quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Grave Digger recicla e tema e canções em novo álbum

 As aulas de história estão ficando repetitivas. A seca de ideias que atinge a banda alemã Grave Digger, notória por seu metal tradicional regado a álbuns conceituais retratando momentos importantes da história humana deveria acender um sinal de alerta, mas o vocalista e líder, Chris Boltendahl, parece não estar preocupado.

A banda que já cantou sobre a história da Escócia, da Grécia Antiga, dos Cavaleiros Templário e da lenda do rei Arthur se volta novamente para o mundo medieval em seu mais recente disco, "Symbol of Eternity". Os templários e as Cruzadas são novamente o tem de fundo, já abordado em "Knights of the Cross", em 1998.

A fórmula é a mesma, assim como as ideias musicais. Musicalmente, todo é bem parecido com "Fields of Blood", de 2020 - álbum dedicado às guerras de emancipação da Escócia entre os séculos XI e XIII, mesmo tema dos álbuns "Tunes of War" (1996) e "The Clans Are Still Marching" (2010).

Apesar de previsível, o Grave Digger dos últimos anos entrega álbuns de boa qualidade. Ok, é o mesmo de sempre, mas sabemos bem o que vem nos álbuns deste século. Mas os temas poderiam ao menos nos surpreender um pouco...

"Symbol ofEternity" segue a fórmula à risca: canções épicas, baladas dramáticas e finais bem pesados e esbarrando no power metal. A canção quer intitula o disco é a melhor, reunindo todos os clichês da banda, mas com bastante competência.

"Grave of God" é o grande baladão, lembrando muito "Queen Mary", de "Tunes of War", só que com mais peso e dramaticidade.

"The Last Crusade" tem boa letra e satisfaz como encerramento épico e grandioso, mas aqui também fica a sensação de reciclagem dos temas gravados nos anos 80. A timbragem das guitarras é muito semelhante, assim como a estrutura da canção.

As aulas de história continuam, mas a repetição dos temas cansa um pouco, assim como da fórmula de metal tradicional reto e sem variações. Ainda diverte, mas menos do que em épocas passadas.

Meninas que tocam o blues: as gêmeas Tatiana e Nina Pará

Nesta pequena série valorizando as meninas que cantam e tocam blues é necessário que mencionemos as gêmeas do barulho de São Paulo, garotas que se impuseram e mostraram que produzem música versátil e diversificada - vão do sertanejo ao metal, embora seja o blues a paixão da guitarrista Tatiana Pará - e o metal pulsa nas veias da irmã baterista Nina.

Primeiro as meninas azucrinaram os pais por instrumentos musicais. Depois colocaram a a casa abaixo fazendo duelos de guitarra, até que uma delas montou uma bateria na sala para ensaiar com a irmã. A casa, literalmente, caiu de novo. 

E assim as "gêmeas do barulho" – Nina e Tatiana Pará – encaminharam suas insólitas e intensas carreiras musicais em São Paulo. E são gêmeas mesmo, ao ponto de confundirem quase todos – principalmente quando falam ao telefone com a mãe.

Do sertanejo ao metal, passando por MPB, blues e rock, as duas criaram uma série de trabalhos e produtos que as tornaram reconhecidas e respeitadas em todo o Brasil. E uma rápida olhada nos projetos das duas, fica evidente: raramente se desgrudam.

 São mais de 20 anos de carreira, basicamente dedicados ao rock e ao blues, mas que, curiosamente, teve início na música sertaneja.

"Eu me formei em música, e comecei a tocar com o grupo Barra da Saia, formado só por mulheres, uma experiência bem legal de quatro anos", diz Tatiana, a guitarrista, em entrevista ao programa de web rádio Combate Rock. "Todo mundo acha sou blueseira desde sempre, mas esse começo foi importante para me mostrar como funcionava o mundo da música." 

Nina, a guitarrista que virou baterista após assistir a uma exibição primorosa do mestre Dennis Chambers em São Paulo – acompanhando outro gênio, o guitarrista Mike Stern -, demorou um pouco mais se dedicar definitivamente à música de forma profissional. Quando decidiu, fez companhia à irmã na Barra da Saia por alguns meses.

"A Tati enfrentou meus pais e se recusou a fazer uma faculdade que não fosse a música. Bateu o pé e fez o que quis fazer. Eu cursei direito, me formei, fiz o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e trabalhei como advogada, mas a bateria falou mais alto", conta a baterista. 

Roqueiras, entraram no mercado em meados dos anos 90, quando ainda não eram muitas as musicistas tocando em bandas. Começaram com tudo e mandando bem. Não escondem que ocorreram dificuldades e preconceitos, mas garantem ter diminuído bastante desde então.

"Posso até ter perdido algum trabalho porque alguém achou que, por ser mulher, não tocava tão bem quanto um cara qualquer. Preconceitos idiotas existiram e talvez sempre existam, mas eu e minha irmã mostramos a qualidade de nosso trabalho, assim como muitas outras", diz Tatiana. 

Cada uma trilhou seu próprio caminho, mas não conseguem se desgrudar. Se os trabalhos solo não se cruzam – uma não tocou no CD da outra -, fizeram questão de tocar juntas em duas bandas que montaram – Crats e Lacme.

O Crats, que lançou o bom álbum "Way", é um trio instrumental mais orientado para o rock e para o blues, que contou com o veterano Claudio Morgado no baixo. Está hibernando no momento enquanto os projetos solo das duas estão em andamento. 

A banda Lacme, no entanto, já não existe mais. Surpreendentemente, Tatiana assumiu o baixo, a pedido da irmã e do guitarrista e vocalista baiano Jô Estrada. "Foi uma experiência interessante, acho que fui bem, me diverti muito, mas sou uma guitarrista, é a minha paixão", esclarece Tatiana. O trio se desfez com o retorno de Estrada para Salvador.

Enquanto a guitarrista se dedicou mais ao blues, como é possível observar no agradável álbum "My Moods", Nina mostrou-se mais versátil. 

Em seu CD solo, "Heartbeat", mergulha no rock mais progressivo, mas também flertando com o hard rock e variantes mais pesadas. De mão pesada, a baterista ainda tem uma passagem importante pela banda paulistana Kavla, com a qual gravou o álbum "Surreal", de 2005.

Tatiana se saiu bem no seu álbum solo. "My Dear Friend" é a canção emblemática, que contou com a presença do guitarrista norte-americano Robben Ford, a influência que se tornou um grande amigo.

Outros bons momentos são a movimentada "Blues Party", com um riff extraordinário, "Sunset" e a delicada "First Time em L.A.".

Em uma das boas histórias que contou durante a entrevista que concedeu ao programa de web rádio Combate Rock, ao lado da irmã, Nina falou sobre uma passagem interessante com o Kavla, onde o preconceito contra a s meninas instrumentistas de rock ficou patente – e ela tirou de letra:

"O Kavla abriu o show da banda alemã Gamma Ray no antigo Olympia, em São Paulo, em 2005. Eu e a banda chegamos bem mais cedo para passar o som. Montei a minha bateria e fiquei esperando para fazer os ajustes. O técnico de som veio ao meu lado, olhou, e gritou para o fundo do palco: 'ok, bateria montada, alguém chama o baterista para passar o som'. Olhei aquilo, ri e imediatamente sentei no instrumento e comecei a tocar. O cara não acreditou e sumiu rapidinho, acho que de vergonha."

Meninas que cantam o blues: Hard Blues Trio (de novo) e Carla Mariani

É tempo de incandescer. Com a pandemia arrefecendo, o blues vira rock dos bons e resgata o Hard Blues Trio para uma nova fase - mais uma. Não havia como ser diferente, já que ninguém conseguiu passar incólume ao período tenebroso da pandemia de covid-19.

“Set Fire” é a primeira música autoral do trio gaúcho após muito tempo de confinamento. O silêncio incomoda por se tratar de uma banda excelente e que prometia decolar com o CD “Pé na Estrada”, uma curiosa mistura de blues, hard rock e folk brasileiro alternando letras em português e inglês.

Com os bons resultados e a receptividade acima das expectativas, o trio acaba de lançar o EP "Escuta Esse Rock", que reúne os últimos cinco singles que os gaúchos soltaram nos últimos 18 meses. É música da melhor qualidade.

É impossível ignorar as semelhanças entre as carreiras do Hard Blues Trio e do Trample Undefoot, extinto trio blueseiro dos irmãos Schneleben, dos Estados Unidos. 

Duas bandas com duas baixistas e vocalistas de extrema qualidade. Danielle Schneleben virou Danille Nicole na carreira solo e engatou uma bem sucedida carreira solo no blues e na country music, tendo um CD recém-lançado.

A gaúcha Dani Ela conseguiu melhorar o que já era muito bom e transformou a sonoridade do Hard Blues Trio, que ganhou, e muito, com a entrada da baixista e vocalista de voz forte e rouca.

“Set Fire”, a nova canção, é mais rock do que blues e tem um clipe muito simples, mas eficiente. A guitarra de Juliano Rosa é firme e coesa, com solos econômicos, mas certeiros, e uma base frenética e ao melhor estilo de Joe Bonamassa.

Na bateria, Alexandre Becker optou por uma levada ousada, lembrando Chris “Whisper” Layton”, da Double Trouble, de Stevie Ray Vaughan. É intenso e bem dançante, ao melhor blues rock sulista dos Estados Unidos.

De certa forma, é uma continuidade do CD “Pé na Estrada”. Dani Ela aposta em um som mais grooveado e gorduroso para contrapor o som da guitarra cristalina e acelerada de Rosa.

O guitarrista, aliás, é adepto de fraseados precisos e econômicos, mas gosta de brilhar nos solos, uma característica dos mestres blueseiros sulistas do instrumento, como Fernando Noronha, Rodrigo Campagnolo, Sólon Fishbone, entre outros.

A versatilidade da baixista e vocalista continua sendo o grande trunfo do trio, que mostra um diferencial e tanto n estilo. é blues, é blues rock, mas acima de tudo é música de qualidade, com algum toque de brasilidade e regionalidade.  

O álbum  anterior, "Pè na Estrada"!, lançado há alguns anos, é muito gostoso de ouvir. Aqui e ali dá perceber influências de música regional gaúcha, o que dá uma distinção à sonoridade do trio.

Com uma produção simples e sem qualquer resquício de rebuscamento, Rosa e Dani conseguiram encontrar timbragens interessantes em seus instrumentos e fizeram um som diferente e mais moderno, como na faixa-título e em “Depois das Montanhas”.

“Correndo com o Diabo” e “Cadeiras Vazias” são divertidas e são as que o baio ganha maior proeminência, se tornando quase como uma base guitarrística.

O blues rock dá as caras em duas faixas em inglês, “Growin’ Up” e “Watch Your Step”, mostrando que o trio também sabe soar mais pesado.

Diferentemente do Trample Under Foot, o Hard Blues Trio busca um caminho intermediário entre o blues e o rock, sendo que Dani Ela aposta em um som mais grooveado e gorduroso para contrapor o som da guitarra cristalina e acelerada de Rosa. 

O guitarrista, aliás, é adepto de fraseados precisos e econômicos, mas gosta de brilhar nos solos, uma característica dos mestres blueseiros sulistas do instrumento, como Fernando Noronha, Rodrigo Campagnolo, Sólon Fishbone, entre outros. 

Blues à beira da praia

Carla Mariani é uma cantora santista que busca de seu som agora que lidera o CM Quartet. "Introducing CM Quartet" é um disco que se destaca nem tanto pela interessante coleção de temas, mas pelo excelente trabalho de guitarras e por ser um alardeado "primeiro álbum autoral de uma cantora de blues e country" do Brasil. É uma afirmação ousada e que precisa de uma checagem, mas que chama bastante a atenção.

Com uma produção bem simples e pouco polida, Carla manifesta bom preparo e bagagem para enveredar por um blues mais modernos, com em "Ain't Life a Bitch", quase um blues rock, e "My Way". 

A voz não é potente - precisa, inclusive, de uma melhor lapidação nos agudos -, mas a interpretação é correta e expressiva. Ela tem o domínio das ações, como em "Tax Money", um blues rápido e enérgico, e também na quente e rápida "Express Yourself".

Carla se sai melhor na dramática e tradicional "Refresh Your Heart", um blues mais pesado e expressivo, em que as guitarras elaboram uma "cama" sólida para que o mundo "desabe", quase esbarrando no desespero de um tango.

Se lhe falta a potência na voz, como a de Ida Nielsen ou Bidu Sous, ou a versatilidade de uma Bica Marchese, sobra-lhe inteligência para saber encaixar a sua voz em canções diretas e explosivas, como Crazy World", Nesta, que é ou country que se aproxima de um rockabilly, a cantora dá um show.

"Queria contar uma história e singles soltos, nesse caso, não contaria da forma que a história necessitava ser passada, pois seria fragmentada e sem sentido", diz Carla Mariani no material de divulgação do disco. 

Ainda aferrada a um certo tradicionalismo, preferiu não lançar singles como estratégia de divulgação. "Na minha opinião, um trabalho completo mostra quem somos e para onde queremos ir. O público do Blues e Country Rock gosta e sente falta de trabalhos com início, meio e fim."

O quarteto é composto por Carla Mariani, Yan Cambiucci (guitarrista e parceiro nas composições), Tanauan (baixo) e Heittor Jabbur (bateria), que costmam misturar influências que vão de  Etta James, Aretha Franklin, Ella Fitzgerald, Janis Joplin, Joss Stone, divas do blues e da soul music, a astros da country music, como Garth Brooks e Alan Jackson.

O álbum conta com diversas participações especiais como Vasco Faé (gaita na faixa “Tax Money”), Letícia Alcovér (pelo amor e backing vocals em “Landlord” e “Soul To Heaven”), Thais Ribeiro (piano em “My Way” e “Refresh Your Heart”), além de Lucas Degásperi, Carol Meles e Nathalie Rabelo (nos backing vocals em “Soul To Heaven”).

De uma forma bem humorada, ela tenta se apresentar como uma cronista de nosso tempo e tem uma visão bastante critica a respeito do atual "estilo de vida" dos jovens de classe média brasileiros - e muito disso está presente nas letras das dez músicas que compreendem "Introducing CM Quartet".

Baseado em sua própria experiência, Carla vê sua geração – de 30 a 40 anos – em uma posição completamente diferente dos pais dessa geração quando tinham essa mesma idade. 

"Antigamente a meta de vida, aos 30 anos, era já ter uma vida resolvida, com emprego fixo, casa própria e carro do ano", comenta a cantora. "Já a geração seguinte, a de hoje, preza mais pela qualidade de vida e por trabalhar em algo que realmente gosta, mesmo que isso gere uma instabilidade financeira."

A percepção está correta, ainda mais se observarmos que a crise econômica grave que vivemos desde 2016, aprofundada pela crise sociopolítica dos tempos Temer-Bolsonaro, praticamente inviabilizam qualquer sonho de estabilidade econômica de uma juventude que encara um desemprego monstro de quase 12% da população economicamente ativa, ou seja, quase 13 milhões de cidadãos. Já a fome, que voltou com força, avança sobre ao menos 35 milhões de habitantes. "Crazy World", de certa forma, aborda essa confusão.

"Nossa geração não tem perspectiva de conseguir uma vida financeira estável", diz a cantora, que inicia o álbum atribuindo a desvalorização do jovem aos políticos e aos altos impostos. "É a famosa história onde o rico fica cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre. Nossa geração sofre com as altas taxas de impostos, do dólar e inflação."

Dá para perceber também que o disco está impregnado de um saudosismo que soa um tanto deslocado, mas que faz sentido diante dos dilemas que os artistas, principalmente músicos, encaram em tempos de ultrainformação que domina as nossas vidas por conta da internet. 

O jeito de ouvir música hoje mudou, e não necessariamente pra melhor, e isso transparece no álbum. "Hoje vivemos em uma era em que até ouvir música é perda de tempo (risos). Antigamente, nos sentávamos à frente de um rádio e ouvíamos música por horas a fio, chamávamos amigos para ouvirmos juntos e curtirmos lançamentos como se fossem verdadeiros eventos! Hoje, a maioria das pessoas não aprecia mais esse momento, pois junto a ele faz outras coisas ao mesmo tempo, perdendo aquela chance de reflexão, desvio mental dos problemas do cotidiano e se levar pelas melodias a um lugar especial. Não existe mais tempo para música! Sinto falta de músicas com letras inspiradoras, solos e melodias que saem do que hoje é considerado ‘normal’. Sempre me pergunto para quem estão escrevendo essas músicas de hoje?"

Meninas que cantam (e tocam) blues: Gabi Gonzalez e Hard Blues Trio



Fé no blues e é na estrada com elas. Gabi Gonzalez e Dani Ela, do Hard Blues Trio, destacaram-se no ano passado dentro do gênero musical ajudando a dar uma cara diferente a um mundo ainda bastante dominado pelos homens. 

Elas se juntam às irmãs Tatiana e Nina Pará (guitarra e bateria, respectivamente), à cantora Bia Marchese e às gaitistas Sarah Messias e Tiffany Harp, entre outras, a um clubinho que deve crescer ainda mais: ao das meninas que mergulham de cabeça no jazz e no blues.

Gabi Gonzalez é guitarrista e professora no Conservatório Souza Lima. Toca muito e tem uma habilidade peculiar para tocar blues e música regional brasileira. 

"Com Elas" é o seu trabalho mais emblemático, lançado pela  Rock Company Records, do visionário e persistente Valmir Zuzzi. Foi com a ajuda do Elas Quarteto, o qual ela integra, que ela gravou tudo com simplicidade e talento – completam o time a baterista Bianca Predieri, a baixista Gê Ruiz e a percussionista Roberta Kelly, que ainda convidaram a saxofonista Sintia Piccin e a baterista Priscila Brigante.

Totalmente instrumental e composto por Gabi, "Com Elas" teve como grande sacada a produção limpa e clara de Lucas Gatti, que respondeu ainda pela captação, mixagem e masterização. 

Tem muito blues e rock, mas tudo misturado com ritmos brasileiros, o que confere um ar de "world music" ao trabalho. Gabi adora um fraseado jazzístico, aplicando duetos interessantes com Gê Ruiz, mas tem o cuidado de não atropelar ninguém. Ela é a estrela, mas dá espaço para todas brilharem. 

"Com Elas no Groove" abre o CD de forma contagiante, com todas as meninas mostrando as suas credenciais. E uma jam session bacana, bem ensaiadinha (santa hipocrisia!), com a guitarra conduzindo toda a melodia em cima e um baixo ziguezagueante.

"Manaê" e "Da Chuva" já se embrenham nos rimos brasileiros e o quarteto se dá bem, mostrando destreza e qualidades técnicas elogiáveis. 

O blues e o jazz dão as caras em "Com Calma, Lídia" e "Soutien no Abajour", esta a melhor do álbum, linhas variadas de guitarra e baixo e uma percussão contagiante e precisa. "Indo Para Camburi" tem uma levada mais bossa nova, com um trabalho muito bacana de guitarras e violões. 

Gabi Gonzalez gravou provavelmente o trabalho de música instrumental mais instigante e interessante do Brasil nos últimos anos, ao lado do ótimo álbum "Quebra-Cabeça", do estupendo grupo Bixiga 70.

A gaúcha Dani Ela conseguiu melhorar o que já era muito bom. O Hard Blues Trio ganhou, e muito, com a entrada da baixista e vocalista de voz forte e rouca. 

É inevitável não comparara, ao menos a essência, a banda com o trio norte-americano Trampled Under Foot, de Kansas City, formado pelos irmãos Schnebelen, sendo que Danielle é a baixista e vocalista de voz poderosa, transitando com maestria entre o blues e a soul music.

"Pé na Estrada" é um trabalho não tão recente, mas que merece uma atenção redobrada. O trio gaúcho, que é completado pelo guitarrista Juliano Rosa e pelo baterista Alexandre Becker, tem muito tempo de carreira, com nome cnsolidado no Sul do Brasil e na Argentina.

Diferentemente do Trample Under Foot, o Hard Blues Trio busca um caminho intermediário entre o blues e o rock, sendo que Dani Ela aposta em um som mais grooveado e gorduroso para contrapor o som da guitarra cristalina e acelerada de Rosa.

O guitarrista, aliás, é adepto de fraseados precisos e econômicos, mas gosta de brilhar nos solos, uma característica dos mestres blueseiros sulistas do instrumento, como Fernando Noronha, Rodrigo Campagnolo, Sólon Fishbone, entre outros. 

O álbum é muito gostoso de ouvir. Aqui e ali dá perceber influências de música regional gaúcha, o que dá uma distinção à sonoridade do trio.

Com uma produção simples e sem qualquer resquício de rebuscamento, Rosa e Dani conseguiram encontrar timbragens interessantes em seus instrumentos e fizeram um som diferente e mais moderno, como na faixa-título e em "Depois das Montanhas". 

"Correndo com o Diabo" e "Cadeiras Vazias" são divertidas e são as que o baio ganha maior proeminência, se tornando quase como uma base guitarrística.

O blues rock dá as caras em duas faixas em inglês, "Growin' Up" e "Watch Your Step", mostrando que o trio também sabe soar mais pesado.

Meninas cantam o blues: Ablusadas e Bia Marchese

Um movimento saudável depois da pandemia na área do entretenimento é o crescimento de mulheres nos festivais de blues pelo Brasil. Já era perceptível a partir de 2018, mas agora elas decidiram ocupar o espaço que há muito era delas.

É claro que, em paralelo, vieram os álbuns, com uma qualidade alta e uma confiança inabalável. Entre eles, dois recentes trabalhos se destacam: "Eu Quero É Blues", do grupo Ablusadas, e "Let Me in", da cantora paulista Bia Marchese.

As Ablusadas é considerada a primeira banda feminina de blues autoral no Brasil. Tem uma particularidade que é uso sem moderação de naipes de metais em canções com letras em português, acrescentando um clima "soul" e de "vaudeville". Cada canção é um pequeno musical cheio de bom humor e sarcasmo.

É um projeto ousado e cheio de referências. A cantora irlandesa Imelda May é uma delas, de quem certamente, emprestaram a musicalidade vibrante do blues e de rockabilly. "A faixa-título é uma declaração de intenções e expõe todo o arcabouço sonoro desenhado para o grupo.

"TPM" é pura comédia, simulando um teatro de revista e realçando a diversidade de vozes e timbres musicais - são oito meninas no disco. E a canção acaba com o mito de que blues em português não dá certo.

“Um dos diferenciais do álbum é que as dez faixas são em português, o que destaca o blues nacional com personalidade, elementos novos e atmosfera vintage, além de apresentar diversos estilos de blues em cada música e mostrar a perspectiva feminina nesse contexto", afirma a vocalista e idealizadora do grupo, Roberta Magalhães, em depoimento ao site Culturadoria (https://culturadoria.com.br/).

Atualmente, em sua segunda versão, a banda conta, além de Roberta, com Débora Coimbra (cantora e contrabaixista), Thaís Mussolini (pianista), Mariane Guimarães (trombonista), Julliete Nurimba (saxofonista alto), Cláudia Sampaio (saxofonista tenor), Bê Moura (baterista) e a nova integrante, Taskia Ferraz (guitarrista). Bruna Vilela, guitarrista, foi quem gravou disco.

Outro diferencial, de acordo com Roberta, é a pluralidade de integrantes - mulheres que representam todas as camadas. “Tem gorda, magra, modelo, branca, negra e toda a diversidade. Todas com seu mundo particular e unidas pela música. É possível unir só mulheres e, dessa forma, sair muita coisa legal”, afirma Roberta.

"Gatim de Rua" é uma preciosidade, onde o jazz dá as caras em uma interpretação calorosa e luminosa. Piano sujo de boteco e boogie woogie se misturam em uma canção com gosto de anos 20, assim como "Desengonça" remete diretamente aos anos 50. "Tão Longe" é blues puro com acento ianque inconfundível.

Em uma linha mais vintage, como as Ablusadas, Ba Marchese abusa da sofisticação e elegância em seu primeiro álbum, "Let Me In", aposta em um repertório mais eclético e caindo para o jazz, embora ao vivo encarne uma diva da soul music em um som mais pesado. Atualmente está radicada em Chicago, nos Estados Unidos.

O tratamento nos arranjos e nos detalhes da performance vocal impressionam pelo cuidado e esmero. A mistura é bem equilibrada nas influências, que vão de Billie Holiday a Sarah Vaughan, passando pela rusticidade de Janis Joplin e pela sutileza dramática de Nina Simone.

O desfile de clássicos é estimulante: a icônica "Love Me Right", a inquisidora "AreYu Satisfied", a bela "Nobody But Me", e a delicada "My Man Called Me,  a dramática "Down in the Valley"...

Ambiciosa e valente, Bia Marchese fez um grande disco e tem um potencial imenso para brilhar não só no blues e no rhythm and blues

 

Volbeat lança o clipe da música ‘Becoming’

 Do site Roque Reverso



O Volbeat lançou o vídeo da música “Becoming”. É mais uma faixa do álbum mais recente “Servant of the Mind”, que chegou ao público oficialmente no início de dezembro de 2021.

O clipe contou com direção de Brittany Bowman.

Ao lado da ótima faixa “Say No More”, “Becoming” está seguramente entre as melhores do disco “Servant of the Mind”.



A música conta com uma introdução matadora com pitadas thrash/death, sem deixar a melodia de lado num refrão que chega a durar horas na cabeça.

O dinamarquês Volbeat já tem uma carreira internacional elogiada há algum tempo. Aqui no Brasil, contudo, nunca chegou a decolar pra valer em sucesso, talvez, pela sonoridade menos pesada que a atual dos discos anteriores.

O clipe, por sinal, mescla imagens de turnê da banda e mostra shows lotados, tanto em festivais como em apresentações em locais fechados.

Quem ainda não ouviu o álbum “Servant of the Mind” precisa ao menos dar uma conferida, pois é seguramente o melhor do Volbeat e tem elementos de disco clássico, tamanha a qualidade das faixas, num período no qual o rock and roll vem precisando daquele empurrão para voltar ao seu lugar.

Dentro do heavy metal, o álbum facilmente ficou entre os melhores lançamentos de 2021, ao lado de outras preciosidades, como o álbum novo do Helloween e o disco novo do Exodus.

Além de “Becoming” e “Say No More”, “Servant of the Mind” traz como grandes destaques as faixas “Shotgun Blues”, “The Sacred Stones”, “Temple Of Ekur”, “Mindlock”, “The Devil Rages On” e “Wait a Minute My Girl”.

A versão normal do álbum traz 13 faixas. Mas a deluxe ainda traz mais quatro bônus, com destaque para a ótima “Return To None”, cover do Wolfbrigade. Nas versões online, ainda é possível ouvir a excelente versão da música “Don’t Tread on Me”, do Metallica, que chegou a ser incluída na coletânea comemorativa “The Metallica Blacklist”.

O álbum novo contou com produção de Jacob Hansen e do vocalista e guitarrista do Volbeat, Michael Poulsen. Completam o grupo o baixista Kaspar Boye Larsen, o baterista Jon Larsen e o guitarrista Rob Caggiano, que já teve importante passagem pelo Anthrax.

A entrada de Caggiano no Volbeat em 2013 fez, por sinal, muito bem ao grupo e foi fundamental para essa migração para o rock mais pesado, se comparado aos primeiros discos da banda.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Eleições de 2022 reforçam a 'normalização' da Cultura como coisa supérflua

Todo mundo sabia que seria assim. É assim desde sempre. a Cultura, com maiúscula, mais uma vez ficou bem minúscula em qualquer discussão eleitoral nas eleições gerais de 2022.Pandemia, corrupção crises econômicas permanentes, desemprego e violência, além das óbvias Saúde e Educação, continuam pautando as "prioridades". Mas poderia ser diferente?

Em circunstâncias normais, em períodos de crise menos profunda e em que a democracia não estivesse ameaçada, tinha de ser diferente. A Cultura não só faz parte do jogo mas, como é possível observar, na maioria das vezes, é o próprio jogo.

O perigo de compreendermos as necessidades prementes do momento e estabelecer como prioridades as de sempre é que, mais uma vez, "normalizaremos" a Cultura com atividade/situação supérflua na vida, algo que, na realidade nunca foi. 

Da mesma forma que a Cultura "não é prioridade" no momento, como pregam muitas pessoas - o argumento é considerável e compreensível -, de outra é importante questionar essas mesmas |"prioridades" e a "normalização" do "rebaixamento da cultura, como se ela não gerasse riqueza e milhões de empregos. em alguns bons tempos de economia menos problemática, a Cultura empregava mais do que toda a cadeia automotiva.

´:E m assunto delicado e, aparentemente, sem conclusão definitiva, mas não deixa de incomodar  fato de a Cultura ficar de fora dos debates e das prioridades nos programas de governo dos candidatos, como bem salientou o jornalista Julio Maria em "O Estado de S. Paulo":

A falta do assunto “cultura” nas entrevistas e no debate com os presidenciáveis não mostra insensibilidade apenas dos candidatos à presidência com relação ao setor com o maior nível de paralisia de todas as pastas. 

A ausência de perguntas sobre o tema aponta também para uma preocupante normalização de sua condição de “quinta categoria”. 

Até quem em tese tem como premissa observá-lo, reportá-lo e fiscalizá-lo, os jornalistas, perdem a oportunidade de levar o assunto com todas as suas questões urgentes e abrangentes para tentar fazer com que os candidatos exponham alguma salvação.

O tempo é curto e corrupção, saúde, economia, religião e educação são mais urgentes, responderão os perguntadores, sem saber que embutem nessa lógica enviesada o próprio empobrecimento do debate.

Um entrevistador começa a perder o jogo quando pergunta apenas sobre o assunto que o candidato se preparou para responder. 

Como nenhum dos candidatos acredita que alguém fará qualquer questão sobre Cultura, e eles tristemente estão certos, não há preparação. Aí estaria a magia que tantos procuram com suas perguntas eloquentes mas de respostas quase sempre evasivas. 

Levar ao menos uma pergunta sobre Cultura em um debate de três horas de duração renderia, além da possibilidade de início de um debate importante, o elemento surpresa, sempre mais difícil de se desviar com algum improviso que não soe um flagrante fracasso mental.

Perguntas não faltariam. Das provocativas? Bolsonaro, fale sobre o aparelhamento da Secretaria Especial de Cultura sob sua gestão, recusando projetos que não tenham alinhamento ideológico com suas convicções.

 Lula, não foi um desperdício deixar que os pontos de cultura que sua própria gestão criou minguassem até o fim? Das propositivas? Bolsonaro, qual é o seu plano para o destravamento da Cultura?

Ou, simplesmente, para evitar fuga pelo viés negacionista ou por sua usual incapacidade de entendimento de questões mais elaboradas: Bolsonaro, se reeleito, qual será o seu plano para Cultura a partir de 2023? Lula, se eleito, o que o senhor faria com a travada Lei Rouanet? 

Ou algo mais detalhado, para forçá-lo a não sair pelo viés passadista ou pelo cânone de si mesmo: Lula, gostaria que o senhor esquecesse do passado nessa pergunta e respondesse bem objetivamente: Além dos conselhos estaduais que o senhor disse que vai criar se for eleito, qual será o seu plano para a Cultura?

O apagamento da importância da Cultura no único instante em que um político é obrigado a se curvar a seus eleitores, o debate eleitoral, registra uma mensagem subliminar que mata a reconstrução de um setor antes mesmo que ela comece. 

Ao não ser questionado uma única vez sobre o assunto, quem quer que suba a rampa do Planalto em janeiro terá o silêncio de jornalistas que estão ali para levar questões que representem o interesse do eleitor como um aval de apatia. 

Cultura pode não ser mais importante do que Saúde, Economia, Segurança, Religião e Educação, mas é a única que está em todas elas.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Machismo e misoginia: primeira-ministra está proibida de dançar, mesmo ao som de rock bom

 A banda de rock Santa Cruz surgiu há mais de dez anos celebrando a vida e buscando resgatar um estilo de vida, ainda que apenas na imaginação, que fez a fama de muitos artistas da Califórnia nos anos 80, sendo associados por isso aos excessos de todos os tipos e ao comportamentos hedonista.

A banda de hard rock finlandesa foi acusada de querer trilhar os caminhos "escandalosos" dos conterrâneos do Hanoi Rocks, que esbarraram no sucesso há quase 40 anos nos Estados Unidos, mas que entraram em decadência quando um de seus membros morreu em um acidente de carro - que era dirigido por um Vince Neil, vocalista do Motley Crue, totalmente embriagado e drogado. O acidente matou o baterista Razzle (Nicholas Dingley) em 8 de dezembro de 1984.

Ironicamente, o SDanta Cruz acaba de lançar novo disco, "The Return of the Kings", que está servindo de trilha sonora (uma das) de um "escândalo" político na Finlândia.

Na melhor tradição hipócrita da política viciada de várias democracias de estilo ocidental, a vida particular de uma primeira-ministra virou combustível e arma política de pior nível para atacá-la de forma machista e misógina. 

Quem disse que os países mais "civilizados", com níveis baixíssimos de corrupção e altíssimos de padrão de vida, estão imunes aos pecados e aos escândalos políticos?

A diferença é que lá o padrão é outro. Se no Brasil e a na América Latina ninguém mais se espanta com a quantidade e a gravidade das crises movidas a todo o tipo de escândalo de corrupção, na Finlândia, ao que parece, políticos e dirigentes administrativos não têm o direito de se divertir.

Sanna Marin tem 36 anos, é casada e tem uma filha. Está há quase dois anos como primeira-ministra e tem uma avaliação positiva que varia de 55% a 80% de aprovação. 

De centro-esquerda, peitou a vizinha Rússia e acabou com a neutralidade histórica do país ao levar o país para entrar na União Europeia e na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Fazer uma boa administração, no entanto, parece não resistir a dois vídeos gravados em sua festa de aniversário, onde ela aparece com amigos dançando música eletrônica e hard rock. E esse é o escândalo: ela aparece dançando em sua casa com amigos em uma festinha de aniversário.

O mundo conservador finlandês, a melhor sabor do bolsonarismo fétido e nojento, quer fazer crer que uma líder política não pode se divertir mesmo em casa. Dançar virou crime hediondo na seara política no melhor país do mundo para se viver.

Sanna Marin recebeu um imenso apoio de eleitores e quase todos os setores da sociedade finlandesa, mas ela sentiu o baque. Já teve de convocar três entrevistas coletivas para se explicar e, suprema humilhação, se submeteu um exame para comprovar que não usou drogas e nem abusou da bebida na festa. Um revés histórico - e desnecessário - para uma administradora pública bem avaliada.

Machismo e misoginia não têm fronteiras. O retrocesso moral, cultural e comportamental do século XXI parece ser uniforme e abrangente, não poupando nem mesmo as sociedades mais tolerantes e avançadas.

Marin não corre o risco de sofrer uma moção contrária no Parlamento e deve seguir à frente do governo, mas jamais imaginaria um desgaste político por conta de uma festinha privada e prosaica em casa - ao som de música ruim, no caso a eletrônica, e de música boa. cm canções de Santa Cruz e outras bandas de hard rock escandinavas.

Quando um(a) primeiro(a)-ministro(a) não pode sequer dançar por conta da "liturgia do cargo", é um (mau) sinal a respeito da ribanceira em que estamos despencando. Pelo menos isso ocorreu ao sim de rock de qualidade...

Imagine então quando ocorrem casos em que um presidente de um país infeliz debocha de mortos n pandemia, fala em "fuzilar" opositores, usa termos racistas para falar a respeito de habitantes do próprio país, atenta contra as vacinas, contra a democracia e tenta empurrar, de forma criminosa, remédios e tratamentos contra a covid-19 comprovadamente ineficazes?


quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Um metaleiro na Índia: a rica experiência do guitarrista Alexandre de Orio

Desbravar as Índias Orientais, ensinar a magia da música brasileira, divulgar a força de nosso rock e aprender muito sobre uma civilização milenar. O músico Alexandre de Orio teve o privilégio de vivenciar tudo isso fazendo o que mais gosta: tocar.

Ele é conhecido por ter integrado a banda paulista Claustrofobia, onde tocou guitarra por quase 20 anos. Hoje integra o Quarteto de Guitarras Kroma e o projeto solo de Sérgio Britto (Titãs), além de ser diretor musical da School of Rock Guarulhos e professor da pós-graduação em rock pela Faculdade Santa Marcelina. Além disso, é bacharel em guitarra pela FAAM (Faculdade de Artes Alcântara Machado, do grupo FMU) e pós-graduado em "Estruturação e Linguagem Musical" pela Faculdade de Música Carlos Gomes.

Credenciais não lhe faltam para lecionar, mas ainda assim recebeu um convite inusitado para ensinar, por alguns meses, na Swarnabhoomi Academy of Music, localizada na cidade de Chennai, na Índia. 

"É como se fosse uma ULM (Universidade Livre de Música, atual Emesp), e os alunos têm uma carga horária de faculdade, vão todos os dias. A Swarnabhoomi, conhecida como um dos melhores lugares para estudar música, conta com estudantes de várias partes da Índia" explica Orio.

A experiência com o rock contou bastante, mas ele ofereceu mais. "As minhas aulas são mais voltadas ao jazz, mas, obviamente, também estou passando bastante conteúdo sobre a música brasileira, os ritmos etc. Apesar disso, temos muitos alunos que gostam de metal e eles curtem muito o Sepultura."

Embora lecionando jazz e música brasileira, o lado metal do guitarrista foi colocado em prática a pedido dos alunos. "Quando eles souberam que também toco metal e que já toquei com o Sepultura na época do Claustrofobia e fiz alguns eventos com o baterista Eloy Casagrande, eles pediram que eu tocasse algumas vezes Sepultura nas apresentações. Acabei gravando 'Arise' com uma banda local chamada Godless. Na verdade, fizemos uma jam e gravamos ao vivo."

O baterista chama Vishnu Reddy e é o professor de bateria da Swarnabhoomi. s dois gravaram um vídeo em que o indiano faz um link entre o konnakol (que é a arte de colocar sílabas no ritmo) e o metal. Dá alguns exemplos e também mostra um trecho de uma música do Meshuggah. O baixo quem gravou foi o diretor da academia (Siddhartha), que também curte metal e toca djent - espécie de metal mais rápido, mais intenso e tendendo ao math metal.

Como a Swarnabhoomi Academy of Music costuma realizar um "Summer Camp" (acampamento de verão) em julho, vários artistas e músicos da Índia compareceram para ministrar workshops e tocar.

Alexandre de Orio esteve presente com um workshop voltado ao conteúdo de seu livro "Metal Brasileiro”, utilizando ritmos brasileiros para a construção de riffs de metal". 

"Estou aproveitando para assistir as aulas de Konnakol e Melakharta Ragas, que são duas disciplinas voltadas à música indiana. Está sendo incrível ter contato com essa música riquíssima", comemora.

De Orio postou em seu canal no YouTube um vídeo do professor de Melakartha Ragas, o mandolinista Aravind Bhargav, ensinando um dos 72 ragas existentes. 

"Ele foi aluno de um dos maiores músicos da Índia, U. Shrinivas, que tocou com grandes nomes, como Miles Davis e John McLaughlin", diz o brasileiro. "Estou compondo uma música com ele, que será um tributo a esse guru dele, e estamos fazendo uma fusão entre a música brasileira e a música carnática. Talvez tenha alguma coisa de metal também nesse meio", revela. "Em breve, deve sair mais uma música que gravei do Sérgio Britto aqui, a 'Sol e Água Limpa'. Fiz uma fusão com elementos indianos e pedi para o professor de canto, Abhishek, colocar nos espaços, entre os versos, improvisar aqueles vocalizes típico da música indiana." 

Pantera terá de conviver com eterna desconfiança por conta de volta desnecessária

 Reuniões de bandas após anos de separação sempre são vistas, com toda a razão, com desconfiança, ainda que muito desejadas por parte dos fãs. 

Reuniões parciais, sem integrantes das formações originais ou clássicas, são ainda mais preocupantes pouco animadoras. E o que dizer então de voltas de bandas sem os integrantes fundamentais?

O Queen experimenta essa situação neste século, quando insistiu em ficar na ativa com os cantores Paul Rodgers e Adam Lambert no lugar de Freddie Mercury, morto em 1991. 

Deu certo pela metade, mas a banda diminuiu de tamanho e parte do público em geral nem sabe/soube que a banda estava em ação com vocalistas substitutos - com toda a razão, diga-se de passagem.

Infelizmente, parece ser o caso do Pantera, gigante do metal dos anos 90 que tinha como guitarrista Dimebag Darrell,  gigante que talvez tenha sido o último estilista d rock em seu instrumento.

A banda acabou oficialmente em 2000. Dimebag e seu irmão, Vinnie Paul, baterista do Pantera, formaram Damageplan, que chegou ao fim em 2004 - o guitarrista foi assassinado em pleno palco por um fã enlouquecido. Vinnie Paul morreria em 2013 em razão de um ataque cardíaco.

Os irmãos fundaram o Pantera ainda nos anos 80 como uma banda de hard rock farofa no Texas. Depois de quatro álbuns fracos, mudaram para o heavy metal e contrataram Phil Anselmo para cantar - o baixista Rex Brown já estava na formação. A banda decolou a partir de 1988.

Sem os irmãs Darrell não dá para imaginar a existência do Pantera, mas Anselmo e Brown discordaram. Vinte e dois anos depois do fim, e sem os fundadores, criaram uma versão própria da banda com Zakk Wylde (Ozzy Osbourne e Black Label Society) na guitarra e Charlie Benante (Anthrax) na bateria. Já marcaram diversos shows pel mundo, inclusive no Brasil.

Da mesma forma que é duro ver Queen sem Mercury e The Who em Keith Moon e John Entwistle, parece altamente duvidoso chamar essa versão do Pantera de Pantera. Quem fazia a banda acontecer não está mais vivo.

Não se discute a qualidade dos substitutos. A questão é se haverá a mínima condição de o Pantera soar levemente com o que foi no passado. Será que não ouviremos uma espécie de Black Label Pantera na guitarra? 

Zakk Wylde tem timbres tão característicos que não consegue mudar - saiu da banda de Ozzy Osbourne nos anos 90 justamente por causa disso...

E a bateria marcante e sincopada de Benante? Este tem um groove todo particular, muito diferente de Vinnie Paul, um baterista com mão mais pesada e u m sentido melódico todo particular. 

The Who sem a sua cozinha e Rolling Stones sem Charlie Watts ainda soam como têm de soar, por mais que sejam as lacunas e as diferenças no som, coisa que não acontece com Queen sem Mercury e muitas outras bandas sem integrantes fundamentais. Até hoje se discute pelo mundo se existe Deep Purple sem Ritchie Blackmore ou Bçack Sabbath sem Ozzy ou o baterista Bill Ward...

É esse Pantera desmantelado que foi confirmado no elenco do Knotfest no fim do ano na América do Sul. Na edição de São Paulo, foi anunciado nesta semana ao lado de Judas Priest e a brasileira Oitão.

Serão atrações ao lado de Slipknot, Bring Me The Horizon, Trivium, Sepultura, Motionless In White, Vended, Jimmy & Rats e Project46.

O Knotfest Brasil acontece em sua primeira edição no dia 18 de dezembro, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Para mais informações e ingressos você pode conferir o site da Eventim - https://www.eventim.com.br/artist/knotfest-2022/.

Ainda é cedo para saber se esse Pantera será uma bomba, mas é uma daquelas voltas desnecessárias, com cara de caça-níquel. Sorte que o festival tem um elenco diferente e muito bom capaz de compensar qualquer derrapada de uma banda outrora estrelada.

Notas roqueiras: Oxigênio Festival, Sophie's Threat, Arquelano, Tria Atrás, Radioativa...

- O Oxigênio Festival, um dos mais queridos e concorridos eventos da música independente de São Paulo, enfim está de volta após dois anos apenas nos bastidores devido às restrições da pandemia. A 7ª edição terá três dias de shows, 18, 19 e 20 de novembro e vem robusta, com mais de 30 bandas, sendo duas atrações internacionais. O festival desse ano ainda tem casa nova: o espaçoso e super estruturado Aeroclube Campo de Marte. A realização é da GIG Music com o Hangar 110. As vendas serão iniciadas a partir de hoje, 25 de agosto, com ingressos do primeiro lote para pista e camarote em www.oxigeniofestival.com.br. Entre as atrações estão Doyle (guitarrista do Misfits), Zumbis do Espaço, Carbona, Excluídos e Corazones Muertos, Di Ferrero, Supercombo, Kamaitachi, Glória, Menores Atos, Pe Lanza, Cefa, Axty, Odeon, Meu Funeral, Ravel, Impavid Colossus, Fake Honey. Helmet, CPM22, Garage Fuzz, Gritando HC, DFC, Colligere, The Mönic, Flicts, Forgotten Boys, Abraskadabra, Der Baum e Tara Bipolar.

Serviço

Vans Apresenta: Oxigênio Festival 2022
Data: 18, 19 e 20 de novembro
Horário: 19h (sexta-feira) e 12h (sábado e domingo)
Local: Aeroclube Campo de Marte
Endereço: Avenida Olavo Fontoura, 650, Santana - São Paulo, SP

Ingressos para cada dia de evento (1º Lote)
R$100 (pista - promocional e meia entrada)
R$200 (pista - inteira)
R$180 (camarote – promocional e meia entrada)
R$360 (camarote – inteira)

- A banda de death metal Sophie's Threat, formada em São Paulo pelos músicos Tiago Carteano (bateria) e Ricardo Oliveira (guitarra), está lançando o single "Infernal Manipulation". Foi batizada com este nome como referência ao Robô Sophia que têm a capacidade de reproduzir 62 expressões faciais e foi projetado para aprender a trabalhar entre nós seres humanos adaptando-se aos nossos comportamentos. É o primeiro robô humanoide a receber cidadania de um país (Arábia Saudita) e quando questionado em uma entrevista se destruiria a humanidade surpreendeu a todos respondendo que sim. Desse conceito, surgiu-se a ideia para o nome da banda, uma forma que seus integrantes encontraram para criticar o quão rápido o crescimento tecnológico pode destruir seu criador sem pensar em suas consequências. Ouça "Infernal Manipulation" em https://onerpm.link/241090273085; Versão legendada/traduzida de "Infernal Manipulation" em https://youtu.be/rhYJThUGtmg


- As bandas Arquelano, de Maracanaú (CE), Radioativa, do Rio de Janeiro (RJ) e Tria Arás, de Divinópolis (MG), são as vencedoras do concurso musical "Gerdau, me leva pro Rio!". Foram 312 bandas inscritas de todas as cidades onde a Gerdau produz aço no Brasil: Barão de Cocais, Congonhas, Divinópolis, Itabirito, Ouro Branco e Ouro Preto (MG); Caucaia e Maracanaú (CE); Araçariguama, Mogi das Cruzes, Pindamonhangaba (SP); Araucária (PR); Recife (PE); Charqueadas e Sapucaia do Sul (RS) e Rio de Janeiro (RJ). As três vencedoras se apresentarão no dia 11 setembro, na Cidade do Rock, no último dia do Rock in Rio Brasil 2022, em um pocket show no espaço da Gerdau no festival. Além disso, receberão consultoria artística do Estúdio Bravo e ganharão o "Disco de Aço", um troféu simbólico do concurso.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

'Os 40 anos do Barão Vermelho são uma grande realização', diz fundador da banda

 


É um Barão Vermelho sem Cazuza e sem Roberto Frejat, mas importância nunca diminui. Ao comemorar 40 anos de existência, a banda decidiu embarcar em um grande projeto multimídia, que inclui álbum acústico, dc8mentário uma série de shows especiais.

Sem tempo para discutir o passado em termos nostálgicos, o atual quarteto quer olhar para frente durante o período de celebração. O projeto "Barão 40" revisita o passado, mas de forma ambiciosa e grandiosa: s grandes hits estão de volta, mas com roupagem inovadora.

"É um marco na nossa carreira e no rock nacional. 'Barão 40' é encantador porque evidencia a relevância da banda e oferece um produto com novos sabores", declara com exclusividade para o Combate Rock um entusiasmado Guto Goffi, baterista que fundou o Barão Vermelho e integrou todas as formações.

Contando uma versão nova de uma velha história, como o baterista gosta de dizer, o Barão Vermelho, hoje é composto por Rodrigo Suricato (guitarra, violão e voz), Fernando Magalhães (guitarra e violão), Guto Goffi (bateria) e Maurício (teclados e vocais). "Tudo é imprevisível, nunca deixe de sonhar", recita Goffi relembrando a poética "Tua Versão". 

"Éramos uma banda de rock raiz em 1982, quando as paradas eram dominadas por bandas como Blitz", diz Goffi. "Era um pop diferente, longe de nossa praia, mas tinha um ar de novidade, de novos tempos. Foi instigante e fascinante participar desse processo e se tornar referência de toda uma geração."

O projeto audiovisual "Barão 40" é composto por um documentário composto por quatro episódios e quatro EPs, cada um relacionado a um episódio - acústico, sucessos, clássicos e blues e baladas. 

"Acústico" já foi lançado com nove músicas, assim como o primeiro episódio no Canal BIS. Nesta primeira parte, dis convidados especiais foram convidados para o show desplugado: Samuel Rosa, vocalista e guitarrista do Skank, em "Maior Abandonado", e Chico César na icônica "Por Você".

"Samuel é um nome de peso na nossa música e um cara que adora o Barão Vermelho. Não cansa de dizer que foi ouvindo a gente por volta de 1982 e 1983 que teve certeza de que queria ser músico", elogia o baterista do Barão.

Chico César, por sua vez, é a conexão com a brasilidade e com o mundo nordestino, já que o cantor dialoga fácil com o rock e a MPB. as duas canções são as melhores desta primeira fase, ao lado de "Bete Balanço", que traz o atual vocalista da banda, Rodrigo Suricato, brilhando na reinvenção da canção, que foi transformada em um vigoroso folk rock.

"Flores do Mal" vai pra o mesmo caminho, continuou luminosa, enquanto que "Sorte e Azar" ficu mais dramática e melancólica, coisa rara no Barão, mesmo nas baladas.

Trilhando um caminho parecido cm  dos Paralamas do Sucesso, o Barão Vermelho sempre foi uma banda alto astral, que exalava esperança na maioria das músicas. E essa característica foi mantida com Suricato nos vocais. 

"Você tocou em um ponto interessante. A esperança nos moveu desde sempre, com Cazuza, com Roberto Frejat e agora", analisa Guto Goffi. "Faz parte de nossa vida, de nossa música. É como se sempre nos recusássemos a retroceder. Olhamos para a frente e enxergamos mais luz e mais coisas positivas. De certa forma, explica um pouco estarmos há 40 anos na estrada sem interrupção."





 
 

Com Márcio Alencar no contrabaixo, o grupo consolida uma formação que perdeu Frejat em 2017, mas que se reinventou com a chegada de Suricato.  

A festa já começa com a maior novidade do projeto, o bloco acústico, com versões diferentes (e o violão de Suri) de músicas como "Enquanto ela não chegar" e "Bete Balanço" e convidados como Chico César (em "Por você", também reforçada pelo sanfoneiro Marcelo Caldi) e Samuel Rosa (em "Maior abandonado"), que lembra quando ouvia o Barão no rádio, ainda guri, em Belo Horizonte
 
No segundo episódio, Fernando Magalhães brilha na guitarra em "O poeta está vivo", e Suricato mostra o acerto de sua entrada na bela e nostálgica "Meus bons amigos", puxada pelo violão country-blueseiro de Suricato. 

O peso do instrumental vem com tudo, em canções como "A solidão te engole vivo" e "Tão longe de tudo". Para encerrar, "Por que a gente é assim?", com participação de Jade Baraldo (que define a letra como "um expurgo").  

No dia 27 chega o que deve ser o bloco mais cultuado pelos fãs hard de Barão Vermelho, aquele dedicado ao blues e baladas. "O blues é o pai do rock, é o elo de ligação entre a África e a música americana", define Guto Goffi.

O recorte traz a oportunidade de a banda lembrar músicas como "Guarda essa canção" (Dulce Quental/Frejat), do disco "Carne crua", de 1994, e o hino "Down em mim", uma das letras com a assinatura de Cazuza.

Maurício - que comparece com os vocais principais em "Eu não amo ninguém" - confessa que "Down em mim" dá um certo trabalho, na hora de estudar a introdução de piano que ele mesmo compôs aos 18 anos. Suri também comparece com uma composição, a bela e melancólica "Um dia igual ao outro". 

Um dos momentos mais emocionantes é "Pro dia nascer feliz", no episódio "Clássicos", com a participação de Roberto Frejat, que esteve por 35 anos comandando nas guitarras e, depois, os vocais com a partida de Cazuza, em 1985. 

Preocupado com os rumos da vida e sociedade brasileiras, assoladas por ódios e crises sucessivas na economia e na política agravadas por governos ruins, Goffi, evita falar em vitórias para celebrar os 40 anos do Barão. é hora apenas de celebrar.

"Falar em vitória pressupõe que, em algum lugar, houve derrota. Não é essa a questão", explica o músico. "Tocamos com alegria e sempre buscando algo positivo. Viver com o Barão e explorar vários territórios diante de tantas coisas que vivemos é um privilégio.  Mas reconheço que esses 40 anos são uma baita realização."

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Guitarras tipo exportação: a consolidação de Lari Basilio e a explosão de Plínio Fernandes

Dedos velozes, riffs rápidos e solos alucinantes que encantaram um gênio da guitarra. E lá foi a guitarrista paulista brilhar nos Estados Unidos, em um festival americano ao lado de Kiko Loureiro, a convite de ninguém menos do que Joe Satriani, o dono da festa.

Já em Londres, na Inglaterra, um menino de Santos (SP) juntou a música erudita com o melhor do som brasileiro de raiz para encantar a Royal Academy of Music, situação traduzida em seu mais recente trabalho.

Lari Basilio e Plínio Fernandes representam o que há de melhor na guitarra tipo exportação brasileira, juntando-se a nomes como Daniel Santiago, Pedro Martins, Celso Salim, Igor Prado e Artur Menezes, entre outros nomes, que fazem sucesso no mundo.

Basilio está há alguns anos nos Estados Unidos e chama a tenção pelo fraseado moderno e a versatilidade ao explorar diversos gêneros musicais. O rock é a base de "Your Move", recém-lançado, mas ela se dedica ao jazz e ao hard rock com mais afinco, deixando o metal veloz de seu disco anterior, "Far More".

A beleza de uma canção como "Your Move", um rock singelo de base bluesy, é  maior exemplo de sua versatilidade, lembrando a sutiliza de Satriani, a precisão de John McLaughlin e o feeling de John Scofield. 

"Fearless", que abre o disco, soa mais moderna e agressiva, emulando a influência de Steve Vai, enquanto que o blues com acento jazzy volta com extremo bom gosto em "Here For You".

"Novo" transborda brasilidade, com timbres que se aproxima de uma espécie de country folk brasileiro, onde os timbres mais acústicos dão um colorido especial a uma canção delicada. Mesmo a base mais pesada não foge do roteiro e ajuda a transformar a música na melhor do disco.

Outra que merece atenção é a esfuziante "Running to the Other Side", a que talvez seja a mais pesada, reunindo uma miríade de influências e timbres que mostram ousadia e muita habilidade.

Instrumentista em ascensão, é uma das sensações do rock instrumental nacional. Nascida em São Paulo, Lari Basilio começou a estudar órgão aos quatro anos de idade. 

Alguns anos depois, seu pai lhe ensinou os primeiros acordes de violão, suficientes para despertar a paixão pela guitarra. Desde então, começou a estudar sozinha, tocando em igrejas evangélicas e consequentemente, participando de bandas.

Em 2011, gravou seu primeiro EP instrumental, intitulado "Lari Basilio", que contém cinco faixas, lançado em abril de 2012, marcando oficialmente o início de sua carreira solo. Produzido por Lampadinha, o trabalho ainda conta com as participações de Felipe Andreoli (Angra) e Adriano Daga (Malta). 

Os CD e DVDs "The Sound of My Room" foram lançado sem agosto de 2015 no Cine Belas Artes em São Paulo. "Far More", é mais recente, de 2019, até então seu melhor trabalho, que foi superado por "Your Love".

Plínio Fernandes é, de certa forma, uma surpresa para  grande público internacional com sua vibração e pegada diferenciada juntando a música popular brasileira e traços eruditos de muito bom gosto e ousadia. Tom Jobim (1927-1994) e Heitor Villa-Lobos de forma (1887-1959) convivem harmoniosa e cordial. 

Em muitos momentos, Baden Powell (1936-2000) parece ressuscitar para duelar com um instrumentista que emenda trechos e dedilhados que orgulham Hamilton de Hollanda e ;egberto Gismonti, como na peça de abertura do álbum Saudade", o samba carregado de bossa nova "Assanhado", em arranjo de Sergio Assad, um colaborador imprescindível para a obra recém-lançada.

"Saudade" carrega dentro de suas canções aquele brilho nostálgico e significativo dos expatriados e, ao mesmo tempo, provoca aquela cacofonia de sentimentos que confundem os estrangeiros sempre às voltas com dificuldades para compreender por inteiro o conceito de saudade, palavra que só existe em português. 

O "miss you" jamais conseguirá incorporar o seu significado por inteiro em, inglês, por exemplo, ainda que uma artista importante como a cantora de jazz norte-americana Stacey Kent tenha conseguido.

Críticos europeus perceberam rapidamente o quanto Fernandes é bastante carismático na performance, e o carisma transparece por todo o álbum. 

O repertório escolhido a dedo é um grande acerto, por mais arriscado que tenha sido misturar bossa nova e peças nem tão óbvias de Villa-Lobos. 

Sua execução de "5 Prelúdios", com seus cinco movimentos, é primorosa, incorporando toda a dramaticidade e o sentimentalismo que transbordam da obra extraordinária d compositor erudito brasileiro.

Capturar a essência da música parece ser uma grande habilidade da dupla Fernandes/Assad, como em "Samba do Avião", de Tom Jobim, onde o guitarrista/violonista esbanja talento e "feeling" - coisas que transbordam para "Se Todos Fossem Iguais a Você/Águas de Março", do mesmo autor, que ficou ainda mais interessante. 

Curiosamente, "Garota de Ipanema" não chama tanto a atenção - provavelmente porque há tanta interpretação/reinterpretação magistral no álbum que a música-símbolo da bossa nova ficou ofuscada.

 "Gracias a La Vida", que ganhou o mundo na voz da chilena Violeta Parra, é praticamente uma nova canção, ressignificada pelo toque sutil e pela reinterpretação magnífica, com toda a sua aura dramática executada com exímia sutileza que é difícil não se emocionar.

Aos 27 anos, Plínio Fernandes surge grande para o público internacional e mostra uma capacidade enorme de interpretação e execução no violão e na guitarra acústica. Nessa mesma toada, vai se tornar um dos gigantes em muito pouco tempo.
 

Minifestivais lideram a retomada do rock underground em São Paulo

Minifestivais para divulgar bandas de rock underground estão proliferando em 2022 depois que a pandemia de covid-19 paralisou  mundo por dois anos. É praticamente a única forma de colocar na vitrine s trabalhos de heavy metal em seus vários subgêneros em uma época em que o rock está em baixa a concorrência é feroz.

Quem está se dando bem, em São Paulo é a casa La Iglesia, inaugurada no ano passado e que se torna o local perfeito para eventos pequenos e destinados "premières" de grupos que voltam à ativa ou que lançam seus primeiros trabalhos.

A casa no bairro de Pinheiros, zona oeste, é pequena, com capacidade de no, máximo, 200 pessoas espremidas, mas fica próxima a estação de metrô (Oscar Freire, na linha amarela) e oferece boa estrutura.

A produtora Som do Darma, de Sorocaba (SP), tem aproveitado muito bem o espaço para divulgar seus clientes e retomar, aos poucos, os circuitos roqueiros no Estado de São Paulo.

No último dia 19 de agosto, uma sexta-feira, três bandas de gothic metal tocaram no local e mostraram bom potencial em um subgênero que parecia esgotado. 

Foi o terceiro evento da Som do Darma nos últimos dois meses, e o sucesso da iniciativa vai esticar a temporada. Em setembro, o La Iglesia deverá receber as bandas Hellish War, Brave e The Ogre, todas do interior de São Paulo.

A banda BrightStorm, de São José dos Campos (SP), abriu a noite com um set curto e eficiente, alternando músicas inspiradas em Evanescence e Within Temptation. O som é pesado e interessante, com a vocalista Naimi Stephany equilibrando bem os vocais mais operísticos e mais agressivos.

Formada em 2012, lançou o EP “Past in Flames” (2014) e o álbum "Through The Gates" em 2017. O grupo em Naimi Stephanie (vocal), Will Lopes (guitarra), Edy Silva (baixo), Gabriel Bernardes (teclados) e Alexis Núñez (bateria).

A Aetherea busca um som mis parecido com um metal sinfônico, a estilo Epica e Nightwish, e fez o melhor show da noite, mesmo repleto de problemas técnicos. As músicas tem belos arranjos e evita as afinações mais baixas típicas do metal moderno.

Baseada em Bragança Paulista (SP), já lançou o EP "Look Into My Eyes" e, no ano passado, o álbum "Through Infinite Dimensions", que reúne 12 faixas mixadas e masterizadas no estúdio Loud Factory por Wagner Meirinho (Warrel Dane, Semblant, etc). 

O guitarrista Fabio Matos e a vocalista Jéssica Sirius capitaneiam a banda, que chamou a atenção nas redes sociais cm os clipes das canções "Look Into My Eyes" "Face The Lies".

A banda Wolfheart and the Ravens é a mais experiente e tem como principal figura o vocalista Dewindson Wolfheart, que liderou a ótima banda Ravenland por muitos anos. De certa forma, o projeto atual é uma continuação, só que aprofundando mais os temas góticos e soand mais pesado.

A formação conta com o vocalista Dewindson Wolfheart, os guitarristas Andreas Dehn e Marcos Brito, a baixista Rafaela Redbass e o baterista Daniel Werneck. Para os próximos shows a banda também contará com a vocalista Lilian Dorta e a bailarina Nat Blackstar. Já estão escalados para o show de abertura para The Mission, no Carioca Club, em outubro.

Uma bela introdução ao blues está acessível novamente




 Diz a lenda criada por um guitarrista caribenho que o blues nasceu ali, aqui e em qualquer lugar. Que o blues é de todas as partes, e de todos os mundos.

Pode fazer sentido e até ser verdade, mas o fato é que o blues nasceu nos campos de algodão do sul dos Estados Unidos, entre os negros escravizados que fizeram suas tradições ficarem vivas. Ou será que não?

As respostas sobre as origens do blues podem ser encontradas em m rápido livro que se tornou cult no Brasil no começo deste século.

Em menos de 100 páginas, "Blues", escrito por Helton Ribeiro para uma coleção de títulos da extinta revista Superinteressante, faz uma bela introdução ao gênero contando a verdadeira história e exaltando os grandes mestres. Para quem conhece pouco sobre o blues, a obra é altamente indicada.

Esgotada e rara até mesmo rara nos principais sebos dos Brasil, "Blues" pode ser encomendada diretamente com o autor, que hoje mora no exterior. Por R$ 15, ele envia por e-mail o livro e a capa em PDF.

Ribeiro é um dos jornalistas brasileiros que mais conhecem jazz e blues. Foi editor da saudosa revista Blues N' Jazz e produtor/editor do programa Metrópolis, da TV Cultura. além de escrever para a revista Bizz e para o jornal Folha de S. Paulo. O contato com o autor é via Facebook no endereço https://www.facebook.com/heltonjazz

domingo, 21 de agosto de 2022

Festival Summer Breeze vem ao Brasil em 2023

Do site Roque Reverso

O Red Hot Chili Peppers lançou o clipe da música “Tippa My Tongue”. É a primeira amostra do novo álbum, o segundo do ano, que chegará ao público em outubro.

O clipe, cheio de cores e com pitadas psicodélicas, contou com direção de Malia James e produção executiva de Avtar Khalsa.

“Return of the Dream Canteen”, cuja capa acompanha este texto, é o nome do disco, que tem o dia 14 de outubro como data oficial de lançamento.

Chegará poucos meses depois do disco “Unlimited Love”, que foi lançado em abril e marcou o retorno do guitarrista John Frusciante, integrante da formação clássica do Red Hot.

Frusciante voltou ao grupo em dezembro de 2019 no lugar do guitarrista Josh Klinghoffer, que havia entrado justamente em seu lugar em 2009.

“Return of the Dream Canteen”, tal qual “Unlimited Love”, conta, na produção, com o mago Rick Rubin, que já trabalhou com o Red Hot em alguns dos álbuns mais importantes da carreira do grupo, como “Blood Sugar Sex Magik” (1991) e “Californication” (1999), entre outros discos lançados pela banda.

O disco que chega em outubro será o 13º álbum do Red Hot e contará com 17 faixas, de maneira idêntica ao anterior.

Metal extremo volta com tudo no Setembro Negro Festival 2022


Um dos mais importantes festivais de metal extremo no país, o Setembro Negro, volta com uma edição especial entre os dias 0 e 4 de setembro no Carioca Club, em São Paulo. O evento, que chega em sua 14ª edição, trará mais de 30 bandas de metal extremo

O elenco da 14ª edição teve alterações. As bandas Apokalyptic Raids, Grave Miasma e Angel Witch não poderão mais se apresentar nessa edição do evento, e em seus lugares, entram The Black Spade, Raven e Ross The Boss.

O Apokalyptic Raids teve que cancelar a sua participação devido a um problema no nervo do braço de um dos integrantes, que irá passar por um cirurgia e estará impossibilitado de tocar por um tempo. Miasma 

O Angel Witch enviou a seguinte declaração: “Devido a circunstâncias além do nosso controle, o Angel Witch lamenta ter que adiar nossa apresentação no Setembro Negro Festival, bem como todos os nossos shows ao vivo agendados para este verão, até 2023. Pedimos desculpas por qualquer decepção causada (nenhum de vocês está tão decepcionado quanto nós – tocar ao vivo é o ar que respiramos), mas esperamos vê-los em breve!”

A 14ª edição do festival traz bandas de vários estilos, como heavy metal, death metal, thrash metal, black metal, grindcore, gothic, sludge e doom metal. Ao todo são 30 bandas, 3 dias, sendo 10 bandas por dia. Os ingressos comprados para 2020 estão valendo.

Para mais informações, siga a página do evento no Facebook:
https://www.facebook.com/events/836159376835539

LOCAL: Carioca Clube (Rua Cardeal Arcoverde, 2899 – Pinheiros) Tel. 11 3813-8598
INGRESSOS:

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Cris Crass: o underground sempre manterá o rock vivo

Nelson Souza Lima - especial para o Combate Rock

"O rock não more jamais! Só não vê quem não quer!" A frase que abre a matéria foi dita em entrevista por Cristiano Vicente. Quem?

Cristiano Vicente é nome familiar para os parentes e amigos próximos. Porém, no underground o cara atende pelo “nome artístico” de Cris Crass, músico, produtor, agitador cultural e um dos organizadores da Gravadora Crasso Records. 

Em bate-papo bacanudo o cara falou da trajetória dentro da cena punk rock e suas impressões sobre o atual momento do gênero, que balança, mas não cai. “O rock Não morre jamais. Pode ter altos e baixos, mas a história sempre vai trazer de volta”, atesta.

À frente da Crasso Records, Cris Crass diz ter conseguido abrir espaço e auxiliar inúmeros artistas do Brasil. Entre eles, as bandas Corazones Muertos (SP), Dead Nomads (PB) e PMA Trio (SP).

Atuando como guitarrista/vocalista integrou as fileiras de inúmeras bandas punks relevantes como o Aditive e o Gritando HC, com a qual realizou a turnê de 25 anos do grupo.

“Tenho uns projetos e algum material solo, que será lançado tudo em breve”, diz o músico.

Abaixo a entrevista completa com Cris Crass:

Combate Rock - Apresente-se para quem não conhece o Cris Crass...

Cris Crass:
Vamos lá, sou músico, produtor, tomo conta do selo Crasso Records, já passei por algumas bandas de punk, hardcore e ska do cenário paulista e seguimos fomentando a cena e a cultura no underground.

Você tá à frente da Crasso Records que lança ou relança discos de grandes bandas. Fale um pouco do cast da gravadora.

A Crasso Records vem desde 2014 e conseguimos abrir um espaço e auxiliar diversos artistas do Brasil. Como: o Corazones Muertos (SP), RATS (hoje junto ao Jimmy London, ex-Matanza) do Rio de Janeiro, os queridos do Dead Nomads (PB) e mais recentemente lançamos o disco Vol.1 do PMA Trio (SP) e o último álbum do Korja (RJ).

O mercado punk rock tem ainda condições de crescer ou continua sendo nicho?

Bom... nicho, sempre vai ser. A cena independente é um nicho, a cultura underground é um nicho. O que acontece é que temos (hoje) mais ferramentas para crescer e divulgar, mesmo dentro de um nicho. Mainstream... aí já é outra história.

Vale a pena lançar em mídias físicas? É viável financeiramente para as bandas ou é melhor lançar em plataformas que também pagam tão pouco.

Sim e não! (risos) Depende muito do seu público. Em um geral, algumas mídias (de fato) são obsoletas, difíceis de vender e trazem pouco retorno. Mas camisetas, por exemplo, para uma banda que está na estrada, vale muito a pena. Hoje em dia, a produção de discos de vinil também é mais fácil. O importante é trazer material de qualidade para o seu público.

Por mais que tentem matar o rock, o gênero ainda resiste. Uma das melhores definições que ouvi sobre isso foi do Guilherme Martim (Viper/Toyshop) que o rock é como o Jason (Sexta-feira, 13). “Quando acham que o rock tá morto, ele volta mais forte”. Para você o rock ainda resiste e não morre jamais?

Não morre jamais! Só não vê quem não quer. Pode ter altos e baixos, mas a história sempre vai trazer de volta.

Fale do seu lado músico.

Cara, comecei bem cedo, no ABC paulista e acabei me encontrando em algumas bandas de ska/reggae que faziam/fazem parte do cenário. Tive um projeto com meus brothers Edgar Avian (que já passou pelo Inocentes, Gritando HC) e o Vinnie Martins (ex-Vowe), passei pelo Aditive e acabei entrando para o Gritando HC também em 2019 até 2020 (fazendo a tour de 25 anos). De lá pra cá, tenho iniciado uns projetos e algum material solo, que será lançado tudo em breve.

E seu trabalho na Antena Zero?

Na rádio Antena Zero tive um programa por volta de 2016 chamado 'LETTS GO'. O "Letts" com dois "Ts" era uma referência ao Don Letts (DJ e cinematógrafo) grande responsável por apresentar a música jamaicana aos punks de Londres na década de 70. O programa traçava justamente esse paralelo da música jamaicana e o punk (minha maior referência como músico, produtor etc). E inclusive tive a oportunidade de entrevistar o próprio Don Letts em uma passagem dele pelos estúdios da Antena Zero (está disponível lá no YouTube). Mais recentemente, fui convocado a ser o "Repórter Zero" no novo segmento: Cobertura Antena Zero (de festivais e eventos).



Show do Dream Theater em São Paulo muda de local

 Do site Roque Reverso


O show que o grupo norte-americano Dream Theater fará em São Paulo no fim de agosto mudou de local. A apresentação, originalmente marcada para o Pavilhão Pacaembu, passou para o Tokio Marine Hall, novo nome do tradicional Tom Brasil.

A mudança, “por motivos de logística”, foi anunciada nas redes sociais da T4F, organizadora do evento.

O Dream Theater tocará na capital paulista no dia 31 de agosto, dois dias antes de participar do Rock in Rio 2022, na capital fluminense, no dia 2 de setembro.

Ao lado do headliner Iron Maiden, do Gojira e do Sepultura tocando com a Orquestra Sinfônica Brasileira, o Dream Theater será um dos destaques da Noite do Metal do Palco Mundo no festival, que já tem ingressos esgotados.

A passagem do Dream Theater pela capital paulista faz parte da turnê Top of The World.

De acordo com a T4F, para quem já comprou o ingressos, eles continuam válidos, sem a necessidade de realizar qualquer troca.

Para quem ainda não garantiu a entrada, as vendas estão disponíveis no site do Tokio Marine Hall (tokiomarinehall.com.br).

Os valores da entrada inteira por setor são os seguintes: Pista: (R$ 340,00), Pista Premium (R$ 620,00 ) e Camarote (R$ 660,00).

Na configuração anterior, do Pavilhão Pacaembu, não havia a opção de Camarote.

Quem já estava preparado para assistir ao show na zona oeste da capital paulista, vai agora ter que se preparar para se dirigir para a zona sul, ao lado da Marginal Pinheiros.

Belle and Sebastian volta ao Brasil em dezembro

 Do site Roque Reverso

A banda Belle and Sebastian voltará ao Brasil no último mês de 2022 para show que será realizado em São Paulo. O grupo escocês vai se apresentar na Audio, no dia 9 de dezembro.

O Belle and Sebastian vem ao País meses depois do lançamento do álbum novo “A Bit Of Previous”, que chegou aos fãs oficialmente em maio de 2022.

Os ingressos para o show na capital paulista já estão à venda no site da Eventim.

Sem a taxa de conveniência, os fãs do grupo tem a opção de comprar na Bilheteria Oficial, localizada no Espaço Unimed, novo nome do Espaço das Américas.

Os valores da entrada inteira por setor são os seguintes: Pista (R$ 300,00) e Mezanino (R$ 380,00).

Para todos os locais, há a opção de meia-entrada, conforme manda a lei.

O retorno do Belle and Sebastian ao Brasil acontecerá pouco mais de 7 anos após a última passagem do grupo pelo País.

Em 2015, ao lado de Iggy Pop, o grupo foi uma das atrações principais do Popload Festival, realizado na mesma Audio que receberá o show de 2022.

Black Punks: ativismo, contracultura e rock pesado



Da Collapsy Agency


A banda paulistana The Black Punks lançou recentemente seu primeiro web clip intitulado "Passageiros da Agonia", o mesmo nome do EP recém-lançado. O videoclipe se encontra disponível na íntegra no canal do YouTube da gravadora Latino-americana Eletric Funeral Records.

Formada em 2018, traz uma pegada punk/hardcore com bastante referência aos clássicos dos anos 90. O quarteto conta com os membros Paul Dickerson (guitarra/vocal), Gabriel Soares (contra baixo), César Henrique (bateria) e Vagner Gevergi (vocal).

O EP "Passageiros da Agonia" que conta com seis faixas traz guitarras pesadas, um contrabaixo presente, uma bateria que comanda muito bem um ritmo forte e pulsante, vocais potentes que mesclam punk rock, hardcore, rock and roll com uma pitada de horror punk. Abaixo, uma entrevista com a banda:

Assista ao webclipe aqui: https://www.youtube.com/watch?v=X323zeoB_DI

Como surgiu o nome "The Black Punks"?

A história é simples, no começo da banda éramos três caras negros tocando punk. Pensamos em "Punk Preto" ou outras coisas óbvias mas, "The Black Punk's eu acredito que foi unanimidade entre nós.

Como e quando a banda surgiu?

A banda surgiu em 2018! Eu estava casa com vontade de fazer um som. Então liguei para o meu amigo Paul (guitarra) e fiz uma proposta da gente se juntar e de fazer um som sem compromisso, mais como hobby só pra tocar mesmo e como já tínhamos bandas anteriores e já tocamos junto em uma outra banda, mas na minha cabeça eu já sabia quem seria o baixista e para minha sorte o Gabriel aceitou. O Vagner (vocal) ele chegou uns dois anos. Uma coisa engraçada era que a banda no começo era somente eu e o Paul e era só no papel, mas a gente já tinha nome e o logo da banda o nome que antes era "D&G The Black Punk's".

A banda segue promovendo seu último lançamento, o EP "Passageiros da Agonia". Como foi o processo de composição e gravação?

O processo de gravação foi um pouco complicado por causa dos nossos respectivos trabalhos, ir gravar em plena segunda-feira não é nada fácil (pois no Brasil é muito difícil viver somente de música, principalmente banda independente), mas quando a gente entrou no estúdio para gravar, a hora passou que a gente nem viu, foram seis horas de gravação. Já o processo de composição é divido entre nós todos mas a maioria das músicas do EP já era de uma outra banda que eu(Cesar), o Paul e o Vagner tínhamos antes. Repaginados as canções para ter uma cara mais atual e acrescentamos duas canções inéditas "Depende" e "Sem piada".

O disco foi muito bem recebido nos de sites de música especializada nacionais e internacionais . Como a banda está vendo esse feedback tão positivo do material lançado?

Na minha opinião (Cesar), estou bem surpreso pois os feedbacks vêm de muitos lugares e são extremamente positivos. No geral sempre pensamos que podemos fazer melhor, e com certeza vamos fazer isso no nosso próximo álbum, que vai vir completo e receado de inéditas.

Suas músicas demonstram muita intensidade e entrega por parte da banda. Existe alguma composição que seja mais especial para vocês?

Essa pergunta é bem difícil. Todas as músicas são especiais para nós, mas individualmente cada um tem a sua predileta. Pra mim são três em especial, é sem piada, depende e todo sofrimento que causei.

Quais as bandas e fontes artísticas que inspiram o som da banda?

As nossas fontes inspiradoras são, Ratos de Porão, Bad Religion , Matanza, O Rappa, Living Colour, Bezerra da Silva, Sabotage, Red hot Chili Peppers, Zumbis do Espaço, Nação Zumbí, Dead Fish e por aí vai pois a lista é grande e cara membro tem a sua individualidade musical o que faz da gente uma banda bem versátil.

Como foi o processo de criação e gravação do clipe do "Passageiros da Agonia"?

Quem produziu foi nosso guitarrista Paul junto com a galera da Sophia-Music Produções. Sempre gostamos de clipes gravados em estúdio, com a banda tocando, mais cru e simples e tentando fazer isso. Porém com o decorrer da produção acrescentamos imagens reais das pessoas usando transporte público para trazer essa realidade ao clipe. E uma coisa tenho que dizer, gravar clipe fingindo que está tocando é bem mais cansativo do que tocar de verdade.

Podemos esperar mais conteúdo inédito da banda em breve?

Conteúdo inédito? Temos muitos! Algumas músicas inéditas a gente toca nas nossas apresentações e nos nossos ensaios wue transmitimos pelo Instagram. Sempre estamos lapidando para gravamos o álbum cheio, que já está em fase de criação e logo mais vai sair. Por fim gostaríamos de agradecer a oportunidade de conversar com vocês, é quase um sonho realizado. Fiquem sempre ligados nas nossas redes sociais: @the_black_punks no Instagram e Facebook e The_black_punks oficial no YouTube! Nosso Webclip "Passageiros da Agonia" está disponível no YouTube da nossa gravadora Eletric Funeral Records e nossas músicas estão disponíveis em todas as plataformas de streaming de música pelo mundo a fora. Não se esqueçam de apoiar bandas independentes, pois sem ajuda de vocês não somos nada.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Festivais e musicais de 2022: 'Mania' Abba, Rock Sessions, Jazz na Ilha...



- Chega ao Brasil o musical "Mania", baseado em canções do grupo sueco Abba, para quatro apresentações, passando por São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Joinvile, como parte do Top Cat Concert Series 2022, série de shows internacionais promovida pela Top Cat Produções Artísticas. O musical será apresentado em meados de 2022, com datas em São Paulo (Espaço Unimed), dia 20 de Outubro, Porto Alegre (Teatro Salão de Atos da PUC) no dia 21 de outubro, Joinville (SC) no Teatro da Liga no dia 22 de outubro e no dia 23 de outubro Rio de Janeiro  no Vivo Rio. Por cerca de 20 anos, sendo o único musical autorizado oficialmente pelo grupo Abba, tendo sido criado para apresentações no West End de Londres, o "Mania" é o musical que encena e canta a história do Abba. Já tendo passado, pela Austrália, praticamente todos países da Europa, Canadá, EUA, Japão, China e diversos países da Ásia, esta emocionante recriação, com mais de duas horas de duracção, abrange quatro décadas de sucesso, recriando na íntegra as maiores canções do Abba, o "Mania" traz à vida as pérolas dos anos 70 e tudo que envolve o sucesso do "Supergrupo": As canções eletrizantes, sedutoras, recheadas de coreografias, em muitas vezes trazendo o caráter emotivo e emocionante que caracterizam as canções do quarteto sueco,. Totalmente ao vivo com adereços, cenografias fantásticas, encenação, iluminação, vídeos e efeitos especiais.


SERVIÇO

Datas MANIA THE ABBA SHOW BRASIL TOUR 2022

20 de Outubro de 2022 São Paulo Espaco UNIMED

21 de Outubro de 2022 Porto Alegre Salao de Atos da Puc

22 de Outubro de 2022 Joinvile Teatro da Liga

23 de Outubro de 2022 Rio de Janeiro - Brasil Vivo Rio



Cidade São Paulo

Data 22 de Outubro de 2022

Dia Quinta feira

Local Espaço das Américas

Endereço Rua Tagipuru, 795 - Barra Funda - São Paulo - SP

Telefone (11) 3868-5860

Site www.espacounimed.com.br

Horário da Apresentação 21:00 h

Abertura da Casa 19:30 h

Realização Top Cat Produções Artísticas & Espaço Das Americas

Canais Oficiais de Vendas (sujeito à taxa de conveniência) Site:

Classificação Etária Classificação etária: 14 anos. Menores de 18 anos entram acompanhados dos pais/responsável.

Duração do espetáculo 140 Minutos



Setor Valor Inteira Valor Meia

SETOR PLATINUM R$ 470,00 R$ 235,00

SETOR AZUL PREMIUM R$ 320.00 R$ 160.00

SETOR AZUL R$ 260.00 R$ 130.00

SETORES A, B, C e D R$ 240.00 R$ 120.00

SETORES E, F, G e H R$ 180.00 R$ 90.00

SETORES I, J e K - TRAVADOS R$ 180.00 R$ 90.00

SETOR PCD R$ - R$ 90.00

CAMAROTE A R$ 470.00 Valor único

CAMAROTE B R$ 320,00 Valor único

Link venda SP

https://www.ticket360.com.br/evento/11505/ingressos-para-one-night-of-tina


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- O novo festival itinerante Rock Sessions chega com grandes nomes do pop, rock e hardcore nacional. A realização traz a assinatura da Opus Entretenimento, uma das maiores plataformas de shows e entretenimento ao vivo da América Latina. CPM 22, Fresno, Detonautas e Di Ferrero, artistas que conquistaram enorme popularidade e visibilidade nos últimos anos, são as atrações confirmadas para o festival Rock Session. O evento será realizado em São Paulo (10/09 - Vibra São Paulo), Curitiba (7/10 - Live) e Florianópolis (8/10 - Hard Rock Live Florianópolis). Os ingressos seguem à venda pelo uhuu.com e pontos autorizados.


SERVIÇO SÃO PAULO


VIBRA São Paulo (Av. das Nações Unidas, 17955 - Vila Almeida) - próximo à Ponte Transamérica

www.vibrasãopaulo.com


Abertura da casa: 16h

Início dos shows: 18h

Classificação: Livre

Ingressos

De R$80 a R$300

Obs.: Confira legislação vigente para meia-entrada.

Canais de venda oficiais:

https://uhuu.com/evento/sp/sao-paulo/rock-sessions-fresno-cpm-22-di-ferrero-detonautas-10347

Bilheteria Vibra São Paulo

Horário de Funcionamento: Segunda a Sexta, das 12h às 15h e das 16h às 19h.

Sábado, Domingo e Feriado - FECHADO (salvo em dias de show, das 14h até horário do show)

Bilheteria do Teatro Bradesco

3º Piso do Bourbon Shopping São Paulo

Rua Palestra Itália, nº 500 • Loja 263 • 3° Piso

Perdizes • São Paulo • SP

Bilheteria do Teatro Opus Frei Caneca

7° Piso do Shopping Frei Caneca

R. Frei Caneca, 569 - Consolação, São Paulo – SP


#PARCELAMENTO E FORMAS DE PAGAMENTO:

Parcelamento - Até 4x - Sem juros / 5x até 12x - Com juros



Formas de Pagamento:

Internet - Depósito e Cartões Visa, Master, Diners, Hiper, Elo e American.

Bilheteria - Dinheiro, Visa, Master, Diners, Hiper, Elo, Vale Cultura Ticket e American

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- O Festival Jazz na Ilha, no Paraná, terá os seus dois últimos finais de semana no final de agosto.  Durante os seis dias totais de programação já ocorridos, mais de 100 músicos realizaram 44 apresentações, sendo 12 shows em palcos públicos e 32 no Circuito +Jazz, espalhados entre bares, restaurantes e pousadas da Ilha do Mel. Nesta edição, o vilarejo de Encantadas também é sede do evento, e recebeu nomes como DJ Medusa, Sotak Confusion Family e Jazz Merlo no último fim de semana. Em Brasília, o palco principal contou com Hanuman Kid, Gulim Duo e ainda Fernando Lobo Trio. Em horários alternativos aos palcos principais, a música continuou com apresentações do Circuito +Jazz. Essas atrações são realizadas em espaços privados da Ilha, e podem ser passíveis de cobrança de couvert artístico ou entrada; os palcos principais são públicos e gratuitos. Os primeiros fins de semana terminaram com grande expectativa para os próximos. Entre os destaques das próximas atrações, está Marília Giller, pianista e compositora que tocará em Encantadas em formato de trio. Confira a programação do dia 20 nos palcos principais gratuitos:


ENCANTADAS

20/08, no 3º fim de semana:

12h-13h: Didones

13h-15h: Priscila Nogueira convida Décio Caetano

15h-16h: Didones

16h-18h: Marília Giller Trio



BRASÍLIA

20/08, no 3º fim de semana:

12h-13h: MITAY

13h-15h: Matita Peré

15h-16h: MITAY

16h-18h: O Som do Saul Quarteto


Serviço:

"8ª edição do Festival Jazz na Ilha"

Endereço: Ilha do Mel, Paraná - Vilarejos Brasília e Encantadas

Data: todos os finais de semana de agosto, com shows aos sábados e domingos (sábados: palcos principais e Circuito +Jazz / domingos: Circuito +Jazz) e atividades paralelas como yoga, oficina e mutirões de limpeza

Horário: palcos principais das 12h às 18h; Circuito +Jazz a partir das 18h às 2h

Ingressos: shows dos palcos principais gratuitos; no Circuito + Jazz, pode haver cobrança de couvert e/ou entrada no estabelecimento

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Maranhão Open Festival divulga lista de atrações

A reencarnação duvidosa do antigo Metal Open Air, o fracassado festival de metal de São Luís (MA) de 2012, já tem elenco e artistas definido. Sem a pompa e a megalomania de dez anos atrás, o agora Maranhão Open Air terá 24 bandas tocando em dois dias no mês de novembro, sendo o conceito agora é mais underground.

A organização informa que o evento acontece nos dias 12 e 13 de novembro no Rio Poty Hotel, em São Luís. Os promotores garantem que o local comporta 5 mil pessoas e oferece segurança e boa infraestrutura - o que faltou em 2012.

Dos 24 artistas contratados, sete são internacionais, com destaque para Mayhem, da Noruega, e I Am Morbid, dos Estados Unidos - uma dissidência do ótimo Morbid Angel.

Entre as bandas brasileiras há nomes estrelados como Ratos de Porão, Crypta e Edu Falaschi, sendo que uma das noites será encerrada pela banda carioca Dorsal Atlântica, que voltou a fazer shows depois de 24 anos só lançando álbuns.

Apesar da boa notícia de termos mais um festival de metal no Brasil e em um lugar alternativo, ainda restam desconfianças a respeito das condições do evento e da capacidade dos empresários e promotores, os mesmos que, por incompetência e inexperiência, fracassaram em 2012, gerando processos de bandas, prestadores de serviço e espectadores.

Prometendo oferecer 47 atrações nacionais e internacionais e reunir ao menos 140 mil pessoas em dois dias, o Metal Open Air não cumpriu as exigências de segurança, não conseguiu financiamento para pagar cachês e os prestadores de serviço e montar uma infraestrutura mínima. 

Apenas 14 artistas foram a São Luís, e só cinco conseguiram, de alguma forma, subir ao palco e fazer um shows precário e mínimo - como Megadeth e Korzus. 

Segundo estimativas de jornalistas que conseguiram chegar ao local, cerca de 5 mil pessoas estiveram por lá em dois dias de tentativas de ver o evento realizado.

O Combate Rock conversou com um integrante de uma das bandas contratadas. ele afirmou que, até agora, as cláusulas do contrato estão sendo cumpridas e que parte do cachê exigido já foi pago. "Não houve problemas até aqui, embora não saibamos mais detalhes do evento. Sabemos que são os mesmos organizadores de dez anos atrás. Por enquanto, estamos deixando as desconfianças de lado", disse o artista, que pediu para não ter o nome divulgado.

Elenco do Maranhão Open Festival

Sábado, dia 12 de novembro

Palco Quilombo12h – Cérebro de Galinha (Brasil)
13h – Alchimist (Brasil)
14h – Mutilator (Brasil)
15h – Azul Limão (Brasil)
16h – Desalmado (Brasil)
18h – Vazio (Brasil)
20h – Omen (Estados Unidos)
22h30 – Satan (Inglaterra)


Palco Aldeia17h – Crypta (Brasil)
19h – Edu Falaschi (Brasil)
21h – Doyle (Estados Unidos)
0h – Mayhem (Noruega)

Domingo, dia 13 de novembro

Palco Quilombo12h – Tanatron (Brasil)
13h – Basttardz (Brasil)
14h – D.F.C. (Brasil)
15h – Gangrena Gasosa (Brasil)
16h – Rebaelliun (Brasil)
18h – Ambush (Suécia)
20h – Troops Of Doom (Brasil)
22h30 – Dorsal Atlântica (Brasil)

Palco Aldeia17h – Garotos Podres (Brasil)
19h – Shaman (Brasil)
21h – Richie Ramone (Estados Unidos)
0h – I Am Morbid (Estados Unidos)

O Preço e Invasores de Cérebros recuperam a fúria punk oitentista



A "Rato Patrulha" nas "Noites Quentes da Cidade" de "São Paulo" é total "Desequilíbrio". "Peste, Fome, Guerra e Morte" mostram a "Guerra nas Ruas" em "Horário Nobre" resultando numa triste "Realidade" e "Sangue de Crianças". "Na Porta do Inferno" fazemos "Oração" e de "Olhos Perdidos" chegamos à conclusão que "Somos Todos Escravos de um Balde de Lixo" e "Cobaias" nesta "Porra de Vida".

A licença poética acima (ou não) é um mosaico literário com nomes de algumas músicas que o Invasores de Cérebros mostrou na última sexta-feira, 12, no Hangar 110. Pode servir perfeitamente como um dos muitos discursos que o líder da banda, Ariel Uliana, proferiu ao longo do show que marcou o encerramento do Punk Rock Live Concert.

O evento reuniu quatro bandas com punk na veia e discursos que atiram contra o sistema repressor e, seguindo o manual, "vomitando" no fascismo, intolerância e desigualdade social que se acentuaram nestes quase três anos de pandemia e completa incompetência do governo descerebrado e escroto.

Não cheguei a tempo de conferir os dois primeiros grupos, Gatos Feios e Hardcore Por Ódio, e infelizmente não poderei opinar. Mas assisti os shows de O Preço e o já citado Invasores de Cérebros.

O Hangar, a casa mais punk de São Paulo, estava com público razoável e antes da entrada dO Preço mandou nos telões vídeos de Exploited, Ratos de Porão, Replicantes, entre outros.

 Circulando pela casa "trombei" com o Criss Crass, brother da Antena Zero que também tava lá conferindo o evento.

Por volta das 21h50 o quarteto liderado pelo ex-Blind Pigs Cristian Targa subiu ao palco mostrando unicidade e harmonia. 

O clichezão "banda orgânica" cai bem na nova banda do Gordo que conduz o vocal e guita base com maestria. Afinal, o cara tá na estrada já há muitos anos e dá conta do recado. Ladeando o vocalista estão Glauco Fornãs (bateria), Tiago Dias (baixo), e Luccas Rodrigues (guita solo/voz) e em pouco mais de 30 minutos mandaram dezesseis porradas. A abertura foi uma sequência pra não deixar respirar com "Na Batalha", "Sem Ilusão" "Alta Combustão" e "Pé na Farra".

A presença brotheira do Júnior Punkids, do Fibonattis em "Unidos Somos Reis" só reforçou que punk é camaradagem e luta contra os descalabros do sistema desigual.

 Performance que cumpriu bem a missão de manter o Gordo na ativa, que segundo ele, pensou em desistir da carreira. Mas a rapaziada ao seu lado evidenciou o quanto ele ainda tem uns bons anos de estrada ainda.

"O show foi bem legal. Esta nova formação funcionou bem no palco. Tocamos um som novo "Resistência é Sobreviver" e os próximos shows serão importantes para gente testar novas músicas", disse Gordo. "Sonhos da Televisão" encerrou o set às 22h20. Como boa banda punk mandou várias porradas no menor tempo possível.
 
Não foi preciso esperar muito pelos Invasores de Cérebros e com Ariel à frente já mandou um "nossa parte é o tudo e sempre vou combater os filhos das putas". O vocalista não poupou "elogios" aos fascistas, políticos corruptos e sistema opressor e desigual.

Críticas ao atual ocupante da cadeira presidencial não faltaram. A política de (falta) de segurança do governo de São Paulo também foi destaque citando que a intenção de armar a GCM (Guarda Civil Metropolitana) só servirá pra tacar o terror e morte na Cracolândia, eterno problema no Centro da cidade.

O Invasores de Cérebros é uma das bandas míticas do punk nacional e com quase quarenta anos de estrada evidenciou que o movimento surgido lá no meio da década de 70 ainda é relevante. Se depender do Ariel e sua família novas gerações de punks surgirão.

 Quase no final do show, Ariel chamou o netinho Julian ao palco e mencionaram a Tina, recém- falecida, e juntos fizeram uma homenagem à mulher do vocalista. Acompanhados pelos presentes que gritavam "Tina", "Tina", "Tina" atestaram quanto o punk rock norteia a família Uliana.
Às 23h25 o grupo encerrou o set com "Somos Todos Escravos de Um Balde de Lixo", mandando bem o recado que punk é punk mesmo.

PUNK ROCK LIVE CONCERT - HANGAR 110, SÃO PAULO, 12/08/22

Set list - O Preço

Na Batalha
Sem Ilusão
Alta Combustão
Pé na Farra
Unidos Somos Reis com Júnior Punkids
Rueiros Avançar
Estupidez Humana
Candidato Imundo
Renegados da Matriz
Resistência e Sobreviver
Total Destruição
Homem Botas
Não Venha Me Julgar
Inconsequência
Enquanto Houver a Esperança
Sonhos da Televisão

Set List - Invasores de Cérebros - Hangar 110, São Paulo, 12/08/22

São Paulo
Realidade
Peste, Fome, Guerra e Morte
Horário Nobre
Na Porta do Inferno
EZLN
Boneco de Tiro ao Alvo
Anti Militar
Rato Patrulha
Sobre Corpos e Mentes
Cobaias
Sangue de Crianças
Oração
Noites Quentes da Cidade
Guerras nas Ruas
I Wanna be Your Dog (The Stooges)
Desequilíbrio
Porra de vida
Somos Todos Escravos de Um Balde de Lixo