Helder Bertazzi - especial para o Combate Rock
No sábado,
dia 28 de setembro, recebi uma mensagem de um grande amigo dizendo que tinha um
ingresso sobrando para o show do Eric Clapton no domingo. E que o ingresso era
meu e sem discussão.
Obedeci.
Afinal, era turnê de despedida de um grande guitarrista, um dos maiores.
Confesso que conhecia pouco do músico, exceto duas canções, que o universo sabe
quase de cor: “Tears in Heaven” e “Cocaine”. E só.
Clapton
nunca frequentou meu universo do rock. Aos 65 anos de idade, minhas bandas são
todas dos anos 60 e 70 e algumas dos 80, e só. Eric Clapton não era parte desse
universo, apesar de compor desde os anos 60.
Portanto,
fui às cegas, exagerando um pouco, claro, pois um mínimo eu conhecia. “Cocaine”
foi a última música. “Tears in Heaven” lá pela metade do show. Todas as músicas
anteriores e posteriores eram blues.
Não posso
negar que fui surpreendido. Afinal, o britânico sempre foi declarado roqueiro. Eu
esperava apenas rock. Mas aí vieram os blues em sequência...e que êxtase a meca
dos shows em São Paulo alcançou. Tanto quem conhecia - a maioria – quanto os perdidos como eu,
estávamos contaminados pelos solos de guitarra do rapaz. Fiquei embasbacado.
Que
espetáculo de música, de show, de músicos. Onde eu estava esses anos todos que
deixei de conhecer a obra desse gênio e todos seus blues? E se me pedissem para
definir Eric Clapton diria “é um branco de alma preta”. Um bluseiro de mancheia.
Deixei o
Allianz Parque com um sentimento enorme de perda. Errei feio por ter ignorado
tanto tempo a obra e por saber que este era seu último show neste pedaço de
terra aqui perto do fim do mundo.
Fico
imaginando quanto erros ainda vou reconhecer nos anos que me restam. Espero que
mais nenhum, pois o esse sentimento corta nossa alma. Sentimento de alguém que
fracassou e o tempo não deixa mais recuperar. Mas se a vida é feita de
memórias, este show é parte delas. E com um merecidíssimo destaque.
Me resta
agradecer ao amigo o ingresso recebido. Imagine se não fosse ao show e
descobrisse Eric Clapton depois de sua passagem por aqui, o quanto não lamentaria
o resto de minha vida ter perdido a chance de ver pela última vez esse monstro,
esse gênio, esse branco de alma preta...
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