quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Em uma era de incertezas, precisamos de mais, muito mais

 Marcelo Moreia

IMAGEM: REPRODUÇÃO


Um século que dizima todas as nossas certezas e semeia dúvidas e medo em todos os corações. Fazia tempo que um ano novo que chega não trazia tants preocupações como 2025 nos mais variados campos do conhecimento humano; Em vez de esperança, doses fartas de incertezas povoam as perspectivas e infestam o horizonte.

Os desastres naturais cava vez mais intensos e em maior número são uma realidade, enquanto os europeus se preparam para a III Guerra Mundial – que, para muita gente, já começu há tempos.

Temores e pessimismo solaparam as esperanças no momento em que o nefasto Donald Trump foi eleito novamente presidente dos Estados Unidos, reacendendo a chama dos partidários do nefasto Jair Bolsonaro de conseguir recuperar terreno em 2026.

O pessimismo toma conta da política nacional por conta da demora em se investigar as tentativas de gole de Estado no final de 2022 e na responsabilização de seus perpetradores. Nada está sendo mais esperado do que a prisão do ex-presidente de notórias inclinações autoritárias e quase fascistas.

O nosso cotidiano começa 2025 permeado por aumento de tarifas públicas, crescimento exponencial da violência policial e de manifestações racistas em todos os níveis, resultado direto do incentivo ao ódio pela extrema-direita representada pelo bolsonarismo nojento (pleonasmo).

Quando o antirracismo vira “coisa de esquerda” e iniciativas para combater coisas como o trabalho análogo à escravidão são bicotadas e torpedeadas é porque a doença é grave e se espalha muito rápido.

Menos mal que ainda temos a música e a arte para no salvar, ao menos por enquanto. Nunca tivermos uma oferta tão grande e vasta de shows internacionais como em 2024 e fomo o ano novo prenuncia. Temos de aproveitar, já que o número de “turnês de despedida” aumenta a cada dia – Roger Waters, Eric Clapton, Gilberto Gil, possivelmente Caetano Veloso, Sepultura, Angra, Dr. Sin...

O vácuo é grande, inversamente proporcional à quantidade de candidatos em condições a preencher as lacunas. A geração Greta Van Fleet, com todos os pés fincados n passado e sem ousadia, não mostra ter estofo para assumir a responsabilidade, e o mundo engajado e ativista do Black Pantera e de Tom Morello (ex-Rage Against the Machine) tem, obstáculos e oposição demais para ampliar seu espaço. O que sobra então?

A tendência é que 2025 seja um ano de transição que vai consolidar a saída de cena de nomes importantes do rock e, de forma tímida, apontar caminhos alternativos e candidatos a ocupar os espaços nas grandes arenas.

Se olharmos por outra perspectiva, somos forçados a reconhecer que o rock perde ainda mais espaço e, de forma, progressiva, por conta de uma certa acomodação, com falta de ousadia e audácia, tendo como pano de fundo a predominância do rock clássico, do tipo fossilizado, do mesmo tipo que paralisou a música erudita, sempre refém das peças de Ludwig van Beethoven (1770-1827), Frederic Chopin (1810-1849) e Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791).

Nunca o rock clássico simbolizou tão bem uma época cultural, ao menos na música em nosso país: comodismo, preguiça, desinteresse, ranço, ressentimento, certa cobardia e até mesmo raiva pelo novo e elo inovador.

Acaba caindo na mesma vala comum da fossilização artística do sertanejo moderno, do pagode esterilizado e anódino e do funk ostentação da pior espécie. Faz parte da trilha sonora de um mundo conservador e parado no tempo, de ideias antigas e emboloradas que giram em falso, como um disco riscado em uma vitrola.

Costumava ser uma época de esperança, mas o ano novo de 2025 se torna uma era de incertezas, em que a guerra e o ódio ditam nossos comportamentos realçando a perversidade e a desumanidade. São tempos difíceis e desalentadores.

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