sábado, 29 de abril de 2023

Ira! tocará álbum 'Psicoacústica' na íntegra

 A banda IRA! anuncia data extra no Teatro Bradesco. O show acontece no dia 11 de agosto e já tem ingressos à venda pelo site uhuu.com ou bilheterias dos teatros. No show, a banda celebra os 35 anos do álbum "PSICOACÚSTICA". 

Além de apresentar ao vivo o repertório do cultuado álbum, o grupo, formado por Nasi (voz), Edgard Scandurra (guitarra), Johnny Boy (baixo) e Evaristo Pádua (bateria), arremata o show com os grandes sucessos e clássicos  dos seus mais de 40 anos de carreira. 

Após o sucesso comercial de "Vivendo e Não Aprendendo" (1986), seu segundo álbum, que apresentou músicas que nunca mais deixariam o repertório da banda como "Dias de Luta", "Envelheço na Cidade" e "Flores em Você" (que foi trilha sonora de novela), o IRA! não se acomodou e concebeu o conceitual "PSICOACÚSTICA", incompreendido em seu lançamento, mas que se tornou cultuado nas décadas seguintes, figurando entre os 100 maiores discos da música brasileira, em lista elaborada pela revista Rolling Stone em 2007.


SERVIÇO

IRA! PSICOACÚSTICA 35 ANOS

Teatro Bradesco (Rua Palestra Itália, 500 – Bourbon Shopping São Paulo – Perdizes)

www.teatrobradesco.com.br


Duração: 90 min.

Classificação: Livre

Acessibilidade

Ar-condicionado

Capacidade: 1439 pessoas




Data: 11 de agosto

Horário: 22h

INGRESSOS

Plateia baixa 140,00

Plateia Alta 125,00

Frisa Mezanino 110,00

Balcão Nobre 95,00

Frisa Central 80,00

Frisa Superior (1ª fila) 75,00

Canais de venda oficiais:

Uhuu.com - com taxa de serviço

https://tinyurl.com/yc5zkbd2

Bilheteria física – sem taxa de serviço

- Teatro Bradesco (Shopping Bourbon)

- Teatro Opus Frei Caneca (Shopping Frei Caneca)

De segunda a domingo, das 12h às 20h (pausa almoço: 15h às 16h)

União da viola caipira com rock pesado da Moda de Rock ainda surpreende

 A união improvável entre música caipira e heavy metal aconteceu de novo. As violas furiosas do Moda de Rock voltaram a São Paulo depois de quase um ano de turnê nacional, no Sesc Ipiranga, na agradável noite de 28 de abril, e coroaram uma temporada brilhante de divulgação do quarto disco da dupla, este dedicado a versões para músicas do rock nacional.

Não se tratava de um encerramento de ciclo, mas o show paulistano reuniu canções do álbum novo com clássicos mundiais do rock vertidos para a viola de dez cordas. 

O auditório lotado vibrou com as versões mais quentes e pesadas de "Wasted Years", do Iron Maiden, de "Master of Puppets", do Metallica, e "I Want Break Free", do Queen.

O mais interessante da noite foi a quantidade de pessoas que compareceu para conhecer a dupla Moda de Rock, criada em 2010 pelos violeiros Ricardo Vignini e Zé Hélder, que também fazem a dupla de violas da banda de rock rural Matuto Moderno. 

A ideia sempre foi ensinar a alunos técnicas importantes de viola de dez cordas, mas com arranjos inusitados e diferentes para clássicos do rock, que vão de Sepultura a Jethro Tull, passando por Ozzy Osbourne a Led Zeppelin e Beatles.

Quase 15 anos depois e com o sucesso cada vez maior, a Moda de Rock fica mais ambiciosa e avança para um patamar em que as versões estão mais interessantes. Há músicas com mais vocais, a cargo de Zé Hélder. 

"Heavy Metal do Senhor", de Zeca Baleiro, fica mais sarcástica ao vivo, enquanto que o "Bilhete de Didi", dos Novos Baianos, e "Mestre Jonas", de Sá, Rodrix e Guarabyra ganha em ironia e arranjos mais sofisticados.

Tem até Tão Carreiro e Pardinho em meio a pérolas como "Flores em Você" (Ira!) e "Até Quando Esperar" (Plebe Rude), com uma improvável versão de "Sonífera Ilha" (Titãs), todas instrumentais, para apimentar o repertório, já que a banda não autorizou a gravação da versão no CD. Punk rock com viola, também teve, com a visceral versão para "Medo", do Cólera.

A ideia pitoresca deu mais do que certo - nas mãos certas, é claro -, e a Moda de Rock ganha uma proeminência extraordinária, com o circuito Sesc finalmente descobrindo o potencial do "crossover" entre e o rock e a música brasileira fol de raiz, aquela feita na base a viola e na voz. 

A dupla de violeiros tem o grande mérito de conseguir a improvável inclusão da música caipira cm arranjos sofisticados em circuitos diferentes e igualmente improváveis. Talvez seja cedo para medir o tamanho do feito, mas a vitória, certamente, é gigante. Moda de Rock é uma das belas ideias recentes de nossa música.


Angra lança EP ao vivo gravado em projeto especial de vídeo

O novo disco está quase pronto, mas a banda Angra mantém as comemorações dos 30 anos de carreira com um projeto diferente e ousado: uma parceria que envolve entrevista e gravação de um EP ao vivo ao lado do programa e produtora de vídeo Sonastério Ilumina.

O EP "Angra Ilumina Sonastério” traz seis canções da banda em versões um pouco diferentes, mas com os arranjos, texturas e timbres originais, O EP está disponível em todas as plataformas digitais via ONErpm (Ouça “Angra ilumina Sonastério”).

O projeto Sonastério ilumina é conhecido por trazer ao público grandes artistas e bandas em experiências de imersão musical no Sonastério, um refúgio para performances no ""monastério da música". A ideia é sempre revigorar músicas importantes com uma ropuagem um pouo diferente. 

Com o “Angra ilumina Sonastério”, a banda apresenta sua essência em versões de clássicos, como “Nothing to Say”, que traz a identidade da banda e mostra a essência da composição.

A banda Angra foi formada na cidade de São Paulo em 1991, pelo então vocalista, tecladista e multi-instrumentista Andre Matos e os guitarristas Rafael Bittencourt e André Linhares. 

Com a proposta de fundir o heavy metal, os ritmos étnicos brasileiros e a sofisticação da música erudita, o nome da banda significa “deusa do fogo e da beleza” na mitologia tupiniquim, além de significar uma pequena enseada ou baía usada como porto natural (como em Angra dos Reis).

Na atual formação, a banda é composta por Fabio Lione nos vocais, Felipe Andreoli no baixo, Marcelo Barbosa na guitarra, Bruno Valverde na bateria e o fundador Rafael Bittencourt na guitarra, violão e vocais- o único fundador que ainda permanece e o único que tocou em todas as formações em 32 anos.

O EP “Angra ilumina Sonastério” também é uma oportunidade para conhecer o universo da banda e do projeto Sonastério ilumina, que inclui uma longa entrevista sobre a carreira da banda e as características e influências de cada músico. Assista em https://www.youtube.com/@sonasterio e ouça em https://onerpm.link/angrailuminasonasterio

As músicas registradas são  "Rebirth", "Judgement Day", "Millennium Sun", "Upper Levels", "Black Widow’s Web" e "Nothing to Say."

quarta-feira, 26 de abril de 2023

O começo furioso do Hüsker Dü ressurge em ótimo disco ao vivo

 Hüsker Dü foi uma banda mágica que aliou com maestria o hard rock e o punk de forma única e, para completar o clichê, inigualável. 

Era uma banda melódica baseada na guitarra quase psicótica/psicodélica do também vocalista Bob Mould, além da explosiva bateria de Grant Hart. Era a banda que, de certa forma, rivalizava com o R.E.M. no circuito alternativo americano dos anos 80.

No Brasil, o trio ficou conhecido com os álbuns 'Warehouse and Other Stories" e "Candy Apple Grey" a partir de 1985 - implodiu dois anos depois -, mas a fama de banda potente e barulhenta já era grande em 1979

"Tonite Longhorn" pretende ser um conjunto inédito de discos duplos com raras gravações ao vivo do início embrionário da lendária banda no palco. 

O primeiro volume acaba de ser editado com shows de 1979 e 1980, onde o Hüsker Dü está, obviamente, longe da maturidade, mais punk e ruidoso e sem qualquer refinamento - o que fazia sentido na época dos registros.

Extraído dos históricos arquivos de gravação do Hüsker Dü compilados pelo falecido engenheiro de som Terry Katzman, o álbum reúne 28 faixas capturadas em quatro noites diferentes entre julho de 1979 e setembro de 1980 em Minneapolis, no notório e pequeno Longhorn Bar.

"Tonite Longhorn" se destaca como uma máquina do tempo. Os destaques incluem clássicos inexoráveis como "All Tensed Up", "Do the Bee", "MTC" e "Statues", bem como um cover feroz de "Chinese Rock" de Johnny Thunders and the Heartbreakers.

Em uma declaração sobre o disco ao vivo, Bob Mould disse que "a maioria dos artistas começa suas carreiras procurando inspiração em seus heróis. 'Tonite Longhorn' é uma visão abrangente de três adolescentes prestando homenagem, experimentando diferentes gêneros e - o mais importante - construindo uma base para o que está por vir"

Ele comppleta: "Sabíamos o que tínhamos: boa química, ótimas melodias e harmonias e uma superabundância de entusiasmo jovem (e às vezes burro). Sabíamos que éramos diferentes e sabíamos que estávamos fazendo algo diferente."

No encarte do lançamento, Thurston Moore, guitarrista e vocalista do Sonic Youth, escreveu: "Hüsker Dü poderia tocar hardcore até a morte, mas eles não eram totalmente hardcore – eles eram outra coisa. E é com isso que me relaciono plenamente e o que estou ouvindo nessas gravações ao vivo desenterradas daqueles dias. Ouvir os tapes foi como se fossem as baterias de nossas vidas enquanto continuamos a marcar os anos."

Com o fim do trio, em 1988, Bob Mould seguiu uma carreira solo bem-sucedida como artista pop, além de fazer sons mais experimentais com a banda Sugar. É um dos nomes mais importantes da musica alternativa dos Estados Unidos e continua ativo até hoje.

Norton submergiu non underground e partiu também para trabalhar em outras áreas. Hart virou um produtor requisitado e tocou em diversas bandas mais por diversão do que para engatar seriamente um grande projeto. Era o grande curador do legado do Hüsker Dü e morreu em 2017, vítima de câncer, aos 56 anos.


CD1
01 Insects Rule the World (Live, July 6, 1979)
02 I’m not Interested (Live, July 6, 1979)
03 Sex Dolls (Live, July 6, 1979)
04 Can’t See You Anymore (Live, July 6, 1979)
05 Sexual Economics (Live, July 6, 1979)
06 Do You Remember? (Live, July 6, 1979)
07 Nuclear Nightmare (Live, July 6, 1979)
08 All Tensed Up (Live, July 16, 1980)
09 Strange Week (Live, July 16, 1980)
10 Don’t Try to Call (Live, July 16, 1980)
11 Industrial Grocery Store (Live, July 16, 1980)
12 Do the Bee (Live, July 16, 1980)
13 Do You Remember? (Live, July 16, 1980)
14 Ode to Bode (Live, July 16, 1980)
15 Don’t Have a Life (Live, July 16, 1980)

CD2
01 All I’ve Got to Lose (Live, September 25, 1980)
02 Don’t Try It (Live, September 25, 1980)
03 Writer’s Cramp (Live, September 25, 1980)
04 Gilligan’s Island (Live, September 25, 1980)
05 What Went Wrong? (Live, September 25, 1980)
06 Uncle Ron (Live, September 25, 1980)
07 MTC (Live, September 25, 1980)
08 Drug Party (Live, September 25, 1980)
09 Chinese Rock (Live, September 25, 1980)
10 Termination (Live, September 25, 1980)
11 Call on Me (Live, September 25, 1980)
12 Gravity (Live, September 25, 1980)
13 Statues (Live, September 25, 1980)

Glenn Hughes anuncia shows no Brasil para novembro

 O cantor e baixista inglês Glenn Hughes (ex-Deep Purple e Black Sabbath) alterou a sua agenda de 2023 para incluir uma turnê latino-americana antes de encarar o retorno das atividades do Black Country Communion em 2024 - e ele ainda é o vocalista e baixista da banda Dead Daisies.

Hughes anunciou que fará dez shows no continente em novembro, passando por Brasil, Argentina, Chile, México e Costa Rica. Por aqui serão seis apresentações - de longe é o país que mais venera o seu trabalho em todas as Américas.

Aos 72 anos, é o cantor da geração de ouro do rock pesado que conseguiu manter intacta a voz e a performance - o tempo foi inclemente para contemporâneos como Ian Gillan, David Coverdale, Mick Jagger, Robert Plant e Roger Daltrey, entre outros.

Incapaz de cometer um show ruim, Hughes perdeu a conta de quantas vezes veio ao Brasil. Na primeira vez, em 1994, descobriu um novo mundo e múltiplas possibilidades quando descobriu o quanto era idolatrado por aqui.

Desconfortável em um Fiat Uno branco circulando por emissoras de rádio de São Paulo, estava divulgando o seu álbum "From Now On", mas não fez shows em São Paulo, única parada brasileira no giro de divulgação, mas não resistiu e subiu ao palco do antigo Black Jack, bar roqueiro da zona sul paulistana, para cantar três músicas com uma banda cover.

"É inacreditável que não tenhamos aproveitado essa onda de carinho com o Deep Purple", disse a esse jornalista na saída de uma emissora de rádio. "A paixão de vocês pelo rock é contagiante e nos faz seguir em frente de um jeito ou de outro. Vocês sabem mais de mim do que eu mesmo."

Ele sempre retribuiu esse carinho com turnês extensas no Brasil e gravou um EP ao vivo em São Paulo em 1998, que saiu primeiramente como CD bônus da edição japonesa do álbum "Return to the Crystal Karma". mais tarde, com o nome de "Live in South America", foi editado em CD e incluído com esse nome nas plataformas digitais.

Foi nessa época que atendeu a um pedido de milhares de fãs para colocar no repertório a canção "No Stranger to Love", do Black Sabbath, música do álbum "Seventh Star" - o único da banda com ele nos vocais. Ao que consta, foram raríssimas as vezes que a interpreto em shows fora do Brasil.

Nesta turnê brasileira, o cantor vai privilegiar as músicas de seu tempo e Black Sabbath, algo que fez nas duas últimas visitas. No entanto, não descarta enxertar o repertório com algumas surpresas - o que aumenta a chance de recolocar "No Stranger to Love" na lista de músicas.

Atualmente, a sua atenção principal é na banda multinacional Dead Daisies, liderada pelo empresário milionário australiano David Lowy, que é um dos guitarristas. Já gravou dois álbuns de boa qualidade com esse grupo, um hard rock moderno com muita influência de Deep Purple e Motley Crue.

No ano que vem ele prevê o retorno aos trabalhos do Black Country Communion, que criou ao lado do guitarrista e vocalista Joe Bonamassa, do tecladista Derek Sherinian e do baterista Jason Bonham.

Quarteto de hard rock de grande sucesso, deveria ser a sua principal ocupação, mas a agenda lotada de Bonamassa quase acabou em definitivo com o grupo. 

Foram três álbuns de estúdio e um ao vivo entre 2010 e 2012, com um hiato até 2017, quando gravara o quarto disco. Desta vez o hiato já dura cinco anos. 

Por mais que adore o som estilo Led Zeppelin deste projeto, Hughes não esconde que a sua prioridade é o Dead Daisies, que surgiu em sua vida em 2020 uando não havia indícios que de o Black Country se reuniria novamente.

Summer Breeze estreia no Brasil almejando ser o maior dos festivais de rock pesado

O maior festival de rock pesado já realizado no Brasil, ao menos em relação ao número de atrações. Seria esse o grande o mérito do Summer Breeze Festival, que rola pela primeira vez em São Paulo - e fora da Alemanha - neste final de semana?

Serão dois dias de muito heavy metal em todas as suas tendências e em formato que é tradição na Europa - vários palcos e uma sequência alucinante de shows.

Muita gente questionou se não haveria sobreposição de eventos com o Monsters of Rock, da semana passada no Allianz Parque. Muito show no mesmo mês, não é? As vendas maciças de ingressos mostraram que não, e que São Paulo é uma das capitais do rock neste planeta pós-pandemia (ou quase).

O evento alemão surgiu lá em 1997, na pequena cidade de Dinkelsbuh, idealizado por Achim Ostertag (líder da Voodoo Kiss) e teve na primeira edição pouco mais de 300 pessoas. 

Criado de forma despretensiosa por Ostertag o festival se agigantou e hoje recebe os maiores nomes do rock and roll em várias vertentes.

O Summer Breeze Brasil ocorre em 29 e 30 de abril e terá inúmeros palcos e atrações no Memorial da América Latina, zona oeste de São Paulo. Será a estreia de um equipamento público bem localizado em grandes festivais de rock pesado - no ano passado sediou etapas de um show dedicado ao rock nacional.

Com realização da Free Pass Entretenimento, o festival será muito mais que um evento de música, promete ser uma experiência imersiva/cultural trazendo estandes da culinária alemã, para aqueles que curtem a gastronomia do país europeu. 

Além disso, terá também feira de cultura Geek, cultura urbana, tatuagens, espaço kids e sessões de autógrafos com bandas que tocam no Summer Breeze Brasil.

Segundo Rick Dallal, da Free Pass Entretenimento, ao contrário da versão alemã, o festival brasileiro será um mix de vertentes do rock que rola em nosso país.

O elenco é de responsa trazendo, entre outros, (se segura pra não cair) os germânicos do Blind Guardian, que voltam a nosso país após sete anos. 

Os veteranos americanos do Skid Row e The Winery Dogs marcam presença no evento, além dos finlandeses do Stratovarius, dos australianos do Parway Drive e a banda de metalcore britânica Bury Tomorrow.

Vocalista do Iron Maiden, Bruce Dickinson, estará no Summer Breeze Brasil, porém não para cantar. Dickinson participa como palestrante.

Entre as bandas brasileiras presença confirmada de Sepultura, Viper, Krisiun, Project 46, Brutal Brega, Tuatha de Danan, Sinistra, além de homenagens a André Matos (1971-2019).

SERVIÇO

Summer Breeze Brasil - 1ª Edição

Dias 29 e 30 de abril

Local: Memorial da América Latina

Av. Mário de Andrade, 664 - Barra Funda - São Paulo

Horário: Abertura dos portões: 10 horas

Início dos shows: 11 horas

Classificação: 16 anos - Menores de 16 anos somente acompanhados dos pais ou responsáveis legais

Vendas online: www.ticket360.com.br

Blackmore's Night: 25 aos unindo o rock e a música erudita de sabor medieval

 A fase não era das melhores, embora nos palcos as coisas estivessem funcionando a contento. Depois de mais uma briga com os companheiros do Deep Purple, o guitarrista inglês Ritchie Blackmore, genial e genioso, ressuscitou a sua banda setentista Rainbow para mostrar quem ainda dava as cartas.

Com músicos jovens, a banda lançou um bom disco em 1995, "Stranger in Us All", e engatou uma turnê mundial que vendeu bem, mas não tanto quanto se esperava. E então o mestre da guitarra se desencantou e decidiu se enfurnar em sua propriedade rural nos Estados Unidos com a então nova esposa, a jovem cantora Candice Night, filha de sua empresária.

Foi no misto de sítio e fazenda que Blackmore resolveu virar um bardo e mergulhar em suas influências de música erudita de cunho renascentista. Comprou vários instrumentos como alaúdes, rabecas e craviolas e não parou de ouvir concertos de Bach, Haydn e Vivaldi.

Com o apoio de Candice, conseguiu marcar diversas concertos em castelos na Europa Ocidental para um novo projeto voltado para a música da Renascença, com sonoridade baseada no alaúde, na flauta e na voz angelical da esposa. e assim nascia, em 1997, o Blackmore's Night. 

O sucesso dos primeiros shows foi tão grande e surpreendente que o motivou a gravar um álbum de música medieval tradicional e folk-rock. "Shadow of the Moon" está fazendo 25 anos de lançamento e uma versão remasterizada e remixada foi lançada para comemorar a data - com edição brasileira a cargo a Shinigami Records em parceria com earMUSIC e Sound City Records.

Em uma das raras entrevistas concedidas pelo guitarrista na época do lançamento, ele afirmou que aquele projeto, ao lado da mulher, representava os seus "verdadeiros ideais artísticos: música instrumental principalmente acústica, influenciada pelas canções da Idade Média e do Renascimento, mas na sua atemporalidade que se enquadra perfeitamente nos tempos modernos".

Candice, por sua vez, acredita que as canções do projeto conectam as pessoas a um mundo de sonhos, idílico, de certa forma, com temas para dançar e festejar, mas também para desfrutar silenciosamente e sonhar com tempos de harmonia. "As letras conseguem ao mesmo tempo acalmar e energizar, contando pequenas histórias com grandes sentimentos", disse a cantora certa vez.

A edição comemorativa do 25º aniversário do lançamento de "Shadow Of The Moon" apresenta uma versão totalmente remixada do álbum original com uma arte completamente atualizada. 

Também estão incluídas as inéditas versões acústicas de duas músicas: "Spirit Of The Sea" e "Shadow Of The Moon". Ambas foram gravadas por Candice e Ritchie em uma sessão íntima e caseira.
 
Blackmore's Night, atualmente em hibernação, é um projeto surpreendente e muito interessante ao revisitar um mundo aparentemente perdido para as gerações do século XXI e prova que a música instrumental/erudita pode ser popular e acessível aos jovens da atualidade.

Mundo encantado


O que ninguém esperava lá em 1997 é que Ritchie decidisse voltasse a estudar e praticar violão clássico no período. Um grupo de bardos esquisitos fazendo música temática? Blackmore's Night sempre foi muito mais do que isso.

Inusitado e intenso, o grupo fez turnês europeias com regularidade, sobretudo tocando em castelos medievais na Alemanha, na França, na Itália e nos países escandinavos

Casas de concertos eruditos também se foram ocupados em giros de completo sucesso. O acerto do casal foi estupendo. O que era para ser um projeto de música "folclórica", como gostam de dizer os detratores, rendeu 11 CDs com músicas inéditas, um álbum ao vivo e dois DVDs.

Aliás, detratores é o que não faltam para o Blackmore's Night, sobretudo no Brasil e entre os fãs do Deep Purple e do Rainbow, inconformados com o "exílio" do ídolo. 

Na Europa, os roqueiros e fãs das duas bandas estranharam bastante a opção de Blackmore, mas parte deles aceitou e apoiou. No Estados Unidos houve certa euforia no começo, mas foi seguida, algum tempo depois, por certa indiferença.

O guitarrista nunca trouxe o grupo ao Brasil. Alguns produtores culturais tentaram, mas desistiram ao saber dos custos para trazer um projeto que, na verdade, era um risco financeiro, apesar do nome fortíssimo de Blackmore. Imagine o Blackmore's Night fazendo concertos na Sala São Paulo ou no Teatro Municipal da capital paulista?

O projeto com a esposa é de extrema qualidade e certamente agradará a quem gosta de expandir o leque de gostos musicais. 

Exemplo de engajamento, Harry Belafonte foi uma das maiores figuras do nosso tempo

 Em um mundo com as vozes de trovão de um Frank Sinatra ou Tony Bennett, para não falar na suavidade e delicadeza de Nat King Cole, quem se daria ao trabalho de prestar a atenção a uma voz apenas firme, mas hesitante e sem floreios?

Pelo menos um milhão de pessoas decidiram apostar na voz de Harry Belafonte e lhe deram a primazia de ser o primeiro artista a vender mais de um milhão de cópias de um único álbum - além de poder dar um "tapa na cara" dos branquelos italianados Sinatra e Bennett, os preferidos da mídia e do mundo branco.

Belafonte, cantor de bons recursos e ótimo ator, foi o primeiro artista negro a romper as barreiras impostas pelo racismo e pelas finanças pessoais e invadiu o mundo das celebridades. 

Respeitado e admirado, não teve medo de ousar e ir além, tornando-se sinônimo de ativismo político e social em uma América inconformada com as reivindicações de cidadania e direitos civis das minorias - negros, hispânicos e asiáticos. Usou o fato de ser uma celebridade para financiar diversas causas e se tornar uma lenda entre os artistas engajados.

Morto aos 96 anos nesta semana, ator e cantor era imponente por seu porte físico, que enganava interlocutores que não imaginava a doçura e a delicadeza com que Belafonte se colocava em todos os assuntos. Delicadeza que jamais era confundida com falta de firmeza - que o digam os parlamentares americanos que tinham a difícil missão de enfrentá-lo em um debate...

Filho de imigrantes caribenhos, gostava  de se definir como uma autêntica cara de sua Nova York natal, difusa, diversa, diversificada e plural, ainda que nem sempre acolhedora e benevolente com as classes menos abastadas.

E foi nas áreas mais carentes de sua cidade que ele despertou para o ativismo político, numa igreja batista do bairro negro do Harlem. Já era um ator respeitado, mas não um astro quando conheceu o pastor Martin Luther King, este ainda jovem e cheio de energia.

O impacto do encontro foi tão grande que Belafonte, mesmo sem ser religioso, aderiu às causas de King e se tornou um parceiro dele por toda a vida, devotando muito de celebridade e parte de seu dinheiro a ajudar a difundir e defender os direitos civis. Financiou um generoso plano de seguro pessoal ao amigo - cuja família iria precisar depois que o pastor foi assassinado em abril de 1968.

Um dos pontos altos de sua carreira na música, foi o sucesso do álbum "Calypso", o terceiro de sua discografia, que se tornou o primeiro trabalho na indústria norte-americana a vender mais de 1 milhão de cópias e conquistar o primeiro disco de ouro no país.

É neste disco que se encontra o clássico "Day-O (The Banana Boat Song)", inspirada em uma melodia popular da Jamaica. Ainda que a canção fosse dançante, seu teor era voltado para a rebelião dos trabalhadores que desejavam justiça aos salários pagos na época.

Em uma recente entrevista para uma emissora de TV americana, na saída da cerimônia de um prêmio da indústria musical, Belafonte disse qual era a motivação e o legado que queria deixar no mundo do entretenimento: "Justiça", disse o ator, de forma sucinta, referindo-se à questão socioeconômica de parte da população norte-americana.

"Quando as pessoas pensam em ativismo, sempre pensam que há algum sacrifício envolvido, mas sempre considerei isso um privilégio e uma oportunidade", disse durante um discurso na Universidade Emory, em 2004. 

Artista inigualável e uma personalidade fascinante, foi um gigante em todos os sentidos e uma das figuras humanas mais importantes do nosso tempo.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Cada vez mais clássico e progressivo, Jethro Tull aposta em boas histórias em 'RökFlöte'

 Sem capacidade para surpreender, o que se faz em tempos de velocidade cotidiana insana e atenção cada vez menor a material novo e inédito? Faz-se o mesmo de sempre, com uma pitada de modernidade.

Ian Anderson, o escocês que lidera o Jethro Tull, ícone do rock progressivo, não pensou duas vezes e comemora o seus 75 anos de idade tocando muita flauta e oferecendo um caldo com gosto requentado, mas eficiente, no mais novo trabalho, "Rökflöte".

É um disco bem feito e bacana, mas que vai agradar apenas aos fãs de sempre, ainda que estes não estejam muito afinados com o som que a banda produz desde os anos 90 - muito limpo, mais folk, menos bleusy e com guitarras um pouco mais estridentes, como na música principal e primeiro single, "The Navigators".

É uma bela canção, que resgata um pouco do peso dos anos 70, da mesma forma que a ótima "Guardian's Watch". Ainda assim, falta alguma coisa, e essa coisa é a guitarra precisa e climática de Martin Barre, fora da banda desde 2011.

Joe Parrish é eficiente, já tinha trabalhado bem no disco anterior, "The Zealot Gene", mas parece ainda emular os sons de Barre - a pedido de Anderson? Ele vai bem nas partes em que predominam a folk music, mas falta mais "tensão" e arrojo quando as músicas pedem mais peso.

Em um trabalho com ares conceituais, com narrações em idiomas orientais e também nórdico antigo, Anderson revisita o tema do fim dos tempos, algo presente em quase todas as religiões. No caso, aqui, o Jethro Tull se agarra ao termo "ragnarök", a versão nórdica para o fim do mundo, ou o Armageddon bíblico.

É um disco bem agradável e bem progressivo, ainda que não haja longas suites. Anderson canta de forma sublime, sem excessos, e a flauta passeia incansavelmente conduzindo muitas das melodias. 

As duas canções já citadas são as melhores, mas é possível destacar as delicadas "the Perfect One" e "Cornucopia", além da ótima "The Feathered Consort", com um ótimo trabalho de violões e guitarras.

"RökFlöte" não é uma audição para todos os ouvidos e é possível que o público mais jovem não seja atraído pelo conceito ou pelo som. É totalmente progressivo e clássico, ainda que a produção caprichada, clean demais, se esforce para dar uma cara bem moderna ao Jethro Tull.

Aos 56 anos de existência - nem vamos mencionar o hiato de 2011 a 2017 -, a banda não está preocupada em ser ou não relevante em 2023.

Continua produzindo boa música e apresentando questionamentos pertinentes e interessantes em um tempo em que se despreza certos conteúdos mais densos, mas sem grande apelo. Ian Anderson e sua banda ainda têm coisas interessantes a dizer.


Ao vivo, Joe Bonamassa melhora ainda mais as canções de seu melhor álbum

A pandemia de covid-19 teve um impacto grande na carreira e na personalidade do guitarrista norte-americano Joe Bonamassa, o maior nome do blues da atualidade. 

A caminho dos 50 anos de idade, já tinha apresentado um material mais denso, pesado e reflexivo em seu álbum mais recente, "Time Clocks", o melhor de sua trajetória. Com resultado bastante satisfatório de público e crítica, decidiu reproduzi-lo ao vivo, como havia feito com o ótimo "Royal Tea".

É um padrão inusitado, já que a chance de repetição e morosidade são grandes, mas nada é normal e simples quando se trata de Bonamassa. "Tales of Time", o novo trabalho, melhorou o que já era ótimo no estúdio.

O CD e o DVD retratam a nova fase do guitarrista, mais maduro e cada vez mais brilhante tanto nos vocais como na performance instrumental. Com uma banda reformulada, inseriu mais peso nos temas do álbum mais recente, com uma guitarra base acrescentada e três mulheres fazendo os vocais de apoio.

O tecladista Reese Wynans continua, resgatando a cama sonora perfeita que fazia nos seus tempos de Double Trouble, que acompanhava Steve Ray Vaughan (1954-1990). Completam o time Josh Smith (guitarra base), Calvin Turner (baixo), Carl Carter (bateria) e as cantoras Mahalia Barnes, Dannielle DeAndrea e Jade MacRae. Mahalia não está na parte europeia da turnê, que começou em março.

"Time Clocks", a faixa-título, ficou mais extensa e ganhou toques de rock progressivo, com um solo extraordinário de Bonamassa e o arranjo vocal de apoio maravilhoso. 

"Mind's Eye" é um blues por excelência, com refrão e riffs bel elaborados e trabalhados, assim como na de densa e melancólica "The Loyal Kind". "Notches", a mais roqueira, ficou mais pesada e ganhou um solo mais extenso.

O som impecável, registrado em agosto de 2022 no anfiteatro natural de Red Rocks, no Colorado (Estados Unidos), recebeu um tratamento digno do mestre Kevin Shirley, que produz os álbuns do guitarrista há anos, além de trabalhar com Iron Maiden, Dream Theater e Black Country Communion.

O CD tem apenas dez músicas e é focado em "Time Clocks". O DVD tem o acréscimo de três músicas de seu extenso repertório, entre elas a monumental "Mountain Time", um blues épico que se tornou um dos maiores hits de Bonamassa e que quase sempre encerra seus shows. Nos extras, aparecem as perfomances de outros dois clássicos, "Dust Bowl" e "The Ballad of John Henry".

Ele deve estender a turnê de "Time Clocks"/"Tales of Time" até o fim deste ano pela Europa e Estados Unidos e embarcar em 2024 or alguns meses nas gravações do novo disco do Black Country Communion e na subsequente turnê.

The Town: estão esgotados os ingressos para o dia do rock

 Do site Roque Reverso

Estão esgotados os ingressos para o dia com rock no festival The Town. Na manhã da quarta-feira, 19 de abril, conforme os organizadores do evento, acabaram todas as entradas para o dia que reunirá no Palco Skyline as bandas Foo Fighters, Queens of The Stone Age, Garbage e Pitty.

As quatro atrações vão tocar no dia 9 de setembro. Além do Palco Skyline, que é considerado o principal, outro palco com nomes do rock no mesmo dia é o The One.

As atrações do Palco The One são o headliner Barão Vermelho, convidando Samuel Rosa, além de Wet Leg, Detonautas e Terno Rei convidando Fernanda Takai e Mahmundi.

O festival The Town terá sua primeira edição no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, nos dias 2, 3, 7, 9 e 10 de setembro de 2023.

A proposta do The Town é ser um evento eclético musicalmente, tanto que já estão confirmadas atrações que vão do rap ao jazz.

Outras datas esgotadas

Além do esgotamento de ingressos para o dia 9, há outras duas datas com entradas totalmente vendidas, as que têm o cantor Bruno Mars como headliner no Palco Skyline: os dias 3 e 10 de setembro.

Foram estas datas, por sinal, que esgotaram os ingressos primeiro, no dia 18 de abril, em pouco mais de uma hora de venda, mas precisamente 1 hora e 12 minutos, conforme os organizadores.

No dia 3, também se apresentam no Palco Skyline as atrações Bebe Rexha, Alok e Luisa Sonza e, no Palco The One, as atrações, Seu Jorge, Leon Bridges, Ney Matogrosso e Matuê convidando O Nordeste.

Já no dia 10, sobem ao Palco Skyline também as atrações H.E.R., Kim Petras e Iza e, no Palco The One, as atrações Jão, Gloria Groove, Pabllo Vittar convidando Liniker e Jup do Bairro, e Marina Sena cantando Gal Costa.

Promessa de festival gigante

Os organizadores do festival prometem um evento de proporções gigantescas em uma área de 350 mil metros quadrados que será totalmente renovada.

A expectativa é receber cerca de 500 mil pessoas em mais de 235 horas de música. A Cidade da Música contará com cinco palcos, onde o público poderá imergir, segundo a organização, em “novas e inesquecíveis experiências”. A cenografia é inspirada em ícones da arquitetura paulistana.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas e destacada pela organização, está previsto um impacto econômico de R$ 1,7 bilhão, o maior já visto na capital paulista, além da geração de mais de 19 mil empregos diretos.

Os palcos

O maior palco, como já foi citado é o Skyline, inspirado nos grandes prédios da Cidade. É nele que grandes artistas do mundo inteiro irão compor as quatro atrações do dia.

O palco The One, contará com conteúdo exclusivo do festival, bandas consagradas e novos artistas.

Importado do Rock in Rio, o New Dance Order estará dedicado à música de pista, passando pelos gêneros house, techno, trance, bass e trap.

O São Paulo Square será um espaço inspirado na região em que a cidade foi fundada. Ali se reunirão alguns dos seus principais ícones históricos, como a Catedral da Sé, Estação da Luz, Teatro Municipal, entre outros.

Neste palco, há, por exemplo, atrações de peso ligadas ao jazz, todas como headliners: a contrabaixista e cantora de jazz norte-americana Esperanza Spalding (2 e 3 de setembro); o guitarrista e pianista norte-americano de jazz/jazz fusion Stanley Jordan (7 e 9 de setembro) e o baixista Richard Bona (10 de setembro).

O festival também traz também os antigos galpões das fábricas para o palco Factory. O espaço terá o mood da cultura urbana com performances de street dance e shows de trap, hip hop e rap. Atrações dos dias ainda com ingressos disponíveis

Até o fechamento deste texto, na noite da sexta-feira, 21 de abril, ainda havia ingressos para os dias 2 de setembro e 7 de setembro.

No dia 2 de setembro, o Palco Skyline terá o headliner Post Malone, além de Demi Lovato, Iggy Azalea e o show que reunirá MC Cabelinho, MC Hariel e MC Ryan SP. O Palco The One terá o headliner Racionais MCs & Orquestra Sinfônica de Heliópolis, além de Criolo & Planet Hemp, Orochi & Azzy, Tasha e Tracie & Karol Conka.

No dia 7 de setembro, o Palco Skyline terá o headliner Maroon 5, além do grupo The Chainsmokers, Liam Payne e,Ludmilla. O Palco The Onte terá o headliner Ne-Yo, além Masego, Angelique Kidjo e Maria Rita.

Ingressos

Desde o dia 18 de abril, as vendas gerais de ingressos para o festival estão acontecendo a pleno vapor no site da Ticketmaster.

O ingresso custa R$ 815 a inteira e R$ 407,50 a meia-entrada e não há cobrança de taxas adicionais.

Pode ser efetuada a compra de até 4 (quatro) ingressos por dia de festival por CPF, sendo no máximo 1 meia-entrada por dia, por CPF.

Os clientes que adquirirem meia-entrada terão que inserir no próprio site todas as informações referentes ao documento que comprove tal condição, para posterior validação, assim como será necessário apresentá-lo no acesso à Cidade da Música, no dia do evento.

O pagamento poderá ser feito por cartão de crédito ou PIX. Para pagamento com cartão de crédito, o valor poderá ser parcelado em até 6 (seis) vezes sem juros. Já os clientes que efetuarem o pagamento com cartões de crédito Itaú, Credicard ou Iti poderão parcelar a compra em até 8 (oito) vezes sem juros.

Monsters of Rock: Kiss brilha, Deep Purple impressiona e Scorpions cumpre tabela

 Flavio Leonel - do site Roque Reverso

Mais uma festa do rock and roll foi vista em São Paulo no sábado, 22 de abril, quando o festival Monsters of Rock lotou o Allianz Parque e foi marcado por bons shows. No evento que trouxe sete atrações internacionais à capital paulista, os destaques foram o headliner KISS, com seu tradicional espetáculo, o Scorpions, com um show coeso e marcado pela qualidade de efeitos e o som impecável, e o lendário Deep Purple, que manteve a tradição de dar aulas de boa música.

Completaram o line-up, o Helloween, que trouxe, apesar do show curto, heavy metal em seu estado puro, o Candlemass, com um som denso e marcante, além da banda Symphony X e a cantora Doro, que abriu os trabalhos no fim da manhã com bastante energia, enquanto a maior parte do público que lotou o Allianz Parque ainda não havia chegado.

Entre a manhã e a noite do sábado, quem esteve na arena do Palmeiras vivenciou um dia repleto de rock and roll, com um público num astral altamente positivo.

O clima também ajudou, já que não choveu e o frio, que havia gerado temperaturas em torno dos 15 graus Celsius durante a semana, deu uma pausa ao longo do dia, dando as caras apenas no período da noite, mas em um nível mais ameno.

Com toda a estrutura moderna que o Allianz Parque possui, ficou fácil para a maioria do público se divertir e curtir os shows, mesmo com a quantidade grande de pessoas presentes.

KISS traz espetáculo encantador de sempre

Pela terceira vez como headliner de um Monsters of Rock, o quis não decepcionou o público e trouxe seu espetáculo encantador de sempre. Com hits que embalaram uma carreira de 50 anos, a banda apresentou um set list bastante semelhante ao que foi visto no mesmo Allianz Parque em 2022, quando o grupo fez o primeiro grande show de rock na capital paulista após o período crônico da pandemia de covid-19.

A diferença entre um show e outro ficou na troca da faixa “Tears Are Falling” por “Makin’ Love”. No restante do repertório, a estrutura e performance do KISS em 2023 foi bem parecida com a do ano passado.

Alguns dos destaques do show foram a abertura tradicional e com show de efeitos em “Detroit Rock City”, com a banda descendo do teto em plataformas em meio a explosões e pirotecnia espalhadas por todo o palco; “I Love It Loud”, com o refrão marcante de uma das músicas de maior sucesso do grupo no Brasil; “Lick It Up”, com o público, pelo segundo ano consecutivo, cantando o refrão de tal maneira que os ecos se espalharam por todo o Allianz Parque; “Love Gun”, com Paul Stanley “voando” sobre o público por meio de uma tirolesa que saia do palco e seguia até a mesa de som na divisão das Pistas Vip e Comum; e o épico encerramento com “Rock and Roll All Nite”, com direito a chuva gigantesca de papel picado por todo o estádio.

Em vibração do público, o show de 2023 no Monsters foi ligeiramente menos intenso que o de 2022. Muito dessa diferença tem ligação com o cansaço de boa parte do público, que chegou no Allianz Parque antes do meio-dia.

Por mais que não houvesse calor forte ou chuva, o público esteve mais contemplativo do que festeiro e agitado. Em 2022, ainda havia o componente do fim do pior período da pandemia e o retorno dos shows, o que havia transformado o estádio numa festa que não se via há muito tempo em São Paulo.

Mas isso não quer dizer que o show de 2023 no Monsters tenha sido ruim ou fraco, muito pelo contrário. Bastava circular pelo Allianz Parque na saída do evento para ver o rosto de felicidade do público logo após o show do KISS para constatar que a festa do rock, proporcionada pelo grupo norte-americano, havia sido realizada.

Scorpions coeso, com show de efeitos e som impecável


Tente procurar na memória algum show ruim do Scorpions no Brasil e dificilmente virá algo em mente. Sempre empenhado para trazer uma boa experiência aos fãs, o grupo alemão trouxe uma apresentação coesa no Monsters of Rock, com show de efeitos e som impecável no Allianz Parque.

Talvez, ao lado do observado na apresentação do Helloween, o som do show do Scorpions tenha sido o melhor do dia, sempre levando em conta que a reportagem acompanhou o evento da Pista Vip – dependendo do local dos shows, muitas vezes, a percepção não é a mesma, mas não foram vistas maiores reclamações sobre o som no Allianz Parque no Monsters.

Da mesma maneira que os demais grupos, a apresentação do Scorpions fez maior sucesso quando a banda executou os grandes hits da carreira. Mas, no Allianz Parque, a banda optou por um set list que trouxe algumas faixas do disco mais recente “Rock Believer”, de 2022, o que não empolgou tanto quem não era fã de carteirinha do grupo.

Apesar do show no Monsters trazer mais músicas que a apresentação do Rockfest no mesmo Allianz Parque, a performance de 2023 não superou a de 2019 na mesma arena, justamente por causa da escolha das músicas. Se, no Rockfest, o grupo trouxe canções mais agitadas desde o começo, no Monsters, a empolgação do público com o show veio mais para a metade, a partir de “Bad Boys Running Wild”.

A partir dali, grandes momentos vieram em sequência, como na bela “Send Me an Angel”, quando o público cantou o refrão numa única voz, ou na sempre necessária “Wind of Change”, que, se nos Anos 1990, ficou marcada pelos “ventos da mudança” na Europa com a queda do Muro de Berlim e a reunificação alemã, agora, mereceu até modificação na letra, com referência à guerra na Ucrânia.

Na sequência, com faixas clássicas que sempre estão presentes, como “Tease Me Please Me”, “Blackout” e “Big City Nights” e, já no bis, com “Still Loving You” e “Rock You Like a Hurricane”, o Scorpions manteve a conduta impecável de sempre, inovando em alguns efeitos no telão em relação ao Rockfest e trazendo novamente a energia do baterista Mikkey Dee no solo impactante de sempre.

Mesmo com um show ligeiramente inferior, em impacto, ao do Rockfest, a apresentação da banda no Monsters foi a melhor do evento de 2023. quando o assunto é técnica e execução musical, surpreendendo muitos fãs de outras bandas que esperavam um grupo focado em baladas.

A aula do lendário Deep Purple

Seis anos longe de São Paulo, o Deep Purple voltou para a cidade em 2023 neste Monsters of Rock. Se, no início dos Anos 2000, a presença do grupo na capital paulista era quase uma rotina anual, a partir da década de 2010, as voltas ao Brasil ficaram mais espaçadas, com a mais recente vinda ao País em 2017, no Solid Rock.

Quem já foi a um show do Deep Purple sabe o quanto o grupo costuma trazer de “aulas do rock”. Pertencente à tríade sagrada, ao lado de Black Sabbath e Led Zeppelin, que influenciou boa parte das grandes bandas pesadas das décadas seguintes, o Purple resiste ao tempo e continua apresentando, com muita dignidade, bons shows.

Foi a primeira fez do grupo em São Paulo neste século sem o grande guitarrista Steve Morse, que deixou a banda para se dedicar à saúde da esposa doente. No seu lugar, Simon McBride justificou a escolha da banda por seu nome e substituiu Morse (o que nunca é fácil) muito bem, impondo seu estilo às faixas clássicas do Deep Purple.

Enquanto McBride era a parte mais jovem do grupo, os demais integrantes esbanjavam sua experiência, traduzida em entrosamento sempre impecável. Ian Paice, com seus 74 anos, mantém a pegada na bateria como poucos, com seu fiel escudeiro Roger Glover, no baixo, aos 77 anos, completando a cozinha com maestria. No teclado, Don Airey, aos 74 anos, continua substituindo muito bem o lendário Jon Lord e mostrando o motivo de ter tocado com tantos nomes importantes do rock.

Por fim, o mestre Ian Gillan é a imagem da dignidade do Purple. Aos 77 anos e com todas a limitações que a idade pode impor a um vocalista apelidado de “silver voice” pelos agudos inacreditáveis dos Anos 1970, ele se supera e emociona os fãs pela sua tentativa de entregar o melhor.

Estamos falando de uma banda fundada em 1968, senhores! Uma lenda do rock que esteve presente em 2023 no Allianz Parque. Quem desfrutou momentos, como em “Lazy”, “Pictures of Home”, “When a Blind Man Cries” e “Space Truckin'”, já é um felizardo.

E ainda não faltou a lista de clássicos obrigatórios, como “Highway Star”, “Smoke on the Water”, “Perfect Strangers”, “Hush” e “Black Night”, além da boa escolha de “Anya”, poucas vezes tocadas nas vindas do grupo a São Paulo. Um show acima de tudo digno, mas com muita qualidade da lendária banda britânica.

Halloween traz show bom, mas curto

Um dos representante do heavy metal no Monsters, o Helloween trouxe um bom show no festival, mas ele foi curto demais, deixando o público com um imenso gosto de “quero mais”. Cada vez mais entrosados e, de maneira incrível, com uma qualidade de afinação na crescente, os vocalistas Michael Kiske, Andi Deris e Kai Hansen se revezaram nos grandes momentos da carreira trazidos aos fãs.

“Eagle Fly Free”, “Power”, “If I Could Fly” e “I Want Out” foram grandes momentos de todo o festival e justificaram a presença da banda no line-up do Monsters.

A dica para uma sempre necessária próxima vez é combinar mais tempo com os organizadores para que mais clássicos possam ser trazidos ao público.

Candlemass, Symphony X e Doro


Entre as atrações que abriram o festival, Doro, Symphony X e o Candlemass trouxeram shows que receberam diferentes avaliações do público. Enquanto a cantora alemã caiu nas graças da plateia pela energia e simpatia, o Symphony X pareceu, para alguns fãs presentes e colegas jornalistas, um peixe um pouco fora d’água em relação aos demais convidados.

O Candlemass, por sua vez, dividiu opiniões. Uma parcela do público achou seu som ao vivo com músicas parecidas e arrastadas demais, enquanto a outra parcela vibrou demais, justamente pelo som denso e pesado com pitadas e influências claras de Black Sabbath. Este jornalista faz parte da segunda corrente.

Balanço muito positivo


Presente em todos os Monsters of Rock realizados em São Paulo desde 1994, a equipe do Roque Reverso manteve a tradição de acompanhar, como fã ou jornalisticamente, o festival mais pesado e tradicional do rock no País.

Com o Allianz Parque lotado, bom shows e organização de respeito, o Monsters of Rock, em 2023, ganhou mais fôlego para novas edições, já que público para este tipo de evento existe.

A edição de 2023 mostrou, mais uma vez, que, apesar de muitos decretarem a morte do rock, o estilo sobrevive e renasce a cada evento capaz de juntar tantas pessoas num lugar só para acompanhar seu estilo musical preferido.

sábado, 22 de abril de 2023

'Suavidade', de Edu Gomes, é revigorante e nos aproxima diariamente da paz

 Para muitos seres iluminados e bem aventurados, a música cura. Para muitos outros, apenas revigora e estimula, o que já é muita coisa. Quando há a fusão de todas essas coisas, a música se torna mais do que uma necessidade - torna-se indissociável do corpo e da mente.

A com a suavidade e a delicadeza, a nova música do guitarrista paulistano Edu Gomes é capaz de despertar muito mais do que um novo vigor: dá forma a uma serenidade quase celestial.

"Suavidade", creditado como Edu Gomes & A Pirâmide, é uma coleção de nove temas que fogem totalmente do rock e do blues, mas que não mergulham na new age, como é capaz de supormos ao ouvirmos os primeiros acordes e relacioná-los com o passado não muito recente do músico - a série "Concertos da Cura", ao lado do tecladista Adriano Grineberg.

A lista de referências é variada; Jeff Beck, Steve Hackett (ex-Genesis), John McLaughlin e Wes Montgomery, passando por Joe Pass. O toque sutil, com notas limpas e intensas, mas belas e também suaves, dão o tom da música instrumental composta sobre uma base etérea e igualmente suave.

O conceito segue o dos "Concertos da Cura", mas aqui a guitarra e os violões são o centro da obra, e não o ambiente em si. O feeling fala mais alto, mas os fraseados e os solos resgatam momentos de reflexão e de puro sentimento de tranquilidade e paz.

Não é por acaso que o centro do novo álbum é "Reflexões", a canção mais próxima da new age. Cadenciada, suave e, d certa forma, melancólica", é a trilha sonora perfeita para uma tarde de outono regada a um bom vinho.

"Brandura" é a própria delicadeza em forma de notas musicais, fazendo bela companhia para "Paciência" e "Pensamentos", calcadas em um cenário folk de inspiração celta.

"Saudações" e "Prece" se aproximam mais do que podemos chamar de tradicional música instrumental brasileira, incorporando elementos mais próximos do dia a dia, enquanto que "Tocante" reaproxima-se de uma sonoridade mais folk, junto com "Oriente-se".

Edu Gomes, um inspirado guitarrista de blues rock que fez fama com a Irmandade do Blues, passeou pelo jazz e pelo blues em discos ótimos como "Metamorfose" e "Ventura" e saboreava os bons resultados dos ao vivo "Vivo", de 2022. 

Usando apenas guitarras e violões sobre uma base de teclados bem discretos, transformou o que seria apenas uma música incidental em belos temas suaves de cunho quase espiritual.

É impossível não lembrar do saudoso Jeff Beck, morto em janeiro passado, em sua magistral interpretação de "Where Were You", clássico instrumental de 1989 contido no álbum "Guitar Shop". Ou, quem sabe, "Declan", uma ode à música gaélica.

 Gomes dá um banho de sabedoria e de eficiência, emocionando e encantando, lembrando também outro mestre da guitarra, o irlandês Gary Moore, que traduziu muitos sentimentos nas brilhantes "Dunluce I and II", do álbum "After the War", do mesmo ano de 1989.

"Suavidade " é revigorante, reconfortante e apaziguador. Talvez seja o mais próximo da paz que uma guitarra conseguirá chegar.

Festivais garantem sobrevida do rock na América do Sul

A animação era tão grande que não correspondia ao final e manhã fria, com sol raquítico, na frente do Allianz Parque, em São Paulo. Havia muitos marmanjos que não se importavam em ficar de pé mesmo com mais de 50 anos e reumatismos nas costas. Dividiam a animação com moleques de 10, 12, 15 anos para ver um punhado de dinossauros do metal. 

O Monsters of Rock libertou, assim como o Lollapalooza e o Knotfest, do ano passado, a necessidade represada de reverenciar o rock de uma forma pouco vista antes da pandemia de covid-19. 

O perigo iminente de restrição e morte fez com que o público, em geral, voltasse a valorizar os eventos ao vido na América do Sul. E não poderia haver coisa melhor para o combalido rock no continente.

Sem esses megafestivais de 2023, talvez o gênero caminhasse cada vez mais aceleradamente para o ostracismo e para o nicho em que habitam o blues e o jazz. São s festivais que estão atraindo os jovens de volta, ainda que não em grandes quantidades.

A criançada dos século XXI ainda se sente atraída pelos monstros mascarados que posam de heróis mascarados que combatem a hipocrisia de um mundo em decomposição. O Kiss ainda é uma marca fortíssima e mantém o rock em alta.

É comovente ver crianças com rostos pintados de Kiss ao lado dos pais emocionados com a última possibilidade de ver o Kiss ao vivo, já que os septuagenários integrates principais admitem qu a aposentadoria está bem próxima.

Se eventos como Rock in Rio, The Town e Loolapalooza apresentam cada vez menos rock em suas programações, ainda assim turbinam o gênero por cota dos mega-astros que ainda se mantêm na estrada, e dão fás para que os festivais de metal e classic rock possam chamar a atenção e começar a voltar a atrair um público jovem.

As venda de ingressos para o Monsters of Rock e o Summer Breeze Festival erforçaram a visão de mercado de que o rock, mesmo em baixa, ainda é lucrativo e oferece boas possibilidades de visibilidade em todos os sentidos.

A molecada ficou ouriçada com a possibilidade rever nomes importantes do passado, como Kiss e Deep Purple, assim como participar de um concurso nacional para selecionar uma banda para tomar no Summer Breeze.

A escolha dos mineiros do Electric Gypsy foi um os grandes momentos do rock nacional, mobilizando mais de 200 artistas em busca da oportunidade de ser a new blood" (novo sangue, nome do concurso de e seleção) para seguir carregando a responsabilidade de manter o rock vivo e relevante.

O sucesso de vendas de ingressos do Summer Breeze e do Best of Blues and Rock mostra que existe vida para os dois gêneros fora do Rock in Rio, do The Town e do Lollapalooza, mas , por outro lado, reforça a dependência mercadológica dos grandes festivais para manter a roda girando, ou seja, para qus o dois gênero mantenham o fôlego.

Mesmo nos shows internacionais pequenos, com venda esgotada de ingressos, existe uma certa esperança de que os grandes eventos continuem a impulsionar o mercado. 

O cantor inglês Paul Di'Anno, ex-Iron Maiden, mesmo debilitado fisicamente, fez 45 shows pelo pelo Brasil com grande sucesso, ainda que com alguns problemas. Foi beneficiado pelo clima pós-covid e pela alta demanda por shows internacionais de rock.

O mesmo pode er dito em relação a três astros internacionais que estão no Brasil desfrutando do momento interessante para se fazer rock pesado por aqui, ao vivo. 

Com o suporte de músicos brasileiros, Eric Martin (Mr. Big), Udo Dirkschneider (ex-Aceept) e Tim "Ripper" Owens (ex-Judas Priest e Iced Earth), lotaram casas pequenas pelo país enquanto o grosso do do público ansiava pelo Monsters of Rock e pelo Summer Breeze. Talvez o interesse não fosse tão grande sem o festivais.

Os preços salgados dos ingressos não chega a ser um entrave, já que o mercado e o público estão absorvendo bem os custos, o que soa como um alento diante de um cenário depredado que ainda sofre as consequências da pandemia de um governo federal desastroso entre 2019 e 2022. É hora de aproveitar ao máximo e colocar o rock de novo na ordem do dia.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Malvada e Nanda Moura são as novas atrações do Best of Blues and Rock

Marcado para os dias 2, 3 e 4 de junho, o Best of Blues and Rock anuncia mais duasatrações para sua edição de dez anos. A banda de rock Malvada e a cantora de blues Nanda Moura se apresentam na sexta, dia 2 de junho, na plateia externa do Auditório Ibirapuera, em São Paulo, na abertura do festival.


Enriquecendo ainda mais o cast nacional, a banda Malvada é amais nova representante das mulheres no rock brasileiro e conta com Angel Sberse (voz), Bruna Tsuruda (guitarra), Marina Langer (baixo) e Juliana Salgado (bateria).


A cantora e guitarrista Nanda Moura sobe ao palco e apresenta versões de clássicos do blues tradicional. Ela é acompanhada por músicos veteranos do cenário nacional: Otávio Rocha (guitarra), César Lago (baixo), Gil Eduardo (bateria).


Os ingressos do festival podem ser adquiridos a partir de R$ 450,00 com parcelamento em até 10 vezes pelo site da Eventim ou na bilheteria do Estádio do Morumbi (nesse último, sem taxa de conveniência).Os fãs contam com a opção Combo Promocional, que dá direito a assistir aos três dias do festival. Também está disponível para todo o público a Entrada Social, mediante a entrega de um agasalho na entrada do evento, destinado à instituição Cruz Vermelha de São Paulo.


Confira abaixo as atraçõesconfirmadas em cada dia do festival e fique atento que em breve mais atrações do festival serão divulgadas!

DIA 2 DE JUNHOTom Morello
Extreme
Malvada
Nanda Moura

DIA 3 DE JUNHOBuddy Guy -- Damn Right Farewell Tour (turnê de despedida)
Steve Vai
Dead Fish

DIA 4 DE JUNHOTom Morello
Buddy Guy -- Damn Right Farewell Tour (turnê de despedida)
Goo Goo Dolls
Ira!
Day Limns



SERVIÇO:

Best of Blues and Rock 10 anos

bestofbluesandrock

Data: Dias 2, 3 e 4 de junho de 2023

Local: Plateia externa doAuditório Ibirapuera: Av. Pedro Álvares Cabral -Ibirapuera - São Paulo

Classificação: 16 anos (menores podem comparecer acompanhados de responsável legal)

Ingressos:a partir de R$ 450,00 (meia-entrada)

Vendas online: Eventim

Bilheteria oficial SP - sem taxa de conveniência

Estádio do Morumbi - Bilheteria 05 (próximo ao portão 15)

Avenida Giovanni Gronchi, 1866 - Morumbi - São Paulo - SP - 05651-001

Funcionamento: Terça a sábado das 10h às 17h - Não tem funcionamento em feriados, dias de jogos ou em dias de eventos de outras empresas.

Parcelamento em até 10x nos cartões Visa, MasterCard, American Express e ELO.

Realização: Dançar Marketing

Importante: adquira seus ingressos na plataforma oficial. A Dançar Marketing e a Eventim não se responsabilizam por ingressos adquiridos em plataformas não oficiais de vendas.



Sobre as Artistas:

MALVADA: Criada em março de 2020, a Malvada é uma banda de rock nacional formada somente por mulheres. Com a poderosa voz de Angel Sberse, Bruna Tsuruda (guitarra), Marina Langer (baixo) e Juliana Salgado (bateria), a banda aposta em rock cantado em português.Intitulado 'A Noite Vai Ferver', o primeiro álbum do grupo conta com 9 faixas, foi lançado em 5 de agosto de 2021 e vem sendo destaque nas principais mídias especializadas do País.



ANGEL SBERSE (voz, Malvada): Angel Sberse estreou seu primeiro palco aos 11 anos e iniciou sua trajetória em bandas de Rock em 2002.Formada em Administração de empresas, MBA em Gestão Comercial, consultora de vendas da Roland Brasil, formada também em Canto Popular, estudou também violão, teclado, guitarra, e atualmente estuda bateria. Lançou seu terceiro trabalho autoral com a Malvada como compositora e intérprete. Gravou coros nos discos do Warrel Dane e do Angra. Venceu concursos para cantar com Edu Falaschi e Mike Portnoy. Fez participações em shows com o Aquiles Priester, Viper, Angra, Shaman e também com o Ira! Participou do The Voice Brasil 2020 e do Canta Comigo 2022.



BRUNA TSURUDA (guitarra, Malvada): Bruna Tsuruda é uma guitarrista de 25 anos com mais de 10 anos de experiência. Iniciou sua carreira como guitarrista em bandas covers de rock e blues, como Rock Flower, Ladies First e Electric Magic. Atualmente, está focada em seu projeto mais recente, MALVADA, com a qual se apresentou em diversos festivais, como Rock in Rio, Best of Blues and Rock, Chama Rock Fest, Angra Fest, entre outros. Além disso, teve a oportunidade de dividir o palco com grandes artistas, como Ira!, Pitty, Viper, Angra, Golpe de Estado, Supercombo, entre outros. Em 2020, Bruna foi reconhecida como a sexta melhor guitarrista do país pela prestigiada revista Roadie Crew. Também foi destaque na 123ª edição da Guitarload, uma das principais revistas de música do país, ao lado de grandes nomes da guitarra. Em 2022, participou do Samsung Mostra Blues and Rock, onde fez um pocket show de guitarra, e teve a honra de tocar com grandes nomes da música nacional durante a premiação MUS, no mesmo ano.Atualmente, além dos shows com Malvada, Bruna ministra aulas de guitarra na renomada escola de música School Of Rock e também oferece aulas particulares.



MARINA LANGER (baixo, Malvada): Ma Langer é a baixista da conceituada banda Malvada, que tocou no festival Rock in Rio 2021. Foi eleita a terceira melhor baixista em 2022 pela revista Mariutti Team e também a quinta melhor baixista do ano pela revista Roadie Crew em 2021. Fez participações especiais no show do Viper e dividiu o palco com artistas renomados como Luis Mariutti, Fernanda Lira, Bruno Sutter, Marcelo Pompeu e Egypcio, juntamente com a Malvada. Além disso, a banda participou de diversos festivais, como o Angra Fest e o Chama Rock e abriu shows da Pitty, Ira!, Super Combo, Shaman e Golpe de Estado. Ao longo do tempo, Marina tocou com as bandas Self Destruct Metallica Tribute, Betty 57 e Soul Stealers. Suas influências musicais vêm do Metal, Rock, Jazz e Música Clássica. Baixistas preferidos: Steve Harris, Gene Simmons, Cliff Burton, Geezer Buttler, John Paul Jones, entre outros.



JULIANA SALGADO (bateria, Malvada): Juliana realizou vários trabalhos com bandas de rock e heavy metal em Belém do Pará, gravou dois EP's: "Discovery" com a banda Born to be e "Welcome to our dream" com a banda Archibald. Gravou também o álbum "Never surrender" com a Orquestra de violoncelistas da Amazônia - OVA, com a qual também realizou 4 turnês internacionais na Suíça, nos Estados Unidos e na França, onde atuou como percussionista do festival internacional de orquestras Eurochestries. Depois de duas turnês nacionais, uma em Brasília e uma em Palmas, acompanhou o artista Naldinho Freire em sua turnê em Cabo Verde. Posteriormente, tocou em várias bandas na noite de Belém e gravou um clipe com a banda de metal autoral "Rhegia". Formada em música pela Universidade Federal do Pará, atualmente mora em São Paulo, é professora de bateria em duas unidades da School of rock em SP e é baterista da banda Malvada, revelação nacional que foi atração do Rock in Rio e anda fazendo vários shows pelo Brasil divulgando o seu disco intitulado "A noite vai ferver" e seu mais novo single "perfeito imperfeito".



NANDA MOURA: Cantora e guitarrista de blues, a brasileira tem como referências principais artistas dos anos 1920 e 1930, como Blind Willie Johnson, Son House, Robert Johnson, Skip James, além das divas Bessie Smith, Memphis Minnie e MaRainey. Nanda é acompanhada por Otávio Rocha (guitarra), César Lago (baixo) e Gil Eduardo (bateria), músicos de um dos grupos mais conhecidos do País, o Blues Etílicos.



OTÁVIO ROCHA (guitarra, Nanda Moura): Otávio Rocha, guitarrista referência nacional da técnica de slide guitar, é um dos fundadores da banda Blues Etílicos, a maior e mais relevante banda de Blues brasileira, fundamental no surgimento do Blues no Brasil. Otávio participou da banda de Ed Motta no Rock in Rio e de Frejat no Holywood Rock. Gravou e produziu dezenas de álbuns com diversos nomes relevantes do blues nacional.



CÉSAR LAGO (baixo, Nanda Moura): atual baixista da maior banda de Blues do Brasil, o Blues Etílicos, começa atuando profissionalmente em 1994 acompanhando artistas de diversos gêneros musicais como Trio Nordestino (forró), Mario Lago e banda Caluda Tamborins (samba) e Trio 7:30 (jazz), participou do projeto Afrika Gumbe dos irmão Lobato, da banda O Rappa. A partir de 1998 começou a se especializar em rock e blues. Integra, junto a Beto Werther e Otávio Rocha, o trio Blues Groovers. Acompanha artistas internacionais como Deanna Bogart (USA), Ian Siegal (UK), JJ Thames (USA), Bex Marshall (UK), Granna Louise (USA), Demetria Taylor (USA), Jimmi Burns (USA), Eddie "The Chief" Clearwater (USA), Joe Louis Walker (USA), Omar Coleman (USA), Cricket Taylor (USA), Peter Madcat (USA), Vasti Jackson (USA), Steve Strongman (CAN), José Luiz Pardo (ARG), Quique Gómez (ESP) e nacionais como Blues Etílicos, Cristiano Crochemore, Big Gilson, Big Joe Manfra, Jefferson Gonçalves, Álamo Leal, Artur Menezes, Nanda Moura, entre outros.



GIL EDUARDO (bateria, Nanda Moura): Gil Eduardo, músico carioca baterista vindo de um berço musical sem precedentes, com grande experiência em várias tendências e ritmos nacionais e internacionais. Estudou com o mestre Robertinho Silva e depois se aprimorou na Escola de Música Villa-Lobos. Gravou com artistas diversos como Erasmo Carlos (3 CDs), Celso Blues Boy (2CDs), Blues Etílicos (5CDs), o Song Book do Gilberto Gil vol.2 produzido por Almir Chediak, Big Gilson (2CDs e 1DVD gravado em Buenos Aires), entre outros. Acompanhou em shows Ed Motta, Ney Matogrosso, Paulo Moura, Evandro Mesquita, Edson Cordeiro, Renato Russo, Mauricio Sahady, Artur Menezes, Nanda Moura, entre outros.

Cream terminava, há 55 anos, a primeira experiência de supergrupo no rock

 O melhor estava por vir, mas não veio. Para evitar um pugilato dentro da banda, foi necessário para terminá-la. E o primeiro supergrupo de rock da história desmanchou em menos de dois anos com os integrantes praticamente não se falando.

O Cream foi o começo de tudo quando se fala em união de gênios já consagrados e deveria fazer história como a consagração do rock enquanto arte, as ficou pelo meio do caminho, por mais que seu legado tinha sido imenso.

Faz 55 ano que o trio de blues pesado implodiu e decidiu acabar com uma longa e exuberante, mas triste, turnê pelos Estados Unidos e pela Inglaterra. Foram shows concorridíssimos e, para muitos os melhores de Eric Clapton, Ginger Baker (1939-2019) e Jack Bruce (1943-2014) juntos.

Para os detratores, foi o fim de um projeto fadado ao fracasso desde o começo por conta de uma notória inimizade entre Bruce e Baker, originada uando os dois eram a seção rítmica da Graham Bond Organisation, grupo inglês importante entre 1964 e 1965.

O baixista escocês Bruce não suportava as grosserias do baterista inglês Baker, que era muito técnico e fazia viradas que davam calafrios em Bruce. Baler, por sua vez, não suportava a arrogância e som muito alto do baixo de Bruce. Estranharam-se logo que se conheceram e levaram as disputas pessoais até quase o fim de suas vidas.

O guitarrista gênio Eric Clapton, chamado de "deus" em pichações nos muros de Londres, sabia desse enredo quando decidiu fundar a própria banda ao sair do John Mayall's Bluesbreakers. A teimosia o levou a insistir naquela "cozinha", com Bruce cantando.

Os três estavam sem trabalho fixo naquele final de 1966 e Clapton demorou para convencer Baker a voltar a tocar com Bruce. Havia respeito musical, não respeito pessoal. O baterista resistiu até que jornalistas começaram a telefonar para saber do "novo grupo" - obra de Clapton para forçar a barra.

A relutância continuou até que os três se juntaram no estúdio para ensaiar clássicos do blues. Bruce recusou de primeira, mas mudou de ideia na segunda abordagem de Clapton, por quem tinha imensa admiração.

A química apareceu nos primeiros acordes e os três perceberam que estavam prestes a fazer algo poderoso, embora baterista e baixista demorassem quase um mês para trocar algumas palavras.

Banda estabelecida, ensaios voando, logo os primeiros sows vieram e encantaram a todos, principalmente os concorrentes, como The Who, Jeff Beck e seu novo grupo e um guitarrista americano então desconhecido, Jimi Hendrix.

A "cozinha" continuava se odiando, mas os shows eram intensos e maravilhosos, assim como os álbuns, produzidos pelo americano Felix Pappalardi (1939-1983), que mais tarde seria o baixista do Mountain.

 "Disraeli Gears" e "Wheels of Fire" foram trabalhos dos mais brilhantes do rock e do blues ate então. Lançarm as bases do rock pesado dos anos 70 e apontaram os caminhos que The Who e Led Zeppelin tomariam na década seguinte.

Eram sucesso absoluto nos dois lados do oceano Atlântico, mas o clima interno só piorava. Clapton achou que conseguiria domar os dois inimigos e fazia vista grossa às provocações entre Baker e Bruce no palco, e não conseguia conter as línguas ferinas fora dele.

Depressivo, o guitarrista tomou a decisão de encerrar as atividades da banda no auge, no começo de 1968, para alívio dos companheiros. A turnê de fim de ano seria a última e a "nata" (Cream, em inglês) mostrou-se incompatível com o sucesso e com os egos.

Com o fim do trio magistral, os três demoraram a se encontrar nas carreiras a partir de então. Clapton insistiu em supergrupos e criou o Blind Faith com o tecladista e vocalista Steve Winwood, o baixista Rich Grech e Giner Baler.

Tudo parecia ir bem na turnê americana do primeiro disco quando várias coisas fizeram a depressão de Clapton voltar. Desfeito o grupo, criou outra banda, Derek and the Dominos, onde pretendia ser apenas um integrante a mais, sem maior destaque. 

Claro que isso era impossível e esse projeto durou meses apenas, rendendo só um álbum, como o Blind Faith. Tentou se esconder como músico de apoio da dupla Delaney and Bonnie enquanto se afundava nas drogas e no álcool. 

Deu certo por um tempo até que decidiu gravar o primeiro álbum solo, em 1970, ótimo, mas que não foi um grande sucesso. Desiludido, se enterrou em sua propriedade rural com uma namorada grã-fina e totalmente junkie por quase dois anos. 

Bebeu demais e consumiu drogas demais até ser resgatado por Pete Townshend e Ron Wood em janeiro de 1973, que organizaram o concerto de sua volta, em Londres. Demorou para engatar a carreira solo, mas conseguiu, ainda que os vícios se tornassem ainda mais sérios. A reabilitação o tornou sóbrio no fim dos anos 80.

Jack Bruce se tornou um músico cult e passeou pelo jazz, pelo blues e pelo rock nos anos 70, entre carreira solo e colaborações com Mick Taylor (ex-guitarrista dos Rolling Stones) e Robin Trower (guitarrista que tocou com Procol Harum), entre outros. A carreira solo foi errática, mas rendeu ótimos discos.

Ginger Baker, por sua vez, criou a sua banda, o Air Force, e largou tudo para morar na Nigéria, onde construiu um estúdio que foi usado por gente como Paul McCartney. Tocando ocasionalmente com amigos, morou na África do Sul e pouco fez de importante a partir dos anos 80.

O Cream ensaiou uma volta em 1993, quando foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame 25 anos depois do fim da banda. os três se encontraram e ensaiaram três músicas para tocar na cerimônia. A química tinha voltado, mas o clima ainda era tenso. 

Fizeram o show e discutiram sobre uma pequena turnê para ver se a coisa daria certo. Clapton passava por problemas pessoais e estava inseguro quanto ao comportamento dos dois companheiros e recusou continuar semana depois do show de retorno. 

De forma surpreendente, os empresários de baker e Bruce os convenceram de que dava para manter o projeto com o convite ao prodígio irlandês da guitarra Gary Moore, então astro mundial depois que trocou o hard rock pelo blues.

BBM (Baker, Bruce and Moore) lançou um ótimo disco e os shows pelos Estados Unidos foram concorridos e disputados, mas o clima interno azedou não só pelas rusgas entre baterista e baixista, mas também pelo gênio mercurial de Moore. Não durou nem um ano.

Foi só em 2005 que uma série de shows em Londres foi articulada pelo trio para celebrar os então 40 anos de atividades profissionais dos três. A condição básica para a reunião: seriam apenas aqueles shows e só. De forma surpreendente, Baker e Bruce não brigaram e se mantiveram cordiais.

Sucesso estrondoso, os shows de Londres renderam convites mundiais, e o trio aceitou fazer mais alguns shows nos Estados Unidos para encerrar de vez esse capítulo da história do rock, algo que o Led Zeppelin copiou dois anos  depois, também com sucesso.

terça-feira, 18 de abril de 2023

Álbuns da fase roqueira de Gary Moore são reeditados e exaltam sua genialidade

Uma personalidade em constante conflito que achou a paz e o sucesso no blues, em um retorno oportunista, mas totalmente coerente com a sua trajetória. E assim Gary Moore se tornou gigante, ganhando o respeito do grande público.

Morto há 12 anos, o guitarrista irlandês nunca escondeu que tinha o objetivo de se ombrear em idolatria ao amigo e parceiro Phil Lynnot, baixista do Thin Lizzy que morreu em 1986 e que ganhou uma estátua m um cruzamento importante em Dublin, a capital da República da Irlanda. Será que Moore conseguiria o mesmo na sua amada e tempestuosa Belfast, capital da Irlanda do Norte?

Mais tentativas estão sendo feitas agora com a reedição de parte de sua discografia, com álbuns remastrizados e remixados, tanto em edições americanas como japonesas.

Quando dos dez anos de sua morte, em 2021, os CDs da fase de blues, a partir de 1991, tinham sido reeditados no mesmo processo. 

Agora é a vez da fase hard rock, que engloba os anos 80, época em que Moore ensaiava se tornar o grande guitar hero do rock internacional. ele quase conseguiu, mas teve de esperar por mais dez anos até virar um astro mundial pelas ondas e notas do blues.

Depois idas e vindas com o Thin Lizzy e o Colosseum II nos anos 70, parecia que a carreira solo ia engatar a partir de 1980, com o o razoável disco "G-Force". Sua banda era boa e ele crescia em prestígio até que "emprestou" a banda seus serviços para a carreira solo de Greg Lake, da então extinta Emerson, Lake & Palmer.

Com a veia bluesy explodindo, tornou-se o guitarrista mais incensado da época, rivalizando em sucesso com Eddie Van Halen e Randy Rhoads, da banda de Ozzy Osbourne.

A sequência de álbuns de rock pesado foi fulminante, incluindo os discos "Victim of Future", "Run For Cover", "After the War", "Wild Frontier" e Corridors of Power", além dos ao vivo energéticos e vigorosos "Live at Marque 1981", "Rockin' Every Night" e "W Want Moore".

Curiosamente, os discos eram cada vez melhores, mas as vendas não avançavam, e então alguém achou que ele estava ultrapassado, que o som dele era datado e que ninguém mais queria saber de canções ao estilo "Led Zeppelin e Deep Purple".

Azar de quem pensou dessa forma, pois são trabalhos ótimos. "Run For Cover", de 1985, por exemplo, contou com as participações Phil Lynnot, o amigo de toda a vida que era o baixista, vocalista e dono do Thin Lizzy e o baixista e vocalista Glenn Hughes, ex-Deep Purple. O mestre baterista Ian Paice - na época já de volta ao Deep Purple, teve de recusar a proposta de gravar.

Hughes, debilitado pelo excesso em drogas e álcool, fez ainda assim o excelente trabalho cantando e tocando baixo, e Moore estava no auge de sua habilidade técnica.

"After the War", de 1989,  incorpora elementos de música celta e irlandesa, como nas emocionantes duas partes de "Dunluce". O som estava cada vez mais pesado e agressivo, e o time reunido para gravar era estelar: Ozzy Osbourne (então ex-Black Sabbath) nos vocais em 'Led Clones", os fantásticos Simon Phillips e Cozy Powell na bateria, Don Airey (futuro Deep Purple) nos teclados, Laurence Cottle (então no Black Sabbath) no baixo, Brian Downey (ex-Thin Lizzy) na bateria, a cantora Sam Brown nos vocais de apoio...

Como as vendas não foram as que ele esperavam não perdeu tempo e tomou um novo rumo na carreira a partir de 1990 e ganhou as emissoras de rádio de todo o mundo. A fase roqueira pesada, entretanto, reserva ótimas surpresas para quem não conhece e tem interesse em revisitar os dez CDs do pacote de relançamento.

Rock e blues no sangue

Talvez seja cedo para saber se um dia Gary Moore ganhará uma estátua em sua Belfast ou na não muito distante Dublin, do outro lado da fronteira, mas o irascível, genioso e talentoso guitarrista atingiu os maiores objetivos traçados ainda nos anos 70: fazer sucesso e ganhar dinheiro, ainda que suas passagens por Skid Row, Colosseum II e Thin Lizzy não indicassem um caminho para o estrelato.

Ele já estava chegando aos 40 anos de idade com a pecha de instrumentista subestimado e injustiçado pelo talento imenso que esbanjava. 

A carreira solo bem-sucedida era um alento, mas ele queria mais. Era ídolo de mita gente que curtia o seu rock pesado e intenso, seus solos incandescentes e sua força invejável, mas parecia que faltava algo.

 Então ele redescobriu o blues e virou astro internacional, a ponto de sua música "Still Got the Blues", também título de um álbum, incomodar por sua massiva execução nas rádios, da mesma forma que a versão da canção de Natal de John Lennon na voz de Simone.

As críticas de oportunismo o machucaram, mas também o fortaleceram a ponto de seguir em frente e desfrutar o sucesso blueseiro tardio. Mas, para GaryMoore, parecia que sempre faltava algo.

As coisas nunca foram fáceis para o garoto que cresceu na melancólica e bucólica Belfast, que se tornaria um campo de guerra no final dos anos 60 pelo renascimento do nacionalismo católico irlandês na parte norte da ilha, vinculada ao Reino Unido e dominada por uma população protestante.

Os católicos, em minoria nos seis condados da Irlanda do Norte, mas apoiados pela imensa maioria da população da vizinha do sul, a República da Irlanda, se cansaram da discriminação e do ódio a que eram submetidos e insuflaram a volta do nacionalismo, que resultou na independência do sul, em 1922.

O rompimento total com o Reino Unido em 1949, quando da retirada da Comunidade Britânica de Nações, pressupunha tempos difíceis, e quase ninguém deu ouvidos em Dublin e em Londres, naqueles anos 60, que Belfast e Londonderry, outra cidade norte-irlandesa, eram barris de pólvora prestes a explodir.

E explodiram na segunda metade dos anos 60. O ressurgimento do IRA (Exército Republicano Irlandês), entidade fundamental para a campanha de independência entre 1916 e 1922, foi o ponto de partida para a "defesa dos católicos nacionalistas da Irlanda do Norte contra os unionistas e monarquistas partidários da Rainha". 

Violência e terror

Esse pano de fundo, na verdade escondia o desejo de todos os católicos irlandeses, que era unificação da ilha e a progressiva expulsão dos protestantes para a Grã-Bretanha. 

Terrorismo e violência passaram a ser sinônimo de Belfast naqueles tempos sombrios em que um jovem guitarrista precisava peregrinar entre as duas capitis irlandesas para tocar seu instrumento e fazer o seu rock and roll. 

E todo esse clima bélico e pesado está impregnado em sua música desde sempre, do começo do blues nos anos 60, passando pelo Skid Row, pelo Thin Lizzy, pelo Colosseum II e pela furiosa carreira solo do começo dos anos 80, quando abraçou o hard rock e finalmente começou a ser reconhecido como um guitar hero.

Moore pode ter sido subestimado até certo ponto, e conseguido um sucesso tardio por meio do blues, mas é inegável que sua paixão pela guitarra impactava todo mundo e despertava muita admiração.

 Idolatrado por uns, invejado por outros, era um guitarrista da estirpe de Frank Zappa, Yngwie Malmsteen, Ritchie Blackmore e mais alguns outros no quesito impacto: ninguém consegue ficar indiferente ao peso de sua guitarra e do seu característico timbre bluesy.

Doze anos sem Gary Moore é muito tempo. Como tantos e tantos outros, faz bastante falta. Morreu aos 58 anos de idade, de ataque cardíaco, justamente quando parecia que iria finalmente aproveitar a vida e tirar o pé do acelerador.

Pouca gente lembra que um dos maiores feitos do músico foi promover uma completa e instigante união entre os músicos irlandeses, a ponto de um filho de Belfast ser o nome principal da homenagem feita a Lynnot (morto em 1986) em Dublin quando da inauguração da estátua representando o amigo. 

Moore sonhava com uma Irlanda unida ao menos culturalmente, em que religião e política não fossem suficientes para separar os roqueiros e os adeptos da música tradicional gaélico-irlandesa. 

Até certo ponto, ele conseguiu manter as barreiras no chão, coisa que nem mesmo a saída do Reino Unido da União Europeia (o Brexit) - a República da Irlanda continuará no bloco - será capaz de reverter. Não é pouca coisa. 

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Festival Monsters of Rock divulga horários dos shows

 Do site Roque Reverso

A organização do Monsters of Rock divulgou os horários do festival de 2023 que acontecerá no sábado, dia 22 de abril, em São Paulo. O evento será realizado no Allianz Parque e reunirá o headliner KISS, além de Scorpions, Deep Purple, Helloween, Candlemass, Symphony X e a cantora Doro.

Principal atração do festival, o KISS subirá ao palco às 21 horas. A cantora Doro será a atração que abrirá o evento, no fim da manhã, a partir das 11h30.

Depois dela, o Symphony X tocará às 12h30; o Candlemass subirá ao palco às 13h30. o Helloween fará seu show às 15 horas; o Deep Purple vai se apresentar às 16h30; e o Scorpions tocará às 18h45. A abertura dos portões está programada para as 10 horas.

A venda dos ingressos começou no dia 16 de dezembro de 2022. O site oficial de venda é o da Eventim. Sem taxa de conveniência, a bilheteria oficial é a do Allianz Parque.

Os valores das entradas inteiras dos principais setores são os seguintes: Pista (R$ 680,00), Pista Premium (R$1.180,00), Cadeira Inferior (R$ 780,00) e Cadeira Superior (R$ 480,00).

Os mais abastados ainda terão pacotes especiais com mais benefícios em dois setores: o VIP – Mirante Backstage, com entrada inteira saindo por singelos R$ 2.500,00; e o VIP – Lounge Centenário, com o valor do ingresso cheio saindo por R$ 1.500,00.

No caso do VIP – Mirante Backstage, o fã que comprar a entrada terá direito aos seguintes benefícios: Open Bar Open Food Premium; Kit Monsters; acesso exclusivo; banheiros exclusivos; loja de merchandising exclusiva; after show até 2 horas após o término do festival; assistir ao show na Pista Premium com acesso livre para o Backstage Mirante, que fica no sexto andar do Allianz Parque, mas não possibilita a visão direta dos shows.

No caso do VIP – Lounge Centenário, os benefícios são os seguintes: assistir ao show na Cadeira Inferior em local privilegiado com acesso livre para o Lounge Centenário; Open Bar Open Food Premium; acesso exclusivo; banheiros exclusivos; loja de merchandising exclusiva; Lounge Centenário para descanso entre um show e outro.

Todos os tipos de ingresso tiveram opção de meia-entrada. Quem comprar no site poderá parcelar os valores em 10 vezes e, quem comprar na bilheteria oficial, em três.

No site da Eventim, só havia, até o fechamento deste texto neste domingo, 16 de abril, ingressos com valor inteiro para a Pista Vip e para os pacotes especiais.

Edições anteriores

O Monsters of Rock voltará a ser realizado no Brasil após um hiato de oito anos. Em todas as edições anteriores que aconteceram no País, com destaque para as quatro realizadas na década de 1990, os festivais da série Monsters of Rock sempre foram predominantemente de heavy metal. Enquanto os eventos de 1994, 1995 e 1996 aconteceram no Estádio do Pacaembu, o festival de 1998, foi realizado na pista de atletismo do Ibirapuera.

A primeira edição, em 1994, trouxe quatro bandas nacionais (Angra, Dr. Sin, Viper e Raimundos) e quatro internacionais (Suicidal Tendencies, Black Sabbath, Slayer e KISS).

Na edição de 1995, o número de atrações aumentou. A única banda nacional foi o Virna Lisi. Já entre o nomes internacionais, os representantes foram Rata Blanca, Clawfinger, Paradise Lost, Therapy?, Megadeth, Faith No More, Alice Cooper e Ozzy Osbourne.

Na edição de 1996, o grupo Raimundos foi o único brasileiro. Na parte internacional, os nomes foram Heroes del Silencio, Mercyful Fate, King Diamond, Helloween, Biohazard, Motörhead, Skid Row e Iron Maiden.

O Monsters de 1998 também trouxe grande número de atrações. Entre os brasileiros, os representantes foram o Dorsal Atlântica e o Korzus. Do lado internacional, Glenn Hughes foi o primeiro a tocar, seguido por Savatage, Saxon, Dream Theater, Manowar, Megadeth e Slayer.

Em 2013, o Monsters retornou para matar as saudades dos fãs e foi realizado na Arena Anhembi. Os headliners foram o Slipknot, que fechou o primeiro dia, e o Aerosmith, que encerrou o segundo dia do evento. Destaque também para outros grandes shows, como os do Whitesnake e do Ratt.

O festival também contou com as apresentações do Queensrÿche, do Korn e do Limp Bizkit e surpreendeu pela qualidade sonora na sempre questionada Arena Anhembi.

Em 2015, uma outra ótima edição do Monsters aconteceu na Arena Anhembi. Entre os destaques do mais recente festival da série em São Paulo, vale lembrar o cancelamento triste e surpreendente do Motörhead por causa da saúde do saudoso Lemmy, a festa do rock pesado promovida por Ozzy Osbourne, dois shows matadores em dois dias consecutivos do Judas Priest e a apresentação apoteótica do KISS.

Integrantes deste Roque Reverso estiveram em todos os Monsters of Rock realizados em São Paulo, como fãs ou fazendo a cobertura jornalística. Consideram o festival o melhor de todos já feitos no Brasil e esperam estar novamente cobrindo este evento imperdível para os nobres leitores deste veículo de imprensa em 2023.

O som, a fúria e o peso: ninguém fica indiferente a um álbum do Metallica

Flavio Leonel - do site Roque Reverso

O Metallica lançou seu aguardado novo álbum na sexta-feira, 14 de abril, e, como de praxe desde que começou a carreira e colocou o heavy metal de cabeça para baixo, monopolizou todas as atenções possíveis dentro do rock assim que o disco foi liberado mundialmente. 

Com músicas longas, sem baladas, diversas experimentações, letras interessantes e, acima de tudo, sinais de que o grupo gravou o novo trabalho curtindo o momento, “72 Seasons” pode ser classificado, no mínimo, como um bom álbum, mas que precisa de várias audições para uma conclusão definitiva. Nada mais Metallica do que isso.

Enquanto os tradicionais haters de plantão “sangram” por todos os lados e até ganham em audiência, cliques e seguidores falando mal do novo disco, o Metallica segue pleníssimo com suas
sempre ousadas estratégias de divulgação.

Não bastasse ter criado uma sessão especial de cinema para antecipar as faixas do álbum aos fãs do mundo inteiro no dia 13 de abril, o grupo de thrash metal norte-americano já liberou mais dois clipes novíssimos, das faixas “Sleepwalk My Life Away” e “Room of Mirrors”, com promessa de mais lançamentos de vídeos nas próximas horas e com tendência para clipes para todas as faixas, repetindo o feito histórico e até então inédito do disco anterior “Hardwired… to Self-Destruct”, de 2016.

Até o fechamento deste texto, o grupo já havia programado o clipe da música “Shadows Follow” para estreia no dia 16 de abril. Mesmo sem clipe ainda de todas as faixas, os fãs podem ouvir todas elas, com lyric videos, por exemplo, no YouTube, além de outras plataformas.

Antes do lançamento oficial do álbum, o Metallica já havia liberado clipes de quatro músicas: “Lux Æterna”, apresentada como primeiro single em novembro de 2022 e com os detalhes do disco; “Screaming Suicide”, que chegou em janeiro; “If Darkness Had a Son”, que foi lançada no começo de março; e a faixa-título “72 Seasons”, que veio no fim de março.

Rompimento de hiato de 7 anos sem álbum novo de estúdio

Com o lançamento do álbum “72 Seasons”, o Metallica rompeu em 2023 nada menos que 7 anos sem um trabalho novo de inéditas de estúdio. É o 11º álbum de estúdio do grupo tocando sozinho músicas inéditas. No comunicado que trouxe em novembro as informações do novo álbum, a banda considerou, porém, “72 Seasons” como seu 12º trabalho de estúdio.

Vale lembrar que o grupo lançou em 1998 o álbum “Garage Inc.”, que trouxe uma série de covers com a roupagem sempre espetacular do Metallica que, na maioria das vezes, melhora muito as versões originais. Há ainda o disco “Lulu”, de 2011, que a banda gravou com Lou Reed.

Tal qual o ótimo “Hardwired…To Self-Destruct”, de 2016, o novo disco do Metallica contou com produção de Greg Fidelman, junto com o vocalista e guitarrista, James Hetfield, e baterista Lars Ulrich.

São 12 faixas, totalizando 77 minutos de gravação, sendo que a última do disco, “Inamorata”, é a mais longa da carreira da banda, com mais de 11 minutos.

A sessão de cinema que antecipou o novo álbum

Sempre inovador, o Metallica decidiu promover uma sessão de cinema em várias salas do planeta para antecipar o novo álbum aos fãs no dia 13 de abril. No Brasil, a cidade de São Paulo foi a que concentrou mais salas. E o Roque Reverso esteve presente em uma delas, na região da Avenida Paulista, para ver o que viria pela frente.

Alternadas com os comentários de membros da banda sobre como foram criadas ou até mesmo com avaliações sobre o que eles mais apreciavam em cada faixa, boa parte das músicas vieram com vídeos repletos de efeitos visuais e gráficos. Havia aquelas que já haviam sido apresentadas anteriormente com os clipes, mas vídeos novos foram mostrados aos fãs.

Com mais de 77 minutos sentados numa cadeira de cinema, os fãs tiveram sua noite de críticos musicais na longa audição.

A despeito do longo tempo, foi interessante descobrir dos membros da banda como surgiram as inspirações das faixas, quem criou determinada introdução ou riff, qual a música que mais agradou alguns deles e até mesmo a expectativa do grupo para tocar determinadas faixas ao vivo.

O álbum

Como já foi dito, “72 Seasons” pode ser classificado, no mínimo, como um bom álbum. E precisa de várias audições para uma conclusão definitiva.

Nas primeiras audições, a impressão inicial é de que ele não supera “Hardwired… to Self-Destruct”, mas que ele está muito, mas muito longe mesmo, de ser um disco fraco ou que será esquecido na longa e respeitada carreira do Metallica. “72 Seasons” parece superar, por exemplo, o bom “Death Magnetic”, de 2008 e que representou o retorno do grupo a raízes esquecidas em “Load” (1996), “Reload” (1997) e “St. Anger” (2003).

A impressão é que o Metallica resgatou definitivamente alguns de seus melhores elementos em “Hardwired… to Self-Destruct” e que, em “72 Seasons”, passou a ousar com experimentações que podem ser perigosas para algumas bandas, mas que, para James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett e Robert Trujillo, são mais uma tentativa de buscar novos caminhos e curtir essa viagem.

Na apresentação do álbum para a sessão de cinema e em entrevistas a diversos veículos de imprensa, é muito clara a satisfação dos membros do Metallica na gravação deste novo álbum. E tudo que é feito com tesão sempre sai melhor, em diversas áreas e momentos da vida.

As músicas do “Hardwired…” foram mais fáceis de se transformarem em “hits metállicos”, enquanto as de “72 Seasons” precisam ser mais assimiladas.

Não por acaso, o Metallica escolheu para os primeiros quatro singles as quatro músicas mais fáceis para “massagear” os ouvidos dos fãs.

“Lux Æterna”, que é a sexta no álbum, veio primeiro como um petardo, que lembra na introdução, por exemplo, algo como a versão que o próprio Metallica fez para “Killing Time”, do Sweet Savage. E que tem elementos de Motörhead, banda que influenciou especialmente a máquina de riffs James Hetfield.

“Screaming Suicide”, a terceira do disco, veio como segundo single. Ela manteve uma rapidez parecida com a primeira música lançada e ainda mexeu com um tema que é tabu no mundo inteiro, o suicídio.

Apesar das duas faixas agradarem, ainda faltava uma pitada de Metallica, uma faixa daquelas que o grupo sempre traz e que fica marcada na mente. Essa música foi “If Darkness Had a Son”, a nona do álbum e o terceiro single, que se transformou na preferida de muitos e candidata a melhor do disco. Sozinha, ela já valeria o álbum inteiro, se o Metallica não trouxesse mais nada de bom, já que traz um riff poderoso, alternância de variações, melodia de respeito e vocal contagiante de Hetfield. É uma das melhores faixas criadas desde o Black Album e vai ganhar seu lugar de destaque na carreira do Metallica.

Na própria apresentação da premiere de cinema, ficou bem claro que o grupo está bastante ansioso com esta música para os shows. James Hetfield e Robert Trujillo, por exemplo, estão esperando o público inteiro gritar “Temptation” a plenos pulmões. E há alguém com alguma dúvida que isso não vai acontecer?

Se já houve empolgação com o terceiro single, com a faixa-título “72 Seasons”, que é a primeira do disco, o sentimento foi mantido e a sensação foi de que o álbum valeria a pena.

Das faixas com clipe após o lançamento, “Sleepwalk My Life Away”, a quarta do disco, traz um Metallica poderoso já na ótima introdução de baixo de Trujillo, marcada pelas batidas interessantes de Lars Ulrich. A sequência da música empolga com toda a banda gerando uma energia que muito grupo novo dos tempos atuais jamais alcançará. A faixa traz pitadas de Black Sabbath em alguns momentos, mas, ao mesmo tempo, traz elementos que a deixam moderna dentro do heavy metal atual.

Outra de clipe mais recente, “Room of Mirrors” é a penúltima do álbum. Como bem disse James Hetfield na sessão de apresentação no cinema, há elementos de Thin Lizzy e, como destacou Robert Trujillo, é uma das boas para pegar o carro e sair pela estrada dirigindo. Traz o grupo numa velocidade interessante que, em alguns trechos, é quebrada por alternâncias também elogiáveis. Destaque também para o divisão do solo de guitarras de Kirk e James, relembrando grandes momentos do Metallica.

Com clipe previsto para estreia no dia 16 de abril, “Shadows Follow” é uma das grandes faixas do álbum mesmo com algumas leves experimentações um pouco diferentes dentro da carreira do Metallica. Segunda do disco, a música traz a banda bastante entrosada, vários riffs, letra interessante e James cantando de várias formas diferentes.

Quinta faixa do disco, “You Must Burn!” já começa bem com o título e segue densa, parecendo uma evolução de “Sad But True”, com pitadas fortes de Black Sabbath. É aquela música que, num show, o fã sai da roda de mosh ou do momento de bater cabeça freneticamente para contemplar o peso do Metallica.

Sétima do disco, “Crown of Barbed Wire” está entre as faixas com mais experimentações. E, justamente por isso, tende a dividir mais os fãs nas análises positivas e negativas. Ao mesmo tempo que traz experiências diversas, ela resgata elementos de álbuns do Metallica dos Anos 1990. É possível ver coisa do Black Album, do “Load” e do “Reload” e, após umas dez audições, ela até se torna familiar.

“Chasing Light” é a oitava do disco e perfeita para vir na sequência da faixa anterior. Com várias experimentações, traz James Hetfield com vocais audaciosos, Kirk Hammett bem no solo e Lars Ulrich com uma pegada invejável para uma pessoa de quase 60 anos.

Décima e antepenúltima do disco, “Too Far Gone?” é uma das boas surpresas positivas do “72 Seasons” e daquelas faixas que tendem a influenciar outras bandas. Traz um Metallica com uma roupagem bastante moderna, a começar pelo início dos vocais de James Hetfield, que consegue melhorá-los com melodia e harmonia contagiantes ao longo da música. Das faixas cujo refrão gruda na cabeça e o fã fica assobiando em vários momentos na sequência.

“Inamorata” fecha o disco com chave de ouro. Com 11 minutos e 10 segundos, a faixa inédita mais longa da carreira do Metallica é riquíssima em melodia e na parte instrumental. Traz elementos semelhantes aos da boa “The Outlaw Torn”, do Load, e da ótima “Fixxxer”, do “Reload”, além de uma performance vocal de James Hetfield que faz os pelos do braço ficarem arrepiados. Se você ouvir essa faixa e não sentir nenhum tipo de emoção, é porque já morreu por dentro. É mais uma das “viagens metállicas” que caem rapidamente no gosto dos fãs, sendo, na sessão de cinema, uma das mais festejadas. Belíssima!

Haters ‘sangram’ e o Metallica só cresce

Uma coisa que não pode deixar de ser registrada em qualquer faixa, disco, sinal de fumaça ou qualquer ação do Metallica é o papel patético dos haters de internet. Bastou o disco novo ser lançado e eles apareceram com os chavões eternos de sempre: “Metallica acabou no Black Album”, “Lars Ulrich nunca foi bom baterista”, “Kirk Hammett só sabe tocar no pedal Wah Wah”, “O disco do Megadeth é melhor!”

No YouTube e no Instagram pipocam análises desse tipo de gente que sequer, em toda a sua medíocre vida, jamais fará 0,000001% do que o Metallica fez para o heavy metal, mas que se acham na autoridade de descer a lenha na banda a qualquer nota nova lançada.

A postura de muitos parece juntar inveja, fracasso pessoal ou simplesmente a necessidade de falar mal porque Metallica dá audiência em qualquer lugar.

O fato é que, com o tamanho gigantesco alcançado pelo Metallica, tudo envolvendo a banda gera repercussão do mesmo tamanho. Tem coisa nova saindo? Vai lá um Zé Ruela e fala algo negativo para ganhar fã, cliente ou simplesmente clique.

Enquanto isso, o Metallica vai só crescendo assustadoramente e praticamente já virou uma empresa nos moldes de Rolling Stones, KISS e U2.

Na imprensa especializada internacional, boa parte das críticas foi positiva desde o lançamento do álbum. Revistas e sites de renome, no mínimo, parecem concordar que o disco novo é bom. Mas para muitos haters, se o Metallica lançasse hoje em dia o “Masters of Puppets”, ele receberia nota baixa e sofreria críticas negativas. Vai entender…

Álbum mostra banda com gás para seguir forte por mais uma década

Desde que Robert Trujillo chegou ao Metallica, não há dúvida que o cenário de terra arrasada do “St. Anger” ficou para trás e que o grupo passou por uma fase revigorante. Bons álbuns foram lançados desde então e a banda conseguiu resgatar elementos que haviam sido perdidos a partir do “Load”.

Com “72 Seasons”, o Metallica parece ainda com gás para seguir forte por, no mínimo, mais uma década. Para alguns, o álbum soou um pouco parecido de faixa para faixa. Para outros, o ponto baixo entre os membros foi a performance “sem criatividade” de Kirk Hammett na questão dos solos de guitarra.

Seriam ajustes para um disco ainda melhor mais para frente. A temporada de shows começa em breve e este é um território que a banda domina como poucas.

Os intervalos entre um disco e outro aumentaram, mas o grupo está sempre inovando e fazendo o que gosta. O clima ruim depois da saída de Jason Newsted, deu, com Trujillo, lugar a um período no qual a harmonia entre os membros prevalece.

Sim, James Hetfield, o verdadeiro coração da banda, teve recaídas alcoólicas recentes, mas, mais uma vez, conseguiu se reerguer. Em “72 Seasons”, ele é o melhor elemento. E isso é garantia de um futuro positivo para a banda, pois, se James está bem, o Metallica está bem.