sexta-feira, 31 de maio de 2024

'Show final' do Black Sabbath será um imenso desrespeito a Bill Ward

 Sete anos após a última apresentação da carreira, na cidade natal de Birmingham, na Inglaterra, os integrantes originais do Black Sabbath cogitam uma reunião "definitiva" para encerrar de vez o capítulo da banda que criou o heavy metal, segundo a maioria dos historiadores musicais.

Deveria ser uma boa notícia para os amantes do rock clássico, mas lamentavelmente não é. O que estão tramando é uma desfaçatez e uma suprema falta de respeito com um dos integrantes, considerado o elo mais frágil do quarteto.

Há pouco mais de dois meses o cantor Ozzy Osbourne, com sérios problema de saúde às vésperas de completar 76 anos, comentou em uma entrevista que sentia falta de uma consagração final da banda que reunisse no palco os belhos companheiros, incluindo o baterista Bill Ward.  Um show final com o baterista seria o motivo principal da reunião.

Surpreendentemente, o guitarrista Tonu Iommi achou a ideia boa e disse isso em uma entrevista recentea um programa de rádio norte-americano. Dias depois, o baixista Geezer Butler escreveu nas redes sociais que concorda com a ideia de Ozzy e que estaria aberto a conversar sobre o assunto.

Diante de tamanha "adesão", o tal do show final, possivelmente em Birmingham, na Inglaterra, certamente ocorrerá em algum momento até 2025 - tem de ser logo, já que todos os integrantes têm 76 anos, ou quase.

O problema desta "empreitada" é a hipocrisia e falta de vergonha em propor algo que já devia ter ocorrido; Bill Ward foi sumariamente excluído dos planos fiais do Black Sabbath a partir de 2012, sendo substituído pe,os americanos Brad Wilk (Rage Against the Machine em estúdio) e Tommy Clufeto (em shows).

Esse planos começaram a ser gestados em 2011, quando Ozzy e Iommi anunciaram que a banda se preparava para encerrar a carreira com um longo adeus, que ncluium uma turnê mundial extensa - que passou duas vezes pelo Brasil -, um álbum ao vivo e um DVD ao vivo. O derradeiro show ocorreu em 4 de fevereiro de 2017 em Birmingham, na Inglaterra, a cidade da banda.

Ward chegou a aparecer em fotos promocionais do projeto em 2012, mas misteriosamente foi sacado dos planos ao longo daquele ano. 

E então o mundo foi surpreendido por declarações de empresários dando conta de que o baterista, com histórico longo de alcoolismo e problemas de saúde diversos, estava fota por não reunir condições  físicas para tocar ao vivo. Ozzy e Iommi sustentaram essa versão, mas parece que Ward não concordou com a ideia.

antes mesmo da virada do ano para 2013, o baterista escreveu uma furiosa carta, publicada nas redes sociais, criticando duramente o projeto e seus então ex-parceiros, afirmando que tinha sido excluído por questões financeiras. 

"Eles me ofereceram muito pouco para que eu participasse", postou Ward." Eu queria, no minimo, algo próximo ao que eles iriam ganhar, cada um. Os empresários m,e disseram que não subiriam a proposta porque sempre haveria um risco de eu não poder subir ao palco por questões de saúde. Ninguém sequer veio até minha casa para ver como eu estou e se eu realmente posso tocar atualmente. Ainda estou aberto a negociações, mas eu mereço ser respeitado e remunerado de forma justa."

Em uma entrevista a um jornal de Birmingham, ele comentou que a mágoa com os tr~es ex-amigos era muito grande, porque silenciaram sobre o que estava acontecendo, ou seja, apoiaram a atitude dos empresários que estavam viabilizando o projeto "The End".

Não houve acordo, e os três músicos seguiram em frente sem Ward. Recrutaram Btad Wilk para as sessões que resultaram no álbum "The End". Para os shows, diante da iossibilidade de Wilk em ficar (estava envolvido ainda em alguns eventos com o Rage Against the Machine), chamaram Tommy Clufetos, que tinha tocado por algum tempo na banda solo de Ozzy.

Só muito tempo mais tarde Ozzy e Iommi fizeram comentários superficiais a respeito dos verdadeiros motivos da ausência de Bill Ward - e só o fizeram diante de protestos veemente de fãs nas redes sociais e pela insistência de alguns repórteres ingleses no assunto.

Portanto, falar em "show final" com Bill Ward na bateria soa vergonhoso e escandaloso, para não dizer humilhante, coo se fosse possível apagar os episódios de mesquinhez e patifaria do biênio 2011 e 2012.

 Que pelo menos assumam que tudo não passa de negócios e que Ward, à época, não merecia participar por suas supostas restrições. E que uma reunião agora nada tem a ver com "reconhecimento", mas sim com grana, e mais nada.

Os quatro integrantes tiveram problemas com álcool e drogas, em variados graus, ao longo de suas carreiras, mas Bill Ward sempre foi o mais frágil e suscetível ás funestas consequências. 

Diagnosticado como dependente do álcool e drogas no fim dos anos 70, o baterista ainda tentou continuar na banda no começo da década de 1980 depois da saída de Ozzy Osbourne, em 1979. Gravou o álbum "Heaven and Hell" em 1980, com a presença do vocalista Ronnie James Dio, mas não completou a turnê de promoção. Saiu da banda alegando problmas físicos e fui substituído pelo americano Vinnie Appice, irmão do também baterista Carmine Appice.

Na turbulenta década do Black Sabbath, Ward tentou voltar à banda em 1983, quando Dio e Appoce saíram. Ele gravou o álbum daquele ano, "Born Again", com o vocalista Ian Gillan, e garantiu que estava sóbrio e em forma. Não era verdade: teve uma recaída pesada com vários tipos de substâncias entorpecentes e foi substituído pelo amigo Bev Bevan, da Electric Light Orchestra, outra bana de sucesso de Birmingham..

Gravou dois discos solo de pouca repercussão não anos seguinte e participou da reunião da formação original do grupo no biênio 1997-1998, quando se recuperava de um ataque cardíaco. Vinnie Appice atuou como baterista reserva caso fosse necessário assumir as baquetas, assim como seria na turnê de 2004.

Teria sido mais honesto descartarem de vez Ward em 2011=2012 em vez de submetê-lo à humilhação de  terd e aceitar um cachê considerado indigno por supostos problemas de saúde. E chega a ser desumano falar em "show de despedida" com a presença do baterista depois de tanto desrespeito. 

'Born Again', do Black Sabbath, poe ganhar nova mixagem e perder a aura 'cult'

O álbum é um clássico do rock, ainda que o resultado final tenha desagradado a todos os envolvidos, que não compreendem como ainda é cultuado em lugares como Brasil e Argentina. 

"Born Again", do Black Sabbath, datado de 1983, é o único da banda com Ian Gillan, do Deep Purple, e acentuou a crise criativa e administrativa que dominaria o Sabbath até 1996, quando a formação clássica se reuniu para uma turnê americana.

A tão criticada produção, com seus sons abafados e esquisitos, segundo o guitarrista Tony Iommi, corre o risco de ser "corrigida", já o músico anunciou a intenção de remixar o trabalho, o que causou protestos de quem prefere a obra do jeito que ela foi produzida.

Em declaração dada no programa d rádio Trunk Nation With Eddie Trunk” da SiriusXM, Iommi manifestou interesse em publicar uma nova versão de "Born Again," com uma nova mixagem.

Iommi  não garantiu que o fará, mas comentou que as coisas agora estão mais fáceis, já que as fitas originais, pedidas por anos, foram encontradas no porão de uma pequena gravadora londrina. O conteúdo está sendo convertido para formatos digitais e o guitarrista afirmou que qualquer coisa ser feita depende de coo ele e os engenheiros de som encontrarão as músicas. 

Tony Iommi, Ian Gillan, Geezer Butler e Bill Ward gravaram "Born Again", 11° álbum de estúdio do Black Sabbath, no Manor Studio, em Oxfordshire, Inglaterra. O disco foi produzido pela própria banda em parceria de Robin Black. 

O guitarrista  não sabe dizer o que aconteceu para que o resultado final desagradasse a todos. A principal reclamação é que a mixagem deixou quase todos os instrumentos em volume abaixo do que queriam, além de o som estar abafado.

Nem ele nem Gillaan compreendem o fato de o fisco ser adorado na América do Sul, já que o desempeho em vendas no resto do mundo foi apenas mediano. 

Uma das explicações é de que, em vinil, as canções soam muito pesadas, mais do que os apreciadores de metal estavam acostumados em 1963. A união de duas lendas da música mundial depois da saída de Ronnie James Dio da banda, no ano anterior, também contribuiu para a veneração ao álbum.

As músicas de "Born Again" eram diferentes do que vandas como Judas Priest, Iron Maiden e Saxon estavam fazendo. Estas estavam em bisca de sons mais elaborados e e, de certa forma, masi limpos, com produções esmeradas. 

O Black Sabbath na época era um combo em crise. Em todos os sentidos. E fazia menos sentido ainda ter Ian Gillan como vocalista - fruto e uma decisão desastrada depois de uma noite de bebedeira em um pub de Birmigham, a terra do Sabbath, O empresário do vocalista só soube da "notícia" por amigos, e nem teve tempo de demover o cliebte da empreitada.

Do jeito que chegou ao mercado, "Born Again" se mostrou muito pesado e sombrio, com músicas potentes e interlúdios assustadores. Era uma verdadeira trilha sonora de filme de terror.

Escutar coisas como "Trashed", "Disturbing the Priest", " Zero the Hero", "Digital Bitch" e a faixa-título era uma experiência brutal para quem ansiava por um som agressivo e violento; E o álbum oferecia tudo isso; Ouvidos desacostumados a sons pesados consideraram "Born Again" aterrador em todos os sentidos.

Muita gente considera o trabalho com a essência do heavy metal clássico. Para as pessoas que sempre reivindicavam um exemplo prático e sonoro de como era s "música heavy metal", nunca pestanejei em mostrar a canção "Disturbing the Priest". Para mim, é o melhor exemplo do que é o subgênero. Quem não conhece o metal entende na hora do que se trata.

Por tudo isso, não é uma boa notícia a intenção de Iommi de mexer no sagrado som pesado de "Born Again". Certamente vai "limpar" a sonoridade e torná-la mais "audível e palatável", acabando com a aura cult e "suja" de um disco que simbolizou, de todas as formas, o que fopi e é o heavy metal clássico.

Living Colour inclui o Rio de Janeiro na turnê brasileira

Do site Roque Reverso

O Living Colour incluiu a cidade do Rio de Janeiro na turnê sul-americana da banda que passará pelo Brasil no segundo semestre. O grupo norte-americano vai se apresentar no Sacadura 154 no dia 10 de outubro na capital fluminense.

Com a inclusão da nova data, o Rio abrirá a passagem do Living Colour pelo País, que receberá bons nomes do rock na segunda metade de 2024, apesar dos temores de um suposto estouro na bolha do mercado de shows no Brasil.

Na sequência, antes de embarcar para Chile e Argentina, a banda tocará em Belo Horizonte, em São Paulo e Brasília.

Na capital mineira, o show será realizado no dia 11 de outubro no Mister Rock. Na capital paulista, o grupo vai se apresentar no Tokio Marine Hall no dia 12. Na capital federal, tocará no dia 13, no Toinha Brasil.

Os ingressos para a apresentação no Rio de Janeiro estão sendo vendidos pelo site Show Pass, a partir de R$ 140,00.

Nos shows de Belo Horizonte e São Paulo, a abertura será feita pelo grupo brasileiro Black Pantera.

Para os shows de Belo Horizonte, a Articket é o local de venda online de ingressos. Para São Paulo, o site da Eventim é o oficial. Quanto à apresentação de Brasília, o local é o Clube do Ingresso.

Inocentes lançam a faixa ‘Expresso Oriente’


Do site Roque Reverso

A banda brasileira Inocentes liberou para audição o segundo single de seu projeto acústico. “Expresso Oriente” é mais uma amostra do álbum “Antes do Fim”, previsto para chegar aos fãs em junho.

O single contou com produção, mixagem e masterização de Henrique Khoury e foi gravado no Red Star Studio, em São Paulo.

A capa e as fotos que acompanham o single é de Alexandre Wittboldt, que já havia sido um dos responsáveis pela arte da capa e pelo clipe da versão acústica de “São Paulo”, o primeiro single do projeto.

Apesar do início da divulgação do disco acústico, o grupo destaca que não desistiu do formato elétrico e que continuará fazendo shows no antigo formato também.

https://youtu.be/07YPDstm3U8

Filme ‘Rite Here Rite Now’, do Ghost, tem 4 datas disponíveis em cinemas do Brasil em junho

 Do site Roque Reverso

O Ghost terá seu filme estreando em junho em cidades do mundo inteiro e o Brasil não ficará de fora. A película “Rite Here Rite Now”, distribuída pela Trafalgar Releasing, tem quatro datas disponíveis em cinemas do País: os dias 20, 21, 22 e 23 de junho.

Dirigido pelo líder e vocalista do Ghost, Tobias Forge, e por Alex Ross Perry, “Rite Here Rite Now” é, de acordo com o próprio vocalista, “um filme com elementos de concerto”.

A película traz imagens profissionais dos dois últimos shows da “Re-Imperatour” nos Estados Unidos, realizados no Kia Forum de Los Angeles em 2023. É a mesma turnê que passou por São Paulo no ano passado, quando o Ghost fez shows que entraram para a lista dos melhores de 2023 no País.

Os dois shows na cidade da Califórnia também trazem um elemento especial para os tempos atuais porque o público não foi autorizado a usar celulares durante as apresentações.

Numa tentativa de explicar a história do filme, o Tobias Forge afirmou que, há mais de uma década, quando o Ghost assinou com a Loma Vista, Tom Whalley (proprietário e CEO da companhia) perguntou qual era a história da banda. “Eu disse que, como éramos uma nova banda ‘bebê’ e, mais importante ainda, éramos uma banda ‘bebê’ anônima, não havia realmente uma história convincente para contar. Pelo menos não ainda. Mas eu disse a ele que se ele quisesse uma história, eu poderia inventar uma. Este filme é o fruto dessa conversa”, afirmou no comunicado à imprensa sobre “Rite Here Rite Now”.

Citando uma série de influências, Alex Ross Perry destacou que expandir a saga do Ghost em um longa-metragem foi um “deleite maligno”. “As influências foram muitas, mas acima de tudo, o objetivo final foi criar um banquete único não apenas para os fãs do Ghost, mas para todos os amantes da alquimia cinematográfica entre espetáculo de rock e delícias assustadoras.”

Os bilhetes para as sessões de cinema estão disponíveis em diversas redes desde o dia 9 de maio.

No site https://ritehereritenow.com/ é possível verificar os locais e reservar as entradas.

Uma grande noite de jazz em São Paulo

 O projeto Jazz Fusion Night chega a São Paulo em junho depois de encantar o público argentino. A ideia é reunir artistas locais e internacionais m apresentações que tiveram mais de  1.500 pessoas no Teatro Astengo, na cidade de Rosário, e no imponente Teatro Coliseo, em Buenos Aires.

Os amantes do jazz têm um encontro marcado para o próximo dia 06 de junho, às 20h, no Teatro Gamaro. Criando uma fusão entre o tradicional ritmo nascido em Nova Orleans e outros gêneros musicais, o Jazz Fusion promete uma noite embalada por um repertório eclético, elegante e vibrante.

Em sua segunda edição, o espetáculo produzido pela GA Produções, nasceu com a visão de unir culturas e criar amálgamas musicais únicas. Para isso, agrega em sua formação músicos renomados de diferentes estilos e nacionalidades. No palco estarão presentes: 

Dr. Ed Calle (EUA) saxofonista e uma lenda do jazz latino, vencedor da categoria Melhor Álbum Instrumental, no Grammy Latino 2015, e que já fez participações em mais de 1.700 álbuns; 

John Peña (EUA) baixista, John Peña é classificado como uma das melhores seções rítmicas do mundo, muito procurado por artistas como Michael Brecker, Alex Acuña, entre outros; Lisandro Pidre (México) pianista argentino radicado no México, muito solicitado no cenário mundial; Julio Alberto (Guatemala) produtor e guitarrista é uma jovem revelação em ascensão no cenário internacional do jazz, tendo colaborado com ícones como Tony Succar e o Jesús Molina; e fechando o grupo, Brian Anadon (Argentina), baterista e compositor peruano radicado na Argentina, também é diretor geral e criador do Jazz Fusion Night.

Brian compartilha a animação de trazer o projeto para terras brasileiras. "O Brasil é um país muito rico em muitas coisas, principalmente musicalmente. Grandes estilos, músicos, etc., encheram o mundo de alegria e paixão.  Então, poder trazer uma música bem feita, com profundidade espiritual e com uma equipe incrível, me deixa muito feliz." 

Trabalhado para criar uma atmosfera mágica, a Jazz Fusion Night será um momento onde a música vai transcender fronteiras e décadas.

SERVIÇO

Jazz Fusion Night
Data: 06/06/2024
Local: Teatro Gamaro
Endereço: Rua Doutor Almeida Lima, 1176, Universidade Anhembi Morumbi, Mooca São Paulo, SP
Horário: 20h
Ingressos: https://www.sympla.com.br/evento/jazz-fusion-night/2336166?

Morre Doug Ingle, ex-vocalista da formação clássica do Iron Butterfly

Do site Roque Reverso

Morreu na sexta-feira, dia 24 de maio, Doug Ingle, vocalista, tecladista e principal compositor do Iron Butterfly. A informação foi divulgada no dia seguinte pelo filho do músico, Doug Ingle Jr, que não detalhou a causa da morte.

Cofundador do Iron Butterfly, Doug Ingle tinha 78 anos de idade e era o último integrante da formação clássica da banda norte-americana ainda vivo.

O vocalista também é compositor da música “In-A-Gadda-Da-Vida”, considerado um dos grandes clássicos do bom e velho rock and roll.



Em 1966, Ingle fundou o Iron Butterfly, ao lado de Jack Pinney (bateria), Greg Willis (baixo) e Danny Weis (guitarra). A formação clássica da banda tinha o vocalista Ron Bushy (bateria), Lee Dorman (baixo) e Eric Brann (guitarra).

Erik Brann faleceu em 2003, aos 52 anos. Lee Dorman morreu em 2012, aos 70 anos. Bushy faleceu em 2021 aos 79 anos.

A última passagem de Ingle pelo Iron Butterfly foi em 1999.

Com seis discos na carreira, a banda teve no álbum “In-A-Gadda-Da-Vida”, de 1968, seu maior sucesso comercial, justamente pelo grande hit que se transformou a sua faixa-título, que décadas mais tarde ganhou uma versão bem pesada do Slayer.

https://youtu.be/An0o46MAzm4

The Obsessed em São Paulo: Pesta e Espectro são as bandas convidadas

A veterana banda norte-americana The Obsessed, formada pelo lendário guitarrista e vocalista Scott 'Wino' Weinrich, faz a aguardada estreia no Brasil no próximo mês de junho. Em São Paulo, dia 22/06, no City Lights (Pinheiros), as bandas nacionais convidadas são Pesta e Espectro.

Ingressos em https://www.ingresse.com/the-obsessed/

A banda de stoner doom mineira Pesta fará um dos shows de abertura tanto em São Paulo como em Belo Horizonte (21/06, no Mister Rock). Eles comentam sobre a oportunidade única de participar deste evento histórico.

"Fazer parte do show do The Obsessed é algo muito significante para nós da Pesta. O trabalho do The Obsessed, através da figura do Wino, é um dos pilares das influências do nosso som. Eles são os pioneiros do doom metal estadunidense".

Já a Espectro é uma experiente banda de heavy metal, de Curitiba, que traz referências estéticas, sonora e lírica de Black Sabbath, Saint Vitus, Pentagram, Witching Altar e Danzig. O álbum mais recente é o homônimo de 2022, lançado via Cospe Fogo gravações.

"Neste show tocaremos sons de todos os materiais lançados e também dois sons que sairão em um material que está sendo pensado para este ano", eles destacam.

The Obsessed foi formada ainda na década de 1970 pelo lendário guitarrista e vocalista Scott 'Wino' Weinrich, que depois fez fama com o Saint Vitus, outro peso pesado da cena stoner/doom. Wino, claro, comandará os shows nos dias 21 e 22 de junho!

Carregada da aura Black Sabbath, a música de Scott 'Wino' rapidamente conquistou o respeito dos fãs de metal, punk e crossover.

Hoje, a banda é um quarteto com a adição de um segundo guitarrista que já participou do recém lançado quinto álbum de estúdio, Gilded Sorrow. Trata-se de Jason Taylor. Os demais integrantes do The Obsessed são: Brian Costantino (bateria, ex-Spirit Caravan) e Chris Angleberger (baixo).

“Adicionar Jason Taylor como segundo guitarrista foi uma das melhores decisões que tomei porque ele é um guitarrista virtuoso e devo dizer que ele contribuiu com muitas coisas boas para este álbum", destaca Wino.

Sobre o novo álbum, que saiu em versão nacional pela Hellion Records, o frontman do The Obsessed acrescenta: “Acho que é a coisa mais pesada que já fiz. Pesado em certo sentido, não apenas pesado, mas bem arredondado. Tudo o que faço com Frank Marchand (produtor) fica cada vez melhor. Ele sabe o que diabos está fazendo".

Como colocou o influente site Metal Sucks, o mais recente álbum do The Obsessed prova que, apesar da trajetória de vida e profissional dura de Wino, ele ainda tem a capacidade de definir o som do doom metal. E assim provará ao vivo na tão aguardada estreia no Brasil!

SERVIÇO

THE OBSESSED EM SÃO PAULO

Bandas convidadas: Pesta e Espectro
Data: 22 de junho de 2024 (sábado)
Horário: 19h (portas)
Local: City Lights
Endereço: rua Padre Garcia Velho, 61 - Pinheiros, São Paulo/SP
Ingressos: https://www.ingresse.com/the-obsessed/
Pista 1º lote:
R$150,00 - Meia Estudante/e Meia Social (Mediante 1 quilo de Alimento)
R$300,00 - Inteira

Camarote 1º lote:
R$200,00 - Meia Estudante/e Meia Social (Mediante 1 quilo de Alimento)
R$400,00 - Inteira

SERVIÇO
THE OBSESSED EM BELO HORIZONTE
Banda convidada: Pesta
Data: 21 de junho de 2024 (sexta-feira)
Horário: 20h (portas)
Local: Caverna Rock Pub
Endereço: Rua dos Tupis, 1448 - Barro Preto, Belo Horizonte - MG
Ingressos: https://www.clubedoingresso.com/evento/theobsessed-belohorizonte
Pista 1º lote:
R$100,00 - Meia Estudante/e Meia Social (Mediante 1 quilo de Alimento)
R$200,00 - Inteira

Black Pantera se consolida como a banda mais relevante da atualidade com 'Perpétuo'

O rótulo de banda engajada é insuficiente para descrever o Black Pantera em 2024. Sua música é mais do que instrumento político de afirmação - torou-se uma poderosa ferramenta institucional progressista de combate ao preconceito  de difusão de valores antirracistas e de diretos humanos. Não é pouca coisa.

Tudo isso credencia o trio mineiro de heavy metal a postular o o lugar mais do pódio das bandas mais relevantes de sua geração. Na verdade, é a mais importante, em todos os sentidos.

"Perpétuo", o álbum recém-lançado pela gravador Deck, é a confirmação da fase esplendorosa que atravessa desde que foi fundada, lá em 2013. Sua mensagem política agressiva e violenta, no sentido de grande impacto sonoro, só encontra paralelo no trabalho dos Ratos de Porão = é cru, direto poderoso e certeiro.

A mistura de thrash metal com hardcore agora ganha novas cores. Elementos de hard rock e groove de vários matizes casam bem com a agressividade das guitarras lancinantes e do baixo preciso e marcante. Em constante evolução, o som do trio invade outras praias e se torna mais instigante. 

É impossível não fazer paralelos com Bad Brains e Body Count, bandas pesadas formadas por músicos negros com forte ativismo antirracista e por justiça social. 

Tanto do ponto de vista sonoro como do conceito, das ideias por trás das músicas, i trabalho amplia o que o Black Pantera já havia apresentado em “Ascensão”, expandindo o som, agregando mais estilos e instrumentos, mas sem perder a identidade, muito pelo contrário, fortalecendo a essência da banda.

A negritude domina ainda mais os temas, seja na crítica social, seja na valorização da raça e no empoderamento de quem está cansado de apanhar e sofrer, como diz aquela importante canção dos Paralamas do Sucesso. 

A mensagem é poderosa e reforça a tendência de marco institucional que a Black Pantera pretende deixar como legado. E os horizontes se expandem cada vez mais.

Uma viagem para o Chile, onde tocaram no Festival Rockdromo, fez com que o trio Chaene da Gama (baixo), Charles da Gama (voz e guitarra) e Rodrigo Pancho (bateria) voltassem os olhos para a música latina e para a percepção deles mesmos como parte pertencente desse grupo. 

“Lá em Valparaíso, vendo tantas bandas de países vizinhos terem tanto orgulho e personalidade, passamos a ver o tamanho da importância de entendermos o contexto no qual estamos inseridos. Desde nosso show por lá o termo 'afrolatino' não saiu mais da minha cabeça. Falo isso porque a gente sempre olha para outros continentes e não enxerga a arte, a história e a cultura sul-americana. E essa música faz parte do processo de nos entendermos como homens negros que fazem parte da América Latina. E esse é um dos conceitos base desse disco”m comentou Chaene da Gama.

Dá para perceber esses aspectos em canções como "Boom Boom" e "Black Book Club", com novos elementos que ampliam a sonoridade da banda.A inspiração latino-americana é evidente.

Em "Candeia " e "Mahoraga" os rimos latinos ganham a presença de elementos da música brasileira, em uma espécie de ciranda musical que, em vez de causar confusão, entra em perfeita comunhão com o conceito do álbum. 

O thrash violento ainda está lá, com "Fudeu" e "A Horda", mas o som está mais sofisticado, cheio de arranjos que valorizam a diversidade e a versatilidade. E quem diria que a úsica mais legal seria um hard rock quase pop, mas de rara beleza: "Tradução", uma homenagem à mãe dos irmãos Chaene e Charles. 

Há muito mais instrumentos de percussão, o que aproxima o Black Pantera de seus laços ancestrais, dialogando cada vez mais com a estética tribal e acaba entregando em ritmo e poesia um álbum afro-latino, um chamado à união.

 Isso é bastante perceptível em faixas como “Provérbios”, na qual cantam o refrão em espanhol. A ancestralidade é o cerne desse disco, que foi gravado em 14 dias no Estúdio Tambor, no Rio de Janeiro.

 “A gente vem pensando bastante sobre esse tema, sobre como acabamos sendo eternos através de nosso sangue, nossa luta, nossa ancestralidade. São músicas que refletem isso de maneira incisiva, essa ideia de legado de todos nós. E, se você pensar, daqui 50 anos a banda pode até acabar, mas as músicas vão continuar existindo”, afirma Chaene.

O Black Pantera fala sobre a tentativa de golpe no Brasil em “Sem Anistia", a mais explícita das explícitas das letras explícitas de "Perpétuo".

"Fudeu" narra uma abordagem racista da polícia em um surpreendente funk/hardcore; a banda também  aborda a dívida por todos os anos de escravidão em “Promissória", além de cita trecho do poema “Ainda Assim Eu Me Levanto”, de Maya Angelou, em “Mete Marcha” .

Neste disco, o baixista Chaene está cantando mais, criando um contraste interessante com a voz pesada de Charles. “Eles juntaram um repertório avassalador, com refrões marcantes, trazendo temas fundamentais para os dias de hoje”, aponta o produtor do disco Rafael Ramos.

São 12 faixas com o melhor e mais pulsante rock feito hoje no Brasil. Além da produção de Rafael Ramos, o disco é mixado por Rafael Ramos e Jorge Guerreiro e masterizado por Fabio Roberto (Estúdio Tambor) e Chris Gehringer (Sterling Sound, USA).  

Ouça aqui: https://blackpantera.lnk.to/PERPETUO


segunda-feira, 27 de maio de 2024

Santana, Stones, Paul Simon: os destaques do Panorama Mundial do In-Edit

Carlos Santana, Paul Simon, Rolling Stones, Pete Doherty, Carpenteers e Paul Simon são os destaques do Panorama Mundial da 16ª edição do In-Edit Brasil - Festival Internacional de Documentários Musicais. 

É um panorama variado e que valoriza a informação ao mesmo tempo em que destaca a música. Veja os principais filmes de rock do Panorama Mundial:

Carlos

Rudy Valdez | Estados Unidos | 2023 | 87 min


Esta é a história do virtuoso guitarrista Carlos Santana desde a infância no México até o estrelato internacional contada por ele mesmo. Aos 76 anos e 10 vezes ganhador do Grammy, Santana passou a vida inteira consolidando seu status como um ícone. Em ‘"Carlos",o diretor Rudy Valdez narra a vida do músico entrelaçando entrevistas com o protagonista e sua família com imagens de arquivo recém-descobertas, além de sua lendária apresentação aos 22 anos em Woodstock.

Even Hell Has Its Heroes. The Music of Earth

Clyde Petersen | Estados Unidos | 2023 | 110’


História oral da banda Earth, o projeto de vida do “red neck esclarecido” Dylan Carlson, que conta como o grupo passou de ser “o grupo de metal mais lento do mundo” em meio à explosão do grunge, para se transmutar em uma referência da cultura americana minimalista. Radicalmente fiel ao espírito da banda, o filme nos leva a uma viagem sensorial cerimoniosa e narcótica que oscila entre a beleza e a desolação.

In Restless Dreams: The Music of Paul Simon

Alex Gibney | Estados Unidos | 2023 | 210’


O diretor Alex Gibney nos convida a uma profunda viagem ao universo de Paul Simon. Enquanto mostra a gravação do novo álbum do artista, “Seven Psalms”, o filme traz uma longa narrativa sobre sua carreira e sua vida pessoal.

Joan Baez: I Am a Noise

Karen O’Connor, Miri Navasky, Maeve O’Boyle | Estados Unidos | 2023 | 113’


Joan Baez é um dos nomes mais importantes dos anos 1960. Cantora, compositora e ativista, esteve na primeira linha do folk norte-americano em seu momento mais vibrante. Figura sempre presente nas manifestações pelos direitos humanos e na vanguarda da geração hippie, esteve ao lado de Bob Dylan durante anos em uma relação pouco entendida. Até agora. Aos 80 anos, com uma saúde impressionante e a perspectiva dos anos, Joan Baez conta suas memórias, faz algumas confissões e fala de sua vida atual.

Karen Carpenter: Starving for Perfection

Randy Martin | Estados Unidos |2023 | 99’


A voz melancólica e inimitável de Karen Carpenter somada às harmonias com seu irmão Richard que fizeram dos The Carpenters um dos grupos pop de maior sucesso dos anos 1970. Mas o que era um sonho, aos poucos virou um pesadelo. Com anorexia nervosa e bulimia e um ambiente familiar sufocante, Karen passou a ter problemas de saúde e faleceu aos 32 anos. O filme reúne o testemunho de ilustres admiradores e amigos próximos para homenagear o seu talento, tentar compreender o seu desejo de perfeição e entender a dinâmica familiar que levou ao seu trágico destino.

Let the Canary Sing

Alison Ellwood | Estados Unidos, Reino Unido | 2023 | 96’


Documentário vigoroso e alegre sobre a estrela pop dos anos 80 Cyndi Lauper. Desde as suas origens humildes numa família católica siciliana no bairro de Queens (NYC) e do seu primeiro grupo de blues-rock, Blue Angel, até à criação da sua própria personalidade de palco – excêntrica, desbocada e deliberadamente ingénua – que a catapultou para a fama com sucessos como “Girls Just Want to Have Fun” ou “She Bop” (sobre a masturbação feminina) e sua capacidade de se reinventar na música e no teatro, enfrentando as imposições da indústria e qualquer tipo de intolerância como uma ativista feminista e pró-direitos LGBTQIA+.

Misty - The Erroll Garner Story

Georges Gachot | Suíça, Alemanha, França | 2024 | 100’


Erroll Garner foi um pianista de jazz americano autodidata considerado um gênio por seus colegas. Ele conciliou uma carreira tremendamente bem-sucedida com uma vida privada complexa e pouco transparente. O diretor Georges Gachot mergulha na memória do músico e traz um material de arquivo cheio de pequenas histórias que ajudam a entender uma figura muito admirada musicalmente, mas pouco conhecida na sua intimidade.

Mutiny in Heaven: The Birthday Party

Ian White | Australia |2023 | 98’


Esta é a breve e terrível história de The Birthday Party, o grupo pós-punk australiano impulsionado pela relação incendiária entre o vocalista Nick Cave e o guitarrista Rowland S. Howard. Da vibrante cena de Melbourne dos anos 1970 passando pelos anos de desnutrição e heroína em Londres até a fuga final para Berlim, a banda criou uma lenda que ecoa ainda hoje. Com um material de arquivo de tirar o fôlego, o filme mergulha de cabeça nas caóticas apresentações da banda e suas relações tempestuosas.

Omar and Cedric: If This Ever Gets Weird

Nicolas Jack Davies | Alemanha | 2023 | 127’


“Se isso ficar estranho, prometa que podemos simplesmente parar, pois nada é mais importante do que amar você.” Estas foram as palavras de Omar Rodríguez-López ao seu amigo de infância Cedric Bixler-Zavala em janeiro de 2000, às vésperas de gravar um álbum que mudaria suas vidas para sempre. Este pacto durou uma década, o suficiente para ser destruído pelo engano, pela Cientologia e pela traição. O filme explora a jornada de imigrantes estrangeiros a ícones do rock com The Mars Volta e At the Drive-In, através da amizade, criatividade e o caminho tumultuado para o perdão e a redenção, abordando temas de sucesso, vício e tristeza.

Peter Doherty: Stranger In My Own Skin

Katia De Vidas | Francia | 2023 | 90’


Katia De Vidas filmou a intimidade de seu companheiro sentimental, Peter Doherty, durante 10 anos. Em casa, nos camarins e em momentos longe dos fãs, ela retratou “uma pessoa que só sabe viver em suas canções”. Entre o vício, o palco e a eterna promessa de que um dia estará limpo, Peter foi de popstar adorado pela mídia a um personagem escuro e solitário. Neste filme a diretora mostra o arco de transformação do personagem de forma muito sutil. Filme vencedor do In-Edit Barcelona 2023.

The 9 lives of Barbara Dane

Maureen Gosling | Estados Unidos | 2023 | 107’


Durante décadas, Barbara Dane emprestou sua voz estelar ao movimento pelos Direitos Humanos e Justiça Social nos Estados Unidos, o que lhe rendeu um impressionante arquivo feito pelo FBI ao longo dos anos. Profundamente respeitada por gente como Louis Armstrong, Pete Seeger, Lightnin’ Hopkins, Earl Hines, outras estrelas do folk, blues e jazz, Barbara construiu um legado através de música, ativismo e amor. Hoje, com mais de 90 anos, ela sai em turnê para celebrar sua trajetória.

The Stones & Brian Jones

Nick Broomfield | Reino Unido | 2023 | 93'


Gênio, símbolo sexual, alma perdida, dândi, Brian Jones tinha muitas facetas e ninguém ficava indiferente a ele. Neste documentário, o aclamado diretor Nick Bloomfield desvenda a história do ícone dos Rolling Stones que terminou misteriosamente seus dias no fundo de uma piscina com apenas 27 anos. Com entrevistas detalhadas e imagens de arquivo inéditas até agora, a vida glamorosa e autodestrutiva de Brian Jones é mostrada aqui com detalhes nunca vistos em um o filme que tem tudo o que você espera de um filme sobre os Stones: sexo, drogas e rock n’ roll a todo vapor.

This is a Film About The Black Keys

Jeff Dupre | Estados Unidos | 2024 | 88’


Esta é a estranha história de uma amizade improvável entre o nerd da escola e o garoto popular que jogava futebol. "This is a Film About The Black Keys" acompanha a jornada de Dan Auerbach e Patrick Carney desde sua primeira sessão de improvisação em um porão em Akron, Ohio, até o estrelato nos palcos mais celebrados do mundo. Uma relação que resistiu a intermináveis turnês, gravações e mudanças bruscas de humor. Um quarto de século depois, eles continuam mais unidos do que nunca.

 


Música para ver e ouvir - festival In-Edit chega a sua 16ª edição

Música para ver e ouvir, com muita informação e inteligência. U, dos mais importantes eventos audiovisuais do Brasil chega a sua 16ª edição com mais de 60 filmes, além de painéis diversos e muitos debates. O evento ocorrerá de 12 a 23 de junho em várias salas de cinema de São Paulo.

O In-Edit - Festival Internacional de Documentários Musicais - foi uma grande ideia surgida em barcelona, na Espanha, que ganhou sua ´primeira versão fora da cidade de origem em São Paulo graças, entre outros, ao visionário Marcelo "Aliche" Andrade, um publicitário de origem apaixonado por música 

A importância do evento é tão grande que se tornou uma verdadeira celebração da arte no Brasil, seja em São paulo ou nas mostras itinerantes por cidades como Salvador, Rio Janeiro e e interior de São Paulo 

No ano passado, por exemplo, uma fita sobre a cena da "black music" paulistana lotou as sessões inaugurais e uma especial na Cinemateca Brasileira, por exemplo, resgatando um pouco da história da arte popular brasileira.

Com uma curadoria azeitada e um processo rigoroso de seleção dos filmes, o In-Edit se consolidou com um dos festivais culturais mais importantes do país e cobiçado por cineastas e músicos. participar, de alguma forma, do evento, rende bastante prestígio.. 

Não que ele precise, mas um nome forte da música, como o roqueiro Luís Carlini, de 71 anos, não cansa de dizer como ficou emocionado ao ter o documentário sobre sua carreira exibido em telão no pátio interno da Cinemateca Brasileira em 2022. 

Na programação de 2024, títulos inéditos sobre Karen Carpenter, Carlos Santana, Cyndi Lauper, Barbara Dane, Paul Simon, Joan Baez, o lendário produtor J Dilla, Omar Rodríguez-López e Cedric Bixler-Zavala, das bandas The Mars Volta e At the Drive-In, e Brian Jones e os Stones.

Também foram selecionados filmes sobre a banda sul-africana Die Antwoord, a australiana The Birthday Party, liderada por Nick Cave e Rowland S. Howard, a banda The Black Keys, o compositor Andrés Godoy, a banda Earth e o pianista de jazz Erroll Garner

O vencedor do In-Edit Barcelona 2023, “Peter Doherty: Stranger In My Own Skin", de Katia De Vidas, é outro destaque

Astros de primeira grandeza

Carlos Santana é um dos nomes mais cintilantes retratados nesta edição,  desde sua infância no México até o estrelato internacional,.O documentário foi dirigido por Rudy Valdez. A

 diretora Alison Ellwood retrata a vida vibrante de Cyndi Lauper, desde suas origens até sua luta como ativista em "Let the Canary Sing". 

A amizade e a música de Omar Rodríguez-López e Cedric Bixler-Zavala, das cultuadas bandas The Mars Volta e At The Drive-in, em "Omar and Cedric: If This Ever Gets Weird", de Nicolas Jack Davies. Uma homenagem à lendária Barbara Dane e seu legado musical e ativista, em "The 9 Lives of Barbara Dane", de Maureen Gosling.

O público também poderá assistir ao vencedor do In-Edit Barcelona 2023, o documentário "Peter Doherty: Stranger In My Own Skin", de Katia De Vidas que apresenta um retrato íntimo de Peter Doherty e sua jornada na música; "Karen Carpenter: Starving for Perfection", em que o diretor Randy Martin mostra a trágica luta da cantora e baterista Karen Carpenter, com anorexia nervosa e bulimia, revelando os desafios pessoais por trás de sua voz melancólica e o sucesso dos The Carpenters nos anos 1970.

Tem também a jornada caótica e impactante da banda pós-punk australiana The Birthday Party, liderada pela relação explosiva entre Nick Cave e Rowland S. Howard, em "Mutiny in Heaven: The Birthday Party", de Ian White. 

O legado do lendário produtor J Dilla é celebrado em "The Legacy of J Dilla", de Esther Dere e Christopher Frierson, oferecendo um emotivo retrato do artista que moldou a cena do Hip Hop antes de sua morte prematura. "Joan Baez: I Am a Noise", de Karen O’Connor, Miri Navasky e Maeve O’Boyle, mergulha na vida e na carreira da influente Joan Baez, destacando sua voz no movimento folk e sua relação com Bob Dylan.

Para completar, em "This is a Film About The Black Keys", o diretor Jeff Dupre revela a estranha e duradoura amizade por trás do sucesso da banda The Black Keys e o diretor Alex Gibney mergulha na vida e na carreira de Paul Simon durante a gravação de seu novo álbum, tema de "In Restless Dreams: The Music of Paul Simon". 

A história da banda sul-africana Die Antwoord, uma das formações musicais mais inquietantes dos últimos anos em "Zef – The Story Of Die Antwoord", de Jon Day. A vida glamorosa e autodestrutiva de Brian Jones, dos Rolling Stones, é desvendada em "The Stones & Brian Jones", de Nick Broomfield. E uma emocionante peregrinação musical pela música country na Suazilândia até o Texas em "Dusty & Stones", de Jesse Rudoy. A vida de Erroll Garner, um pianista de jazz americano autodidata considerado um gênio por seus colegas, está em "Misty - The Erroll Garner Story", do diretor franco-suíço Georges Gachot, que já retratou grandes nomes da música brasileira.

Ainda na seleção internacional, o 16º In-Edit Brasil anuncia "Love, Deutschmarks and Death", que retrata a evolução da música turca na Alemanha, desde os anos 1960 até os dias atuais. "Even Hell Has Its Heroes. The Music of Earth", narra a jornada da banda Earth, liderada por Dylan Carlson. 

O estilo musical japonês Minyo, que está em risco de extinção, considerado por muitos como "música perdida", é retratado em "Bring Minyo Back!, de Yuji Moriwaki. Por fim, "Andrés Godoy: El Arte de Perder", de Sebastian Saam, conta a história épica e inspiradora do músico Andrés Godoy, que superou a perda de um braço para criar uma técnica musical única, enquanto "La Singla" revela a vida da lendária dançarina de flamenco Antonia Singla.

O In-Edit – Festival Internacional do Documentário Musical nasceu em Barcelona em 2003 e acontece no Brasil desde 2009, com o objetivo de fomentar a produção e a difusão de filmes documentários que tenham a música como elemento central. A programação conta ainda com uma seleção de longas e curtas nacionais, agrupados nas seções Competição Nacional, Mostra Brasil, Brasil.Doc e Curta um Som, a Sessão Flashback, o Especial Música e Máquinas, além de shows, debates e masterclasses.

A edição de 2024 tem o patrocínio máster de Colombo Agroindústria e Açúcar Caravelas; patrocínio do Itaú Unibanco e da Spcine, através da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo; parceria da Cinemateca Brasileira e Sociedade Amigos da Cinemateca; e é realizado pela In Brasil Produção Cultural, Sesc São Paulo, Lei Paulo Gustavo e Ministério da Cultura, Governo Federal.




Sesc Belenzinho em junho: Patrulha do Espaço, Carne Doce, 365...

 AXTY


Dia 1/6. Sábado, 20h30.
Local: Comedoria (650 lugares)
Ingressos: R$ 50 (inteira); R$ 25 (meia entrada); R$ 15 (Credencial
Sesc)
Classificação: 14 anos
Duração: 90 minutos

O quarteto paulista AXTY é formado por Felipe Hervoso (vocal), Felipi Grivol (guitarra), Jonathas Peschiera (baixo) e Gabriel Vacari (bateria), músicos que praticam um Metalcore que combina o controle de drives, power screaming e vocais limpos de Hervoso com toda a técnica do restante da banda, criando uma combinação visceral, moderna e emocional, sem perder a agressividade do gênero.
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Patrulha do Espaço

Dia 7/6. Sexta, 20h30.
Local: Comedoria (650 lugares)
Ingressos: R$ 50 (inteira); R$ 25 (meia entrada); R$ 15 (Credencial
Sesc)
Classificação: 14 anos
Duração: 90 minutos

O show de lançamento do clássico disco Compacto, em CD e Vinil remixados e remasterizados das fitas originais analógicas, reúne a formação original do álbum que executará o disco na integra e outros
clássicos com a participação de convidados. Da longa e vasta discografia da Patrulha do Espaço o Compacto destaca-se como um dos ápices da fase progressiva da banda.
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Carne Doce

Dia 8/6. Sábado, 20h30
Local: Comedoria (650 lugares)
Ingressos: R$ 50 (inteira); R$ 25 (meia entrada); R$ 15 (Credencial
Sesc)
Classificação: 14 anos
Duração: 90 minutos

Quinto álbum de estúdio da banda Carne Doce, _Cererê_ resgata a origem do grupo, a efervescente cena de rock independente de Goiâniaentre os anos 2000 e 2015, período em que festivais e bandas alternativas locais consolidaram um movimento de resistência à cultura musical do agronegócio.


Dia 21/6. Sexta, 20h30
Local: Comedoria (650 lugares)
Ingressos: R$ 50 (inteira); R$ 25 (meia entrada); R$ 15 (Credencial
Sesc)
Classificação: 14 anos
Duração: 90 minutos

A banda paulista 365 faz parte da história do rock brasileiro. Fundada no auge do movimento Punk e New Wave de São Paulo, em 1983, e com um estilo vigoroso e melódico, alcançou o sucesso com o hit "São Paulo".


SESC BELENZINHO

Endereço: Rua Padre Adelino, 1000.

Belenzinho – São Paulo (SP)

Telefone: (11) 2076-9700

Estacionamento

De terça a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 9h às
18h.

Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00
por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 12,00 a primeira hora
e R$ 3,00 por hora adicional.

O legado mágico de '1984', o maior clássico do Van Halen

 A ousadia por meio da simplicidade inovadora simbolizada por um anjo criança fumando e com cara de sacana. Na época foram poucos os que tiveram consciência do que estava acontecendo. Como poderia haver tamanha rebeldia e inovação em um simples LP?

O impacto e as mudanças de "1984", do Van Halen, foi silencioso, até certo ponto, mas duradouro, sem o estardalhaço do movimento punk oito anos antes. Não encabeçou um movimento, mas certamente impulsionou toda uma cena de hard rock que alterou completamente o panorama do rock da época.

Mas qual a genialidade e a importância que o álbum trouxe se não pioneiro, não inventou nada e nem rompeu com nada - dependendo do ponto do vista?

O sexto álbum do Van Halen estabeleceu novos padrões de produção e de excelência musical sem abusar da autoindulgência e pretensão do rock progressivo e ou da grandiosidade exagerada do heavy metal. "1984" buscou na simplicidade acessível e do uso criativo de sintetizadores, usados desde 1970, pelo menos, um olhar diferente para embalar a festa e o bom humor característicos da banda.

O hard rock já crescia desde o ano interior, quando o Quiet Riot atingiu o topo das paradas - a primeira banda de rock pesado - a conseguir a façanha. Os canadenses do Triumph estavam no auge com seu som poderoso movido a guitarras e colava no Judas Priest, que rivalizava com o poderoso som bombástico de Ozzy Osbourne em carreira solo.

Van Halen colocou em seu melhor álbum ate então uma nova abordagem sonora de rock pesado com canções mais elaboradas com arranjos diferentes. nada seria a mesma coisa no rock depois de "1984".

Todas as bandas californianas de hard rock que explodiram depois beberam naquele álbum icônico, seja pelo conceito, seja pela abordagem ou simplesmente pelo estímulo na busca por sonoridades que iam além do simples rock baseado na guitarra; 

Foi uma mudança que foi demorada a ser percebida, ainda que teve impacto quase que imediato na juventude que vi brava com o surgimento de tantas bandas seminais e extraordinárias. Era o tempo em que o Van Halen precisava se superar para fazer frente e um torpedo sonoro com "stay Hungry", do Twisted Sister;

Não era surpreendente que o Van Halen aparecesse com uma obra-prima e despontasse, de novo, na liderança de um subgênero com boas doses de inovação e canções maravilhosas.

Tinha sio assim em 1978, quando a banda laçou "Van Halen", a estreia poderosa em LP que praticamente salvou o rock, recolocando no mercado depois da febre da disco music e do início do esgotamento do movimento punk; 

Revolucionário, o guitarrista Eddie Van Halen (1955=2020) provocou um terremoto digno daquele que Jimi Hendrix causou dez anos antes. Sua técnica impossível de ser replicada e seus sons tão distintos e pessoais - e diferentes - elevaram os padrões instrumentais e adicionou doses cavalares de excelencia picas vezes vistas. 

"Runnin' with the Devil", "Ain't Talkin' 'Bout Love", "Mean Strret", "Unchained", "head About it Later", a versão de "You Really Got Me" e mais uma pilha de clássicos catapultaram o guitarrista e a banda para o estrelato, jogando uma pressão grande para que a genialidade se mantivesse.

"Diver Down", de 1982, foi um álbum de respeito antes do grande salto. Tinha versões de clássicos do rock, tinha coisas experimentais e tinha jazz, com a participação do pai de Eddie e do baterista Alex Van Halen, Jan, um clarinetista talentoso que tinha boa reputação em sua Holanda natal.

Quando entraram nos estúdios para colocar em prática a sua revolução sonora, o Van Halen já era grande. As primeiras rusgas entre os integrantes apareciam em pequenas discussões, mas que indicavam que havia insatisfação por parte do vocalista David Lee Roth. Ele realmente incorporou a persona do "rock star" e queria porque queria influenciar os destinos da banda, para desespero e ira dos irmãos Van Hsalen.

O clima festivo mascara um pouco a tensão reinante, tensão que também foi responsável pela explosão criativa. As velhas e boas sacanagens comparecem na ótima 'Hot For Teacher", mas tem também uma reflexão pouco usual na excelente "I'll Wait" e seu riff matador de teclado e guitarra. 

Tem também a dramática e sarcástica "House of Pain", com Eddie desfilando elegância, e a roqueira "Top Jimmy", como se fosse uma tentativa de relembrar os velhos tempos, mas com uma roupagem moderna.

No entanto, são os dois megahits que mostram a evolução do grupo, um "novo" Van Halen, que explora as múltiplas possibilidades da guitarra e dos sintetizadores. É um rock próximo do pop, acessível, mas que aponta para novos caminhos naquele ano de 1984.

"Jump" e "Panama" tornaram-se clássicos instantâneos do rock, obrigatórios em qualquer lista de principais exemplos do gêneros. "Jump" é aquele rock de arena contagiante que faz com que todo mundo queira pular e liberar energia. Tem um dos riffs de teclado mais conhecidos, assim coo o solo de guitarra fenomenal ma segunda parte.

"Panama" é a festa por excelência, o maior exemplo de co,o tem de ser o hard rock positivo e energético, com riffs monstruosos e pegajosos, daqueles que grudam no cérebro eternamente e que transcendem o rock. 

O auge do Van Halen foi, ironicamente, a derrocada da formação clássica. A extensa turnê americana durou até meados de 1985, e no final do ano Roth já anunciava que estava fora da banda e lançava o EP "Crazy From the Heat", com versões para canções como "California Girls" e "Just a Gigoloo/Ain't Got Nobody". Largou a vida de cantor de rock para se tornar um crooner de entretenimento variado. Deu certo por algum tempo, mas a imagem de "personagem" se desgastou nos anos 90.

O Van Halen, or sua vez, mudou radicalmente. Com o cantor e guitarrista Sammy Hagar, bem mais velho que os outros integrantes e sólida carreira solo, o grupo acentuou a pegada mais pop sem perder o peso, compondo canções mais elaboradas. 

No entanto, perdeu a espontaneidade e o bom humor. vendeu mais do que nunca, mas o desgaste apareceu em 1996 após quatro álbuns. Hagar saiu brigado com irmãos Eddie e Alex e só voltaria a tocar na banda por uma breve turnê de revival em 2004. Engatou de novo a carreira solo com sucesso e se tornou empresário, sendo dono de casas noturnas e de fábricas de tequila.

A banda, lamentavelmente, perdeu o rumo; Tentou a volta de Roth em 1996, que gravou duas músicas inéditas para uma coletânea, mas as tensões afloraram a ponto de causar um rompimento ainda mais ruidoso do que o primeiro.

No ano seguinte, a surpresa: o amigo Gary Cherone, então ex-Extreme, assume os vocais para o álbum "Van Halen III", que não fez O disco era interessante, mas muito diferente do que era o VanHalen e foi incompreendido. Não durou muito

A banda pouco fez até 2007, quando anunciou a volta de David Lee Roth e a saída de do baixista Michael Anthony, substituído por Wolfgang, o filho de 18 anos de Eddie, então guitarrista. Foram duas turnês até que a banda reciclasse temas descartados e lançasse "Different Kind of truth" em 2012, seguindo de duas turnês americanas. 

O último show ocorreu em 2015 e o fim foi decretado com a morte de Eddie em 2020, aos 65 anos, em decorrência de um câncer no cérebro.


Como a esteia do Van Halen em LP 'salvou' o rock

Bandas ruins estavam fazendo muito sucesso e ganhando dinheiro, e aquele quarteto de Pasadena, na Califórnia, muito melhor do que todos eles, ainda tocava em festas de quintais de vizinhos. A idade ia passando, eles já tinham passado dos 20 anos de idade, e começavam a desanimar. Decidiram pela enésima vez continuar por mais um tempo para ver as coisas acontecerem. 

"Não é possível que seremos recusados mais uma vez", disse o guitarrista astro amado por todos os músicos de Los Angeles. E então encontraram um hippie doidão que entendia muito de música chamado Ted Templeman. Um ano depois lançavam aquele que seria, até então o disco de estreia mais importante e vendido do rock.

Há 40 anos, em maio de 1978, "Van Halen" subia como um foguete nas paradas de sucesso e sumia das lojas contra todos os prognósticos, inclusive os da gravadora da banda, a Warner. 

E então o mundo descobriu um guitarrista genial holandês chamado Edward Van Halen, que viria a ser considerado o guitarrista mais influente do rock depois de Jimi Hendrix. "Van Halen", que entre os fãs virou "Van Halen 1", trazia os elementos que fizeram do quarteto os reis do underground pesado da Califórnia: músicas atraentes, alegres e pesadas, como inovação nas guitarras e letras engraçadas, zombeteiras e ensolaradas.

E a banda dos quintais e dos clubes fedorentos recusada por todas as gravadoras se tornou a "salvação" do heavy metal, como bem definiu o professor e escritor Greg Renoff, no livro "A Ascensão do Van Halen", lançado em 2016 e que ganhou recentemente uma versão brasileira da Editora Madras.

Para quem gosta do Van Halen, de história do rock ou mesmo de um bom livro sobre músicos, a obra de Renof é altamente recomendável. 

O autor, que é muito fã da banda (o que, às vezes, se torna um defeito ao longo da narrativa), faz uma biografia do grupo desde o começo até o fim de 1978, quando fica gigante na turnê mundial do álbum de estreia.

Bastante didático e muito rico em fontes entrevistadas, o livro traça um detalhado panorama de como o Van Halen caminhou a duras penas para conseguir o estrelato – de como, sem muitas firulas, se consolidou a determinação dos músicos, que desanimavam às vezes, mas que tinham convicção de que seriam grandes. 

E o mais legal é que dá pistas de como surgiram os problemas futuros, anos depois, que culminaram na saída do vocalista David Lee Roth em 1984, após seis álbuns de estúdio, vendas gigantescas e turnês monstruosas (com dirito a uma passagem pelo Brasil em 1983).

"Van Halen" é um assombro pela proposta ousada de buscar timbres inusitados e, por que não, inéditos de guitarra e o baixo propulsor que ressaltava ritmo e melodia quase que ao mesmo tempo, algo que gente só graúda do instrumento fazia, como John Entwistle (The Who) e Jack Bruce (Cream), por exemplo. 

A produção de Templeman valorizava o conjunto e o peso característico da banda, de forma lapidada, mas não o suficiente para que soasse pomposo ou artificial. 

No livro, Renoff conta alguns dos então segredos, à época, dos timbres maravilhosos de guitarra de Eddie, como a bomba propulsora e o "cabeçote" inventado por ele para conseguir mais potência e força no som sem ter de aumentar o volume do amplificador.

E aí temos pérolas roqueiras como "Runnin' With the Devil", que abre o álbum com hard rock intenso e delicioso iniciado por um buzinaço. E o quer dizer da fantástica "Ain't Talkin' "Bout Love", um rock veloz e furioso, mas com um groove inexplicável.

 Estão lá "Eruption", a peça instrumental que se tornou a obsessão de todos os guitarristas roqueiros do mundo, a pesada "Ice Cream Man" e a sarcástica e sacana "Jamie's Cryin"'. Tem também os hits certeiros como "Little Dreamer" e "I'm the One", e a peça que catapultou a banda para o sucesso imediato, a versão incendiária e deslumbrante de um megassucesso mundial, "You Really Got Me", clássico dos Kinks.

É nessa faixa que a bateria demolidora de Alex Van Halen e o baixo propulsor de Michael Anthony praticamente definem o som da banda, construindo uma bela parede sonora para as aventuras orbitais de Eddie. 

O disco de estreia do quarteto não apenas salvou o heavy metal, como diz Renoff, como também elevou muito os padrões de produção e os patamares instrumentais da guitarra. Demorou, mas a banda de quintais californiana mudou o mundo da música.

https://youtu.be/Y-IUB62zDlA

https://youtu.be/Bl4dEAtxo0M

https://youtu.be/HB8WHA3WWz0

sábado, 25 de maio de 2024

Kerry King, ex-Slayer, puxa a boa safra de rock pesado de 2024

Do thrash netal ao stoner, o primeiro semestre de 2024 oferece música pesada para quase odos os gostos, e de uma qualidade bem acima da média. A safra é muito boa;

O guitarrista americano Kerry King ainda tem bastante coia para explicar a respeito do final do Slayer há seis anos e de sua "ressurreição" parcial neste ano para penas dois shows. Enquanto diz que a banda não fará mais turnês ou álbuns, anda se divertindo na divulgação de seu primeiro álbum solo, "From Hell I Rise".

Especialista em violência sonora e blasfêmias de todos os tipos, o músico buscou no passado um sentido para a nova obra. Com mais virtudes do que defeitos, agradou aos fãs mais radicais que esperavam brutalidade. Foram recompensados.

O disco é muito pesado e, em vários aspectos, procura avançar em relação aos mais recentes trabalhos do Slayer, um tanto repetitivos e sem muita inspiração, apesar de serem bons.

Acertando na escolha do vocalista, o ótimo Mark Osegueda (Death Angel), que emprestou uma outra personalidade ao thrash metal revestido de modernidade, mas que transpira anos 80 em todas as músicas.

Desde o começo King adiantou que não pretendia mudar os rumos do que quer que seja ou inovar. Evitou sempre criticar o que todo mundo apontava, a estagnação sonora e criativa da antiga banda, e procurou olhar para a frente.

Diante da qualidade do material apresentado, o guitarrista foi bem-sucedido. Não há uma música ruim neste trabalho recheado de riffs pesados e bem construídos. Há alguma canção memorável: Não. mas "Residue" pode perfeitamente ganhar os corações de quem busca a violência sonora do Slayer. 

"Trophies of the Tyrant" é uma das músicas épica do álbum, com seus riffs grandiosos e uma velocidade alucinante. Na mewma linha seguem "Crucifixion" e a "destruidora faixa-título enquanto "Rage" é um sopro em direção ao heavy metal tradicional nos arranjos de guitarra.

Sem muito esforço, Kerry King acertou a mão e reviveu bons momentos do passado com o Slayer com uma sonoridade moderna, ainda que longe de ser memorável. Possivelmente seria dessa forma que soaria um eventual novo fisco do Slayer.

Os ingleses do High on Fire também se saíram bem em trabalho mais recente sem precisar inovar. Seu som muito pesado, baseado no stoner metal, agora está mais puxado para o thrash em "Cometh to Storm", que abre com uma porrada na orelha chamada "Lambsbread".

A banda não alivia e pisa no acelerador em todas as faixas, com direito a alguns interlúdios, coo na faixa já citada e na maravilhosa "Burning Down". São pequenos caprichos que soam interessante em meio à tempestade brutal de riffs.

O som, que predomina é o stoner, sem abuso de velocidade, mas há uma mistura de doom e thrash metal em canções boas como "Tough Guy" e "The Beating". Há equilíbrio entre violência e pancadaria extrema, o que deixa tudo bem diferente do que temos observado no som pesado atual. É um dos grandes discos do ano até agora. 

Também inglesa, a Flamebearer prefere beber nos anos 70 e mirar um som mais encorpado e menos extremo. Em alguns momentos, chega a flertar com o hard rock em "Brazen", seu trabalho mais recente. Os timbres de guitarra são maravilhosos ao incorporar influências que vão de Jimi hHndrix a Uriah heep, de Blue Cheer a Mountain.

Aparentemente despretensioso, o som é poderoso e preenche tudo com um baixo que se expande por todas as direções. "Taste Hell", o primeiro single, é a melhor canção, reunindo todas as virtudes do mundo stoner,principalmente por conta das guitarras.  É um primor de som pesado.

Além de "Taste Hell", os destaques são a cadenciada "Walls Crumbing" e a forte e acelerada "The Grey", com um vocal fantasmagórico que lembra, de longe, os de Ozzy Osbourne. É mais um trabalho sem canções fracas. 

Os gregos do Stone Cream também abusam do peso, mas para o lado do doom metal, com  escorregadas para o hard rock e o blues rock. 

Com uma produção simples e que valoriza a guitarra à frente de tudo, "Bones 'n Blues"é bastante agradável e capaz de agradar a quem gosta de som mais pesado e quem prefere uma sonoridade mais blues e acessível. 

Em pouco mai de 35 minutos o grupo destila sete canções bem acabadas, embora nem um pouco originais. Como é bem característico dos artistas da gravadora Grooveyard Recods, que também reúne outras boas atrações da Grécia, como Freerock Saints, Tania Kikidi e Super Vintage, o Stone Cream busca inspiração no som que emerge do Texas e dos estados americanos do Suil. E dá0lhe doses cavalares de texturas que remetem a Lynyrd Skynyrd, Allman Brothers e Gov't Mule.

A trinca de abertura do álbum já vale a audição - a pesada "No Moe Blood", a bluesy " I Was Wrong" e a setentista "Only in My Dreams", também puxada para o blues.

Os veteranos suecos de The Quill continuam afiados e aproveitaram últimos anos para soltar uma série de álbuns ao vivo e com sobras de estúdio. "Wheel of Illusion" é o trabalho deste ano com músicas inéditas e mostra uma banda mais pesada do que o stoner rock habitual.

Em alguns momentos trata-se de uma volta ao passado, em que o som do Black Sabbath predominava nos riffs e nos vocais arrastados. 

Tem, bastante blues ainda nas canções, mas as guitarras estão bem na cara, com um timbre mais setentista e mais "gordo, da mesma forma que o baixo, que trabalha de forma a formar uma "guitarra base". 

"We Burn" é mais comum e "quadradona", sem grande destaque a não ser o refrão forte. "Rainmaker" e "Elephant Head" são músicas mais bem acabada e pesadas, que representam melhor o som característico desta ótima banda de hard rock pesado.

Spine Shiver exalta o southern rock com sotaque pauista

 A surpresa costuma ser a mesma de quem ouve bandas brasileiras de death ou black metal cantando sobre florestas escandinavas, temas vikings ou celtas. Músicos brasileiros fazendo southern rock? Ms qual a surpresa se tem gente fazendo blues por aqui desde sempre?

"Não tem muitas bandas abordado esse subgênero no Brasil. É bacana ver a reação das pessoas quando ouvem as nossas canções", comenta o vocalista Eli Colt, da banda paulista Spone Shiver, que lançou recentemente a música "Most Wanted", que estará no próximo álbum de inéditas.

Em busca por um som diferente, ser ser necessariamente original, a banda conquistou um bom espaço dentro de um mercado que pouco valoriza iniciativas que fujam do que estamos acostumados.

A grande sacada é que Spine Shiver consegue abordar o southern rock de uma forma aberta e ampla, que agrega diversas influências, como a própria "Most Wanted" indica em seus arranjos de guitarra, principalmente.

Impossível dissociar tal abordagem da formação eclética dos músicos - além, de Eli Colt, tocam Guss Kbel Kbello (guitarra), Rick Koba (bateria) e Michael MD Rock (baixo). Os músicos se orgulham dessa situação, que foi incorporado ao DNA da banda.

Ouça em https://tratore.ffm.to/mostwanted/

"Acredito que conseguimos atingir um patamar que nos permite percorrer e passear por várias possibilidades", diz Eli. "Começamos como uma banda de hard rock oitentista, que é o som que adoramos, e percebemos que havia um espaço para criar coisas interessantes dentro do southern rock. É um som que se torna acessível e aberto a a receber contribuições."

A referência óbvia é Lynyrd Skynyrd, a clássica banda americana de southern rock que moldou o estilo  ao lao lado de Allman Brothers, mas é possível identificar outras influências, como Gov' t Mule, Blackberry Smoke, mas também ecos do bom e velho hard rock clássico de Rainbow, Whitesnake e, não de forma direta, as bandas californianas de Los Angeles. 

É esse o retorno que os músicos costuma  receber  quando tocam na avenida Paulista aos domingos, quando a via é fechada aos automóveis. Os comentários giram sempre  em torno do "som diferente" do que se escuta nos bares e nos palcos alternativos.

É justamente o que os músicos gostam de ouvir. "Mais do que o osso som agradar, esses comentários reafirmam o acerto de nossas escolhas; Tanto que muitos nos dizem que preferem as nossas canções autorais às versões que costumamos entremear nos shows."

Apesar da boa receptividade ocorrer mesmo com a opção de cantar em inglês - "Não consigo compor em português, não fica bom", admite Eli -. a banda celebra a bosa fase  em relação ao agendamento de shows e a possibilidade  de rocar para públicos além do rock.

Recentemente, em um show beneficente no interior de São Paulo, Spine Shiver dividiu o paco com artistas de MPB e sertanejo e o resultado agradou a todos. Isso coloca a chance de tocar em eventos ligados ao country/sertanejo, como rodeios e eventos do gênero.

"Já fui sectário, como todo roqueiro que começou ouvindo heavy metal.Juntar esforço para fazer um evento dar certo é importante para aumentar público e expandir horizontes; Acho que é uma visão importante para uma banda que aspira trabalhar com músicas autorais", afirma Eli Colt.

No trabalho da música "Most Wanted", Spine Shiver exibe sua classe ao desfilar suas influências e misturar gêneros com competência. A música inicia com uma base de flamenco, que logo evolui para uma mistura de hard rock e baião, exibindo a capacidade da banda em fundir estilos distintos.

A canção narra as aventuras de um personagem rebelde, abordando temas como liberdade, aventura e a busca pela atenção tanto da polícia quanto dos fãs. 

A letra reflete uma vida à margem da sociedade, onde o protagonista se vê constantemente perseguido, mas também desejado. 

Originária do interior paulista, a Spine Shiver surgiu em abril de 2018, posicionando-se no cenário musical com uma sonoridade que mistura southern rock, blues, country e folk. 

Com riffs de guitarra expressivos e letras que celebram a liberdade e a cultura do sul dos Estados Unidos, a banda se esforça para manter o espírito do rock clássico vivo, homenageando os grandes nomes do rock n roll.

Bon Jovi apresenta o novo single ‘Living Proof’

Do site Roque Reverso

O Bon Jovi trouxe na sexta-feira, 17 de maio, mais uma amostra de seu novo álbum previsto para o mês de junho. A música “Living Proof” chegou aos fãs por meio de um lyric video.

É a segunda canção apresentada, já que “Legendary” foi liberada em março, acompanhada de um clipe dirigido por Dano Cerny.

O álbum “Forever” será lançado oficialmente no dia 7 de junho e sucederá “Bon Jovi 2020”, de 2020. 
Será o 16º disco da banda norte-americana e terá 12 faixas.

Também será o terceiro sem qualquer contribuição do guitarrista Richie Sambora, que saiu do grupo em 2013.

https://youtu.be/1I5Xja1IfHU

Kerry King libera clipe da música ‘Toxic’

Do site Roque Reverso

O guitarrista Kerry King, do Slayer, liberou na sexta-feira, 17 de maio, o clipe da música “Toxic”, que faz parte de seu álbum solo de estreia. O lançamento foi realizado no mesmo dia da chegada oficial do disco ao público.

A direção, produção e edição do clipe são de Jim Louvau e Tony Aguilera. Os dois já haviam sido os responsáveis pelo videoclipe da música “Residue”, que chegou aos fãs em abril. O álbum de estreia de King em carreira solo recebeu o nome de “From Hell I Rise”. 

No disco, Kerry King é acompanhado por gente do mais alto calibre. O novo projeto conta com o vocalista Mark Osegueda (Death Angel), o guitarrista Phil Demmel (Vio-lence, ex-Machine Head), o baixista Kyle Sanders (ex-Hellyeah) e o baterista Paul Bostaph (Slayer).

https://youtu.be/B2TmL78eHg0

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Virada Cultural: o sepultamento de uma ideia reverenciada pelo mundo

 O medo de perder tira a vontade de ganhar. A máxima esportiva é um dos mantras de treinadores e "coaches" de todas as espécies e se revela verdadeiro em muitos casos. A "extinta" Virada Cultural paulistana, que não existe mais como a conhecemos no passado, parece se encaixar prefeitamentena expressão.

Enquanto a Prefeitura de São Paulo exalta o "sucesso" da edição de 2024, que teria reunido supostamente 4,5 milhões de pessoas - nenhuma fonte independente atestou esse número -, sobram queixas sobre a desorganização na divulgação de atrações de última hora, problemas de infraestrutura gerais e, principalmente, o fato de não ser mais uma "Virada".

Até mesmo vereadores que apoiam o prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição nas eleições este ano, silenciam sobre o tema. Sabem que a nova orientação, que na verdade é velha e vem desde 2017, desidrata o evento e acaba com o conceito original, de integração e ocupação da região central.

Admitem que o mote principal para a mudança que destruiu a Virada pe a questão da segurança. Com palcos espalhados pela cidade sem conexão entre eles, pulveriza-se o público e, teoricamente, facilita o "controle" do povo pelos órgãos de segurança.

A nova secretária de Cultura da cidade, Lígia Jalantonio, comemora  o que considera baixos índices de violência, com o registro de pouco mais de 120 casos de furtos e roubos, quase todos na região central. . 

 "Penso a Virada como uma política de longo prazo e que também tem o papel de formar público e técnicos. Temos toda uma cadeia de economia criativa voltada para o mercado mesmo. Foi um sucesso, com um público muito forte nas arenas afastadas do centro", declarou a executiva ao site Splash, do portal UOL.

A obsessão com a "segurança", manifestada pelo ex-prefeito João Doria (PSDB) em 2017, não passa de um mascaramento da falta de competência da administração pública e todas as políticas em proteger a população, especialmente em tempos em que a cidade é administrada por partidos e prefeito de viés conservador, e de direta. 

Doria também usou afirmar que a Virada Cultural o centro "atrapalhava" o cotidiano da cidade e gerava "muitas reclamações" de moradores, principalmente os do centro - área pouco povoada por residentes fixos.

Uma Virada que não é. Virada, com apenas um dos 12 palcos funcionando 24 horas e palcos tão distantes um do outro impossibilitando a conexão sacramentam a falência do evento e a sua destruição, justamente uma ideia que virou referência internacional 

Claro que os apoiadores da atual administração, que é uma continuação das péssimas gestões de Doria e de Bruno Covas (PSDB), se apressam a defender o atual formato vomitando sobre "diversidade" e "valorização da periferia", coisas tão etéreas e inexistentes nas administrações de partidos de direita quanto aeroportos para discos voadores.

Se a preocupação com a a cultura para a periferia fosse real haveria eventos importantes e frequentes ao longo do ano, com artistas importantes e conceito bel elaborados, e ão somente em um final de semana durante uma Virada esvaziada, 

As edições mais interessantes da Virada Cultural de São Paulo, que ocorreram durante as administrações de esquerda - Fernando Haddad (2013 a 2016) - e centro-direita - José Serra (PSDB, 2004 a 2006) e Gilberto Kassab (PSD, 2006 a 2012) - jamais descuidaram de levar cultura para os bairros mais distantes. 

Os palcos principais estavam no centro, estimulando a população da Grande São Paulo e do interior a ocupar o centro da capital, mas as casas de cultura espalhadas pela cidade, assim como os centros da juventude, recebiam diversos espetáculos alternativos.

Mais do que isso, a periferia recebia atrações de todos os tipos, de graça, ao longo do ano todo, como uma espécie de "consequência" do que a Virada proporcionava,. 

Com shows confinados a teatros pequenos dos Sescs e palcos nos bairros distantes com encerramento às 21h ou 22h, uma ideia original e copiada foi torpedeada sem dó por gente que considera cultura coisa supérflua e marginal, uma "chatice dispendiosa" que só serve para servir de palco para "críticas à administração e propaganda de ideias esquerdistas e de comportamento questionável", como bradou um político conservador da cidade no ano passado, em uma reunião privada.

Esse é o pensamento dessa elite conservadora a respeito da cultura e do entretenimento de qualidade, que flerta com as ideias do nefasto ex-presidente Jair Bolsonaro e todo o seu séquito de seres abomináveis da extrema-direita que flerta com o fascismo. 

Essa gente, que poderia se beneficiar de uma vitrine importante para divulgar a administração, prefere o obscurantismo e o retrocesso em todos os sentidos por conta de uma ojeriza à cultura. Esse pensamento tacanho e tosco contaminou o governo estadual, que extinguiu faz tempo as Viradas que ocorriam em junho e julho em várias cidades do interior.

A Virada Cultura 2024 custou R$ 60 milhões, uma das mais caras já realizadas, e foi a pior de todas; e assim o centro continua abandonado e servindo apenas para discursos demagógicos de revitalização enquanto o comércio morre e a Cracolândia se espalha, assim como o crime organizado. 

A administração conservadora de São Paulo conseguiu matar um dos eventos mais cintilantes e bem-sucedidos da cidade

Clique aqui para ler um artigo do jornal Folha de S. Paulo que tenta comparar o evento deste ano com o de dez anos atrás. Quanta diferença... https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2024/05/como-virada-cultural-de-sao-paulo-foi-de-uma-referencia-a-um-fiasco.shtml

terça-feira, 21 de maio de 2024

Duca Belintani, um brasileiro reverenciado na meca do blues

O mais importante festival de blues tradicional, nos confins do Mississippi, é um, lugar improvável para encontrar um músico brasileiro tocando em algum boteco. E não é que até ali, em Clarksdale, onde a raiz do blues é preservada com todos as forças, tem a marca do Brasil?

"Possivelmente eu sou o primeiro brasileiro a tocar em Clarksdale. É inimaginável o tamanho do meu orgulho", conta o guitarrista paulistano Duca Belintani depois de sete shows naquele tradiciobal festival norte-americano.

Com uma rede de contatos invejável depois de várias visitas aos Estados Unidos, finalmente surgiu a oportunidade de levar a guitarra e o baterista Vinas Peixoto a tiracolo para uma das grandes aventuras de um músico brasileiroterra do blues.

Belintani não é simplesmente só mais um brasileiro a se aventurar e de se dar bem por lá. Celso Salim e Artur Menezes são estrelas na cena de Los Angeles, enquanto que Igor Prado e sua banda já ganharam o maior prêmio do blues americano com o álbum "Way Diwn South", para não falar do baixista Rodrigo Mantovani, integrante da excelente Nick Moss Band.

Só que a persistência e a insistência do guitarrista paulistano, aliadadas a uma certa audácia, o premiaram com uma aventura inesquecível no berço do blues, o delta do rio Mississippi.

Com sete álbuns de blues, sendo um deles uma coisa fantástica que é "Blues na Floresta", um trabalho musical e pedagógico, Belintani é um artista versátil e que valoriza a diversidade, ainda que possa parecer contraditório por se dedicar a um gênero musical considerado "estreito" e "fossibilizado" - nada mais longe da realidade...

Seu mais recente trabalho, "Electric Delta", de 2023, é fruto direto de suas idas frequentes aos Estados Unidos, e está encharcado de blues do Mississippi, uma vertente mais tradicionalista, digamos assim, que se contrapõe ao estilo chamado de Chicago Blues, mais pesado e próximo do rock;

"O estilo de Chicago se disseminou rapidamente a partir dos anos 50 do século passado e influenciou muita gente, dos novos nomes da cena até os grandes nomes ingleses da guitarra", diz o músico,. "Não são muitos,atualmente, principalmente no Brasil, que se dedicam ao tradicionalismo do Mississippi;

"Electric Delta" tem influência direta de uma das viagens instigantes que fez para visitar os grandes locais do blues, saindo de Chicago e, de carro, dirigindo em direção ao sul até o delta do rio Mississippi. Isso fica evidente em sus shows deste ano, em que mistura música com "aulas"de história da música e a arte. Sua didática é impressionante, coisa que o torna um requisitado professor de guitarra.

A viagem pela terra do blues que rendeu "Electric Delta" gerou uma série de contatos que resultou nos sete shows nos botecos de Clarksdale. 

É um vilarejo minúsculo encravado no estado do Mississippi, mas preserva a aura de um dos locais de origem do blues raiz, com mais influências do folk e de outros gêneros musicais dos confins americanos. A cidade é tão mítica e importante que recebe visitantes do mundo inteiro e foi nome de um álbum importante de Jimmy Page e Robert Plant - "Walking into Clarksdale", de 1998.

Todo o mês de abril a cidade e as redondezas recebem músicos e amantes do blues em uma série de eventos destinados a manter a tradição e aos origens do chamado blues raiz.Não existem apenas um festival, mas uma série de eventos e "gigs", como o Juke Joint Festival.

"São vários bares e pequenos palcos montados nas ruas que recebem músicos de várias origens para celebrar o blues", conta Belintani. "A maioria dos músicos aparece por lá com um violão, senta na cadeira e toca por horas. Foi assim que e, minha guitarra e o Vinas Peixoto tocamos em bares ali, no festival. Em dua apresentações tive a honra da participação de M.M. Jackson, um baixista que estava na plateia e quis tocar conosco. Quer coisa mais 'roots'?"

Suas viagens pelos Estados Unidos renderam o contato sem setembro de 2023 para participar dos festivais de Clarksdale. Belintani e Peixoto se prepararam por meses de se tornaram, provavelmente, os primeiros brasileiros a tocar por ali em abril deste ano.

Ele já sabia, mas ainda assim se encantou com o fato de que os americanos do Mississippi não querem saber de onde vem o bluesman. Querem e se divertir, dançar e escutar música boa, sem sofisticação e rebuscamento. O surpreendente brasileiro surpreendeu mais ainda quando tocou músicas próprias.

Com três aparelhos celulares, os dois músicos registraram quase 30 horas de apresentações  que darão origem a um álbum ao vivo, que provavelmente sairá via financiamento coletivo - pelo menso essa é uma das opções analisadas por Belintani.

Para ele, foi uma das grandes experiências musicais de sua vida. "Foi um investimento que valeu muito a pena. Por não ter uma equipe comigo, não tive muitas oportunidades de fazer fotos e vídeos e o que tenho me foi enviado por pessoas da  plateia que foram me mandando, porém uma coisa muito importante aconteceu: tive a ideia de gravar os áudios de todas as apresentações de forma rústica, assim como o festival, e fiz isso com três celulares. Quem puder e quiser ajudar,  deixo o link da campanha e poderão também ver as recompensas para quem puder participar.m será maravilhoso. O link é https://benfeitoria.com/projeto/ducabelintanilivemississippi."

A aventura foi tão marcante que Belintani sonha com a edição  de 2025. "Clarksdale é um lugar mágico, respira-se música, arte e blues o tempo todo. O publico é sensacional e respeita demais os artistas. É uma reverência tão grande, uma devoção inacreditável. É muito mais do que qualquer paraíso sonhado opr qualquer bluesman. É um orgulho ser um brasileiro que toca blues em Clarksdale p e sendo tão bem recebido e aplaudido."


Oxigênio Festival anuncia as primeiras atrações


O Oxigênio Festival 2024, que acontece entre 3 e 4 de agosto no Aeroclube Campo de Marte, em São Paulo (em frente ao Sambódromo), enfim anuncia as atrações principais internacionais e revela mais bandas nacionais do sempre diversificado e empolgante line-up. A clássica banda de punk rock Hot Water Music (EUA) encerra o dia 3/08, enquanto o The Get Up Kids* (EUA), ícone do emo da geração 90/2000, fecha o dia 4/08. 

Esta, que é a nona edição do Oxigênio Festival, é uma realização da Gig Music e Hangar 110.

Além dos dois palcos, o principal e o secundário, estrategicamente montados num grande espaço externo hangar no Campo de Marte, o Oxigênio Festival 2024 terá diversos stands de merchandising, ações de ativação de marcas, praça de alimentação com opção para todos os públicos e bancos para, vez ou outra, descansar e socializar.
Dia 1, o sábado (3/08)

A clássica banda de punk rock norte-americana Hot Water Music será a banda principal do primeiro dia de festival. O quinteto, sempre comandado pela voz e guitarras marcantes de Chuck Ragan, recém-lançam o disco Vows, que eles apontam como uma celebração dos 30 anos de história e também do futuro.

As atrações nacionais do sábado também são de peso e com muita história para contar e cantar no Oxigênio 2024. Tem Hateen, uma das mais queridas formações - desde a década de 90 - do emo/punk rock; Bayside Kings e seu furioso e contagiante hardcore punk, que sempre atrai multidões; e Dominatrix, banda pioneira do punk rock feminista brasileiro.

Completam o primeiro dia a Apnea, banda do baterista Boka (Ratos de Porão) que mistura metal, stoner rock e indie rock, a street punk e altamente enérgica Faca Preta, o quarteto com vocal feminino de grunge/indie Horney, a clássica banda de rock/punk de Fortaleza Backdrop Falls, além do já conhecido Karaokillers, que faz versões matadores de clássicos do rock e do punk.
Dia 2, o domingo (4/08)

O The Get Up Kids (EUA), uma das bandas mais influentes do rock alternativa/emo da década de 1990, volta ao Brasil, agora no palco do Oxigênio Festival 2024, para celebrar 25 anos do disco clássico Something to Write Home About (199), com a promessa de tocá-lo na íntegra e mais outros hits da carreira.

O domingo do Oxigênio 2024 mantém o clássico em evidência no hall das atrações nacionais, com uma trinca eletrizante do punk rock: Sugar Kane e Aditive além do Nitrominds, que faz show especial de reunião exclusivo para o festival.

Tem também Questions, nome altivo e potente do hardcore nacional com reconhecimento mundial; Magüerbes, uma máquina de riffs e hits, em turnê do ótimo disco Rurais; a nova geração é representada pela post-hardcore com vocal feminino December, o hardcore melódico também com vocal feminino da Join the Dance, a novata Swave (formada por figurões da cena alternativa) e mais um dia do divertido Karaokillers.
Oxigênio Festival 2024

Data: 03 e 04 de agosto de 2024
Local: Campo de Marte
Endereço: Av. Olavo Fontoura, 650 - Santana, São Paulo (em frente ao Sambódromo)
Horário: das 12h às 00h
Classificação 16 anos (menores de 16 anos, somente acompanhados dos representantes legais, ou seja, pai ou mãe, durante todo o evento, mediante a apresentação de documentos de identidade comprobatórios).

Ingressos: oxigeniofestival.com.br

Ingressos meia entrada mediante à apresentação da carteira de estudante OU a doação de 1kg de alimento não perecível (MENOS SAL E AÇÚCAR) ou um pacote de absorvente feminino, a ser entregue no dia do show.

Bandas confirmadas:

03 de agosto (sábado): Hot Water Music, Hateen, Bayside Kings, Dominatrix, Apnea, DEB, Faca Preta, Horney, Backdrop Falls, Karaokillers.

04 de agosto (domingo): The Get Up Kids, Sugar Kane, Aditive, Nitrominds, Questions, Magüerbes, December, Join the Dance, Swave, Karaokillers.

Os ingressos estão à venda em www.oxigeniofestival.com.br.

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Somos Rock festival terá Ultraje a Rigor, Ira! e Detonautas


Somos Rock Festival anuncia o elenco de sua quarta edição. O evento foi idealizado por pessoas do mundo da música, que sentiram a falta de grandes festivais de rocks nacionais, que valorizassem as bandas dos anos 80, 90 e 2000. O Somos Rock é um festival que reúne grandes artistas do cenário nacional e internacional englobando todos os anos de vivência do rock atingindo público alvo familiar. O festival contará com Ira!, Humberto Gessinger, Paulo Ricardo, Frejat, Raimundos, Blitz, Biquini, Detonautas, Di Ferrero e Ultraje a Rigor.

Serviço

Dia 25 de Maio de 2024 

Serão 2 palcos unindo fãs do Rock de todas gerações em São Paulo no Anhembi!

Ultraje se apresenta 12h30 e promete fazer um show com todos os sucessos de marcaram a carreira como: Nos Vamos Invadir Sua Praia, Inútil, Ciúme, Marilou, Sexo, Independente Futebol Clube, Zoraide, Rebelde Sem Causa e outros infinitos Hits que a banda colecionou nesses 40 anos de carreira!

Somos Rock Festival

Realização: Tribos Music

Data: 25 de Maio de 2024

Horário: abertura dos portões às 11h

Local: Arena Anhembi (Avenida Olavo Fontoura, 1451 – São Paulo, SP)

Ingressos: a partir de R$120 + taxas em até 10x

James Hetfield recita letra de ‘One’ em nova versão do Apocalyptica

 Flavio Leonel - do site Roque Reverso

O Apocalyptica liberou nesta sexta-feira, 17 de maio, o clipe de sua mais nova versão para a música “One”, do Metallica. A faixa é mais uma amostra do novo álbum da banda finlandesa de heavy metal previsto para junho.

O disco “Plays Metallica Vol. 2” chegará oficialmente ao público no dia 7 de junho e trará o Apacalyptica, depois de quase 30 anos, em um álbum só com covers do Metallica, repetindo o que os finlandeses haviam feito no seu elogiado trabalho de estreia “Plays Metallica by Four Cellos”, de 1996, quando os fãs de heavy metal ficaram boquiabertos ao ouvirem faixas do Metallica executadas com violoncelos.

Desta vez, com a nova versão para o “One”, há grande tendência de uma reação semelhante do público, já que a canção traz um clipe impactante e, mais do que isso, a participação de James Hetfield, vocalista e guitarrista do Metallica, recitando a letra da música, numa contribuição mais do que especial, mas que tende a dividir os fãs das duas bandas, como já pode ser observado nas redes sociais.

É uma das grandes surpresas do disco novo do Apacalyptica e foi revelada somente há alguns dias, de maneira empolgada pela banda, que é fã declarada do Metallica.

Há correntes de fãs dos dois grupos que aprovaram ou desaprovaram a nova versão, justamente pelo fato de James não estar cantando, mas recitando cada verso da música.

Vale lembrar que o Apocalyptica já havia lançado uma versão para “One” no seu segundo álbum “Inquisition Symphony”, de 1998, quando, a recepção foi, em sua maioria, positiva, por parte de público e crítica.

A nova versão traz, além de James Hetfield recitando a letra, a participação instrumental do baixista do Metallica, Robert Trujillo, que já havia participado de outra faixa no álbum: nada menos que “The Four Horsemen”, a primeira do disco novo que ganhou clipe, seguida pelo segundo single “The Unforgiven II”, cujo clipe foi lançado em abril.

A direção do videoclipe de “One” é de Patrick Ullaeus, que já havia sido o responsável pelo clipe de “The Unforgiven II”.

Com cenas de alta qualidade, o vídeo faz clara referência à guerra entre Rússia e a Ucrânia, que já dura mais de 2 anos e já levou destruição e mortes a varias cidades ucranianas. No clipe, os músicos do Apocalyptica aparecem tocando, com cenas ao fundo de cenário de destruição.

“Plays Metallica Vol. 2” será o 10º disco da carreira do Apocalyptica. Se o álbum “Plays Metallica by Four Cellos” veio com oito faixas na época, agora, em 2024, o novo disco terá dez músicas.

Estarão no disco novo do Apocalyptica, pela ordem, “Ride the Lightning”, “St. Anger”, “The Unforgiven II”, “Blackened”, “The Call of Ktulu”, “The Four Horsemen”, “Holier Than Thou”, “To Live Is To Die”, “One” e uma outra versão instrumental da mesma “One”.

“Estamos absolutamente entusiasmados por vos apresentar a nossa reinterpretação de ‘One’ com o próprio mestre – James Hetfield – e Rob Trujillo! Para nós, é absolutamente incrível que o James e o Rob se uniram a nós”, escreveram os músicos do Apocalyptica. “Usamos tudo ao nosso dispor para torná-lo o mais bombástico possível com James Hetfield narrando a história com aquelas letras poéticas! Queríamos que fosse poderoso, tocante e de tirar o fôlego. Agora cabe a você decidir se conseguimos isso!

https://youtu.be/Rg80u-TMNeE

Lemonheads retorna ao Brasil para show único em São Paulo


Do site Roque Revers

O grupo The Lemonheads voltará ao Brasil no início do segundo semestre para um show único na cidade de São Paulo. A banda norte-americana vai se apresentar no dia 19 de julho no Cine Joia.

Os músicos aproveitarão a estadia na capital paulista para a gravação do novo álbum do grupo – o primeiro de inéditas desde 2006 – para presentear os fãs com essa apresentação.

Ainda sem data oficialmente de lançamento, o disco novo tem produção de Apollo Nove, que já trabalhou com Rita Lee, Seu Jorge e artistas internacionais.

O show no Cine Joia contará com a abertura do brasileiro Thunderbird, que já foi VJ da saudosa MTV Brasil e que liderou o grupo nacional Devotos da Nossa Senhora de Aparecida.

A venda dos ingressos para o evento começou nesta quinta-feira, às 12 horas, pelo site do Cine Joia, com preços a partir de R$ 60,00.

domingo, 19 de maio de 2024

'Tommy', 55 anos: quando 'finalmente' o rock vira 'arte'.


O guitarrista metido a gênio tinha sumido do convívio dos amigos de bar e de banda. Apareceu apenas para a gravação do programa de TV dos chapas Rolling Stones no fim do ano e voltou para o casulo. Os boatos eram de que ele estava enfurnado no estúdio caseiro criando aquela que seria a grande obra-prima do Who e do rock. 

Era o suficiente para provocar um certo temor no vocalista Roger Daltrey. "O que esse cara está inventando agora?", perguntou-se ele certa vez, de acordo com um depoimento bem humorado concedido a um documentário sobre a banda.

Quando o guitarrista e principal compositor Pete Townshend saiu da hibernação com o esboço do próximo trabalho da banda, no começo de 1869,  provocou estupefação. 

Na reunião dos integrantes, empresários e produtor, todo mundo se olhou e ficou com cara de interrogação. Pete tinha pirado? 

Entusiasmado, o guitarrista narrava o enredo do álbum duplo que pretendia gravar: a história de um menino que fica surdo, cego e mudo depois de presenciar o assassinato do amante da mãe pelo próprio pai, que voltara inesperadamente da guerra após ser dado como morto.

Criado com dificuldade por conta das limitações físicas e sensoriais e maltratado por parentes e pelo próprio pai, acaba desenvolvendo um talento inacreditável para jogar fliperama (pinball) até virar campeão mundial. 

Idolatrado como "esportista", acaba sendo "vítima de uma iluminação mística" que lhe restitui todos os sentidos. Tendo recebido um "milagre", abandona o esporte e a família e vira um líder de uma seita religiosa e almeja se tornar um "deus" vivo, até que percebe que sua "empreitada" foi corroída por toda a sorte de pecados e corrupção.

"Tommy" era ambiciosa como obra de arte conceitual e musical, com arranjos complicados de inspiração erudita e passagens quase impossíveis de musicar. Era uma ópera em formato de rock, a primeira da história (ou assim eles pensavam que seria). 

Todos se entreolharam e se perguntavam, com os olhos, quem seria o primeiro a tirar sarro ou a contestar a viabilidade do projeto. Demorou meia hora de silêncio e amenidades até que o empresário Kit Lambert, calmamente, começasse a enumerar as dificuldades para executar o projeto.

Preparado, Townshend rebateu todas as perguntas que tinham o objetivo de abortar a ideia e reverter o ceticismo dos companheiros, com direito a certa irritação com as tiradas irônicas do baixista John Entwistle. 

Foi a primeira de muitas batalhas para que a ópera-rock "Tommy" fosse gravada e lançada em 1969. Há 55 anos, a teimosia e persistência de Pete Townshend foram cruciais para que uma das obras mais importantes da música pop fosse concebida contra todos os prognósticos.

Era um projeto arriscadíssimo para uma banda em ascensão e famosa, mas muito endividada. O Who tocava muito e vendia bem, mas não o suficiente para se manter sustentável - no caso, sustentar confortavelmente integrantes e empresários e ainda substituir semanalmente os instrumentos musicais destruídos nos palcos em performances exigidas pelo público. 

Em um dos vários livros sobre a banda escritos pelo jornalista e escritor inglês Chris Charlesworth, Kit Lambert temeu pelo fim da banda no começo de 1969.

"O projeto era maluco e arriscado. Não conseguíamos ver viabilidade financeira, ou seja, achávamos que venderia pouco por ser hermético, quase erudito, pouco acessível. Aquele seria o quinto álbum de uma banda com prestígio e que crescia rápido, mas que estava endividada e sem crédito. Era o momento da virada", disse o empresário. 

Contra todos os prognósticos, "Tommy" deu certo, e muito. Tornou-se a obra mais importante do Who e alçou Townshend ao topo dos compositores de música pop, ao lado de gente como John Lennon, Paul McCartney, Bob Dylan e Brian Wilson, entre outros.

O álbum duplo foi lançado em maio de 1969 e surpreendeu pelo arrojo da ideia e pela qualidade das composições e produção. Mesmo duplo e mais caro do que o normal, vendeu muito bem e impulsionou as contratações de shows. O cachê da banda aumentou e aliviou o sufoco financeiro da banda. Não bastasse isso, acabou sendo o ponto alto da apresentação do Who no festival de Woodstock, em agosto daquele ano..

"Tommy" salvou a carreira do Who, a reputação de Townshend e abriu uma janela gigante de oportunidades artísticas e estilísticas dentro do rock e da música pop. Foi a primeira ópera-rock da história? Para a maioria dos historiadores, sim, mas isso é irrelevante. 

Há gente que contesta, afirmando que "P.F. Sorrow", dos Pretty Things, e "Arthur", dos Kinks, também são óperas-rock e foram lançadas anteriormente. Admitindo-se que seja verdade, ainda assim a proeminência de "Tommy" se justifica: é uma obra melhor dos que as citadas e vendeu muito, mas muito mais.

Por mais que o roteiro seja considerado uma história psicodélica com ares pueris e pseudo-intelectual, "Tommy" marcou época porque mostrou que o rock poderia ter aspirações artísticas mais ambiciosas. Poderia incorporar elementos eruditos e ter pretensões literárias (músicas de Bob Dylan já indicavam essa tendência). 

Townshend já mostrava que poderia avançar em termos de composição quando gravou duas minióperas anteriormente – "A Quick One While He's Away" (álbum "A Quick One", de 1966) e "Rael" ("The Who Sell Out", de 1967) e gostou dos resultados. Era o caminho que tinha encontrado para se diferenciar em uma época que se mostrou a mais competitiva na história da música pop.

O roteiro que se mostrou simples e que foi se complicando ao longo da história casou perfeitamente com a poderosa música criada por Townshend, que adquiria contornos sinfônicos nas instrumentais "Sparks" e "Overture", épicos na longa "Amazing Journey", teatrais nas belas "Tommy Can You Hear Me" e "Sally Simpson", dramáticos em "Pinball Wizard", "Acid Queen" e "Cousin Kevin" e surreais em "Smash the Mirror", para não falar dos aspectos políticos e messiânicos de "I'm Free", "We're Not Gonna Take It/See Me Feel Me".

A crítica recebeu relativamente bem o álbum duplo, embora tenha demorado um pouco para entender o conceito da obra e seu impacto em um público cada vez mais exigente. 

Greg Lake (1948-2017), o eterno baixista do Emerson, Lake & Palmer e amigo de Townshend e Daltrey, conta em uma entrevista para a BBC, em 2009, o impacto do álbum entre os músicos de primeiro time na Inglaterra:

"Eu estava começando no King Crimson, que tinha uma proposta musical revolucionária, mas tinha no Pink Floyd, o Moody Blues fazendo coisas com orquestra, coisas avançadas. Era duro concorrer. E aí aparece o Who com 'Tommy'? E todos se perguntavam: 'Para onde vamos agora?' E (Robert) Fripp [guitarrista e líder do King Crimson] ficava maravilhado com esse ambiente criativo. A cada obra dessas que surgia ele dizia: 'Estamos no caminho certo'. De certa forma, 'Tommy' mostrou para muita gente qual era o caminho.".

"Tommy" é a obra máxima do Who (não necessariamente a melhor) e foi a redenção da banda, catapultando-a definitivamente para o primeiro patamar do rock.

 Com o fim dos Beatles, dividia frequentemente o posto de principal banda do mundo no começo dos anos 70 com Rolling Stones, Led Zeppelin e The Faces. Se não fosse pela ópera-rock, certamente o Who teria implodido naquele ano de 1969.

Contrariando as expectativas, o Who e Townshend não ficaram reféns de "Tommy". Claro, "Pinball Wizard" é obrigatória em quase todos os shows, mas o grupo lidou bem com a importância que a obra assumiu dentro da cultura pop. Tudo bem, já foram realizadas três turnês comemorativas do álbum nos últimos 30 anos, com a execução do álbum duplo na íntegra.

"Tommy" é uma das páginas gloriosas da música pop e, por mais que soe datado, na opinião de algumas pessoas, tornou-se um importante legado do rock dos anos. 60. É um retrato da extrema veia criativa da época, da autoindulgência e dos excessos tão característicos daquele grupo chamado de "realeza do rock britânico". Nada mais anos 60 do que esse tipo de comportamento – e desse tipo de música.