quinta-feira, 2 de maio de 2024

Irmãos Cavalera anunciam regravação do ‘Schizophrenia’

 Do site Roque Reverso

Os irmãos Cavalera geraram enorme impacto nas redes nesta terça-feira, 30 de abril, quando apresentaram o clipe para a regravação da música “Escape To The Void”, clássico do Sepultura. A faixa faz parte do novo projeto da dupla, a nova versão para o álbum “Schizophrenia”, anunciado também nesta terça, com lançamento previsto para 21 de junho via Nuclear Blast.

O clipe oficial para a regravação de “Escape To The Void” tem imagens filmadas por Costin Chioreanu e Olivia Chioreanu em show realizado pela dupla na Holanda em 2023.



Costin Chioreanu ficou com a edição e a direção do clipe, que caiu como uma luva para a versão avassaladora dos irmãos Cavalera.

A nova versão para o disco do Sepultura contou com masterização e mixagem de Arthur Rizk e foi gravada entre os dias 15 de abril e 5 de junho de 2023 em estúdio em Mesa, no Arizona, nos Estados Unidos.

A capa de “Schizophrenia” foi restaurada em aquarela e pintada à mão pelo artista alemão Eliran Kantor.

Além das nove faixas originais do disco do Sepultura, a nova versão contará com uma música inédita que recebeu o nome de “Nightmares of Delirium”.

Quanto à banda, além de Max e Igor Cavalera, o filho de Max, Igor Amadeus, assumiu o baixo nas gravações, assim como Travis Stone ficou com a guitarra principal.

O novo projeto dos irmãos é uma sequência do que foi foi realizado em julho de 2023, quando eles lançaram a regravação do EP “Bestial Devastation” e do álbum “Morbid Visions” e surpreenderam o mundo do heavy metal.

“Schizophrenia” foi lançado oficialmente em 1987. O disco do Sepultura marcou a entrada do guitarrista Andreas Kisser no grupo e iniciou a formação clássica da banda de Belo Horizonte que durou até 1996.

Fundadores do Sepultura, mas fora da banda há décadas (Max Cavalera saiu em 1996 e Igor Cavalera, em 2006), os irmãos demostraram novamente que tiveram grande prazer na regravação desse disco.

https://youtu.be/qCMz704soB4

Slipknot confirma oficialmente o baterista brasileiro Eloy Casagrande

Flavio Leonel - do site Roque Reverso

O que boa parte dos fãs do Slipknot e da imprensa especializada já tinha certeza foi confirmada na terça-feira, 30 de abril, quando a banda norte-americana de Iowa deu oficialmente as boas-vindas ao brasileiro Eloy Casagrande, ex-Sepultura, como o novo baterista do grupo. 

Com uma foto de Casagrande mascarado e com o macacão vermelho clássico da banda, acompanhada de uma frase curta, o Slipknot finalmente confirmou a informação que já circulava há algum tempo nos diversos rumores de internet.

Nesta quinta-feira, 1º de maio, foi a vez do baterista se manifestar, demonstrando toda a emoção de integrar o grupo. “Um momento muito emocionante. Impensável até então. Não há nada a perder, não há nada a ganhar. Há apenas o viver. Estamos aqui como um só”, escreveu o músico brasileiro.

E complementou, já com recado convidativo aos fãs da banda: “Obrigado Slipknot por acreditar em mim. Obrigado a todos os maggots e fãs ao redor do mundo. Vejo vocês na estrada, meus Slipknotos. ‘Here comes more pain.'”

A confirmação realizada pelo Slipnot veio dias depois de o mundo do heavy metal ficar “de cabeça para baixo”, depois de o grupo realizar show na cidade californiana de Pioneertown, nos Estados Unidos, com o seu mais novo baterista.

Após as primeiras imagens e vídeos chegarem às redes sociais, fãs do mundo inteiro, principalmente os brasileiros, começaram a dar como certa a entrada de Eloy Casagrande na banda.

As deduções ficaram ainda mais claras depois que os próprios fãs e a imprensa especializada do mundo inteiro começaram a comparar as tatuagens do baterista mascarado do Slipknot com as do grande baterista brasileiro.

A própria performance, recheada de energia e muito familiar para os fãs do Sepultura, elevaram as certezas.

O Slipknot, contudo, manteve o suspense até o dia 30, quando houve a confirmação oficial do nome do brasileiro.

Primeiro show de 2024

A primeira performance ao vivo do Slipknot em 2024 aconteceu meses depois de a banda norte-americana demitir no fim de 2023 o baterista Jay Weinberg, que, em março, foi anunciado como novo integrante de outra banda de alto quilate, o Suicidal Tendencies.

O show também aconteceu meses depois de Eloy Casagrande deixar de maneira surpreendente o Sepultura, em fevereiro, pouco antes de a banda iniciar sua turnê de despedida.

O nome de Eloy já vinha sendo ventilado para a entrada no Slipknot antes mesmo dele sair do Sepultura. E os rumores aumentaram muito quando ele deixou definitivamente o grupo. Mas ele, como indicavam as redes sociais do músico, até o show agora na Califórnia, estava concentrado em seu projeto paralelo Casagrande & Hanysz.

O fato é que as simples imagens e vídeos que passaram a circular na internet geraram um atrativo a mais para quem gosta de ver o Slipknot ao vivo e, claro, quer a continuidade da banda, de preferência com alta qualidade.

Ansiedade no Brasil com o Knotfest

No Brasil, a ansiedade em torno do Slipknot aumentou ainda mais porque o grupo voltará com seu festival Knotfest ao País no último trimestre de 2024. Conforme confirmação realizada em janeiro, o Knotfest Brasil será realizado nos dias 19 e 20 de outubro em São Paulo, no Allianz Parque.

Segundo os organizadores, o Slipknot, curador do festival, está confirmado como headliner nas duas datas, com dois shows distintos. No primeiro dia, 19 de outubro, a banda norte-americana apresentará um repertório em comemoração aos seus 25 anos de história. Já na segunda data, 20 de outubro, o grupo tocará o seu disco de estreia na íntegra.

Em 2022, depois de adiamentos gerados pela fase crítica da pandemia de covid-19, o Knotfest foi realizado pela primeira vez no Brasil em dezembro, com ingressos esgotados, no Sambódromo do Anhembi.

Na ocasião, o line-up foi formado pelo headliner Slipknot, além das bandas Judas Priest, Pantera, Bring Me The Horizon, Sepultura, Trivium, Mr Bungle e Black Pantera.

Com cobertura especial do Roque Reverso, o Knotfest Brasil 2022 gerou grandes e marcantes momentos ao público presente, especialmente pela qualidade dos shows, que eram o ponto central do festival, a despeito das demais atrações além da música.

Em 2023 a edição que aconteceria novamente em São Paulo foi cancelada. Os organizadores prometeram, no entanto, que haveria uma edição em 2024, anunciada logo em janeiro deste ano.

Garantia de experiência com alto grau de energia

Quem conhece o mínimo de Slipknot, sabe que os shows da banda dificilmente deixam de chamar a atenção. Desde sua criação em 2009, o Roque Reverso fez a cobertura de quatro vindas do grupo ao Brasil.

A primeira e de experiência mais espetacular, foi a do show que o Slipknot realizou no Rock in Rio de 2011, quando tocou na Noite do Metal com o headliner Metallica e o grande Motörhead e deixou o Brasil inteiro impressionado com a apresentação mais brutal, insana e perturbadora daquele festival sendo transmitida ao vivo na TV.

A segunda cobertura do Roque Reverso foi o grande show que o grupo realizou no Monster of Rock de 2013 em São Paulo

A terceira cobertura do Roque Reverso foi a vinda, em 2015, da banda para ser headliner do Rock in Rio de 2015 e para mais um show em São Paulo, desta vez sem ser num festival, em mais uma apresentação marcante na Arena Anhembi.

A quarta foi o já citado Knotfest Brasil de 2022, quando o espaço completamente lotado do Anhembi até limitou um pouco as clássicas rodas de mosh dos shows do Slipknot.

Num ambiente mais organizado como o Allianz Parque, é bem possível que a experiência do Slipknot no seu Knotfet seja ainda melhor.

Slipknot confirma oficialmente Eloy Casagrande, que revela emoção por entrar na banda

Uma bela homenagem à banda Made in Brazil

A história é bastante conhecida, mas o guitarrista e vocalista da banda Dorsal Atlântica, Carlos Lopes, resolveu contá-la de novo nas redes sociais É uma das mis belas homenagens a uma figura gigante do rock naciona, o baixista e vocalista Oswaldo Vecchione, l e uma das bandas mestras do Brasil, o Made in Brazil. Leia abaixo:

 Escolhi ser artista mas não tinha ideia do que a vida me cobraria. Daria muito trabalho. Eu era inocente. Continuo inocente, mas calejado e admiro quem trabalha e faz, não quem fala demais.

Acordei e pensei em dissertar sobre o primeiro levante em 1886 pelas 8 horas diárias, mas para incrementar quase acrescentei análises sobre o “Pantera Negra”; a melancia palestina e os generais melancia; Inteligência Artificial e sobre Trump ser o anti-Cristo mas abri mão de tudo por uma imagem: Oswaldo Vecchione, o baixista da eterna banda Made in Brazil.

Essa é a imagem que escolhi após ver um documentário sobre Billy Preston. E tem tudo a ver.

Dá trabalho ter banda por quase 6 décadas, substituir músicos, lidar com a politicagem nos bastidores, as modas, as perdas, os ganhos, a incompreensão e a luta aumenta quando chegam as mortes e a idade avançada.

Oswaldo me deu um conselho fundamental na porta do teatro Tereza Raquel no Rio no final dos anos 1970. E devo isso a ele. Há 46 anos, trabalho duro. 

E foi emocionante e inesperado ouvir isso da boca do Lemmy, baixista do Motörhead: “Eu reconheço quem trabalha duro”.

Carrego as sentenças do Oswaldo e Lemmy há décadas. Não paro, não desisto. 

E por fim, a única menção feita a mim por escrito (sobre este artista-maldito há 45 anos) na revista Bizz foi uma alcunha reflexiva: “o operário do rock”.

E o que a alcunha me pareceu, por uma questão inconsciente...? Que poucos trabalham de fato, que as politicagens e favorecimentos imperam. Mas que no mundo do operariado só há o trabalho e as pressões.

“Para sair deste antro estreito, façamos nós por nossas mãos, tudo que a nós nos diz respeito.”

Oswaldo Rock Vecchione #ilustracao #rocknacional #arte #diadotrabalhador

terça-feira, 30 de abril de 2024

Eric Clapton lança álbum ao vivo em benefício das crianças de Gaza

 Não é exatamente uma busca por redenção, mas não deixa de ser um engajamento louvável para im músico tão criticado por ser um ferrenho ativista contra a obrigatoriedade de aplicação de qualquer tipo de vacina (um absurdo imenso que chega a ser criminoso). 

Eric Clapton, o mago inglês da guitarra blues rock, mergulhou de vez nas campanhas em prol da assistência das vítima da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas que devasta a Faixa de Gaza. O foco do músico é arrecadar fundos para amenizar o sofrimento das crianças palestinas sobreviventes dos bombardeios covardes e impiedosos das forças israelenses.

"Prayer for a Chikd", foi o single inédito lançado em março, uma bela e melancólica canção que ainda não teve muita repercussão. Em abril foi a vez do lançamento de "To Save a Child", um álbum ao vivo com 11 músicas que terá sua renda revertida para instituições de caridade e ONGs (roganizações não governamentais)  que ajudam as crianças em Gaza.

O nome completo do trabalho é "To Save A Child – In Aid of The Children of Gaza – An Intimate Live Concert' e foi gravado ao vivo em 8 de dezembro de 2023 em áudio e vídeo no RD Studios, em Park Royal, Londres. Os programas foram transmitidos nos dias 17 e 18 de janeiro para todo o mundo. As versões em blu-ray e DVD serão lançadas em junho.

O show foi curto, com 11 canções, e teve um formato semiacústico. Misturou clássicos do blues que sempre estiveram seu repertório, baladas desplugadas, como "Tears in Heaven" e "Layla", e uma homenagem bacana a George Harrison (1943-2001), amigo de uma vida, em "Give Me Love", com a participação do filho do amigo, Dhani, que é guitarrista.

É um disco importante por conta da motivação, mas não acrescenta nada na carreira de Clapton por conta do repertório sem novidades. A banda, no entanto, estava afiadíssima, assim como o guitarrista de 79 anos.

Clapton se junta a a personalidades como Roger Waters e David Gilmour, ambos ex-Pink Floyd, e a atriz Vanessa Redgrave no esforço internacional de paz no Oriente Médio e na condenação veemente do massacre de civis promovido por Israel.

É uma tentativa de redenção e d amenizar a imagem negativa que ficou do fuitarrista por conta de seus protestos contra a obrigatoriedade de vacinação contra a covid-19 na pandemia - ele questiona a eficácia de qualquer tipo de vacina - e, pior ainda, contra as necessárias medidas de isolamento social adotadas pelo governo britânico para conter o vírus.

Seu comportamento abjeto e asqueroso incluiu a união com outro negacionista e antivacina, o cantor irlandês Van Morrison. Os dois compuseram e lançaram três músicas com duras - inaceitáveis - críticas às determinações de distanciamento social; 

Ainda hoje Claptom percorre os Estados Unidos manifestando apoio a políticos conservadores e antivacinas do Partido Republicano em todo o tipo de eleição.

Entretanto, é louvável o engajamento dele nas campanhas em prol das crianças vítimas da barbárie perpetrada pelos israelenses. Já são mais de 35 mil mortos entre os palestinos , sendo 15 mil crianças e jovens, em sete meses de guerra. 

Genocídio é pouco para qualificar a reação de Israel. O ataque terrorista de 7 de outubro de 2023 deixou 1,25 mil mortos entre os habitantes de Israel, além de 240 sequestrados, um evento praticado pela organização terrorista Hamas, que domina Faixa de gaza desde 2006

O ataque hediondo e odioso, obviamente condenável, provocou exatamente o tipo de reação desproporcional que caracteriza Israel contra os palestinos. Exatamente como previa e queria o Hamas, tanto que hoje, sete meses depois, são poucos os que ainda se lembram de condenar a organização terrorista.

Com a reação desmedida e desproporcional, os israelenses, eternos opressores dos palestinos, se tornaram, com razão, os vilões genocidas do conflito, que causa indignação pelo mundo e agora enseja uma onda de protestos nas universidades norte-americanas.

Gaza se tornou um refúgio de palestinos expulsos por judeus sionistas que foram ocupando toda a região que engloba a própria Gaza, Cisjordânia e Israel ao longo do século XX. Tornou-se o lugar de confinamento de 2,5 milhões de palestinos pobres, uma grande favela de de menos de 400 km2, uma área do tamanho da cidade de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. 

Área paupérrima, foi devastada várias vezes pelo exército israelense. No entanto, nunca ocorreu nada parecido com que está desabando sobre as cabeças dos palestinos agora. O nível de devastação tão grande que dificilmente a região poderá ser recuperada;, 

Anthrax desfila clássicos em festival em SP

Flavio Leonel - do site Roque Reverso

O Anthrax retornou ao Brasil após quase 5 anos para realizar um grande show no domingo, 28 de abril, em festival no Memorial da América Latina em São Paulo. Com desfile de clássicos do thrash metal de boa parte de sua carreira, a banda norte-americana empolgou os fãs, que chegaram a abrir rodas enormes de mosh durante a apresentação e até a usar sinalizadores, repetindo um procedimento recente e marcante do público do Chile que costuma encantar o grupo em todas as turnês sul-americanas.

O show em São Paulo teve ainda marcas históricas, já que a banda contou com o grande, em tamanho e técnica musical, Dan Lilker no baixo do Anthrax, substituindo Frank Bello, que, por razões pessoais, não conseguiu acompanhar a banda na turnê pela América Latina.

Lilker, que é membro fundador e baixista original não somente do grande Nuclear Assault, mas também do próprio Anthrax, voltou a tocar com a banda pela primeira vez em 40 anos nesta turnê. Foi a primeira vez que ele veio como integrante do grupo ao Brasil, depois de tantos outros shows com seus outros grupos, como o próprio Nuclear Assault ou o Brutal Truth.

Com uma presença de palco impactante e no maior estilo “old school” do thrash metal, Lilker substituiu à altura o também ótimo Frank Bello, que sempre foi um dos componentes do Anthrax de maior atitude sobre o palco nas várias turnês da banda em terras brasileiras.

Os demais integrantes também mantiveram a tradição de proporcionar bons shows ao público da capital paulista. Enquanto o vocalista Joey Belladonna ainda resiste bravamente e de maneira incrível com seus 63 anos de idade, sem decepcionar, o baterista Charlie Benante mantém sua técnica, acompanhado pelo guitarrista solo Jonathan Donais e pelo sempre ótimo Scott Ian, um dos maiores guitarristas base da história do heavy metal.

O modo inusitado e surpreendente que fez o Roque Reverso acompanhar o show

Na vida, há coisas inexplicáveis que, muitas vezes, atribuímos a ações divinas. No domingo, o Roque Reverso vivenciou um desses exemplos que costumam fazer o ser humano, no mínimo, refletir.

Ignorado completamente pelo segundo ano seguido pela organização do festival (que sequer envia um release informativo para este veículo de comunicação que completa 15 anos de existência em 2024), o Roque Reverso decidiu não fazer a cobertura do evento.

A ideia foi prestigiar como fã as bandas favoritas, como o Death Angel, o Anthrax e o Mercyful Fate. Mas havia um empecilho gigante: o preço salgadíssimo do ingresso, que, no dia dos shows, estava saindo por mais de R$ 700,00 na versão social!!!

Como os jornalistas deste site não nadam em dinheiro, a opção foi tentar ver alguma coisa dos shows do lado de fora do Memorial da América Latina, da avenida mesmo, onde era possível ouvir o som de maneira nítida e avistar parte dos palcos e três telões grandes.

Para não desmentir a dificuldade de acesso ao preço alto dos ingressos, havia um público de cerca de 50 pessoas do lado de fora, por volta das 15h30 do domingo, curtindo o show do Carcass.

Após o fim do show do Carcass, este jornalista tentou migrar para o outro lado do Memorial, para ver se conseguia acompanhar o show do Death Angel. Diferente do que se podia ver no outro palco, era impossível ter qualquer tipo de visão dos representantes da Bay Area. O que restou foi ouvir o show, que já se encaminhava para a metade da apresentação.

Foi quando um sujeito de sotaque espanhol se aproximou e perguntou se este queria entrar.

Imaginando ser um cambista, a resposta sincera deste que vos escreve foi a de que não havia dinheiro e que a intenção era apenas tentar captar algo do show, mesmo que do lado de fora do evento.

Com um sorriso no rosto, o indivíduo repetiu a mesma pergunta: “Quer entrar?”

E acrescentou que tinha 5 ingressos sobrando e daria um deles para este jornalista. Sem acreditar naquilo que estava acontecendo em seus mais de 33 anos de shows e festivais de rock, este que vos escreve respondeu que queria muito entrar, sendo contemplado de imediato.

Estando no Brasil, há sempre algum pé atrás quando, como diz o ditado, “a esmola é demais”. Mas, em nova surpresa, o ingresso, que parecia ser um de cortesia, foi aceito sem problemas pelo equipamento de leitura da atendente.

Meio que tremendo com aquela situação e ainda sem acreditar naquilo que estava vivendo, este jornalista correu para pegar a parte final do show do Death Angel, que já havia proporcionado a este mesmo veículo de comunicação, em 2010, experiências incríveis e inacreditáveis na sua primeira passagem pelo Brasil.

Começava ali a oportunidade de ver o show do Anthrax!

O grande show

Apesar de ter vindo ao Brasil em 2019 para o Rock in Rio daquele ano, o Anthrax não vinha para São Paulo desde 2017, quando, tocando numa mesma noite que teve um ensurdecedor Accept no mesmo evento no Tom Brasil, deu um verdadeiro banho de thrash metal.

Quem tem clássicos tem tudo. E o Anthrax, mesmo sem lançar um álbum novo desde 2016, sabe que tem sucessos suficientes para montar um set list de respeito.

Como toda banda veterana, o Anthrax tem algumas músicas fixas no repertório que dificilmente saem da lista por serem quase que obrigatórias.

Foi com três delas que o grupo abriu o show no Memorial da América Latina. Logo de cara, a banda iniciou a apresentação com nada menos que “Among the Living”, com uma energia gigantesca que fez o público se animar e cantar alto.

A segunda da noite, “Caught in a Mosh”, já contou com uma quantidade maior de rodas e teve sinalizadores acesos, numa cena pouco comum em grandes festivais no Brasil.

Enquanto o peso imperava, chamava a atenção como Dan Lilker batia cabeça como se seu pescoço fosse de borracha. Ao lado, o normalmente tímido Jon Donais girava a cabeça também de um modo que parecia uma hélice.

O show estava do jeito que o público desejava, mas quem tem cartas na manga sempre pode melhorar. E foi o que o Anthrax fez com “Madhouse”, que é daquelas faixas que faz o mais gelado dos fãs se empolgar.

“Metal Thrashing Mad” não era tocada em São Paulo desde 2012, mas, agora, em 2017, ela tinha uma razão mais do que especial para entrar no repertório, já que pertence ao álbum de estreia da banda “Fistful of Metal”, o único gravado com Dan Lilker. Mesmo para quem já viu o Anthrax inúmeras vezes ao vivo, foi uma emoção diferente e única ver aquele momento ao vivo e a cores.

De volta às faixas sempre presentes, “Efilnikufesin (N.F.L.)” manteve a tradição de ampliar o número de rodas no show. Sempre ótima ao vivo, ela ajudou este que vos escreve a chegar mais perto da grade, já que a roda foi usada para atalho para chegar ali.

Uma grata novidade no show foi a inclusão de “Keep It in the Family”, uma faixa que fez muita falta nas vindas recentes e em sequência que o Anthrax fez na última década a São Paulo. Para o leitor ter uma ideia, ela não era tocada na capital paulista desde 1993, quando a banda veio com John Bush nos vocais na turnê do álbum “Sound of White Noise” no saudoso Olympia!

Outra sempre presente, “Antisocial”, também repetiu o sucesso de sempre entre os fãs e foi cantada a plenos pulmões.

Foi seguida por “I Am the Law”, que pode não aparecer com a mesma regularidade no repertório, mas que já foi tocada em várias vindas do Anthrax ao Brasil. Para melhorar o momento, Scott Ian chamou ninguém menos que Andreas Kisser, do Sepultura, para uma participação especial no show.

A mais lenta “In the End”, sempre dedicada a Ronnie James Dio, foi a mais jovem do set list e, assim como a veterana “Medusa”, representou aquele momento do show no qual os fãs já estão em período de descanso, depois do agito das músicas anteriores.

Ela foi seguida da sempre presente “Got the Time”, que também tem o poder de sempre incendiar público. Curta, rápida e direta, ela, desta vez, representou um ponto baixo na performance da banda porque ficou com o som meio que embolado em alguns momentos da execução da faixa.

Também sem ser tocada em solo paulistano desde 1993, “A.I.R.” foi outra grata surpresa do show, caindo no gosto de muitos fãs que desejavam músicas antigas pouco tocadas por aqui.

Para fechar com chave de ouro a apresentação no Memorial da América Latina, o Anthrax trouxe a mais do que obrigatória “Indians”, que também contou com sinalizadores, além de rodas em vários lugares da pista.

No clássico momento da “War Dance”, Charlie Benante manteve a tradição aqui em São Paulo de parar a música, para Scott Ian pedir o envolvimento máximo da plateia. Diferente das apresentações recentes em casas de shows menores, a roda de mosh criada foi a maior já vista em shows do Anthrax em terras paulistanas. E foi impossível não entrar nela.

O saldo final do show foi o melhor possível. Quem já havia visto o Anthrax várias vezes, teve a oportunidade de ouvir músicas ao vivo que a banda não tocava há tempos. Quem foi pela primeira vez a uma apresentação do grupo, teve um desfile de clássicos adequado e de alta qualidade para reforçar sua admiração pela banda.

Living Colour e Manowar anunciam shows no Brasil

Duas importantes banda americanas anunciaram shows para este ano no Brasil na esteira das turnês que não podem ser marcadas sem passar pela América Latina: o queteto de metal tradicional manowar e a banda de hard rock Living Colour.

Um dos mais importantes nomes do rock norte-americano, o Living Colour está de passagem marcada pela América Latina em outubro. No Brasil, a banda se apresenta em Belo Horizonte (Mister Rock, 11 de outubro), São Paulo (Tokio Marine Hall, 12 de outubro) e Brasília (Toinha, 13 de outubro). A turnê também passa por Chile e Argentina.

Esta será a primeira vinda da banda após a participação no Rock in Rio 2022, no qual se apresentaram ao lado do consagrado guitarrista Steve Vai, em um dos melhores shows de todo o festival. Curiosamente, a primeira vinda do Living Colour ao país também foi em um grande festival: Hollywood Rock, em 1992, com shows em São Paulo e Rio de Janeiro. No total, estiveram dez vezes no Brasil.

Formada em Nova Iorque no ano de 1984, tem na formação o guitarrista Vernon Reid, o vocalista Corey Glover, o baterista Will Calhoun e o baixista Doug Wimbish. 

A música do conjunto é uma fusão criativa influenciada pelo free jazz, funk, hard rock e heavy metal. Por sua vez, as letras variam de aspectos pessoais aos políticos, em alguns dos últimos casos, atacando o eurocentrismo e o racismo na América.

O grupo tem seis álbuns de estúdio lançados. Alcançaram a fama com o disco de estreia, Vivid, em 1988. Entre grandes sucessos, está o imenso hit “Cult of Personality”, que ganhou um Grammy de Melhor Performance de Hard Rock em 1990. 

Foram nomeados Melhor Artista Revelação no MTV Video Music Awards de 1989 e ganharam outro Grammy com o álbum Time's Up (1990). Após um hiato, se reuniram no final de 2000 e lançaram mais três trabalhos: Collideøscope (2003), The Chair in the Doorway (2009) e Shade (2017).

O cultuado Manowar tocou no ao passado em São paulo e retorna ao país para ao menos três apresentações em outras cidades. A formação atual tem Eric Adams (vocal), Joey DeMaio (baixo), Dave Chedrick (bateria) e Michael Angelo Batio (guitarra),

As datas por enquanto agendadas são:

 * 20/11 (Live Curitiba, Curitiba/PR 
Abertura das Portas: 22h 

24/11 - Geraldão, Recife, PE 
Abertura das Portas: 18h
Início do Evento: 20h
Adquira seu ingresso em https://www.bilheto.com.br/comprar/2377/manowar

26/11 - Vivo Rio, Rio de Janeiro, RJ 
Abertura das Portas: 19h
Início do Evento: 21h
Adquira seu ingresso em https://showpass.com.br/comprar/1316/manowar

"Os Manowarriors brasileiros sabem o que é o verdadeiro Metal - e eles merecem nada menos do que o compromisso eterno do Mamowar de entregá-lo um espetáculo de energia, força e volume!", disse o baixista da banda Joey De Maio.




Com menos rock e mais plural, Rock in Rio enfurece os puristas

 Sai AC/DC, entram Zeca Pagodinho e Chitãozinho e Xororó Se a ideia era irritar os apreciadores de rock, então os organizadores do Rock in Rio capricharam. O festival que se arvora no direito de dizer que é o maior do mundo do entretenimento atualmente reforça a tese de que a música ficou secundária e que é apenas um ingrediente, e importante, de um evento bilionário.

Tem sido assim em todas as edições desde 2011, quando o rock progressivamente espaço para artistas do pop, do rap, da música eletrônica e outros gêneros. Portanto, qual a surpresa com a escalação de sambistas e sertanejos no Rock in Rio 2024? Até que demorou...

A fritaria geral é porque o rock está reduzido a um dia, 15 de setembro, e com atrações que não despertam paixões.

Oos ingleses do Deep Purple, por exemplo, com 57 anos de carreira e integrantes quase octogenários, costumam visitar o  Brasil a cada dois anos, Não são novidade. A desfigurada banda Journey, à beira de seu cinquentenário, é desconhecida da atual geração de roqueiros. 

Evanescence? Esteve aqui no ano passado, com a vocalista Amy Lee viralizando por conta da simpatia e pelos passeios de ônibus urbano e trem de subúrbio em São Paulo.

Avvenged Sevenfold? Já foi grande e hoje perde em relevância para qualquer banda média que tocou no ótimo Smmer Breeze Brasil, em abril.

Para completar, os brasileiros Planet Hem,p,, Pitty, Barão Vermelho e Paralamas do Sucesso, todos "clássicos" e com no mínimo três participações em Rock in Rio.

A irritação se justifica, em parte, pelo fracasso em contratar o AC/DC, que também está desfigurado, mas é o AC/DC, que veio ao Brasil pela última vez há 15 anos. A banda australiana declinou do convite porque acertou outras data em sua turnê mundial para a mesa época.

O que ninguém esperava era que o dia do heavy metal, com isso, fosse substituído por algo do tipo "festa brasileira" em 21 de setembro, com o anúncio de uma profusão de sertanejos, pagodeiros e sambistas em um evento que deveria ser de rock

Abusando dos mesmos nomes de sempre - Guns N' Roses, Iron Maiden -, a curadoria foi perdendo a credibilidade até que ousou em 2017, quando conseguiu convencer The Who a tocar no hemisfério Sul, e em 2019, quando inovou ao escalar o King Crimson no palco Sunset. A mesmice voltaria a dar as caras em 2022.

É desagradável, mas o festival já dava indicações de que esse era o futuro: cada vez menos rock, cada vez mais artistas populares de qualquer gênero; Tem gente que não engole até hoje as presenças de Claudia Leitte, Ivete Sangalo, Anita e uma coleção de cantoras americanas artificiais e platsficadas nos últimos dez anos. geralmente a gritaria vem de gente que nunca foi ou jamais irá ao Rock in Rio.

Uma parte dos críticos nem reclama tanto da escalação de sertanejos e sambistas - afinal, desde 1985, com Alceu Valença e outras presenças da MPB, que o festival abre espaço para outros gêneros. A questão é que a música fica cada vez menos importante,

A descaracterização do festival, progressiva desde 2011, é só mais um sintoma da perda de relevância cultural em festival do entretenimento. 

O Rock in Rio virou um imenso parque de diversões onde é necessário chamar um sertanejo como Luan Santana para garantir algum público para a música além dos brinquedos diversos; O entretenimento solapou a cultura e a música.

outra constatação é que esse tipo de festival, cada vez mais monumental e grandioso e cheio de outras coisa além da música, está se tornando um evento para quem nem gosta tanto assim de música. É uma marca que começa a ser associada outro tipo de entretenimento, mais global e plural, só que cada vez mais distante da relevância cultural que já teve.

É triste, mas jamais nos esqueçamos: a importância histórica e cultural do Rock in Rio na vida brasileira é gigantesca. É um marco tão grande quando a Proclamação da República, as Revoluções de 1939 e 1932, a derrubada de Getúlio vargas, em 1945, a Revolução/Ditadura Militar de 1964 e a Redemocratização de 1965, só para citar alguns fatos importantes. 

Foi o Rock in Rio que mostrou ao país que existia uma cultura popular e jovem, e que esse jovem era um importante sujeito dentro do mercado consumidor.  Nada é para sempre, e o Rock in rio não está morrendo - ao contrário -, mas jamais será novamente o que nos acostumamos a curtir - um festival de música e de rock.