segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Blues Pills abre mão da audácia, mas comete grande álbum com 'Birthday'

 

Dez anos atrás, um quarteto internacional baseado na Suécia redefinia os limites entre blues rock e pop e se tornava a grande sensação europeia daquele verão. E desde então o Blues Pills não par5a de crescer por mais que o som sofra alterações.

O quarto álbum, “Birthday”, chega depois do expressivo “Holy Molly”, de 2020, e é um legítimo produto da pandemia. Superou totalmente a saída do guitarrista francês Dorrian /Sorriaux e agora é uma banda totalmente sueca. Mais madura, mais intensa e mais segura,

O blues rock do início deu lugar a experiências com a soul music e o funk americano, ma a pandemia recolocou a banda nos trilhos do blues rock. “Birthday” é direto, reto e não tão diversificado. Caminha em direção ao rock’n roll básico, o que se mostrou um acerto em todos os sentidos.

Se em “Holy Molly” havia pressão por conta do sucesso contínuo, “Birthday” é mais descontraído justamente por uma pressão quase zero. Os quatro anos entre os últimos lançamentos, que incluem a pandemia, empurraram a banda para o autoconhecimento – e para mudanças radicais nas vidas pessoais, com a vocalista Elin Larsson, a melhor de sua geração na Europa, tornando-se mãe do primeiro filho.

A canção-título, divertida e roqueira, expõe a nova fase em que a banda abusa do sarcasmo, narrando uma festa de aniversário de Elin catastrófica no México. “Bad Choices” bebe bastante na fonte dos hites antigos “Devil man” e “Black Smoke”, mantendo baixo e bateria em constante pulsação ara as guitarras explodirem debaixo dos poderosos vocais de Elin Larsson.

Tem a bela balada “Top of the Sky”, que passeia pela melancolia e pelo romantismo, apesar de narrar a absurda mania de jovens chineses  de fazerem selfies com o celular em arranha-céus – e despencarem para a morte em seguida.

“Dont You Love Iy” e “Like a Drug” são alguns do momentos mais roqueiros, enquanto o blues dá as caras nas interessantes  “Holding Me Back “ e em “Somebody Better”. O álbum é homogêneo e sem tropeços, mas não consegue ombrear ao primeiro da banda por faltar um hit, aquela música que carrega o trabalho e que torna o trabalho quase memorável.

A vocalista Elin Larsson, uma presença e voz notáveis ​​no palco, estava nos últimos estágios da gravidez enquanto completava o disco e ela transmite força, amor e maturidade em todas as 11 dessas novas músicas. Não tinha como dar errado. “Birthday” é um dos ótimos trabalhos deste ano de 2024.

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