domingo, 22 de dezembro de 2024

Barulho sem limite: Prefeitura de SP despreza a saúde coletiva da população

Marcelo Moreira

 
Show no Allianz Parque (FOTO: STEPHAN SOLOMON/SIVULGAÇÃO)


A Prefeitura de São Paulo assumiu de vez que não se preocupa com o bem-estar da população da cidade. Empresários de todos os matizes estão felicíssimos com o projeto absurdo aprovado na C:amara Municipal que acaba com o limite de barulho em shows ao ar livre e manifestações em geral.

O lixo de projeto ainda autoriza o corte de 10 ml árvores na zona leste para o amento da capacidade de um aterro sanitário, em um movimento escandaloso de desprezo para com a saúde da população.

A sanha privatista e de concessões inacreditáveis da administração paulistana reeleita, em um misto de direitismo asqueroso e neoliberalismo acintoso já transformou o serviço funerário proibitivo para as pessoas mais pobres e entregou o Pacaembu a administradores incompetentes que não conseguem terminar qualquer obra.

Apoiadores do prefeito privatista saudaram a aprovação do projeto, boa parte deles suposto roqueiros e apreciadores de arte e cultura ávidos por escutar qualquer coisa acima dos limites de preservação da saúde pregados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Claro que a medida absurda, que contou com dois votos petistas – Arselino Tatto e Adriano Santos – será judicializada e, com boas chances, derribada na Justiça.

Em 2023, no entanto, o Tribunal de Justiça de São Paulo declarou inconstitucional uma legislação que propunha algo muito parecido: aumentar de 55 para 75 decibéis o limite de barulho emitido em eventos.

O que chama a atenção é o desprezo com o bem-estar da população por um prefeito que deixa muito a desejar como administrador e por vereadores em fim de legislatura com outras preocupações.

É um projeto lamentável que dá a impressão de ter sido feito medida para o Allianz Parque e casas de shows em bairros nobres que vivem recendo multas e mais multas por descumprirem sistematicamente a lei.

O recado está dado: empresariado conta com a enorme boa vontade da prefeitura e vereadores, e os pancadões e bailes funk que tanto incomodam por causa do som alto e bloqueio de vias estão liberados – nunca foram fiscalizados mesmo, seja por incompetência, seja por medo de quem deveria fiscalizar.

Sem o menor constrangimento, o prefeito disse em entrevista coletiva após ser diplomado para um novo mandato que as normas antigas prejudicavam todos os envolvidos. "A gente precisa entender também a questão do interesse da cidade, que precisa ser compatibilizado com o direito das pessoas que moram no entorno do Allianz [Parque], com relação ao barulho, não podemos permitir, mas também a gente precisa entender que o Allianz é hoje uma fonte de receita para a cidade enorme na geração de emprego e de renda."

Notas roqueiras: Arch Enemy, Eluveitie, Therion...

Arch Enemy (FOTO: DIVULGAÇÃO)


- A banda sueca de melodic death metal Arch Enemy lançou o videoclipe da faixa-título do próximo álbum da banda, ‘Blood Dynasty’, sucessor de “Deceivers” (2023), que chegará no dia 28 de março próximo, via Century Media. Este será o 1º álbum da banda trazendo Joe Concepcion as 6 cordas, substituindo Jeff Loomis, que deixou a banda há menos de um ano. Veja em https://youtu.be/sIrRewJVeHI

- Após os singles de 2022 ‘Aidus’ e ‘Exile of the Gods’, o Eluveitie está de volta com sua primeira música nova em 2 anos. ‘Premonition’ apresenta a banda misturando death metal melódico e folk tradicional, com a competência de um grupo com mais de 20 anos de intensa ligação tanto com o metal moderno quanto com a mitologia celta. Com ‘Premonition’, o ELUVEITIE lança a primeira música do próximo álbum, que será lançado em 2025. Fique atento para mais informações em breve. Após sua própria turnê ‘ÁNV RISING – EUROPE’, que começa em janeiro de 2025, a banda voltará à estrada junto com ARCH ENEMY, AMORPHIS e GATECREEPER em outubro de 2025. Todas as datas estão listadas abaixo. Veja em https://youtu.be/4I3QmjZLUvQ?si=082bGei4lx3OAPDK

- O clássico "Vovin", lançado em 1998, foi o segundo álbum consecutivo do Therion mostrando o seu amor pelo oculto, batizando-o em homenagem ao seu animal de estimação favorito: o dragão (Vovin significa dragão na linguagem secreta da magia negra enoquiana). A afeição do grupoou como deveríamos dizer de Christofer Johnsson, por wyrms alados e cuspidores de fogo pode ser profundamente esotérica, mas o dragão parece ser um símbolo adequado para esse tipo de música: poderosa, que não é deste mundo, mas ao mesmo tempo enigmática, desafiando as leis da natureza e dotada de um estranho tipo de força. Com os seus dois trabalhos anteriores, "Theli" (1996) e "A'arab Zaraq – Lucid Dreaming" (1997), o THERION alcançou uma posição única e extraordinária em uma cena Metal que estava dividida entre a tradição e a inovação. Depois de se livrar de suas raízes sombrias do Death Metal, a banda começou a liberar uma explosão sonora bombástica, tendo influências tanto do Heavy Metal tradicional quanto da ópera clássica mainstream. O resultado foi uma espécie de mistura entre Guiseppe Verdi e Iron Maiden. Somente os dragões e magos que habitavam a fantasia, que apareciam nas antigas músicas de Heavy Metal, tiveram que se submeter a uma concepção muito rígida das ciências ocultas que sempre desempenharam um papel importante nas letras do THERION. As alusões alquímicas são onipresentes e o objetivo final da alquimia é bem conhecido: a pedra filosofal.

sábado, 21 de dezembro de 2024

Jon Amderson x Steve Howe: a discórdia sem fim no Yes


Marcelo Moreira

Jon Anderson e Chris Squire se encontraram em um pub em 197 e logo ficaram amigos. Demoraram meses para formatar o Yes, um grupo que pretendia ser pop e sofisticado misturando psicodelia e o mais puro som dos Beatles; A versão da banda para “Every Little Thing”, do álbum “Beatles For Sale”, é ótima.

Em 1970, Steve Howe entra no lugar do guitarrista Peter Banks e começa a definir o som do Yes, ao lado de Rick Wakeman, que entra no lugar de Tony Kaye. Os quatro mais os bateristas Bill Bruford (que sai em 1972) e Alan White fazem parte do auge do grupo, que va até 1978.

Anderson sai em carreira solo e a banda acaba em 1980 depois do incompreendido álbum “Drama”, om o produtor Trevor Horn nos vocais. Squire e White quase formam uma banda com Jimmy Page em 1981, mas decidem no final desse mesmo ano criar o Cinema ai lado de Tony Kaye, outro ex-Yes, e o jovem guitarrista sul-africano Trevor Rabin, que seria ta,bem o vocalista.

Dirante as gravações do prieiro disco, em 1982, Jon Anderson visita o estúdio em Los Angeles para visitar Squire e White. Fica encantado com o que ouve do Cinema e convence os dois amigos e que ele deveria participar. Mais ainda: insiste para recuperar o nome Yes. A ideia e aceita, a banda volta com um som totalmente diferente, mais moderno e pop, lançando em 1983 o megassucesso “90125”, que tem o hit “Owner of a Lonely Heart”

Jon Anderson (FOTO: DIVULGAÇÃO)

 

Howe, por sua vez, ajudou a criar o Asia com John Wetton (baixo e vocais, ex-King Crimson), Geoff Downes (teclados, ex-Buggles e Yes) e Carl Palmer (bateria, ex-Emerson, Lake and Palmer), uma banda de rock progressivo com um som mais acessível – um sucesso um imenso. Entretanto, fica magoado por não ter sido chamado para a volta do Ys e culpa Anderson or isso, embora até hoje não se saiba o porquê desse pensamento.

Novos desavenças fazem o cantor sair pela segunda vê do Yes em 1987. Em meio à carreira solo, atende a um convite de produtores para “recriar o velho e bom Yes dos anos 70”, o “verdadeiro Yes”; Rick Wakeman e Bill Bruford aceitam, assim como, surpreendentemente, Steve Home.

Com o baixista Tony Levin (King Crimson, Peter Gabriel), gravam um álbum queria lançado, na cara de pau, com o nome Yes. Crhsi Squire não gostou – era o dono da marca e, ainda por cima, ainda existia um Yes em atividade, apesar da saída de Anderson. O jeito foi improvisar e nomear o projeto coo Anderson, Bruford, Wakeman and Howe, que intitulou o álbum de 1989.

Um segundo álbum seria produzido em 1990, mas o empresário do Yes, com apoio de Squire, faz a proposta: juntar as duas bandas sob o nome Ues em um álbum chamado “Union”, com oito integrantes, todos com passagens pela banda. Os materiais que estavam sendo produzidos foram juntados em um álbum de mesmo nome lanlado em 1991, com a turnê americana seguinte com oito músicos.

Ao final desse projeto, o Yes retoma a formação de “90125” com a permanência de Anderson. Trevor Rabin sai em 1994 para se dedicar a trilhas sonoras para o cinema e Steve Howe deixa o Asia para voltar ao Yes, que também tem um entra-e-sai de Rick Wakeman ao longo dos próximos dez anos.

Depois de longas férias de três anos, o Yes se reúne em 2007 para planejar e iniciar a turnê de 50 anos de criação do conjunto, mas os atritos entre os membros, antes localizados nos dez anos anteriores, ficam mais latentes, sobretudo entre Howe e Andersom – e seus respectivos empresários.

Steve Howe (FOTO: DIVULGAÇÃO)

 

Às vésperas do início da turnê, Jon Anderson fica doente, com sérios problemas ulmonares, entre outros males. Quase morre, mas ainda assim Squire e Howe decidem que a turnê não pode ser cancelada e contratam um cantor canadense de banda cover do próprio Yes.

A gravidade do estado de saúde de Anderson decreta a sua demissão sumária e a efetivação do substituto, Benoit David. Indignado, Rick Wakeman abandona o grupo, por ironia do destino, é substituído temporariamente por seu filho mais velho, Oliver, até que Geoff Diwnes retorna para o posto.

Jon Anderson se recupera e lança dois álbuns em dupla com Wakeman nos anos seguintes e retoma a carreira solo. Nas entrevistas, evita criticar os ex-amigos, mas não deixa de revelar o ressentimento. Ensaia um movimento de paz quando da morte de Chris Squire, em 2015, mas não tem sucesso> Howe assume a liderança do Yes e revela que a banda seguiria sem Anderson e Wakeman, e com novo vocalista, Jon Davison, que substituiu um doente David anos antes.

Um breve armistício ocorreu em 2019, quando o Yes entrou para o Rock and Roll Hall of Fame. Com Geddy Lee, do Rush, no baixo, Jon Anderson, Rick Wakeman e Trevor Rabin subiram ao palco para serem homenageados com a formação da banda à época e tocaram duas músicas juntos.

Parecia tudo civilizado, mas três dias depois da cerimônia Anderson, Wakeman e Rabin anunciaram, que estavam se juntando em uma “verdadeira versão do Yes”. Em princípio o nme seria ARW, as iniciais dos sobrenomes deles, mas então decidem afrontar Howe mudando o nome para Yes featuring Amderson, Rabin and Wakeman. Fazem alguns shows, mas nada além disso,

Os últimos lances da intriga ocorreram em 2023. O cantor declarou em entrevistas que imaginava, ao menos uma última vz, subir ao palco com o Yes para um concerto final. Howe esperou alguns meses para rebater, em uma entrevista, que “amava Jon Anderson, mas que não via a menor possibilidade de voltar a tcar juntos”.

Notas roqueiras: Siegrid Ingrid, Sagrav, Mondat Riders...


 


Siegrid Ingrid, acaba de anunciar o lançamento de seu primeiro álbum ao vivo, intitulado "Massacre In Lorena". O registro, gravado durante a turnê realizada no interior de São Paulo e Minas Gerais entre os dias 14 e 17 de novembro, ao lado da lendária banda Nervochaos, já está disponível em todas as plataformas digitais. A banda também planeja disponibilizar o álbum em formato físico, ainda em negociação.  Ouça em https://onerpm.link/224014260253 Com uma formação sólida composta por M.Punk (vocal), André Gubber (guitarra), Luiz Berenguer (baixo) e Romulo Minduim (bateria), o Siegrid Ingrid segue pavimentando seu espaço no cenário underground com sua mistura agressiva e brutal de thrash metal, hardcore e death metal. Após o lançamento de seu excelente álbum "Back From Hell" em 2023, que marcou o retorno definitivo da banda após um longo hiato, "Massacre In Lorena" chega como um presente para os fãs. Gravado no Ferrovia Estúdio, em Lorena/SP, no dia 14 de novembro, o álbum traz 11 faixas que capturam a energia bruta da banda no palco, sem cortes ou edições.

- A banda Monday Riders acaba de divulgar uma performance arrebatadora da música “You Can’t Bow Down”, gravada ao vivo durante o show no De Leon Music Pub, no último dia 18 de outubro. Este registro explosivo captura toda a energia e autenticidade do grupo no palco, levando os fãs diretamente para a atmosfera eletrizante do espetáculo. Assista ao vídeo ao vivo de “You Can’t Bow Down”: https://www.facebook.com/watch/?v=1091575349428918&rdid=DtvSj5ILkxlFyp2Q“, You Can’t Bow Down” é uma das faixas de destaque do segundo álbum da banda, “Fire, Blood and Gasoline”, e já carrega em seu histórico uma trajetória de sucesso: o videoclipe oficial foi finalista do prestigiado Festival Internacional de Cinema de Arte (FICA) 2022. A nova versão ao vivo resgata a intensidade visceral que é marca registrada da Monday Riders, solidificando ainda mais o nome da banda como uma potência no cenário musical.

- A banda catarinense de thrash/death metal Sagrav, que conta com Luciano Bravo (vocal), Guilherme Luan e Dudu Livi (guitarras), Prota Vargas (baixo) e Roberto Rodrigues (bateria), apresenta seu novo EP, "Contestado War", já disponível nas plataformas de streaming. Gravado no Estúdio do Gere, em Chapecó (SC), o sucessor de "Kingdom of Chaos" (2019) teve produção e mixagem de Fernando Nicknich, com masterização a cargo de Hugo Vinícius Da Silva e arte de capa de Marcelo Augusto Aparecido. "Musicalmente, a faixa-título teve algumas alterações até chegar à versão do EP, justamente para contextualizar com a temática e a levada própria do nosso som. Lembro de estar ouvindo umas levadas mais para os lados de death/tech e deathcore, o que não tem muita similaridade com o estilo da Sagrav. Na real, tento pegar certas características dos nossos trabalhos passados e mesclar com outros estilos que escuto", acrescenta o guitarrista Guilherme Luan. Já a faixa "Contestado Men" descreve como era a vida das pessoas que viviam na região do Contestado. "Falo sobre como era a alimentação, a religião e, principalmente, a injusta distribuição da terra. Também relato o poder dos coronéis e a guerra que colocou lado a lado muitas vezes irmãos do mesmo sangue lutando em lados opostos", descreve Prota Vargas.

O blues por outros caminhos nas mãos de Warren Haynes e Beth Hart

Marcelo Moreira

A renovação do blues teve várias caras desde os anos 90, quando artistas de várias orientações fizeram boas misturas e oxigenaram o gênero. Os guitarristas Joe Boanmassa, Eric Gales e Gary Clark Jr lideraram esse processo, abrindo as portas para a explosão das mulheres, que dominaram o pedeaço com Samantha Fish, Joanne Shaw Taylor, Erja Lyytimen e Hannah Wicklund.

Dois bons lançamentos de 2024 indicam que o blues pode tomar um caminho diferente, voltado mais para uma área tradicional, a fusão com a country music, originando aquele som chamado genericamente de “americana”, englobando também boas doses de folk. E são dois veteranos da cena que encabeçam essa linha, o guitarrista e cantor Warren Haynes (Gov’t Mule, ex-Allman Brothers) e a cantora Beth Hart.

Haynes encarna o bardo moderno entre os “caipiras” que emergiram da cena country dos anos 90, muito embora sua origem seja o blues. Pode-se dizer que ele é o reinventor do blues pesado quando criou o Gov’t Mule em 1993, misturando- com doses generosas de rck clássico.

Seu sexto álbum solo, “Million Voices Whisper”, é a retomada de uma tendência eu ele mesmo impulsionou 20 anos atrás ao unir a suave melodia do folk americano com a pegada energética do blues.

É um trovador sulista que dá prioridade para a canção e deixa o virtuosismo instrumental em segundo plano. São dez canções de alto quilate em que celebra a simplicidade da vida cotidiana. Como cronista de uma vida mais simples, do homem comum, Hayes comete um grande trabalho

Ele faz questão de separar as suas personas solo e de líder de uma banda extraordinária, o Gov’t Mule, que tem um som mais vigoroso e pesado. No novo álbum, a delicadeza e a busca por uma sonoridade mais limpa é o objetivo.


É isso o que ele obtém por exemplo, na abertura do trabalho, “These Changes”, ao lado amigo e pupilo Derek Trucks, nde os dois recuperam os melhores duelos de guitarra dos Almann Brothers. A canção tem a pegada necessária para que o aouthern rock seja reverenciado e homenageado.


Pitadas de jazz de Nova Orleans surge na gosto,sa e grooveada “Go Down Swinging”, assim como na deicada “You Ain’t Above Me”, que tem um trabalho fabuloso de gyutarra.

A versatilidade do guitarrista fica evidente na country “Real Real Love” e nas duas canções mais interessantes. “Day of Reckoning” e “This Life As We Know It”, os dois primeiros singles.

A primeira tem uma pegada que mistura jazz e blues, mas com um acento pop indiscutível. A segunda remonta aos melhores momentos do Southern rock, mas com um tema mais denso e dramático.

Exímio compositor e grande observador do dia a dia, Warren Haynes é um cronista raro pela capacidade de captar com precisão a simplicidade da vida e a beleza dos pequenos gestos e momentos cotidianos, tudo temperado com uma habilidade ímpar cm as palavras. Sua música é um grande exemplo de como a canção americana progride.

Em uma espécie de conexão Haynes, a cantora Berth enveredou pela mesma linha depois de vários discos dedicados ao blues e ao jazz calcado no rhythm and blues. Cim voz poderosa e grave, tornou-se uma das grandes divas do século na música americana.

Ela saboreia a consolidação de uma carreira que começou no hard rock e que entrou em um desvio perigoso quando os abusos no álcool cobraram seu preço. Recuperada, mergulhou no blues e se reinventou a ponto de ser uma musicista requisitada para trabalhar com Joe Bonamassa e Jeff Beck.

Com tamanho prestígio, achou que era hora de dar uma mudada na carreira e decidiu gravar seu álbum mais pessoa, “You Still Got Me”, repletos de baladas folk e country e letras confessionais.

Aborda aqui um romantismo mais sentimental e melancólico, acossada por sentimentos de perda e falta, como ela mesma contou em uma recente entrevista. Aos 52 anos, está vendo a vida de outra forma, deixando um pouco de lado as letras de relacionamentos conflituosos e de empoderamento feminino, tão presentes em seus blues, e, prol de uma abordagem mais suave da vida diária.

A faixa-título é uma ótima canção romântica com predomínio da ternura, longe do formato piegas que costuma dominar composições semelhantes. É uma balada tocante que fala do medo da perda e da solidão consequente.


 

Curiosamente, é um blues pesado que abre o trabalho, “Savior Witha Razor”, cm a luxuosa guitarra de Slash (Guns N’ Roses), que reribui a participação dela em seu álbum de blues. É uma música poderosa, que expõe todas as maravilhosas credenciais da cantora.

Se a guitarra dá o tom aqui, no restante do disco é o piano que conduz quase tudo, seja com Beth nas teclas (toca muito bem) ou com s vários convidados que deixam tudo bem redondo.

O guitarrista Eric Gales também abrilhanta a bela “Sugar ‘N My Bowl”, um blues/rhyyhm and blues que aposta em um grovve contagiante, enquanto que “Never Undesrtanding a Girl” soa mais pop e enquadrada em um esquema tradicional. Uma mudança e tanto no repertório. O ritmo de quadrilha/marchinha country confere um clima mais humorístico e vaudeville.

A balada jazz melancólica surge em “Drunk a Valenbtine”, relembrando momentos de divas dos anos 30. Beth confere uma delicadeza necessária ao tema pesado sem descambar para a breguice.

Ainda mais bela e pungente é “Wonderful World”, a melhor d álbum, que tem um refrão maravilhoso em seu jeitão de baladão épico. “Little Heartbreak Girl” é outra boa balada, mas dessa vez faz mais concessões ao mundo pop, no sentido mais tradicional do termo. Ela se recupera a seguir co, denso e dramático baladão “Don’t Call the Police”.

Ela acerta ainda na bela homenagem a Johnny Cash no contagiante ritmo country de “Wanna Be Big Bad Johnny Cash”, outra canção eivada de bom humor.

Com total liberdade artística, Beth Hart está mais solta e livre para fazer o álbum que há tempos queria fazer. Tem sido assim desde que bateu o pé e gravou um álbum todo com canções do Led Zeppelin, sua paixão, em 2022. Depois de conhecer o fundo do porão no começo do século, é justo que agora ela consiga gravar e lançar o que quiser.;




sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Volbeat rompe hiato, faz abertura de gala para o Iron Maiden

 Flavio Leonel - do site Roque Reverso


Se há uma banda que muitos fãs de heavy metal se perguntam sobre o motivo de frequentar pouco o solo brasileiro, essa banda é o Volbeat. Na sexta-feira, 6 de dezembro, o grupo dinamarquês finalmente voltou ao Brasil e fez uma verdadeira abertura de gala para o Iron Maiden, em show realizado em São Paulo no Allianz Parque, a Arena do Palmeiras.

A apresentação do Volbeat na capital paulista rompeu um hiato de 6 anos sem a presença da banda no País, depois de sua estreia, em 2018, no Lollapalooza, quando já havia causado boa impressão.

O show do grupo também trouxe uma série de marcas e detalhes, após vários acontecimentos, especialmente após a metade de 2023.

Para começar, marcou o retorno do grupo aos shows depois de 16 meses sem uma apresentação ao vivo – a última havia sido em agosto de 2023, em Grantville, nos Estados Unidos.

Neste grande hiato desde 2023, o vocalista e guitarrista do Volbeat, Michael Poulsen, anunciou, em setembro do ano passado, que passaria por uma cirurgia na garganta e que voltaria aos palcos somente em 2024.

O período também coincidiu com o início da criação e elaboração de um novo álbum de estúdio da banda que sucederá, em 2025, o excelente “Servant of the Mind”, de 2021.

Outro fato importante vindo de 2023 foi a saída, depois de 10 anos de banda, do guitarrista Rob Caggiano, anunciada em junho do ano passado, com substituição nos shows feita por Flemming C. Lund.

O show

Toda essa sucessão de fatos, além da pouca presença do Volbeat em solo brasileiro, deixava o retorno da banda a São Paulo com motivos de sobra para os fãs do grupo comparecerem ao evento, mesmo que a estrela principal da noite fosse o Iron Maiden.

E, quando a banda dinamarquesa subiu ao palco para abrir o primeiro de dois shows do Iron Maiden no Allianz Parque, foi constatado que o lendário grupo britânico de heavy metal não havia escolhido a banda dinamarquesa por acaso.

Durante 1 hora de show, o Volbeat trouxe um set list curto e possível, com 12 músicas, tentando apresentar faixas da maioria dos álbuns.

Apesar de o disco mais recente “Servant of the Mind” ter sido muito elogiado por crítica e público ao longo dos últimos anos, o álbum com mais faixas executadas na noite foi “Seal the Deal & Let’s Boogie”, de 2016, também reconhecido como um dos melhores da carreira do Volbeat.

Enquanto “Servant of the Mind” teve três músicas executadas, “Seal the Deal & Let’s Boogie” apareceu na noite com quatro faixas tocadas. Também teve faixas contempladas no show o álbum “Beyond Hell/Above Heaven” (2010), com duas. “Outlaw Gentlemen & Shady Ladies”, de 2013, “Guitar Gangsters & Cadillac Blood”, de 2008, e “Rock the Rebel/Metal the Devil”, de 2007, tiveram uma música cada tocada na apresentação.

A faixa “The Devil’s Bleeding Crown”, do “Seal the Deal & Let’s Boogie”, abriu o show do Volbeat e mostrou logo de cara que a banda aproveitaria cada segundo naquele palco.

Mesmo com a inexplicável falta dos telões no show do Volbeat de sexta-feira (no sábado, eles apareceram), além da ausência de um cenário de fundo (o que se viu foram apenas um fundo de palco negro com panos protegendo os equipamentos do Iron Maiden), o público foi compensado com uma qualidade de som gigantesca e com um peso elogiável.

Para quem estava na Pista Vip, como este jornalista, chamou muito a atenção a bateria com um som impactante gerado pelo ótimo Jon Larsen. Quem aprecia um bom show de heavy metal sempre deseja bumbos capazes de trazerem o peso da banda de maneira clara e forte. E foi isso que se viu do começo ao fim da apresentação do Volbeat.

O vocalista e guitarrista Michael Poulsen também ganhou o público logo de cara ao subir ao palco com uma camisa do álbum “Beneath The Remains”, do Sepultura.

Com uma presença forte e com capacidade de levantar e incentivar a plateia, ele parecia estar curtindo ali cada minuto, a ponto de agradecer diversas vezes o público, pelo ambiente contagiante, e o Iron Maiden, pelo convite, para estar ali.


Hits e peso

Na sequência, o hit “Lola Montez”, do disco “Outlaw Gentlemen & Shady Ladies”, ajudou a manter a plateia sempre exigente e dominante do Iron Maiden apreciando e, por que não, conhecendo o som do Volbeat.

“Sad Man’s Tongue” (do álbum “Rock the Rebel/Metal the Devil”), “A Warrior’s Call” (do “Beyond Hell/Above Heaven”) e “Black Rose” (do disco “Seal the Deal & Let’s Boogie”) vieram em seguida e mostraram a diversidade do som do Volbeat, que nunca foi apenas uma banda de heavy metal e que, desde o início da carreira, incorporou vários elementos de outras vertentes do rock, como o hard rock e até mesmo o rockabilly.

Mais um hit da banda presente no show, “Wait a Minute My Girl” foi a primeira da noite do ótimo “Servant of the Mind”. Fez muita gente que pensava que não conhecia o Volbeat se lembrar que já tinha ouvido a banda nas rádios e abriu o caminho para outra excelente do mesmo disco: “Shotgun Blues”.

Para muitos, ela foi a melhor da noite, pois trouxe um peso que ecoou por todo o Allianz Parque. Ironicamente, no show do dia seguinte, ela foi a única substituída do set list, dando lugar à faixa “Dead but Rising”, do disco “Outlaw Gentlemen & Shady Ladies”.

Na sequência da apresentação da sexta-feira, o Volbeat trouxe outro hit. A mais melodiosa “Fallen” foi a segunda e última da noite do álbum “Beyond Hell/Above Heaven”.

O peso voltou com tudo em “Seal the Deal”, do “Seal the Deal & Let’s Boogie”, e continuou com “The Devil Rages On”, do “Servant of the Mind”. Esta chega a enganar no início com sua levada mais lenta, mas entra numa velocidade contagiante em seguida, sem perder o conteúdo melódico que consegue fazer uma ponte entre o rock pesado e o rockabilly em diversos trechos.

A penúltima da noite foi “For Evigt” (do “Seal the Deal & Let’s Boogie”), que graças aos programas da tarde da rádio KISS FM virou uma espécie de “queridinha” aqui no Brasil até de quem não é grande fã do Volbeat. Como esperado, ela contagiou o público e foi um grande momento da apresentação da banda.

A última da noite foi a ótima “Still Counting”, também do disco “Guitar Gangsters & Cadillac Blood”. Com um peso de dar gosto para quem ama um bom heavy metal, ela fechou o curto show do Volbeat e deixou os fãs com gosto gigantesco de “quero mais”.

Considerações finais

O resumo da apresentação é que a banda dinamarquesa conseguiu passar seu recado no curto período que foi disponibilizado para se apresentar. Obviamente, muita coisa que os fãs gostariam de ver ficaram de fora, especialmente músicas matadoras do álbum mais recente “Servant of the Mind”, como as excelentes “Becoming”, “Say No More” e “The Sacred Stones”.

Com mais de duas décadas de estrada, continua sendo um mistério gigantesco a quantidade reduzida de vindas do Volbeat ao Brasil.

Com presença marcante em diversos festivais em todo o planeta, é de se estranhar a falta de empenho dos produtores brasileiros para trazer o grupo mais vezes ao País, pois a banda integraria de maneira positiva facilmente um line-up respeitável de festival de heavy metal e seria capaz de encher algumas casas de espetáculo, por exemplo, de São Paulo.

Após os shows de abertura do Iron Maiden no Allianz Parque, muita gente que não conhecia o grupo elogiou bastante a performance do Volbeat, que facilmente angariou novos fãs brasileiros. Resta, depois do que se viu na Arena do Palmeiras em 2024, a esperança de que produtores nacionais tragam o grupo dinamarquês mais vezes ao País.

Notas roqueiras: System of a Down, Jon Camp, Mick Moore, Bob Dunlop...

 

System of a Down (FOTO: DIVULGAÇÃO)

- O System of a Down anunciou show extra no Brasil para o ano que vem. A apresentação adicional acontece no Allianz PAlém da capital paulista, o grupo formado por Serj Tankian (voz), Daron Malakian (guitarra), Shavo Odadjian (baixo) e John Dolmayan (bateria) toca em Curitiba (Estádio Couto Pereira – 6 de maio) e Rio de Janeiro (Estádio Nilton Santos / Engenhão – 8 de maio).arque, em São Paulo, em 11 de maio — um dia após a data original.


SÃO PAULO

Data: 10 (esgotado) e 11 de maio de 2025
Local: Allianz Parque
Horário de abertura da casa: 16h
Classificação Etária: Entrada e permanência de crianças/adolescentes de 05 a 15 anos de idade, acompanhados dos pais ou responsáveis, e de 16 a 17 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis legais.]


Setores e preços:
Cadeira Superior – R$ 247,50 (meia-entrada legal) | R$ 495,00 (inteira)
Pista – R$ 297,50 (meia-entrada legal) | R$ 595,00 (inteira)
Cadeira Inferior – R$ 347,50 (meia-entrada legal) | R$ 695,00 (inteira)
Pista Premium – R$ 547,50 (meia-entrada legal) | R$ 1.095,00 (inteira)
Hot Seat – Leste e Oeste – R$ 847,50 (meia-entrada legal) | R$ 1.195,00 (inteira) – mais informações abaixo no texto
Pacote Vip – R$ 1.337,50 (meia-entrada legal) | R$ 1.885,00 (inteira) – mais informações abaixo no texto
Vendas online em: eventim.com.br/SystemofaDown
Bilheteria oficial: ALLIANZ PARQUE – BILHETE IA A – Rua Palestra Itália, 200 – Portão A – Perdizes – São Paulo/SP
Funcionamento: Terça à Sábado das 10h às 17h | *Fechado em feriados, emenda de feriados, dias de jogos ou em dias de eventos de outras empresas.

- O guitarrista Bob “Slim” Dunlap, conhecido por sua atuação na banda americana The Replacements, faleceu aos 73 anos. A notícia foi compartilhada na página oficial do músico no Facebook, gerida por sua esposa. Nascido em Plainview, Minnesota, Dunlap começou a tocar guitarra ainda na infância. Nos anos 1970, integrou diversas bandas, incluindo projetos ao lado do músico e artista visual Curtiss Almsted. Foi em 1987, enquanto trabalhava com Almsted na banda Spooks, que chamou a atenção de Paul Westerberg, vocalista do The Replacements, que buscava um novo guitarrista após a saída de Bob Stinson. Apesar de inicialmente recusar o convite, Dunlap acabou se juntando à banda.

- A lendária banda britânica Avenger anunciou o falecimento, ocorrido no último dia 5 de dezembro, de seu ex-baixista e membro fundador Mick Moore. .Além do Avenger, Moore esteve de 1981 a 1991 no Blitzkrieg, e também passou por Axe Victim, Unter Den Linden e Anthem. Brian Ross, lendário vocalista do Blitzkrieg e também ex-Avenger, emitiu a seguinte mensagem em suas redes sociais:

- Morreu aos 75 anos o músico Jon Camp. Ele ficou conhecido especialmente pelo trabalho como baixista e vocalista do Renaissance entre os anos de 1972 e 1985, gravando todos os álbuns nesse período — alguns dos principais da banda progressiva. A causa da morte não foi revelada. Sua fase no grupo representa, também, o período de maior repercussão comercial. Os álbuns “Scheherazade and Other Stories” (1975), “Novella” (1977) e “A Song for All Seasons” (1978) atingiram as posições de número 48, 46 e 58 nas paradas americanas, respectivamente. O último citado também chegou à 35ª colocação no chart inglês.