jazz sofisticado ganha força com Tony Babalu e Rodrigo Nassif

Marcelo Moreira

Tony Babalu (FOTO: DIVULGAÇÃO/BOLÍVIA E CÁTIA ROCK)



São cada vez mais comuns as afirmações nas redes sociais de que a música cura, em todos os sentidos, principalmente em tempos estranho de pandemia. O número de artistas que levam a cabo a premissa é grande, mas dois guitarristas decidiram levá-la muito além do senso comum.

Tony Babalu e Rodrigo Nassif exploram em cada nota e em cada detalhe toda a beleza da música instrumental e inteligente, misturando sentimentos diversos e uma sofisticação que comovem.

"No Quarto de Som..." é o novo EP do veterano Tony Babalu, um músico que se confunde com a própria história do rock nacional desde os anos 70. 

Exímio guitarrista, transita entre e o rock e o jazz com uma facilidade irritante, da mesma forma que imprime tamanha elegância na execução de seus trabalhos. É um estilista, daqueles que encantam e fazem com que, imediatamente, as pessoas parem o que estão fazendo para prestar a atenção no som.

No novo trabalho, é difícil não associar seus fraseados e sua dinâmica com a de outro monstro da guitarra, o inglês John McLaughlin, criador da excelente Mahavishnu Orquestra. Sobram sofisticação e competência nos cinco temas do EP.

O melhor exemplo é "Recomeço", que viaja pelo jazz rock de maneira de maneira sublime, com solos vigorosos e o apoio de uma melodia bela e cativante.

"Lara" e "Tropical Mood" exaltam uma brasilidade que foge do lugar comum de inspiração bossanovista: são sons resplandecentes, intensos e que emanam brilho. São quase fulgurantes, que extrapolam os limites dos gêneros musicais.

"Francisca", por sua vez, exala uma delicadeza que remete imediatamente a um tema como "Riviera Paradise", de Stevie Ray Vaughan. É intimista, como a canção pede - uma homenagem à mãe de Tony -, com uma forte carga emocional.

O trabalho atual de Tony Babalu é um bálsamo em tempos tristes de isolamento e pandemia. Embala um sentimento de pertencimento e perseverança que espantam pensamentos negativos e mostram novos caminhos. Como bem diz outro extraordinário guitarrista, o brasileiro Edu Gomes, é o típico som que cura, ou que ajuda a curar

Rodrigo Nassif trio (FOTO: DIVULGAÇÃO)



O gaúcho Rodrigo Nassif, com seu trio, segue pela mesma trilha. "Estrada Nova" é o seu trabalho mais recente e faz um som jazzístico mais tradicional com um tempero bem característico dos pampas. Dá para escutar muitos sons do cone sul aqui e ali.

"Estrada Nova" é passeio nostálgico pela música brasileira também, com temas que valorizam a melodia e os fraseados curtos, mas intensos. 

Com Samuel Basso no baixo e Leandro Schirmer na bateria, o Rodrigo Nassif Trio estabelece um padrão elevado em temas como "O Cheiro de Pão", "Brincando na Tempestade" e "Simplesmente Divino".

Sem exibicionismo, a guitarra é  o destaque em "Estrada Nova" e "Passeio na Avenida", canções muito bacanas que transmitem uma sensação gostosa de tranquilidade. 

Buscando na tradição instrumental brasileira um equilíbrio com o jazz, Nassif consegue soar inovador e diferente em temas saborosos e também intensos. Como Babalu, tem dedos que brilham e extraem algo sublime da guitarra.

Multi-instrumentista e compositor, Nassif já se apresentou em alguns dos melhores espaços de música instrumental de Nova York, Nova Jersey e Rio de Janeiro. 


segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Notas roqueiras: Hell Gun, Holocausto WM, Paradise in Flames...


 

 - Os paranaenses do Hell Gun anunciam o lançamento do single “Pirates From Outer Space”, que, acompanhado de um lyric vídeo, marca a estreia da nova formação do grupo. "Pirates From Outer Space" é a primeira faixa inédita que a banda disponibiliza desde o lançamento do álbum "Kings Of Beyond”, em 2020. A música apresenta a nova formação, com Matheus Luciano (vocal), Marllon Woicizack (baixo), CJ Dubiella (bateria), Jean Fallas (guitarra) e o novo integrante, Lucas (Shred) Rodrigues (guitarra). Produzido por Rory Langdon (EUA), o novo single soa como os álbuns atuais de bandas de Heavy Metal dos anos 80. A capa do single foi criada por Giovanne Bernardino, que já havia trabalhado com a banda na capa do debut, enquanto que o lyric vídeo foi produzido por Marlon Cerqueira, da Guavira Design. Assista ao lyric vídeo de “Pirates From Outer Space”:
https://www.youtube.com/watch?v=FcCwbek7rGA

- A banda mineira de war metal Holocausto WM segue o ano de 2021 com muito trabalho. A linha de produção da banda e da WarCore Records, de propriedade dos próprios integrantes, tem sido bem intensa desde o ano passado, e agora o trio promete um novo álbum para o próximo ano. Segundo o guitarrista Valério Exterminator, as partes de guitarra da primeira música já foram concluídas, e em breve Manfredo War Tank e Rafão The Trigger registrarão suas partes. O álbum já tem nome e a arte será assinada pelo artista gráfico Fernando Lima, que já havia trabalhado na coletânea “Reborn to Eternity”, lançada pelo selo e apresentando as bandas Sextrash, BHell, Holocausto WM e Obsessed.

- Acaba de ser lançado o novo single da banda Paradise in Flames intitulado “Learn from Mistakes”. A música, veio acompanhada de um vídeo oficial, que mantém o altíssimo padrão de produções da banda. Ele já se encontra disponível no canal oficial de YouTube da banda, podendo ser assistido no link  https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=jj8G1ge4SuE
 

 

Inocentes chegam aos 40 anos: banda continua como a essência do punk nacional

  Marcelo Moreira

 

O começo do fim do mundo ocorreu na Vila Carolina, zona norte de São Paulo, em 1981, muito antes do evento que ficou conhecido por essa expressão um ano e meio depois, no Sesc Pompeia. E, no fim do mundo e naquele não tão fim de mundo, um nome chama a atenção como o "cara do movimento".

Clemente Nascimento carrega a história do punk paulistano-brasileiro e tem orgulho de dizer que é punk e que foi punk muito antes do punk surgir nas terras tropicais. Não se sente à vontade com os epítetos de "o rosto do punk nacional" ou "essência do punk paulistano". Ele quer ser apenas o Clemente dos Inocentes e também da Plebe Rude.

São 40 anos de história de uma banda que se mantém underground e muito relevante. Inocentes são a banda punk por excelência, o símbolo de uma geração que ousou botar para quebrar em plena ditadura militar de forma muito urgente, rápida, barulhenta e visceral. 

Dá para imaginar o punk brasileiro sem os Inocentes, sem Clemente e sem as turmas da Vila Carolina e do bairro do Limão?

A banda se prepara para uma série de eventos que pretendem lembrar a importância da data. Se os punks ingleses, em média, cinco anos em suas bandas, o que dizer dos 40 dos Inocentes? A contragosto, o grupo e seu líder se tornaram "instituições", algo que eles sempre combateram.

Além dos esperados shows que em breve deverão voltar, uma edição comemorativa de "Pânico em SP", que completa 35 anos de seu lançamento, será editada provavelmente com algum bônus e material extra.

Com uma trajetória intimamente ligada à cultura da cidade de São Paulo, Clemente é uma usina de energia: incansável, hiperativo e intenso, divide-se entre as bandas Inocentes e Plebe Rude, carreira solo e a apresentação de programas de rádio, mas tudo isso parece não ser suficiente.

Clemente não gosta de ser retratado como um dos líderes dos punks paulistanos, embora não desminta e desestimule tais afirmações, o fato é que o guitarrista dos Inocentes é provavelmente o mais articulado dos pioneiros. Se João Gordo, dos Ratos de Porão, se tornou a figura mais icônica, Clemente aparece como a voz mais engajada.

Garoto da zona norte de São Paulo, filho de uma família da classe trabalhadora, descobriu logo a sua vocação quando entendeu o que significava a música feroz e barulhenta que alguns ingleses tinham começado a fazer anos antes. 

Não era um desajustado no sentido clássico, mas logo se mostrou um rebelde e revoltado, ganhando o respeito de toda uma nascente cena jovem que tentava bagunçar os estertores do regime militar brasileiro, iniciado em 1964.

O livro "Meninos em Fúria", que coescreveu com o escritor Marcelo Rubens Paiva, é revelador ao mostrar como os Inocentes conduziram a galera para o confronto e o embate com sua guitarra massacrante – e, em algumas vezes, também com os punhos, em várias das tretas que se envolveu ao longo da primeira metade dos anos 80. 

O texto de Paiva, que conviveu com os punks na época e conheceu desde cedo o músico, é leve e ligeiro, sem arroubos ou rebuscamento – como deve ser um bom livro "punk". 

Para quem gosta de rock nacional e gosta de se informar sobre a história da música brasileira e de seus principais personagens, "Meninos em Fúria" é documento importante, pois não só recupera boas histórias que sempre estiveram esparsas sobre o movimento, como também traz fatos inéditos e um olhar analítico bastante acurado.

Clemente já foi acusado de querer intelectualizar o punk nacional e de querer se apropriar da própria cena e de seu desenvolvimento. Ao escutar esse tipo de coisas, apenas ri dessas bobagens. Sua trajetória fala por si.

Em uma entrevista ao jornal O Globo anos atrás, o músico paulista fez uma breve comparação a respeito do engajamento da juventude da atualidade e o que ocorre nestes tempos: "Há um acirramento dos conflitos, e isso vem de 2013. Na nossa época, lá nos anos 80, tudo era mais claro, o Brasil vivia sob o regime militar. Agora tudo é mais confuso. Existem ações da Justiça e do Estado que são coincidentes com algumas da ditadura. O espírito da garotada de hoje ainda é jovem, de querer mudar e não se entregar, de lutar por aquilo que acha certo. Eles têm o mesmo romantismo e esperança que nós tínhamos."

Punk na essência, Clemente é um contestador, mas esbanja otimismo com visão crítica, ferina e certeira da realidade. É um artista que continua fundamental 40 anos depois de colocar os Inocentes na rota da imortalidade.

domingo, 1 de agosto de 2021

Notas roqueiras: Lethal Fright, San La Muerte, Trapézia...

 



- A banda Lethal Fright, do vocalista brasileiro Douglas Arruda, acaba de lançar seu primeiro single e vídeo para a música “My Pride My Hell”, presente no álbum de estreia “Past Through the Future (The Desert)”. O vídeo conta com participações especiais de Ivan Busic (bateria), Andria Busic (baixo e vocal), além de Nunes Italiano (guitarras), guitarrista da banda. Assista “My Pride My Hell”: https://youtu.be/Tm5G5A0jjPo. O guitarrista Nunes Italiano comentou em suas redes sociais: “Não poderia deixar de celebrar o Dia do Rock de maneira tão triunfal, tocando com os amigos e ídolos! Conheci a banda Dr. Sin há 20 anos, e o som deles mudou toda minha concepção musical do rock. O Dr. Sin se tornou uma referência primordial”. Nunes lembrou também que “há 15 anos, era obrigatório ter músicas do Dr. Sin em nosso repertório. E hoje, poder dividir esse som com eles, é mais que um sonho!” Já na versão do single, além de Andria Busic (Dr. Sin) e Ivan Busic (Dr. Sin), conta também com a participação de músicos da banda Sons of Apollo: Derek Sherinian (ex-Dream Theater, ex-Alice Cooper) e Ron ‘Bumblefoot’ Thal (ex-Guns N’ Roses). A capa do single foi desenhada por Carlos Fides, do Estúdio Art Side.

- Unindo magia e conceitos retrofuturísticos, o projeto Trapézia compartilha o EP de estreia intitulado 'Ecila', que está disponível em todas as plataformas digitais á partir de hoje, dia 13 de julho. O EP conta com a participação especial do renomado músico Fernando Quesada, que já tocou nas bandas Shaman e Noturnall, e atualmente toca no Armored Dawn. Em seu primeiro trabalho musical, a artista Thaís Lyrica usa todo seu conhecimento de formação em moda, para inserir um conceito visual retrofuturístico em suas músicas. Com o lançamento de 'Ecila', a artista nos apresenta um mundo fantástico inspirado em Alice no país da Maravilhas, obra de Lewis Carrol, onde cada detalhe, desde as letras até o figurino foram idealizados e confeccionados pela Thaís. Com um visual autêntico e steampunk, Trapézia te leva em uma viagem fantástica ao mundo de Ecila - que é um nome predominantemente feminino, de origem grega que significa "verídica, autêntica, verdadeira", sendo um anagrama do nome Alice. O EP conta a história de uma fada, de nome Ecila, que tem o poder de ser transformar em qualquer espécie. As músicas trilham por um cenário bucólico e sombrio e, a personagem se mostra sempre em conflito com sua mente e, ela nunca sabe o que é real. Projeto autoral de metal melódico, Trapézia foi fundada pela artista Thaís Lyrica, que desde muito jovem tem contato com a música, por influência do seu pai que era músico. Iniciou os estudos de canto aos 16 anos.

A única banda do Brasil a cantar, compor e gravar todas as suas músicas em língua espanhola, o San La Muerte estreou recentemente em todas as plataformas digitais uma versão para a faixa “Destrucción”, originalmente gravada e composta pelos argentinos do V8. A banda V8 foi oficialmente fundada no final dos anos 70 tendo feito sua primeira apresentação em julho de 1980 na cidade Buenos Aires. Entre meados dos anos 80, o grupo foi responsável por lançar os discos “Luchando por El Metal” (1983), “Um Paso Mas Em la Batalla” (1985) e “El Fin de los Inicuos” (1986), considerados clássicos absolutos em seu país e deixando o nome do V8, entre os principais responsáveis pelo crescimento e engajamento do Heavy Metal na Argentina. A música “Destrucción” pode ser conferida em todas as plataformas digitais. Abaixo link para usuários de Spotify: https://open.spotify.com/track/61GE2qv11ouKGxA6m42PG3?

The Who em dose dupla: livros de Townshend e Daltrey ganham versões nacionais

 Marcelo Moreira

São 59 anos de parceria sempre mantida no limite. A famosa montanha-russa de emoções sempre dominou o ambiente, com direito a agressão física, expulsão da banda e sem um mísero jantar familiar, muito menos uma cerveja no boteco.

Pete Townshend e Roger Daltrey já foram amigos, já se odiaram e hoje apenas se toleram, pois ainda ganham muito dinheiro mantendo The Who na ativa. São visões diferentes de vida e da arte, e que nem sempre se complementam, por mais que os resultados sejam bons na maioria das vezes.

Por coincidência, os dois terão lançados no Brasil, no começo de agosto, seus mais recentes livros. "Era da Ansiedade" (Rocco Editora) é o terceiro livro de Townshend e seu primeiro romance; "Valeu, Professor Kibblewhite" (editora BestSeller) é a autobiografia de Daltrey escrita em parceria com jornalistas.

Alguns críticos de jornais tradicionais do Brasil enxergaram trocas de farpas quando dos lançamentos na Inglaterra, ocorridos em 2018 e 2019. Era esperado que isso ocorresse, mas não aconteceu.

 Townshend quase que ignorou o parceiro na autobiografia "Who Am I", de 2015, e comentou apenas as diferenças de visão de mundo em entrevista quando do lançamento do romance. Não foi uma alfinetada, como pretendeu a Folha de S. Paulo.

"Quando você usa o termo ‘projeto do Who’, eu rio, porque você assume que Roger Daltrey vai me seguir em qualquer caminho artístico ou sociopolítico que eu tome", afirmou o guitarrista Townshend a um jornal inglês em 2019. "Eu não tenho esse poder. Roger e eu refletimos a polarização. Eu sou um liberal de esquerda. Roger é mais do centro, possivelmente de direita."

Roger Daltrey (esq.) e Pete Townshend na promoção de um show em Londres (FOTO: DIVULGAÇÃO)
 


Foi uma resposta mais educada a respeito dos embates que ambos tiveram ao longo de seis décadas. Daltrey, por sua vez, não foi agressivo em sua autobiografia. Tratou o companheiro com respeito, mas deixou clara que a sua visão de mundo diverge frontalmente, até por conta da origem social dos dois.

Filho de uma família pobre do oeste de Londres, Daltrey sempre se orgulhou de pertencer à classe operária. Teve vários subempregos na juventude e esteve perto de virar um delinquente. "A vida era dura naqueles tempos de adolescência. se não fosse o Who e o rock eu teria virado um bandido", declarou certa vez ao jornalista inglês Chris Charlesworth.

Para Townshend, filho de classe média intelectualizada e aluno de faculdade de artes, sobrou apenas uma fina ironia em "Valeu, Professor Kibblewhite". "Fodido, para Pete, queria dizer continuar sua graduação em arte, o que significava ficar o dia inteiro deitado na cama fumando maconha e comparecer à aula do momento para imaginar o mundo do ponto de vista de uma esponja. Fodido, para mim, era algo bem diferente. Eu não estava na faculdade. O Estado não limpava meu rabo. Eu tinha uma visão bem diferente da vida. Daí, diferenças musicais."

A coisa já foi bem mais complicada. Roger Daltrey criou os Detours em 1962 como guitarrista e também eventual vocalista. O rock era a base, mas a ideia era encharcar o som com muita música negra. 

Criado o grupo, logo entrou um magrelo bom de guitarra, baixo e sopros. John Entwistle era um músico nato e logo percebeu várias deficiências. Daltrey não tocava nada e foi convencido a aceitar um amigo,  outro magrelo, como guitarrista e violonista. Townshend chegou e tomou conta, empurrando o fundador para os vocais.

 

Com a entrada de Keith Moon, o baterista insano, em 1964 e com o nome The Who, o quarteto estava pronto pra ganhar a Inglaterra, mas Daltrey tinha dúvidas. 

Com a pose de aluno universitário e artista intelectual, Townshend não inspirava confiança e mostrava um comprometimento menor do que o necessário para fazer a banda virar. 

Daltrey achava que a banda era a grande chance de fugir na pobreza, dos empregos ruins e de uma vidinha medíocre. Mais do que isso: precisava fazer dinheiro porque já era pai aos 20 anos de idade

Briguento e arrogante, o cantor queria dirigir o Who com mão de ferro mesmo não sabendo compor. Acabou isolado como o chato da banda e foi expulso de seu próprio grupo em 1965 depois de esmurrar Moon por conta de uso de anfetaminas - Daltrey sempre foi o "careta" da banda.

Perdoado de dias depois, voltou mas manso, mas igualmente chato na disputa por poder com Townshend, o principal compositor. As tensões nunca amainaram mesmo após ganharem muito dinheiro e se tornarem mundialmente famosos. Brigavam em público e discutiam feio nas entrevistas coletivas.

O baixinho briguento e controlador perdeu a paciência em 1973, em um ensaio para a turnê "Quadrophenia", do disco de mesmo nome. 

Meio bêbados, ele e o guitarrista discutiram sobre a falta de comprometimento de ambos para os shows e Daltrey nocauteou Townshend quando este o ameaçou com golpe de guitarra. O guitarrista caiu, bateu a cabeça na ponta do tablado da bateria e apagou. O vocalista se desculpou horas depois, no quarto do hospital.

Por outro lado, Roger Daltrey sempre foi imensamente grato por Townshend apoiá-lo em sua carreira solo de sucesso, iniciada ainda nos 70, em paralelo ao Who, e na sua carreira cinematográfica - isso, curiosamente não está no livro autobiográfico.

Townshend já manifestou publicamente a sua gratidão pela amizade do cantor quando do encerramento das atividades do Who em 1982 (o grupo voltaria em 1989).

Viciado em drogas e álcool, Townshend foi para a reabilitação e foi convencido a ficar longe das turnês para não ter uma recaída. Foi Daltrey quem sugeriu essa saída, para desgosto de Entwistle.

"Valeu, Professor Kibblewhite" (título sarcástico se refere a um professor do ensino fundamental do cantor que lhe disse: 'você nunca será ninguém na vida') é uma biografa tradicional, reta e cronológica, e, de certa forma, decepcionante por não conter fatos novos ou bombásticos. Nada revelador e nada muito profundo, com o cantor valorizando a sua trajetória e agradecendo ao Who pela vida de rockstar. Apesar de algumas considerações mis críticas, Townshend é tratado com carinho e respeito.

"Era da Ansiedade", por sua vez, é uma empreitada ambiciosa do guitarrista, considerado um intelectual do rock. Escreve bem, tem ideias interessantes a respeito da arte e da vida e sua obra musical é de altíssima qualidade.

A ambição literária, contudo, tem a mesma proporção da prepotência na elaboração do romance. Como conceito e como roteiro, digamos assim, é confuso e carece de dinâmica ao abordar o assunto música por uma ótica quase acadêmica.

 

O músico se propôs a descrever música em letras, enquanto conta a história de Walter, um músico de relativo sucesso que passa a escutar sons misteriosos vindos da sua plateia. Ele tentará transformar aqueles ruídos em música.

"As ‘paisagens sonoras’ escritas por Walter, que ele ouve quando encara a audiência nos shows, tinham que funcionar tanto como trilhas musicais quanto como passagens descritivas”, contou Townshend, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

O narrador do romance é um homem mais velho, Louis, padrinho de Walter, que tem um segredo e por isso resolve pôr sua história no papel. Enquanto os anos passam, uma série de figuras femininas importantes passeia pelas vidas dos dois, e a história de um estupro pode voltar para assombrar.

Na sua ambição literária, Townshend não fracassa, mas peca ao buscar uma inovação estilística em uma história rocambolesca e não muito digerível. Não é má literatura, longe disso, mas fica aquela fagulha de que "eu esperava mais vindo de quem veio".

A autobiografia de Daltrey é um livro que vai interessar quase que somente os aficionados por rock, já o cantor é muito popular na Europa e nos Estados Unidos, mas bem menos conhecido como artista solo no Brasil.

Clique aqui para ler uma entrevista de Pete Townshend para o jornal O Globo.
 

sábado, 31 de julho de 2021

Programa Combate Rock celebra grandes álbuns que completam 50 anos

 


O programa Combate Rock desta semana traz vários álbuns lançados no glorioso ano de 1971:

Maggot Brain – Funkadelic
Master of Reality – Black Sabbath
Sticky Fingers – Rolling Stones
Led Zeppelin IV – Led Zeppelin
Nursery Cryme – Genesis
Shaft – Isaac Hayes
Madman Across The Water – Elton John
 

Notas roqueiras: The Baggios, Sabbatariam, Centro da Terra...

The Baggios (FOTO: DIVULGAÇÃO)


- Começa a tomar forma o quinto disco do The Baggios, intitulado Tupã-Rá, registro sucessor do aclamado Vulcão e que será lançado em outubro deste ano. Clareia Trevas, o segundo single, chega às plataformas e não à toa: é a faixa mais visceral e roqueira desta nova fase, com uma urgente mensagem de busca de luz em meio às trevas. Ouça Clareia Trevas aqui: https://album.link/wrhwsp9ntcpwv, um lançamento do selo Toca Discos. "Clareia Trevas" é uma faixa rápida - tem 1 minuto e 54 segundos de duração. O rock com pegada setentista se mistura a batidas dançantes, órgãos e sintetizadores azedos. Aqui, o The Baggios resgata a essência e o vigor do blues rock do primórdios da banda.

- O Sabbatariam acaba de lançar o lyric video da faixa "Crazy Guy" que faz parte do EP "20 Years" lançado recentemente em todas as plataformas de Streaming e em seu canal no YouTube. Confira agora "Crazy Guy" Lyric Vídeo: https://youtu.be/fWJ1ZaGlHg8. O vocalista Walter falou sobre a mensagem que a banda buscou entregar com essa letra: "Buscamos evidenciar as vaidades desse mundo e das riquezas dessa terra, que o ser humano permite isso entrar no seu coração. A arrogância humana, da pessoa que é convencida que é boa, mas que no fundo é puro narcisismo. Que há uma mudança a ser experimentada, que vem do coração, de colocar esse coração nos tesouros do céu, onde os ladrões não arrombam e nem furtam."

- Para celebrar o mês do rock, a banda de rock Centro da Terra lançou em 12 de julho o single da faixa "Vejo o Sol", música que integra o mais recente álbum do power trio, auto-intitulado. O disco, que está sendo vendido em formato LP, foi masterizado pelo veterano Sean Magee (Deep Purple, John Lennon, Rush) no lendário Abbey Road Studios, de Londres. Ouça o single "Veja o Sol": https://onerpm.link/8485024537. O trabalho foi viabilizado por meio de uma campanha de crowdfunding, que superou a meta estabelecida, mostrando a força do trio. O álbum completo, com capa desenhada foi criada pelo renomado artista Paulo Motta, também está saindo em formato especial, com CD e DVD em um único produto. Em breve, o conjunto promete mais novidades para seus fãs.

 
 

 

Kernunna reedita álbum único com música inédita e vários extras

Marcelo Moreira



E se o pote de ouro tivesse sido encontrado em pleno sul de Minas Gerais, ao fim do arco-íris, e não na bucólica Cork, no interior da Irlanda? Um grupo de mineiros defende essa tese e e quer nos convencer que Varginha e adjacências são a segunda terra dos duendes.

Não contentes em produzir coisas belas e diferentes, como o Tuatha de Danann e o Tray of Gift, o sul mineiro também é a pátria do Kernunna, um combo de malucos que acham vivem em Dublin e que fazem um som bem bacana

Formada por integrantes do Tuatha de Danann, Cartoon e The Neverknow, em 2013 o Kernunna lançou o seu único álbum “The Seim Anew” Digipack, disco que já estava fora de catálogo, e agora está sendo relançado em edição especial. 

O som do Kernunna é uma mistura de folk e prog metal temperados com um molho celta - ou gaélico, para os iniciados. É diferente da pegada do Tuatha de Danann, que é mais tradicionalista, com sua profusão de instrumentos típicos da música irlandesa.

A nova edição do CD terá encarte com 20 páginas com músicas comentadas por Bruno Maia e Edgard Brito, fotos da época, uma música inédita (“Down on the Road Ahead”) e quatro sons remixados e a versão demo de “Dreamer”.

Bruno Maia falou sobre esse material: “Eu acredito que este álbum era a continuação natural de onde o Tuatha tinha parado no álbum ‘Trova di Danú’. Ele amplificou a carga progressiva que já dava as caras no ‘Trova’, elevando nossa musicalidade a outro nível de complexidade e sofisticação. É, com certeza, um dos melhores discos que já lancei. Tínhamos uma certa implicância com a mixagem original do disco, mas conseguimos achar os arquivos originais de algumas faixas e as remixamos, ficou muito legal.”

Sobre a música inédita, Maia afirmou que era uma "sobra" de estúdio reaproveitada pela banda Cartoon. "Resolvemos gravar ‘Down on the Road Ahead’ pois não tivemos tempo de gravar para o disco na época. Daí, como é uma música do Khadhu, o Cartoon a gravou e a imortalizou em seu ótima álbum ‘Unbeatable’. A nossa versão ficou mais hard rock, com um toque southern, talvez meio Black Label Society, o que nos agradou muito.”

O álbum está disponível gratuitamente nas plataformas digitais, e com músicas que não constam no disco físico, como a faixa “Dreamer”, remixada – além das demos de “Kernunna” e “Snark”.

 

sexta-feira, 30 de julho de 2021

Notas roqueiras: Nervochaos, Acidemia, Acid Words...



- A Emanzipation Productions acaba de anunciar a contratação da banda brasileira e death metal NervoChaos. O quinteto está comemorando 25 anos, ininterruptos, de carreira neste ano, e está preparando muitas surpresas – incluindo o novo álbum e uma turnê mundial – para marcar muito bem a ocasião. "Estamos extremamente satisfeitos em anunciar uma parceria com a Emanzipation Productions, um selo dedicado ao metal extremo da velha guarda", divulgou a banda. "Podemos finalmente revelar que fechamos um acordo mundial com eles, e um novo álbum do NervoChaos será lançado no início de 2022. E será seguido por uma grande turnê mundial. É uma grande honra para a NervoChaos fazer parte dessa equipe."

- A banda catarinense de stoner/doom Acidemia, de Lages, divulgou recentemente a capa de seu próximo trabalho, o full "Podridão". O álbum, primeiro da banda com composições totalmente em Português, tem lançamento marcado no streaming para o dia 31 de julho e traz sete faixas, transitando de forma obscurecida e densa entre os elementos do stoner rock e do sludge/doom metal, sendo a mais madura investida da banda até o momento. Formada atualmente por Henrique Pereira Soares (voz/baixo), Mateus Varela (guitarra) e Thiago Granetto (bateria), a banda traz influências de nomes icônicos das vertentes, como Electric Wizard e Monolord, e já lançou um single desse material anteriormente, o ótimo "Névoas de Ácido". O álbum trata de temáticas urgentes e fortes, como depressão, ansiedade e inquietudes humanas. 

- O grupo Acid Words, banda de deathgrind do Rio de Janeiro, assina com o selo Rotthenness, de São Paulo, para o lançamento do seu primeiro álbum no Brasil, "Indignation, Hate and Reaction", que chegará às lojas no segundo semestre de 2021. A banda segue no processo de gravação do disco, que terá 13 músicas. No dia 21 de junho, o Acid Words lançou seu primeiro single, da música "Leech", somente para streaming no YouTube e em plataformas digitais. O grupo é formado por M. Mictian (guitarra e vocal; Affront), Thiago Perdurabo (guitarra; Antropofectus, Kill the Whore e NeverChrist), Oman Oado (bateria; Brutal Desire, ex-Affront, ex-Krueger) e Vinicius Mata (baixo, Ânsia de Vômito, Tormento, ex-Gore). Veja o clipe em https://youtu.be/EY1ov2nnZ9A

Notas roqueiras: Metallica, Journey, Yes...

Metallica (FOTO: DIVULGAÇÃO)


- Uma versão inédita da música "Nothing Else Matters", do Metallica, aparece duas vezes no novo filme da Disney, "Jungle Cruise", que está nos cinemas e no streaming Disney+. A anda trabalhou ao lado do compositor James Newton Howard. O filme é estrelado por Dwayne Johnson e Emily Blunt.

- O guitarrista do Neal Schon, confirmou nas redes sociais que o baterista Deen Castronovo está retornando ao Journey. A informação surgiu em uma sequência de comentários no Facebook, em uma postagem no site do jornal San Francisco Chronicle sobre o Journey, que ele compartilhou em 28 de julho. "Daseen está de volta. Temos dois bateristas agora com Narada (Michael Walden), que se juntou à banda em 2020". Castronovo também integra a banda Dead Daisies.

- O Yes ainda existe, e sob a forte condução do guitarrista Steve Howe. Com sua produção, a banda lança lançará seu novo álbum de estúdio, "The Quest", em 1º de outubro via InsideOut Music / Sony Music. Contendo 11 músicas - oito no CD principal com três faixas extras em um CD bônus - "The Quest" estará disponível em vinil e Blu-ray 5.1 e CD, tudo no dia do lançamento. "The Ice Bridge" é o primeiro single - ouça em https://youtu.be/PbGEa7ju8bg.

Notas roqueiras: Emperor, Implement, Desalmado...

 

Emperor (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- A lendária banda norueguesa Emperor, um dos nomes mais respeitados da música extrema mundial, anuncia oficialmente que reagendou os três shows históricos na América do Sul para 2022. No Brasil, a única apresentação está confirmada para o dia 20 de maio, no tradicional palco da Audio, em São Paulo. O show faz parte da série que comemora 20 anos de lançamento do álbum “Anthems to the Welkin at Dusk” (1997) e também promete ser bastante especial, pois o grupo declarou que vai fazer nova pausa na carreira. Todos os ingressos adquiridos para a data original, pelo site da Ticket Brasil e/ou Bilheto e pontos autorizados, serão válidos para esta nova data e não precisam efetuar qualquer tipo de troca. As entradas seguem à venda pelo site da Ticket360 (https://ticket360.com.br) e pontos autorizados. Todos os setores também estão disponíveis na modalidade ingressos social válido através da doação de 1 kg não-perecível para #campanhacontraafome.


SERVIÇO SÃO PAULO
Honorsounds e Dynamo Brazilie orgulhosamente apresentam EMPEROR - pela 1ª vez no Brasil
Data: 20 de maio de 2022
Local: Audio - www.audiosp.com.br
End: Av. Francisco Matarazzo, 694
Hora: 19h30 (open doors)
Fone: (11) 3862–8279
Imprensa: press@theultimatemusic.com | 11 964.197.206
Evento Fb: https://www.facebook.com/events/2384066705195734
Chapelaria: R$ 2,00
Possui área de fumantes e acesso para pessoas com deficiência.

# SETOR / PREÇOS (sujeito à alteração)
- PISTA COMUM MEIA/ESTUDANTE: R$ 120,00
- PISTA COMUM SOLIDÁRIO*: R$ 150,00
- PISTA VIP MEIA/ESTUDANTE: R$ 150,00
- PISTA VIP SOLIDÁRIO*: R$ 180,00
- MEZANINO MEIA/ESTUDANTE: R$ 230,00
- MEZANINO SOLIDÁRIO*: R$ 250,00

*Todos os setores também estão disponíveis na modalidade ingressos social válido através da doação de 1 kg não-perecível para #campanhacontraafome.

# VENDAS:
- Ingresso Online - www.ticket360.com.br
- Bilheteria da bilheteria Audio - das 13h às 20h - de segunda à sábado.
Cartões de crédito e débito: Elo, Visa, Mastercard, Diners e American Express | (Não aceitamos cheques).


- O trio pernambucano de death metal Implement tem se mostrado como um dos grandes representantes não só do cenário nordestino como também nacional e recebendo elogios de público e crítica especializada de países da Europa, América Latina e também Estados Unidos. E, para celebrar esse momento marcante na carreira, o grupo irá presentear os fãs com o aguardado relançamento de sua demo "Decapitated". Com o sucesso obtido com o lançamento de "Bleeding Alone" em 2019 novos fãs interessados em conhecer mais os primórdios da banda, assim como fãs mais antigos que procuravam o material (indisponível por vários anos), é que a demo "Decapitated", gravada e lançada originalmente entre os anos de 2004 e 2005, está sendo relançada e desta vez contendo um novo projeto gráfico, músicas originais remasterizadas e uma bônus especial, a faixa "Rei da Babilônia", primeira composição da história do trio, em formato ao vivo, mixada e masterizada por Nenel Lucena , responsável por lançamentos de bandas como Angel's Fire, Bride, N.O.G dentre outros.

- O quarteto brasileiro de death grind Desalmado lançou o videoclipe para a música "Hollow", segundo single do novo álbum da banda, cujo título e data de lançamento serão anunciados em breve. "Hollow" conta com participação especial da cantora argentina de música alternativa Noelia Recalde, considerada uma das mais belas vozes da nova geração do país vizinho. A sonoridade conseguida em "Hollow", bastante diferente de outros trabalhos do Desalmado, marca definitivamente um ponto inédito na biografia da banda, assim como a estética do videoclipe que é sombria e angustiante. "Essa música ganhou o contorno lírico perfeito diante de um período angustiante da minha vida", afirma o vocalista Caio Augusttus.

Notas roqueiras: Son of a Witch, Thiago Trosso, Caburé Canela...


 


- A Abraxas Records lança o mais novo trabalho do ícone nacional de stoner doom, Son of a Witch. No EP "Reverencing", o quinteto do Rio Grande do Norte coloca a sua peculiar roupagem em um clássico do Alice in Chains e em um medley de 15 minutos de Black Sabbath, a grande influência da banda.
Ouça no streaming e Bandcamp: https://sonofawitch666.bandcamp.com/album/reverencing e 
https://album.link/s/4okjKNgUq5I5i33RA5OEqz. Como conta o músico e produtor Flávio França, "Reverencing' é um tributo a bandas que inspiraram e influenciaram o Son of a Witch. "Alguns já não estão entre nós, mas vivem eternamente nestes seres que foram tocados por suas obras", conta. Um é o medley sabático de 15 minutos, contendo versões de Snowblind, Black Sabbath e Into the Void, claro, do apoteótico Black Sabbath. Outra é uma versão da música Nutshell do Alice in Chains.

- Thiago ‘Trosso’ é um compositor, cantor e produtor brasileiro, radicado há seis anos em Londres. Desde 2003 faz parte da cena ska punk e reggae, um dos atuais integrantes da clássica banda curitibana Abraskadabra. Mas é no universo do indie pop que ele estreia em carreira solo, com o versátil e envolvente Saying Yeah, que chega às plataformas digitais pelo selo norte-americano 10 West, de Los Angeles. Ouça aqui: https://dashgo.co/6vjpako. Saying Yeah é uma compilação de 10 músicas inéditas de uma série de faixas que Thiago Trosso criou para figurar em trilhas sonoras de filmes e séries.

- A banda londrinense (PR) Caburé Canela, composta por Carolinaa Sanches (voz), Lucas Oliveira (voz, violão, violino e teclado), Maria Thomé (percussão), Mariana Franco (contrabaixo), Paulo Moraes (bateria) e Pedro José (voz, guitarra e clarinete) se prepara para a estréia do seu segundo álbum, Cabeça de Cobre, e lança hoje (30), a primeira música de trabalho do disco: Fera. A faixa vem acompanhada de um videoclipe dirigido por Fagner Bruno de Souza, que traz um olhar documental para os tempos atuais. Assista aqui. O vídeo faz uma conexão direta com a mensagem da música, que induz à reflexão sobre os dias de luta normalizados na sociedade, como uma forma natural de sobrevivência.

Notas roqueiras: Impluvium, Nyx Metal Project, Invisible Control...

 


- O Impluvium acaba de disponibilizar nas principais plataformas de streaming musical o segundo single de sua carreira. É a canção “BE”, faixa que vem para suceder a música de estreia da banda, "Flower King”. Vale lembrar que ambas estarão presentes no álbum de estreia da banda, que se encontra em processo de produção, e ainda não tem uma data de lançamento e títulos definidos. Escute o novo single “BE” no Spotify através do link https://open.spotify.com/album/7119WTwuOxg698hci2Z7bC?si=YvTOu1_-TdqXyTNRLrosfA&dl_branch=1

- Dando sequência a série de lançamentos que resgatam músicas de bandas que fazem parte da história do baixista e vocalista Nílson Oliveira (Nyx) no cenário underground do heavy metal, a Nyx Metal Project acaba de lançar seu mais novo single. Se trata da música “The Calling”, da banda goiana Asgard, da qual ele foi membro nos anos 80. A canção era um dos destaques do repertório da banda, tendo sido composta por Fred, Adriano, Paulo e Nyx, com letra deste último. Você pode conferir a canção no link https://open.spotify.com/album/17UcGakmugGevD8e5zN2Fs?si=oKRUf8l6TyGJt-2YgcfeaQ&dl_branch=1

- Formado durante a quarentena da pandemia de covid-19, o Invisible Control é um supergrupo de death metal que reúne grandes artistas do cenário da música pesada brasileira. A banda fez sua estreia durante a 6ª edição do "Roadie Crew Online Festival", onde apresentou o single "Killing Other of Us". Agora lançam com exclusividade a música "Cold Blood", primeiro single do novo álbum, que teve premiére exclusiva no Cuartel Del Metal, um dos maiores sites da América Latina. Invisible Control escolheu esta música para ser o primeiro lançamento por ter uma relação muito forte com as experiências atuais da banda e como suas atitudes ou a falta delas podem causar danos muito sérios e até irreparáveis.

 


 

Notas roqueiras: Sepultura, Luís Maldonalle, Space Rave...




- A editora Estética Torta anuncia o relançamento do livro “Sepultura: Os Primórdios (1984-1998)”. Escrito por Silvio "Bibika" Gomes, primeiro empresário do Sepultura, juntamente com o jornalista André Barcinski, este livro estava fora de catálogo há quase duas décadas e agora ganha uma reedição de luxo pela editora em capa dura, acabamento premium e conteúdos extras, com novas imagens exclusivas. O livro chega ao mercado em 15 de novembro de 2021.

- Foi lançado oficialmente nas principais plataformas digitais de música o novo álbum de estúdio de Luís Maldonalle, “Viking Heart”. Composto por 11 canções instrumentais, em pouco mais de 47 minutos, o álbum está sendo lançado pela gravadora Tree House Records, e teve produção de Lucas Arbalest, com capa elaborada por Alcides Burn. Ouça em https://open.spotify.com/album/71oYx21hG8cTO9C7gQosbr?si=LNC5TXIYRi-kd8Gl-N268A&dl_branch=1

- "Olho de Peixe" é o nome subjetivo (que não consta grafado na capa) do novo álbum da banda Space Rave, lançado pelo selo Maxilar, do garage-hero Gabriel Thomaz, conhecido por sua trajetória a frente dos Autoramas, um dos principais expoentes do rock brasileiro. O processo de gravação foi atípico, adaptado às possibilidades atuais: mesmo sem condições de ensaiar devido a pandemia e a distância, o disco é repleto de participações especiais e soa orgânico, vivo. Artistas novos como os Circenses Kim e Miguel Carlos, mais Carlos Tupy, Léo Fazio, Nickelly e Boca se unem digitalmente a Biba Graeff, Mari Kircher, Lets Rodrigues, Joana C-4, Julia Barth, Maria Paraguaya, Carlinhos Carneiro, Guto Herscovitz e Fábio Gabardo. Pianos, clarinetes, violoncelos, sintetizadores e meia-luas complementados pelo quarteto formado por Edu Normann (guitarras, viola caipira e vocais), Murilo Biff (guitarra, teclado e viola caipira), Marcos Rubenich (bateria) e Eddi Maicon (baixo e backing vocals). Uma banda afiada como a lâmina que corta o silêncio e o frio da alma. A produção ficou a cargo de Fábio Gabardo e Edu Normann, e o resultado é um disco cheio de nuances e texturas. Escute: "O apartamento é clínica" - https://youtu.be/kYTWZ2piRUA; "Ultravioleta", https://youtu.be/-eb1JlTXpuI; e "Pra quem nunca sai de casa", https://youtu.be/kbvH_v-_QqQ.

Carlos Lopes comenta a 'realidade distópica' de 'Pandemia'

Marcelo Moreira

Carlos Lopes (FOTO: ARQUIVO PESSOAL/ DIVULGAÇÃO)

Carlos Lopes é um artista que sempre teve o que dizer, e que as pessoas precisam escutar, principalmente quem gota de rock. Culto, bem informado e um ativista pelos direitos humanos e civis, é nome obrigatório no Rio de Janeiro para discutir qualquer aspecto que envolva cultura, educação e política urbana.

Além de guitarrista e vocalista da banda Dorsal Atlântica por quase 40 anos, Lopes também é jornalista e artista gráfico, reconhecido como um dos talentos das histórias em quadrinhos e graphic novels do Brasil. Sua revista Tupinambá é referência no Brasil e no exterior.

Assim como o disco anterior da banda, "Canudos", "Pandemia" é um manifesto político e artístico. Mais do que uma carta de intenções, é um trabalho que resumiu como nenhum outro os dilemas sociais que vivemos na atualidade, em que flertamos com o autoritarismo, com o pior dos moralismos e a proeminência macabra do fundamentalismo evangélico - tudo temperado com acusações de corrupção em Brazilândia, fictícia nação esquecida por Deus baseada na realidade brasileira.

Especialmente para o Combate Rock, Carlos Lopes concedeu uma entrevista e gravou depoimentos sobre o novo trabalho e o momento atual do Brasil que o inspirou. 

Como artista multimídia, mostra uma lucidez impressionante e um discurso coerente e inteligente sobre as mazelas e a gravidade institucional e social do Brasil de 2021, em um momento que os mortos por covid-9 ultrapassaram 550 mil.

Saiba mais sobre "Pandemia", da Dorsal Atlântica, e sobre como um artista importante do underground observa a nossa tal realidade. No terceiro vídeo, o episódio do programa Resenhando, no YouTube, com Daniel Dutra (revista Roadie Crew) e o professor Marcio Carreiro debatendo o álbum 'Pandemia".

Documentário explica a criação de 'Pandemia', da Dorsal Atlântica

Marcelo Moreira  


Uma aula de underground e de persistência, com quase 40 anos de ativismo e protesto. O mundo está de cabeça para baixo? Então a Dorsal Atlântica chega para apontar os caminhos.

"Pandemia - Minidocumentário" é perfeito dentro do que se propõe: mostrar os bastidores das gravações de um álbum e as dificuldades de se fazer música e arte com pouco dinheiro  e olha que o CD "Pandemia", um pancada em termos de contundência e manifestação política, foi concluído graças a uma campanha bastante positiva de financiamento coletivo.

O filme curto, de apenas 15 minutos, é a primeira novidade que surgiu na esteira do lançamento do álbum. A banda prevê o lançamento de videoclipes ainda neste ano e uma revista bilíngue (português e inglês) com a história e o conceito do disco. 

Além de músico e jornalista, o guitarrista e vocalista Carlos Lopes também é professor, designer gráfico e quadrinista pela ótima revista Tupinambá.

O que chama a atenção no minidocumentário é o despojamento com que a fita foi gravada e editada. Sem refinamento e com linguagem direta, é uma forma de mostrar como se grava um disco em tempos de pandemia e como uma obra complexa como "Pandemia" se desenvolve.

"É uma maneira de agradecer a todos os apoiadores do financiamento coletivo e de aproximar o público do músico. Não há requinte, mas muita perseverança. É um trabalho importante da Dorsal Atlântica, vai direto ao ponto diante da crise política e de valores em que estamos", diz Lopes, o mentor e compositor de todas as músicas. Completam a formação do trio o irmão de Carlos, Claudio Lopes (baixo) e Braulio Drumond (bateria), todos botafoguenses, como fazem questão de explicitar no documentário.

Assim como a também carioca banda Detonautas Roque Clube, a Dorsal Atlântica está na linha de frente e vanguarda de protestos e ativismo antifascista entre os artistas brasileiros. 

O minidocumentário completa os formatos que Lopes imaginou para expandir o alcance da mensagem aproveitando para premiar muitos dos apoiadores com fotos deles recebendo o pacote artístico em casa - Mauricio Gaia, integrante da equipe Combate Rock, foi um dos contemplados com sua imagem publicada.

Lopes filmou, produziu, dirigiu e o editou a fita de forma despretensiosa. "Queria que o público soubesse como trabalhamos, e como trabalham os artistas underground. Não teve o intuito de ensinar nada, tanto que a minha narração é simples e direta. Achei importante fazer o filme como forma de integrar esse pacote de quase 40 anos dedicados à arte e à música."

Ópera-metal com mensagem política

"Em Brazilândia, a sociedade é dividida entre três etnias: os equinos, que governam, o povo canino e os gorilas militares. Um jumento é eleito como primeiro-ministro após um golpe dado com o Judiciário e os generais gorilas. O novo governo infecta a população com o vírus da burrice e dissemina a pandemia da ignorância. Seus fanáticos seguidores empilham livros em fogueiras, clamam que a terra é plana e lotam os templos porque creem que o deus Sumé as salvará do vírus, enquanto esses mesmos fanáticos destroem terreiros de candomblé e incendeiam laboratórios, faculdades e livrarias."

A terrível distopia descrita acima é o ponto de partida de mais uma obra conceitual da banda carioca Dorsal Atlântica, que caminha para os 40 anos de existência cada vez mais ácida e contundente na crítica política e social. 

Distopia? E as semelhanças com certa republiqueta sul-americana devastada pela covid-19 e pela burrice criminosa de um governo que beira o fascismo?

"Pandemia" é o CD que já está nas mãos dos colaboradores e financiadores. É fruto de mais uma campanha de financiamento coletivo que a Dorsal empreendeu. Atualíssimo e necessário, é mais um golpe contra a ignorância e um libelo a favor da democracia e da liberdade de expressão.

Carlos Lopes, o mentor e líder da banda - está desde o começo - é o autor de todas as músicas e letras e não poupou instituições e políticos calhordas que jogaram o país nas trevas e que lucram com o ódio e a profunda ignorância.

É mais uma obra conceitual de qualidade, ficando no mínimo no mesmo nível de "Canudos", o álbum anterior, até então o melhor trabalho da importante banda de heavy metal.

Em "Canudos" Lopes e a Dorsal brilharam ao fazer ótimas analogias históricas com os massacres de caboclos e sertanejos pelo exército brasileiro no fim do século XIX e a realidade brasileira de 2017 e 2018. Os textos eram mais poéticos e cheios de metáforas.

Em "Pandemia", a ideia foi abordar a realidade de forma mais crua e direta, batendo em tudo e em todos, sobrando também para o povo sofrido que votou movido pelo ódio, encastelado no Palácio do Planalto um genocida arauto do caos, da violência e da depredação desmedida do meio ambiente, das instituições democráticas e das liberdades e direitos civis. Lopes não economizou na munição, para nossa satisfação.

Foram poucas as manifestações contra o (des)governo brasileiro por parte do rock desde 2019, quando o nefasto Jair Bolsonaro assumiu. Parecia que só as bandas Detonautas Roque Clube, Surra e Asfixia Social, todas no underground, assumiriam o ativismo político-social de protesto contra a suprema devastação de nossa sociedade.

E eis que a Dorsal Atlântica, com "Pandemia", entra na vanguarda roqueira contra o fascismo e o necrogoverno com o monumental álbum que entra para a história artística nacional como um marco no engajamento contra depredação institucional geral. O texto que abre este artigo é mais do que uma declaração de intenções: é uma declaração de guerra.

Musicalmente, é bem diferente de "Canudos", embora seja igualmente pesado e contundente. Está mais próximo do punk, embora caia muitas vezes no mais puro death metal podre e destruidor.

Também abusa bastante de colagens sonoras, com discursos de políticos e de personalidades diversas, como o ex-governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola (1932-2004), na faixa "Número 28".

Propositalmente, o álbum novo é menos rebuscado e elaborado do que o anterior, o que lhe confere uma urgência que cai bem ao tema central. Diante desse panorama, são três as músicas que se destacam: "Pandemia", que abre o disco quebrando tudo e dando a letra do quem vem, com um som de guitarras na cara e muita pancadaria.

"Gorilas (No Passarán)" destrói qualquer tipo de pensamento militarista e ilusão a respeito de autoritarismos assassinos e genocidas. "Infectados (Teocracia e Narco-Estado)" tem a metralhadora de Carlos Lopes disparando contra as seitas religiosas nocivas e milícias criminosas, para não falar em todo o tipo de crime organizado encastelado nas instituições.

O trabalho de guitarras é espetacular, conduzindo tudo hora como uma serra elétrica destroçando os ouvidos, ora como um machado afiado no mais puro hard'n'heavy, com riffs poderosos e sujos, como ouvimos na bela canção e forma de hino "Povo (Inocente u Culpado?).

É contagiante também o ritmo e o peso de "Terra Arrasada (Treva Que Nunca Acaba)", que prepara pra o arremate bacana de "Número 28", que ilustra bem a tragédia que vivemos neste século XXI de trevas, retrocesso., violência e depredação democrática. É uma colagem sonora que diz muito politicamente do que mais de 90% da produção musical brasileira desde sempre.

A Brazilândia da Dorsal Atlântica é uma pobre terra triste e condenada, esquecida por qualquer deus e vilipendiada por todo tipo de canalha e patife encastelado na elite. É uma boa tradução do buraco em que nos encontramos atualmente neste Brasil atolado na ignorância.

A capa já foi divulgada, de autoria do artista Cristiano Suarez que, com seus traços coloridos bem ao estilo tropical, fez uma representação do atual momento na politica do país.

Suarez foi o autor do cartaz ácido e perturbador da turnê da banda Dead Kennedys pelo Brasil em 2019, captando perfeitamente o momento político do Brasil e o perigo fascista que representava a eleição de Bolsonaro. 

A repercussão foi tamanha que assustou a banda, que cancelou a turnê alegando que não tinha autorizado o cartaz e que não pretendia se posicionar politicamente a respeito da vida brasileira - logo os Dead Kennedy, uma banda política por excelência desde os tempos de Jello Biafra como vocalista - formando, entre outras coisas, em história, com especialização na América Latina, está fora da banda desde 1986.

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Notas roqueiras: Hamen, Monica Possel, Gabriel Wintter, Evilcult...



As vocalistas do metal nacional criaram o “Amiga Secreta”, um projeto que estimula novas versões das músicas das bandas independentes com mulheres nos vocais. Com apoio do site Playfonic na última edição, a vocalista da Hamen, Monica Possel, presenteou a vocalista do Vangloria Arcannus, Rayssa Monroy, com uma versão mais pesada de Arcana Opus II (Lust of the Storm), presente no disco Redemption (2019). A canção Arcana Opus II (Lust of the Storm) traz instrumental da banda Vangloria Arcannus, com mixagem e masterização de Alexandre Pedro. Assista a versão de Arcana Opus II (Lust of the Storm): https://youtu.be/KTRXnem5J8I

- O guitarrista Gabriel Wintter acaba de lançar a versão final de “Pulling A Rabbit Out Of The Hat”, música que estará em seu novo álbum, “The Illusionist”, que será lançado no dia 13 de agosto – ele havia lançado uma versão ‘acústica’ e com um arranjo diferente dessa há dois meses. Ouça a versão oficial de “Pulling A Rabbit Out Of The Hat”:
https://youtu.be/C5h5zAiyWM8

- Mudança na banda Evilcult. Lucas “From Hell” (guitarra/vocal) e Mateus “Blasphemer” (bateria) anunciam a entrada do baixista Renato “Speedwolf”, conhecido por integrar o Jackdevil, do Maranhão. Essa será a primeira vez que a banda terá um baixista trabalhando nas composições e gravações, não apenas para shows ou vídeos.

Coldplay lança a música ‘Coloratura’, de álbum previsto para outubro

 Do site Roque Reverso

O Coldplay lançou a música “Coloratura”. O single é uma amostra do álbum novo que o grupo britânico promete para o último trimestre do ano e chegou aos fãs por meio de um lyric video.

“Music Of The Spheres”, cuja capa acompanha este texto, é o nome do disco. A data oficial de lançamento do álbum é o dia 15 de outubro.

O lyric video de “Coloratura” tem pouco mais de 10 minutos de duração, contando com Pilar Zeta na Direção de Arte e Victor Scorrano na Animação.

O novo disco do Coldplay será o nono de estúdio da carreira do Coldplay e contou com produção de Max Martin.

“Music Of The Spheres” sucederá o álbum “Everyday Life”, de 2019.

Serão 10 faixas, sendo que cinco delas terão o nome representado por emojis.

Notas roqueiras: Mission Pilots and the Dropkick Apollo, Amplifiquintas, Bayside Kings...



 
 

- A Abraxas Records lança nas plataformas de streaming o disco de estreia da Mission Pilots and the Dropkick Apollo, power trio instrumental de Florianópolis. São cinco músicas que carregam o peso do stoner em meio à viagens psicodélicas e camadas de fuzz. Ouça aqui: https://onerpm.link/242548343897. O álbum foi concebido em torno de um universo narrativo embebido nas referências do sci-fi, nas viagens espaciais, no etéreo e no passional. Esses elementos se estabelecem, criando de forma subjetiva - e muito vinculada ao interpretativo - o início de uma saga. 
Mission Pilots and the Dropkick Apollo foi gravado em 2019 de forma independente, no estúdio da banda, e todas as faixas foram produzidas por Bruno Bastos Nogueira.
 
- A Before Sunrise Records, concebida este ano pelo experiente produtor e manager Carlo Bruno Montalvão da Brain Productions Booking, participa do projeto de valorização de selos fonográficos Amplifiquintas no dia 5 de agosto, às 21h, com transmissão via redes sociais. Nesta edição do projeto da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, o selo participa com shows de três bandas do cast: Atalhos, Ema Stoned e do norte-americano Bryson Cone, todos gravados no Teatro Paulo Eiró (São Paulo). A transmissão acontece exclusivamente no dia 5 de agosto pelo Facebook do Teatro Paulo Eiró: facebook.com/teatropauloeiro.

- Com músicas em português e a parceria na distribuição digital com a Olga Music (braço da Ada Music), o Bayside Kings chega ao segundo single desta nova fase: Miragem, mais uma canção com reflexão existencialista por meio de um hardcore punk maduro e aberto. Confira o vídeo de Miragem: https://youtu.be/yAAdcAG61KU. Ouça no streaming: https://ada.lnk.to/miragem. No single sucessor de Existência (lançad0 em junho) a banda santista deixa mensagem mais densa. Mensagem aborda a dualidade do sentimento de busca,
 

Notas roqueiras: No Captain, Freakyshow, OnStage Agência...

 

No Captain (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- O No Captain estreou esse ano com seu EP homônimo, já se destacando e se colocando como uma das grandes revelações do Rock Nacional nos últimos anos. Ainda colhendo os frutos da sua elogiada estreia, a banda acaba de disponibilizar um novo single nas plataformas de streaming musical. Se trata da música “Velhos Costumes”, que pode ser conferida no Spotify a partir do link https://open.spotify.com/album/2jdRdQDGLzqLzunlgWsuPI?si=qYQU_vJBQ6CjIcsHWZt87A&dl_branch=1

- Black Sunday” foi a primeira faixa a ser divulgada em nova versão quando o Freakyshow resolveu que iria relançar todos os singles de seu EP de estreia, “The Prelude of the Nightmare”, após passarem por uma nova produção. O clipe estreou no dia 15 de julho e foi produzido pela banda em parceria com a Caixão Produtora, com direção de Xtudo Obze, Assista em https://youtu.be/CdJLdwFo8H4

- A OnStage Agência, criada em 2017 por apaixonados pela musica e com sede no Rio de Janeiro (Brasil), em pouco tempo se tornou uma das referencias em produção de shows internacionais na America Latina, com atuação marcante e constante principalmente nos mercados brasileiro e mexicano.
Na expectativa da retomada da indústria do entretenimento, a empresa anuncia a filial nos Estados Unidos, que terá o manager Renato Leoni à frente das operações. O experiente empresário artístico Renato Leoni possui um vasto currículo de 25 anos no mercado da música e já administrou as carreiras de Lulu Santos, Roberta Campos, Filipe Ret, Humberto Gessinger, entre outros.