sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Duas decisões há dez anos estão na origem dos sucesso de Angra e Edu Falaschi

 

Desavenças, turbulências, doenças e duas decisçoes que tiveram impacto estrondoso na cena do metal brasileiro. Dez anos depois, ninguém poderia imaginar que os fatos e 2021 e 2014 estariam diretamente relacionados com as fases maravilhosas que Edu Falaschi e o Angra vivem em 2024.

Com a difícil missão de substituir André Matos no Angra em 2000, Falaschi se impôs e gravou quatro trabalhos de qualidade, sendo “Temple of Shadows”, de 2004, considerado por muitos o melhor disco da banda.

Respeitado como compositor, decidiu criar um projeto solo que virou banda em paralelo, o Almah, mais pesado e menos ambicioso, mas ampliou seu escopo de interesses, Foi uma decisão acertada mesmo sem saber das tempestades que viriam depois das gravações de “Aqua”, em 2010: os problemas na voz, as divergências com os colegas de trabalho e performances questionadas em razão da enfermidade.

Parecia inevitável q saída do vocalista, em 2012, colcoando uma interrogação em sua carreira e na da banda. O futuro encarregou de coroar a decisão, que foi boa para ambos, e está diretamente relacionada com outra decisão, de dois anos depois, que solidificou mudanças importantes que ajudaram na sobrevivência do Angra: a efetivação do ótimo e versátil cantor italiano Fabio Lione, com larga experiência na importante banda Rhapsody )depois Rhapsodyof Fire).

Faz dez anos que Lione deu um novo rumo para o Angra, que absorveu com serenidade a saída de Kiko Loureiro, que foi ser guitarrista do Megadeth em 2016. Poliglota e exímio compositor, injetou um fôlego necessário para o grupo crescer ainda mais em termos musicais com os álbuns “Secret Garden”, “OMNI” e “Cycle of Pain”.

Talvez seja exagero dizer que o italiano “salvou” a carreira da banda, mas certamente não está muito longe disso. Deu a estabilidade necessária para que novos projetos fossem elaborados e ganhassem novos selos de qualidade.

As apresentações acústicas da atualidade, com ou sem orquestra, reforçaram a imagem de profissional meticuloso e rigoroso com suas performances, além da versatilidade que lhe é bem característica. Parece heresia, mas o Angra nunca soou tão bem e sereno nos palcos como agora.

Se o Angra lucrou com a achegada de Lione, Edu Falaschi ganhou ainda mais ao se tornar o artista de metal mas requisitado e com maior público em shows dos últimos dois anos, à exceção talvez do Sepultura.

Com o Almah de molho, iniciou de forma meio tímid uma carreira solo revisitando algumas das principais músicas de sua carreira mo formato voz e piano e reproduzindo seus melhores trabalhos com o Angra na íntegra no palco.

A pandemia de covid-19 causou problemas, co a todos, mas também deu o impulso que faltava para que engatasse o trabalho solo de vez em álbuns conceituais recheado de canções maravilhosas e que fazem parte de um contexto multimídia que envolve a edição de livros com as histórias dos CDs “Vera Cruz”, baseado no descobrimento do Brasil, e “Eldorado”, que narra os conflitos entre espanhóis e astecas no México do século XVI;

As turnês dos dois discos, concorridíssimas, foram destaque na imprensa internacional e colocou o cantor em outro patamar no mercado de heavy metal da atualidade.

A saída do Angra foi um impulso ára a chefada do sucesso solo dez anos depois, mas um outro fato contribuiu para as decisões acertadas que tomou  ao logo dos anos.

Ao participar de um festival no Peru, por volta de 2017, para cantar canções do Angra, ele ainda se questionava se estava certo ao fazer aquilo, já que tinha a sua banda, Almah, com quatro álbuns bem avaliados.

Foi em um jantar após o show lotado e ovacionado que ele conheceu Joe Lynn Turner, cantor americano que também participou do festival e que tinha passagens por Deep Purple e Rainbow.

O americano ficou estupefato com a receptividade que o brasileiro teve – ele não o conhecia – e ficou ainda mais espantado quando Falaschi Che disse sobre suas dúvidas “éticas” se devia ou não revisitar o catálogo da ex-banda.

Turner não teve dúvidas: “As música são suas, você as criou e as fez terem o tamanho que têm. S~]ao um patrimônio seu, independente de quem as gravou. Cante-as e as leve para frente, mostre o quanto são boas.”

Foi um conselho valioso, pois o brasileiro em seguida abraçou a carreira solo e mergulhou de vez  nas canções que compôs, gravou e lançou com o Angra, levando aos palcos músicas que a banda tpcava muito pouco.

Dez anos depois da efetivação de Lione no Angra edo início de uma nova fase da carreira de Edu Falaschi, a banda vive talvez o seu melhor momento neste século e o cantor brasileiro certamente saboreia o seu auge.

Nunca duas decisões profissionais e artísticas fizeram tanto sentido quanto as que movimentaram os dois mundos entre 2012 e 2014. Elas precisam ser celebradas principalmente em um momento em que o Sepultura anunciou o encerramento de sua atividades ao final de 2025.

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