quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Doro Pesch, a rainha do metal, chega aos 60 anos

  

A lenda diz que que, em uma da primeiras entrevistas dos integrantes da banda alemã de heavy metal alemã Warlock, um desavisado técnico de som colocou no som ambiente a canção “Call Me\’, da banda americana pop Blondie, liderada pela diva loura Debbie Harry. Entre rios e constrangimentos, a cantora o Warlock, Doro Pech, respirou fundo e encarou os jornalistas.

 

A lenda parece melhor o que  realidade, a julgar pela desenvoltura com que Doro conquistou seu espaço no heavy metal. A menina de 19 anos meio assustada com o assédio e com o sucesso inicial da banda se transformou na rainha do metal,  

 

Ela escancarou as porta para que surgissem um Euniverso de cantoras que desafiaram o machismo e o preconceito, permitindo que garotas como Shirley Manson (Garbag), Lisa Kekaula (Bellras), Tarja Turunen (Nightwish), ristina Scabbia (Lacuna Coil), Angela Gossow (Arch Enemy) e muitas outras brilhassem no mundo da música pesada

Doro honrou com louvor a luta de mulheres como Janis Jpolin, Annie Haslam (Renaissance), Debbie Harry, Wendu O. Williams, as Rubaways e  as protometaleiras da Gitslchool, mas dá para afirmar que ela é a pioneira do metal,

 

De novo no auge

 

Aos 60 anos, no auge criativo e a performance vocal, ela comemora 40 anos de carreira cheia de planos e pensando em novas parcerias e músicas ainda mais emblemáticas e pesadas,.

 

Seu mais recente lançamento, “Amthems for the Champion – In Honor for Regina Halmich”, é uma coleção de regravações de algumas de suas músicas que saiu neste ano e que a mostram renovada e com muito gás. É uma homenagem à amiga do subtítulo, uma das maiores lutadoras de boxe de todos os tempos, com 32 vitórias na carreira de 13 de ano e apenas uma derrota.

 

O apelido de “blondie do metal” ameaçou pegar, mas logo caiu por conta de sua imponência no palco e suas explosivas performances. A lourinha de Dusseldorf foi a primeira a ter sucesso de verdade no metal e ganhou a admiração de gente como Rob Halford (Judas Priest), Lemmy Kilmister (Motorhead) e Biff Byford (Saxon) – não por acaso, todos amigos que participaram ao menos alguma vez de seus álbuns, “Rainha” do metal talvez seja pouco para uma figura tão importante da música ocidental..

 

As celebrações de 40 aos de carreira começaram no ano passado com turnê e álbum de inéditas. Ela jamais tira o sorriso do rosto e fala com tanta alegria sobre sua trajetória que não há como rebater qualquer inconformidade ou equívoco - ela te desarma de forma inapelável com sutileza e generosidade.

 

Em qualquer circunstância, o orgulho transborda. "Era uma garota de 19, 20 anos cantando em uma banda alemã de metal. Não tinha garotas neste meio. Só posso agradecer por uma trajetória tão especial", disse a cantora em conversa online com vários jornalistas da América Latina em 2023

 

Era inevitável que a divulgação do disco mais recente, "Conqueress: Forever Strong and Proud" até então levasse a uma divagação sobre o seu início com a banda Warlock, no começo os anos 80, até chegar à carreira solo, na década seguinte. 

 

"Era uma época mágica, mas difícil para bandas iniciantes e de fora do mundo anglo-saxão", relembrou a cantora alemã. "Tinha Scorpions, Accept, Michael Schenker e artistas alemães de rock progressivo, mas não muito mais do que isso. O Helloween surgiu depois. Então o Warlock fez parte de uma história importante do rock europeu."

 

Ela reconhece que o mais recente disco tem uma carga imensa de influências de 40 anos de heavy metal, em especial as da mágica década dde 1980. "'Conqueress' é mais direto e tem músicas que têm riffs fortes, e não  é coincidência que Rob Halford, do Judas Priest, participa em duas músicas. Como uma celebração, era natural incorporar uma série de coisas."

 

Doro é uma rara artista que assume gostar bastante de estar em estúdio, ja que diz valorizar o ato de criação em toda a sua plenitude. Mesmo quando trabalha em uma canção de outros artistas - casos de "Living After Midnight”, do Judas Priest, e "Total Eclipse of the Heart", de Bonnie Tyler, ambas no álbum e com a participação de Halford - a cantora considera que existe uma elaboração e um trabalho grande para dar a cara dela a qualquer obra musical. "É uma arte reelaborar alguns clássicos, ainda mais com a presença de um gênio como Halford. Gosto de estar em estúdio e gosto de me dedicar bastante á criação."

Absolutamente encantada com a atual fase da carreira, descreveu em detalhes minuciosos os processo de gravação e composição de "Conqueress". Para ela, tudo soava bastante original e novo, com muita intensidade. 

"Embora tudo tivesse um 'carimbo' de 40 ano, houve um frescor no estúdio, uma atmosfera de colaboração que ficou mais intensa neste momento. Não vou dizer que foi melhor do que antes do que sempre foi, mas certamente foi muito diferente, a gente sente quando está surgindo algo bem especial", comemora Doro.

 

Curiosamente, o novo single de trabalho da cantora faz parte de um material bônus do disco novo e que será lançado separadamente em março de 2024 em um EP. "True Metal Maniacs" carrega os clichês de "homenagens aos fãs" bem característicos em bandas como Manowar e Saxon, mas aqui, como na conversa com os jornalistas, ela transborda honestidade e sinceridade.

 

"'True Metal Maniacs' é um hino muito especial para meus fãs. A música expressa a forte união e o amor compartilhado pela música, além de falar de um vínculo profundo. 'True Metal Maniacs' traz lembranças queridas e, ao mesmo tempo, me faz esperar por um grande ano de metal em 2024", concluiu a cantora.

 

Música não muda - ainda bem!

O mundo não estava preparado para escutar uma discípula de Janis Joplin fazendo heavy metal. Aos 19 anos de idade, disfarçava o nervosismo no palco liderando o Warlock com uma agressividade e uma voz rouca e pesada. Era uma novidade em 1984, mas não deveria ser depois do surgimento de The Runaways, Girlschool e outras bandas e mulheres fortes no rock.

 

Doro Pesch mostrava talento e sobre a sua capacidade de desenvoltura para encarar o machismo, a misoginia e, principalmente, as desconfianças. Loura, bonita e estridente, quem aquela barbie pensava que era para chutar as portas dos metaleiros?

 

Para quase todos, ela seria uma presa fácil do mercado e do machismo preponderante n meio do heavy metal tão orgulhoso de ser "true" e "tradicional".

 

Dez anos depois, o mundo tinha mudado completamente mais uma vez, e a loura corajosa, mas que parecia frágil, tinha sobrevivido até mesmo ao grunge, enquanto que 80% de seus detratores tinha sumido ou mergulhado na irrelevância.

 

 

Sua coragem lhe deu resistência e resiliência para suportar a hostilidade de um um mundo despreparado para admitir que a mulher poderia vencer - e que tinha vencido no caso da própria Doro.

 

 

"Conqueress", o álbum de 2023, é uma síntese de tudo isso ao comemorar os 40 anos de trajetória da "rainha do metal". Até parece que ela tinha guardado para esse momento essa coleção de grandes músicas. 

 

 

Ela não apenas reafirma que está mais viva do que nunca, mas principalmente que continua relevante. Afinal, não é sempre que Rob Halford, do Judas Priest, aceita participar do álbum de alguém, e logo em duas músicas.

 

Os dois cantam em uma versão desnecessária e que pouco acrescenta, no caso em "Total Eclipse to Your Heart", de Bonnie Tyler, uma canção brega que não tem como escapar de ser brega em nenhum formato. ainda be que eles se redimem em "Living After Midnight", do Judas Priest, uma canção fantástica que ganhou ua versão saborosa.

 

 

"Children of th Dawn" e "All For You" são verdadeiros tributos aos anos 80, com um resgate fabuloso dos primórdios do Warlock. São pegajosas, estridentes e rápidas, casando bem com a agressiva rouquidão da diva alemã.

 

 

Sem soa forçada ou artificial, Doro sempre se sentiu à vontade dentro dos clichês do metal, deixando claro que a ´música importava mais do que todo e que opiniões alheias não a desviariam do caminho. 

 

 

Com Judas Priest, Saxon e Accept como parâmetro, louvou desde sempre a "vida louca na estrada", os carrões e máquinas envenenados, a boa ida nas festas e um comportamento selvagem - ao menos nas músicas. 

 

 

E isso está em profusão nas boas canções "Lean Mean Rock Machine", com sua aura de rock californiano, e "Fire in the Sky", mais reta e direta, assim como a pesada "I Will Prevail". São músicas simples, com letras sem arroubos de criatividade, mas que transbordam energia e força.

 

 

A música pop aparece n meio do caminho em "Born Unending", com a participação de Sammy Amara, vocalista da banda Broilers, de muito sucesso na Alemanha ao fazer um hard pop honesto. 

 

 

Esta canção é uma homenagem aos anos 90, quando a cantora flertou com um som mais acessível. Destoa um pouco do conjunto, mas não compromete. Que bom que o metal reaparece logo em seguida com "Time For Justice", uma música datada, com uma pegada saudosista dos anos 80, mas devidamente inserida dentro do contexto de celebração.

 

 

"Chains" é a canção mais pesada e a mais bem acabada, com um trabalho de guitarras soberbo, assim como em "Rise", um rockão tipicamente americano que faz uma preparação ótima para "Best in Me", um baladão pesado com jeito bluesy.  Em todas elas as guitarras predominam.

 

 

Tem sido a tônica de vários artistas veteranos e co rock clássico lançarem nos últimos anos trabalhos autorais frequentemente considerados os seus melhores neste século. O novo de Doro é mais um exemplo. 

 

 

Sem ter experimentado um momento de baixa ou de decadência, a cantora alemã retoma o caminho estrelado que trilhou n maior parte de sues 40 anos de carreira. "Conqueress" é um álbum muito bom e, sem variar muito ou inventar, criou o seu melhor trabalho desde 2000.

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