Marcelo Moreira
Última formação do King Crimson (foto: divulgação) |
Ninguém sabia direito o que era aquilo, nem como classificar aquela banda diferente e aquele som bem original. Havia uma certa tendência naquele final de década de 60 na Inglaterra em que artistas surgiam querendo fazer algo inovador e misturando tudo.
Não dava para chamar de movimento, mas havia algo acontecendo e, então, por falta de termo melhor, chamou todas aquelas bandas que faziam algo diferente – Pink Floyd, The Move, The Nice, Moddy Blues, Strawbs, Procol Harum,, Renaissancce – de progressistas. A sacola engordaria ainda com a chega da de Yes, Genesis, Emerson,Lake and Palmer, Rick Wakeman, Jean-Michel Jarre. Camel, Henry Cow, Mike Oldfield, Jean-Luc Ponty, Vangelis e muitos outros.
Para muitos, entretanto, os ingleses do King Crimson representam a definição perfeita de rock progressivo, com sua fusão de rock, música de vanguarda, música experimental, música erudita e free jazz, Na primeira metade dos anos 70, somente os alemães do Kraftwerk, os pioneiros da música eletrônica, conseguiam se igualar em vanguarda e experimentação com o grupo de Robert Fripp.
Guitarrista de vasto conhecimento acadêmico e de alta criatividade, Fripp era um crítico pesado do rock e da música popular e adorava citar referências eruditas sobre sua forma de tocar. Irritava as pessoas ao dizer que fazia música para a cabeça, não para os pés.
Ironicamente, foi por meio do rock que ele e sua banda ficaram conhecidos. Criou o King Crimson dos escombros do trio Giles, Giles e Fripp, que manteve com os irmãos Michel e Peter Giles. Michael fez parte da formação inicial, que ainda tinha Greg Lake (baixo e vocal),Ian MacDonald (instrumentos de sopros e violão, além de alguns teclados) e Peter Sinfield (letrista e efeitos de iluminação.
Estrou em ato estilo, com um poderoso e inquietante álbum de estreia, ”In the Court of Crimson King”, e abrindo para Rolling Stones e Blind Faith em um Hyde Park, em Londres, com 150 mil pessoas, em 5 de julho de 1969.
Primeira formação da banda, em 1969 (FOTO: DIVULGAÇÃO) |
A ironia é que, de todos os músicos com que tocou, o que mais antipatizava com ele foi o que mais o suportou. Ffripp e o baterista Bill Bruford, que tinha fundado o Yes, não se suportavam, mas se admiravam musicalmente.
Até 1974 o King Crimson fez grandes álbuns, como “Islands”, “Lizards, “Red” e “Lark’s Tongues in Aspic”, mas Fripp achava que não era o bastante. Senria-se limitado e queria bemmais,experimentar muito mais. Encerrou abrupyamente o grupo em 1974.
Depois de trabalhar com Brian Eno (ex-Roxy Music) e Andy Summers (futuro The Police), achou que era hora d ressuscitar o King Crimson em 9181 com Bruford na bateria, Tony Levin no baio e no stick e Adrian Belew na guitarra e nos vocais. Era uma banda mais roqueira, mas bastante experimental. Foram quatro anos e três álbuns ótimos, mas Fripp enjoou de novo e colocou a banda em hiato até 1991.
O quarto virou sexteto coma chegada do baterista e percussionista Pat Mastelotto e do baixista/stck man Trey Gunn – o King Crimsson dividia Levin coma banda solo de Peter Gabriel – e a banda se tornou ainda mais experimental e mais jazzística.
A partir de 1995 o sexteto se subdividiu em alguns “quartetos” para explorar novos caminhos, muito ousados e audaciosos. Tudo durou até 2003, quando Fripp decretou novo hiato.
'King Crimson em 1981 (FOTO: DIVULGAÇÃO) |
Voltaria com o em 2007 como um septeto e novos músicos, como os bateristas Jeremy Stacey e Gavin Harrison (Porcupine Tree) fazendo companhia a Pat Mastelotto – Bruford anunciara a sua aposentadoria – e o guitarrista Jakko M. Jakszyk como vocalista e guitarrista no lugar de Adrian Belew. Teve lugar também para o saxofonista Mel Collins,que tinha partido para jazz underground anos antes.
Com hiatos menores, o King Crimson manteve essa formação por 13 anos até encerrar definitivamente as atividades em 2020 após 51 anos depois de sua fundação. Duas de suas últimas apresentações foram na sua única visita o Brasil, em 2019, para tocar no Rock in Rio e no Espaço Unmed, em São Paulo.