sexta-feira, 18 de setembro de 2020

A arte da patifaria: sob o domínio do medo e da miséria moral

 Marcelo Moreira



Ser um patife é uma arte, ainda que envolva uma grande dose de burrice ou total indigência intelectual. O patife, independentemente da motivação, sabe que é um patife e tem orgulho de agir como um patife. 

É uma arte que é refinada com o tempo e que também, envolve doses maciças de mau caratismo e prazer por infligir dolo e miséria a terceiros, provocando prazer ao patife.

A patifaria é uma das características dos tempos bolsonaros e do nefasto governo federal sob a hostes do protofascista Jair Bolsonaro na presidência. É também uma marca intrínseca à extrema-direita e à maior parte da direita.

Um presidente que ignora o que sua equipe econômica planeja e que resolve dar bronca geral, com ameaça de demissão, em uma rede social é um ser indigno de confiança, exalando patifaria nos mais comezinhos atos cotidianos.

A patifaria destes tempos bolsonaros fica escancarada quando um ser execrável que ocupa o cargo de deputado estadual em São Paulo (e pré-candidato a prefeito da capital) resolve atacar de forma nojenta e desumana um padre católico reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho de caridade e atendimento aos sem teto que vagam pelas ruas paulistanas.

Com seu ataques patifes e raivosos - desprovidos de inteligência e razão -, o tal deputado asqueroso atiçou as matilhas de cães hidrófobos bolsonaristas contra o religioso, a ponto de um lixo humano chagar perto do padre - Julio Lancelotti, da zona leste de São Paulo -, xingá-lo, ameaçá-lo e fugir em seguida de motocicleta. O bolsonarismo raivoso aplaudiu nas redes sociais.

A era da patifaria se manifesta em pelos menos quatro casos recentes de pedofilia, em vários locais do Brasil, envolvendo pastores evangélicos - não por acaso, todos apoiadores de Bolsonaro e de políticos de inspiração fascista.

No dia a dia, a patifaria aparece estridente quando um inacreditável desembargador decide ir à praia sem máscara e resolve humilhar os agentes da lei que o advertiram e o multaram, com o indefectível "você sabe com quem está falando?".

E o que dizer do suprassumo da patifaria nos comércios da vida, quando um ser de outro planeta resolve entrar na sorveteria sem máscara - o que é proibido - e surtar porque foi alertado ara tal fato? 

Xingamentos, pitis e ameaça de agredir a funcionária da sorveteria em Campinas ocorreram, com a vandalização de algumas peças e vitrines. O nomes do agressor é Rodrigo Ferronato, que, antes de apagar suias contas nas redes sociais, se apresentava como "conservador, bolsonarista e espírita". É cara da miséria bolsonarista que domina este o país .

Essa miséria humana também infesta os legislativos em suas várias esferas, com a proliferação de funcionários fantasmas e  a apropriação indébita de salários de servidores, como ocorre em profusão nos mandatos dos vários filhos do presidente da República.

O símbolo maior dessa era de patifaria, e o mais perigoso para democracia, é a produção, com dinheiro público e usando agentes públicos, de "listas negras" e "dossiês" contra "adversários antifascistas". Ocorreu no Ministério da Justiça e na Assembleia Legislativa de São Paulo.

No caso do deputado inominável que produziu e espalhou lista com mil nomes de pessoa de diversas atividades identificadas como antifascistas, um juiz sem a menor noção de nada , em uma sentença, diz que o deputado "fez bem" ao compilar e disseminar tal lista. 

Ele negou um pedido de indenização feito por um estudante incluído na lista. Em todas as outras ações que sofre na Justiça paulista, o deputado vergonhoso foi condenado - ok, o nome do ser deplorável é Douglas Garcia (PTB).

Em um momento em que negacionismo, terraplanismo e mentiras se tornam ferramentas fundamentais para um governo nefasto tentar governar e enganar seus "súditos", fica difícil eleger qual o tipo de patifaria é a mais nociva e a mais indigna.

Muita gente tem a impressão de estar vivendo em um pesadelo típico de filmes B de ficção científica, daqueles bem rasteiros. Os patifes têm essa propriedade, infelizmente. Resta saber se conseguiremos controlar o roteiro para um final feliz ou menos terrível para a civilização.

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