Desavenças,
turbulências, doenças e duas decisçoes que tiveram impacto estrondoso na cena
do metal brasileiro. Dez anos depois, ninguém poderia imaginar que os fatos e
2021 e 2014 estariam diretamente relacionados com as fases maravilhosas que Edu
Falaschi e o Angra vivem em 2024.
Com a
difícil missão de substituir André Matos no Angra em 2000, Falaschi se impôs e
gravou quatro trabalhos de qualidade, sendo “Temple of Shadows”, de 2004,
considerado por muitos o melhor disco da banda.
Respeitado
como compositor, decidiu criar um projeto solo que virou banda em paralelo, o
Almah, mais pesado e menos ambicioso, mas ampliou seu escopo de interesses, Foi
uma decisão acertada mesmo sem saber das tempestades que viriam depois das
gravações de “Aqua”, em 2010: os problemas na voz, as divergências com os
colegas de trabalho e performances questionadas em razão da enfermidade.
Parecia inevitável
q saída do vocalista, em 2012, colcoando uma interrogação em sua carreira e na
da banda. O futuro encarregou de coroar a decisão, que foi boa para ambos, e
está diretamente relacionada com outra decisão, de dois anos depois, que solidificou
mudanças importantes que ajudaram na sobrevivência do Angra: a efetivação do
ótimo e versátil cantor italiano Fabio Lione, com larga experiência na
importante banda Rhapsody )depois Rhapsodyof Fire).
Faz dez anos
que Lione deu um novo rumo para o Angra, que absorveu com serenidade a saída de
Kiko Loureiro, que foi ser guitarrista do Megadeth em 2016. Poliglota e exímio
compositor, injetou um fôlego necessário para o grupo crescer ainda mais em
termos musicais com os álbuns “Secret Garden”, “OMNI” e “Cycle of Pain”.
Talvez seja
exagero dizer que o italiano “salvou” a carreira da banda, mas certamente não
está muito longe disso. Deu a estabilidade necessária para que novos projetos
fossem elaborados e ganhassem novos selos de qualidade.
As
apresentações acústicas da atualidade, com ou sem orquestra, reforçaram a
imagem de profissional meticuloso e rigoroso com suas performances, além da
versatilidade que lhe é bem característica. Parece heresia, mas o Angra nunca
soou tão bem e sereno nos palcos como agora.
Se o Angra
lucrou com a achegada de Lione, Edu Falaschi ganhou ainda mais ao se tornar o
artista de metal mas requisitado e com maior público em shows dos últimos dois
anos, à exceção talvez do Sepultura.
Com o Almah
de molho, iniciou de forma meio tímid uma carreira solo revisitando algumas das
principais músicas de sua carreira mo formato voz e piano e reproduzindo seus
melhores trabalhos com o Angra na íntegra no palco.
A pandemia
de covid-19 causou problemas, co a todos, mas também deu o impulso que faltava
para que engatasse o trabalho solo de vez em álbuns conceituais recheado de canções
maravilhosas e que fazem parte de um contexto multimídia que envolve a edição
de livros com as histórias dos CDs “Vera Cruz”, baseado no descobrimento do
Brasil, e “Eldorado”, que narra os conflitos entre espanhóis e astecas no
México do século XVI;
As turnês
dos dois discos, concorridíssimas, foram destaque na imprensa internacional e
colocou o cantor em outro patamar no mercado de heavy metal da atualidade.
A saída do
Angra foi um impulso ára a chefada do sucesso solo dez anos depois, mas um
outro fato contribuiu para as decisões acertadas que tomou ao logo dos anos.
Ao
participar de um festival no Peru, por volta de 2017, para cantar canções do
Angra, ele ainda se questionava se estava certo ao fazer aquilo, já que tinha a
sua banda, Almah, com quatro álbuns bem avaliados.
Foi em um
jantar após o show lotado e ovacionado que ele conheceu Joe Lynn Turner, cantor
americano que também participou do festival e que tinha passagens por Deep
Purple e Rainbow.
O americano
ficou estupefato com a receptividade que o brasileiro teve – ele não o conhecia
– e ficou ainda mais espantado quando Falaschi Che disse sobre suas dúvidas “éticas”
se devia ou não revisitar o catálogo da ex-banda.
Turner não
teve dúvidas: “As música são suas, você as criou e as fez terem o tamanho que
têm. S~]ao um patrimônio seu, independente de quem as gravou. Cante-as e as
leve para frente, mostre o quanto são boas.”
Foi um
conselho valioso, pois o brasileiro em seguida abraçou a carreira solo e
mergulhou de vez nas canções que compôs,
gravou e lançou com o Angra, levando aos palcos músicas que a banda tpcava
muito pouco.
Dez anos
depois da efetivação de Lione no Angra edo início de uma nova fase da carreira
de Edu Falaschi, a banda vive talvez o seu melhor momento neste século e o
cantor brasileiro certamente saboreia o seu auge.
Nunca duas
decisões profissionais e artísticas fizeram tanto sentido quanto as que
movimentaram os dois mundos entre 2012 e 2014. Elas precisam ser celebradas
principalmente em um momento em que o Sepultura anunciou o encerramento de sua
atividades ao final de 2025.
Nenhum comentário:
Postar um comentário