Elas são impetuosas, valentes e
sem medo de ousar. A nova sagra de artistas femininas na verdade nem é tão nova
assim, se levarmos em conta que a norueguesa Issa já é uma veterana do rock
pesado internacional; Só que seu lançamento mais recente a coloca de forma
justa ao lado de nomes fortes da cena atual por conta da boa qualidade do que
está produzindo.
Entre os nomes novos, os
destaques são as irmãs mexicanas Villarreal da banda The Warning e a inglesa
Marisa Rodriguez, que lidera a banda The Moths. É rock pesado, grandioso e
potente, mas boas doses de inovação e arranjos modernos.
The Warning é um fenômeno da
internet dos anos 2010. Daniela (guitarra e vocais), Alejandra (bixo e vocais)
e Paulina Villarreal (bateria e vocais) surgiram fazendo versões bacanas de
clássicos do rock com um peso incomum. Tinha, respectivamente 14, 9 e 11 anos e
encantaram alguns executivos de selos internacionais, que perguntaram se elas
tinham músicas próprias. Elas tinham, e muito boas. Dez anos depois, ainda
muito jovens, são destaque mundial
"Keep Me Fed" foi
lançado em junho e é o ambicioso disco do trio mexicano. No álbum anterior,
"Error", de 2022, já davam pistas de trocar o hard rock e power pop
por canções mais "modernas", digamos assim. O peso tinha diminuído e
os arranjos eletrônicos ganharam espaço.
No disco novo, essa tendência
se acentuou. O hard rock ainda está lá, mas agora divide o espaço com outros
elementos que direcionam o som de The Warning para algo próximo do que os
italianso do Maneskin vêm fazendo. Daniela é uma senhora guitarrista, mostrando
muitos recursos, e acrescentou um goove diferente à variedade de timbres que
destila.
O baixo de Alejandra está mais
presente,q uase como uma guitarra base, enquanto que a bateria de Paulina está
menos marcial e mais variadam acrescentando novas cores ao som instigante da
banda, como na ótima "Automatic Sun", a música mais pesada do disco.
O som ficou mamis refinado e,
com isso, as letras acompanharam essa evolução. Sem medo de opinar e mostrar
que são antenadas, exaltam as mulheres sem mergulhar no feminismo e adoram mostrar
que são poderosas, e isso fica claro na potente "Sick" e na roqueira
"Hell You Call a Dream", onde as guitarras explodem na cara.
O único tema em espanhol,
"Que Más Quieres", ainda é resquício do passado recente de temas
românticos, mas com um viés mais incisivo, com as garotas mostrando os dentes.
"Keep Me Fed" é um dos grandes álbuns do ano.
Marisa Rodriguez é uma cantora
em ascnsão que também começou no hard rock e foi migrando para um estio mais
pop misturado com temas mais alternativos, digamos assim. Ela chamou a atenção
no ano passado ao aparecer bem em uma canção no álbum da guitarrista inglesa
Sophie Lloyd.
Com voz doce, mas potente, já
preprava o terreno para o lançamento de estreia da banda Marisa and The Moths,
"What Doesn't Kill You". A moça e a banda pisam no acelerador e
mostram canções pesadas e agoniantes.
A aberura, "Cursed",
engana por ser uma balada com voz e piano e uma leve orquestração. Ao estilo
Evanescence, Marisa esbanja dramaticidade em uma interpretação emocionada, mas
que não prepara para o rockão que vem em seguida, a ótima "Get It Off My
Chest", que tem uma levada típica das bandas modernas de metal da Holanda,
como Epica.
A angustiante
"Borderline" vem em seguida na linha de não permitir que possamos
rotular o que estamos ouvindo. O peso da anterior dá lugar a um rock alternativo
que lembra um pouco Smashing Pumpkins, e a interpretação de Marisa aqui é de
novo ótima;
Com 16 canções, é um trabalho
denso variado, que requer seguidas audições para ser apreciado por
completo. Ela canta bem e faz um trabalho de guitarra base aceitável para que
Alez D1'Elia brilhe nos riffs e nos solos bem construídos, como na interessante
"Wither Me",, que flerta com o hard rock.
Há outros pontos altos, como a
climática "Who Are You Waiting For?" e pesada "Gaslight",
essa caindo para o alternativo e lembrando um pouco o The Warning atual.
marisa Rodriguez fez uma aposta
arriscada ao variar os temas e tentar abraçar o maior número de públicos
possíveis. Conseguiu uma regularidade incomum para um álbum de estreia e com 15
canções.
A norueguesa Issa apareceu no
anos 90 como a sucessora de Lita Ford, com a vantagem de cantava bem melhor. A
escolha pelo hard rock tinha sido acertada e virou referência na Europa,
vendendo muito e colocando pressão em cima da alemã doro Pesch, então a
"Rainha do Metal" europeu.
Bonita e expansiva, acabou
prisioneira de um modelo de mercado que explorava em demasia o hard rock dos
anos 80 e, de certa forma, ea marcou passo em vez de buscar novos horizontes,
com fez Doro e a própria Lira Ford.
A correção de rumos veio a partir
de 2015 com uma série de bons discos, e culmina com o recém-lançado
"Another World", que em que atualiza o seu som característico com
timbres mais pesado de guitarra e uma produção um pouco mais moderna. Abraçou
de vez o hard'n'heavy, sendo que está mais heavy do que hard.
"Another World" é uma
sucessão dee clichês do subestilo, mas não soa cansativo derivativo como
muitos grupos passaram a soar neste século ao abordar o som pesado e festivo de
inspiração californiana. Ela mostrou habilidade em fugir das armadilhas que o
hard joga pelo caminho.
"All These Wild
Nights" é quase uma trilha sonora para propaganda de cigarros daquelas bem
antigas, mas mostra um frescor que não deixa a canção cair na vala comum.
Mesmo com excesso de clichês,
"Armed and Dangerous" agrada por sua melodia cativante ebons solos de
guitarra, da mesma forma que a pesadinha "The Road to Victory" e a
sombria "Only in the Dark".
Issa não vai ameaçar o trono de
Doro, e certamente já desistiu de qualquer iniciativa neste sentido, mas tem
força e boas ideias para manter o seu hard rock interessante para quem ainda
tem saudade dos anos 80 mas ansiava por ouvir alguma "diferente". De
forma paradoxal, o "diferente" (mas nem tanto) veio de uma artista
veterana que domina como poucas essa área.
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