quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Rock in Rio: denúncia de trabalho escravo enlameia o rock

Marcelo Moreira

FOTO: DIVULGAÇÃO


Não faz muito tempo, em um antigo governo federal liderado por um nefasto presidente de extrema-direita, um intelectual observou de forma certeira a questão do trabalho escravo moderno: “Estamos atualizando as definições de escravidão neste mundo infeliz.”

Ele se referia às iniciativas para desidratar leis e fiscalizações sobre as denúncias de trabalhos análogos à escravidão no Brasil, antes relegados a fazendas em lugares distantes, mas que hoje infestam as cidades grandes também.

Não é novidade que eventos de entretenimento de grande parte são alvos frequentes de denúncias e fiscalização por conta do trabalho escravo. A recorrência desse tipo de crime evidencia duas situações absurdas: a falta de cuidado com que as organizações de festivais de rock e música avaliam e contratam empresas prestadoras de serviço e o pouco caso com a imagem do evento ao não se precaverem – sabem que é um assunto que morre rápido e que, portanto, não merecem grande preocupação.

A mais recente denúncia de trabalho escravo, agora envolvendo o Rock in Rio, deveria ser tratada como um grande escândalo internacional, daqueles de levar a prisões sumárias e banimento imediato do evento. É uma imensa vergonha que o festival tenha sua marca associada a esse tipo de investigação. É lamentável que o rock seja atraído para a lama desse tipo de coisa.



A operação



O Ministério Público do Trabalho (MPT-RJ) e a Auditoria Fiscal do Trabalho estiveram presentes no Rock in Rio 2024 para monitorar as condições de trabalho durante o festival.

A operação teve como foco assegurar o cumprimento da legislação trabalhista, prevenindo excessos de jornada e outras possíveis irregularidades. Durante a ação, foram identificados trabalhadores em condições análogas às de escravo atuando na produção do evento.

Foram identificados 14 trabalhadores foram resgatados em condições análogas à escravidão no Rock in Rio. Os trabalhadores, contratados como carregadores, enfrentaram jornadas exaustivas e condições degradantes de trabalho, sem receber o pagamento integral prometido, que variava entre R$ 90 a R$ 150 por diária.

A operação foi iniciada em 22 de setembro no Parque Olímpico, onde o festival foi realizado. A Força Bruta Backstage, responsável pela contratação dos trabalhadores, recebeu 21 autos de infração. A Rock World S.A, organizadora do evento, foi autuada com 11 autos por negligência na observância da legislação.

Durante a fiscalização, segundo o MPT, foram encontradas condições precárias de alojamento e higiene, com trabalhadores dormindo sobre papelões e plásticos e tomando “banho de canequinha” em banheiros improvisados. As condições, somadas às jornadas exaustivas e ao trabalho forçado, caracterizaram o trabalho como análogo à escravidão.

A empresa Rock World, de acordo como jornal Folha de S. Paulo, informou que recebeu com surpresa as denúncias e que as consideram precipitadas por ainda não haver processo legal instaurado pata investiga-las. No entanto, também informou estar trabalhando com aas autoridades para esclarecer os fatos., Ninguém da Força Bruta foi encontrado para falar sobre o caso

.


Nenhum comentário:

Postar um comentário