quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Angra fará show acústico em agosto em São Paulo

O Angra leva seu show acústico para o palco de uma das maiores e conceituadas casas de shows do Brasil, o Espaço Unimed, em São Paulo, no dia 17 de agosto (sábado). A apresentação trará a mesma estrutura majestosa apresentada pela banda em Curitiba, em 2023, que foi gravada e será lançada ainda este ano em formatos áudio e vídeo.

A icônica apresentação de um dos baluartes da música brasileira em São Paulo trará, além dos cinco integrantes interpretando clássicos em roupagem desplugada, uma orquestra e um convidado especial a ser divulgado posteriormente. O anúncio foi feito pelas redes sociais da produtora Top Link Music e do Angra: https://www.instagram.com/p/C32TScAAiyp. 

Explorar a música em todos os seus caminhos nunca foi uma novidade para o Angra. Em mais de 30 anos de carreira, o grupo sempre flertou com diversos estilos musicais e com o acústico, que resultaram em registros históricos, como a apresentação realizada na FNAC francesa nos anos 1990, cujas algumas faixas foram lançadas oficialmente como bônus no clássico EP "Freedom Call", sem contar faixas específicas no decorrer da discografia de estúdio do grupo.

O guitarrista e fundador do quinteto, Rafael Bittencourt, comenta: “Nossa ideia é mostrar as músicas em sua essência, despidas dos estereótipos do heavy metal, bumbos rápidos, solos de guitarra e agudos incríveis. Mesmo sem esses elementos, que são marcantes em nosso estilo, as músicas permanecem boas, ricas com suas harmonias, melodias e letras. Não exclusivamente com instrumentos acústicos, mas versões suaves e elegantes das músicas do Angra”. A venda de ingressos é pela plataforma Ticket 360.

Serviço

Acústico do Angra em São Paulo

Data: 17 de agosto de 2024 (sábado)

Local: Espaço Unimed

Endereço: R. Tagipuru, 795 - Barra Funda

Ingressos: a partir de R$ 80

Venda online/Informações:  https://www.ticket360.com.br/evento/28662/ingressos-para-angra

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

'Paul McCartney no Brasil': o país que tanto cativa os astros do rock

 Uma dupla de estudantes paulistas passa uma temporada em Lenços, no interior da Bahia, no meio dos anos 90, após visitarem a Chapada Diamantina. Com uma câmera de vídeo simples da época, filmam uma dupla de violeiros que estraçalham na execução de modas enquanto bebem cerveja.

Um dos músicos, o mais velho, se esforça para ficar de costas e não ser filmado ou não ser identificado. os dois estudantes acham que já viram o cara em algum lugar. Vão embora encafifados com aquela figura no bar sujo, que não fala português mas adora uma viola caipira e um violão velho.

Em casa, o irmão de um dos dois estudantes vê a fita e mata na hora: "Esse cara de costas é o Jimmy Page, ou alguém muito parecido com ele. O que ele faz no interior da Bahia?"

A história chega aos ouvidos do jornalista paulista radicado em Maceió (AL) Ari Cipola, que decide comunicar seu jornal, a Folha de S. Paulo. E então ele parte para Lençóis para flagrar o guitarrista inglês em sua passagem idílica pela Bahia - tema de reportagem que poe ser lida neste link.

Essa história não está no livro "Jimmy Page no Brasil", mas bem que poderia estar, mas outras tão boas quanto estão, compiladas pelo jornalista, músico e escritor Leandro Souto Maior, que publicou a obra pela editora garota FM em 2020.

O tema o fascinou de tal forma que agora vem maus um volume da série. "Paul McCartney no Brasil" também está em esquema de financiamento coletivo e deverá chegar às lojas em março também pela Garota FM.

"Dá para dizer que é uma série (risos), mas o livro do Paul é diferente", esclarece o autor. "O Jimmy Page tem uma relação mais forte e direta com o Brasil, morou por aqui com uma de suas ex-esposas, transitou por Lençóis, Salvador e Rio de Janeiro, onde criou um projeto social. No caso de Paul é diferente, ele só veio a passeio e tocar aqui. Foram 36 shows desde 1990, acho que ninguém tocou mais do que ele, como artista solo de primeira grandeza, no Brasil."

Assim como no caso de Page, não conseguiu entrar em contato com McCartney - nem tentou, na verdade. A ideia era reunir boas histórias do ex-beatle no país e depoimentos de músicos brasileiros que que o admiram, como Samuel Rosa, ex-Skank, autor do prefácio.

Entre os causos mais saborosos estão o do chaveiro, músico amador, que um dia foi acionado para abrir uma porta trancada, impedindo um gringo de sair, em um hotel. Com dois cliques ele abriu a porta e deu de ara com um sorridente e grato Paul McCartney.

"Não tem como admirar um músico como ele e sua ligação com o Brasil, ainda que não tão profunda", comenta Souto Maior. "Ele dedicou um de seus discos, 'Flowers in the Dirt', de 1990, a Chico Mendes [ativista ecológico e líder seringueiro assassinado no Acre em 1990]; Compôs uma música dedicada ao paós, que é 'Back in Brazil'; Também afirmou que fez músicas enquanto sobrevoava o país, inspirando-se aqui."

Foram muitas entrevistas e horas vendo e curtindo as apresentações pelo país, acumulando vasto material que desde já o transforma em um dos mais ricos já compilados sobe um músico estrangeiro de primeira grandeza passando pelo Brasil.

Acatando algumas sugestões, Leandro Souto Maior avalia a possibilidade de um terceiro volume reunindo histórias de muitos outros artistas de rock com passagens igualmente marcantes e frequentes pelo Brasil, como os ingleses Steve Hackett (guitarrista do Genesis) e Jim Capaldi (baterista do Traffic) e o tecladista suíço Patrick Moraz, todos casados com brasileiras por um período, morando no país; E ainda tem o australiano Nick Cave, a americana Chryssie Hynde (the Petenders), o inglês Wayne Hussey (The Mission)...

"Essa é uma boa ideia que você me deu (risos). Andy Summers [guitarrista de The Policce] vem muto ao Brasil, adora bossa nova e já gravou com Fernanda Takai e Roberto Menescal. E os Rolling Stones, então? Desde 1968 eles vêm aqui. Tem até filho brasileiro na jogada [Lucas Jagger, filho de Mick com a modelo e apresentadora Luciana Gimenez]. O Ron Wood sempre que pode passa longas temporadas por aqui e o baterista Charlie Watts adorava comprar cavalos por aqui."

A Mercearia São Pedro, a alma da vila, finalmente chega ao fim

Enfim, terminou. As portas foram cerradas em um domingo ensolarado tomado por fascistas e ultradireitistas a poucos quilômetros dali. Ninguém que esteve ali sabia o que iria acontecer. Era a última tarde e noite da Mercearia São Pedro, um dos mais tradicionais bares de São Paulo.

Reduto boêmio da zona oeste da capital paulista, existia há 56 anos em uma rua no miolo da Vila Madalena e havia anunciado em 2021 que fecharia as portas por conta da especulação imobiliária e de brigas familiares por administração do imóvel e dos que era vizinhos.

Estranhamente, e para nossa sorte, o bar que era misto de restaurante, livraria e centro cultural resistiu por quase três anos ao assédio de uma construtora, ansiosa por derrubar tudo e erguer um condomínio residencial, e às discussões entre os irmãos Marcos e Pedro Anis Issa Benuthe, que divergiam sobre a venda dos imóveis da família; A Merceraria São Pedro não existe mais.

Em muitos lugares do interior, especialmente em países latinos, diz-se que o bar ou a taverna é a alma da vila. De uma forma parecida, os britânicos também devotam tamanha reverência aos pubs.

Analisando por essa perspectiva, faz todo o sentido a comoção em torno da Mercearia São Pedro. O bar tradicional deixa um buraco gigantesco na cena cultural paulistama.

Toda vez que um ponto de referência importante do ponto de vista cultural e social some, a alma de um lugar morre um pouco. Aquela adega de bairro que desaparece junto com a morte do dono, o teatro pequeno que tanta festa e quermesse abraçou, o boteco de pinga fedorento que reunia os mais antigos moradores…

A Mercearia São Pedro representava tudo isso, mas de uma outra forma. Ao logo de 56 anos de existência, sem muito esforço, tornou-se ponto de encontro e resistência da intelectualidade da cidade, geralmente com viés de esquerda. Sem querer, virou um centro cultural importante já no comecinho dos anos 80.

Mas como pode um boteco estranho, até meio comum, com atendimento ruim e preços meio salgados, se transformar em reduto da cultura e da efervescência de São Paulo?

Por que as pessoas se sentiam bem em beber ali, em meio a buzinas de carros próximos, aos livros do sebo que fazia parte do complexo, junto com as fitas de videocassete e DVDs de filmes? Será que a cerveja estupidamente gelada compensava o mau atendimento?

Nos bons tempos, as pessoas faziam questão de se espremer nos concorridos lançamentos de livros – a imensa maioria jamais seria lida – e eventuais shows ruins de violão e voz recheados com a pior MPB possível.

É a famosa aura de boteco que explica o charme de uma esquina estranha e sem muitos atrativos. É assim que funciona: as auras simples surgem, com seu apelo e sua atração irresistíveis

A Mercearia São Pedro tem essa aura de acolhimento, de pertencimento, de resistência e de disseminação de cultura. Jornalistas, artistas, políticos, professores e estudantes universitários conseguiram imprimir o rótulo de centro cultural a um ambiente que transborda conhecimento.

Não há dúvida que é o centro do bairro, onde as coisas acontecem e onde a vida ganha muito mais vida. São lugares assim que nos fazem perceber a importância da vila, da vizinhança, da escola, dos amigos. A mercearia reunia tudo isso e muito mais.

A pandemia mudou tudo, como era de se esperar. Aprofundou mudanças que já eram vistas desde há muito, com a frequência menor de estudantes e a mudança preocupante do perfil de bebedores dos fins de semana, mais preocupados com o futebol do fim de tarde do que com a educação e a civilidade tão característicos do local.

Nada, no entanto, capaz de destruir a aura de centro cultural – ao não ser que alguém diga que o local vai fechar. E então a melancolia chega e o saudosismo domina as conversas.

Todo o quarteirão será demolido. Como resistir à força da especulação imobiliária, dos tratores vorazes a serviço de novos ricos deselegantemente sofisticados, precariamente educados e culturalmente estéreis?

As redes sociais, que se transformaram em esgoto da humanidade, adoram exagerar dramaticamente algumas mortes e fins. Os mais empedernidos esquerdistas de restaurante japonês, e que não pisam na Mercearia há mais de dez anos, vomitaram muito sobre a “falta de memória” de um país que “despreza a cultura e a educação”. Isso é verdade, mas não no caso em questão.

Lamenta-se o fim de casas importantes gastronomia da cidade, seja por falência, por esgotamento ou porque o aluguel ficou proibitivo. No caso de um centro cultural como a Mercearia São Pedro, a dor costuma ser maior. Entretanto, somem uns, surgem outros, ou melhor, criam-se outros.

O que impede que outro bar legal se torne um novo centro irradiador de conhecimento? E quem disse que a Mercearia vai desaparecer? Por que não pode manter a sua aura em outro lugar da Vila Madalena, no Butantã ou em Pinheiros?

Esbravejar contra a especulação imobiliária desenfreada é uma atitude infantil de quem procura subterfúgios fracos para validar pontos de vista esquálidos em vez de procurar se informar e não passar vergonha.

Por que nunca houve comoção com os desaparecimentos de lugares igualmente legais e, talvez, tão importantes nos bairros de Vila Mariana, Perdizes e Pompeia?

O desaparecimento da Mercearia São Pedro talvez deixe uma lacuna no cérebro de saudosistas, mas certamente não na vida cultural de São Paulo. Outros centros vão surgir ou serão criados/transformados por nós.

Sempre lembraremos com carinho da Mercearia. Se o patrimônio histórico não tombou, então sigamos a vida e transformemos outro bar em nossa casa, em nosso centro político e cultural. Candidatos a novas mercearias não faltam e não faltarão.

Eloy Casagrande agradece ao Sepultura em tecto curto nas redes sociais

De forma elegante e sucinta, o baterista Eloy Casagrande, que anunciou hoje a sua saída do Sepultura, se manifestou nas redes sociais. Pela manhã desta terça-feira (27), a banda divulgou nota informando a saída, ms de forma muito dura e deixando claro que o músico saiu de "forma surpreendente e sem aviso prévio";

Casagrande tocou por quase 13 anos na banda brasileira e ficou conhecido como um dos instrumentistas mais renomados e cobiçados do heavy metal mundial. Como um jogador famosos de futebol, há anos seu nome é cogitado em diversas bandas de rock de variados tamanhos. Recentemente, rumores deram conta de que assumiria a bateria do Slipknot.

Com o anúncio de que o Sepultura vai acabar em 2025, os rumores aumentaram. O baterista não mencionada nada disso no texto que publicou nas redes sociais. Elegante e grato, disse que sua passagem pelo Sepultura foi de grande aprendizado, mas que ciclos terminam e que uma nova fase começa em sua vida.

Lia o texto de Eloy Casagrande:

Gostaria de comunicar a minha saída do Sepultura. Ter feito parte da maior banda de metal brasileira foi das melhores e mais ricas experiências da minha vida. Só agradeço a cada um dos integrantes e a toda equipe.

Foi uma história de quase 13 anos, em que tive a oportunidade de aprender e contribuir com cada música, show e gravação. Foram anos de muita entrega, intensidade e comprometimento. Foram 3 discos muito bem recebidos pela crítica, inúmeros shows nos 5 continentes e muita história pra contar. Então, por isso, antes de mais nada, reitero meu agradecimento ao Sepultura e aos fãs por tudo o que passamos.

Talvez para os fãs da banda não faça sentido neste momento, mas decisões precisaram ser tomadas pensando em novos ciclos que virão. Somos feitos de escolhas e elas nem sempre se dão de maneira fácil. A minha saída jamais apagará meu respeito e gratidão à banda.

Felizmente há muito por vir. Espero seguir fazendo muita música e arte. Vejo vocês em breve na estrada!

Judas Priest libera áudio de ‘The Serpent and The King’

Do site Roque Reverso

O Judas Priest liberou na quinta-feira, 22 de fevereiro, o single “The Serpent and the King”. Verdadeiro petardo sonoro e já candidata a uma das melhores músicas do heavy metal em 2024, a faixa é mais uma amostra do novo álbum que a lendária banda britânica lançará neste primeiro trimestre.

O disco “Invincible Shield” tem o dia 8 de março de 2024 como data oficial de lançamento. Será o 19º da carreira do grupo e sucederá o álbum “Firepower”, de 2018. 

“The Serpent and the King” traz praticamente todos os elementos que agradam o fã do heavy metal. Guitarras pesadas e entrosadas, bateria matadora, velocidade e um vocal de qualidade absurda do mestre Rob Halford.

Antes da faixa, o Judas Priest já havia apresentado outras três. Trouxe para audição, em outubro, a faixa “Panic Attack” e, em novembro, a música “Trial By Fire”. Em janeiro, apresentou a música “Crown of Horns”, que ganhou clipe no início de fevereiro.

A produção de “Invincible Shield” é de Andy Sneap, que já havia sido o responsável pelo álbum anterior, só que ao lado de Tom Allom, figura clássica que produziu grandes álbuns da banda nos Anos 1980.

Em “Invincible Shield”, Sneap agora é o único responsável pela produção.

Ele também é o guitarrista de turnê do Judas, substituindo nos shows o guitarrista Glenn Tipton, que, após ser diagnosticado com doença de Parkinson, continuou como membro da banda, mas deixou de tocar em turnês.

Nos discos de estúdio do Judas, Tipton continua presente. E em “Invincible Shield” sua guitarra é facilmente perceptível nas músicas já conhecidas.

https://youtu.be/5dqi19sOyNE

Napalm Death retorna ao Brasil em outubro para shows em 9 cidades

Do site Roque Reverso

O essencial Napalm Death retornará ao Brasil no segundo semestre de 2024 para shows em nada menos que 9 cidades do País. O veterano grupo britânico de grindcore vem com sua turnê latino-americana em outubro para tocar em Brasília, Belém, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba e São Paulo.

A passagem do Napalm pelo Brasil começa na capital federal no dia 16 de outubro, no Toinha. Logo depois, segue para Belém, no dia 18 de outubro, no Botequim; para Fortaleza, no dia 19, na Baladinha Club; para Recife, no dia 20, no Estelita; e chega a Belo Horizonte, no dia 22 de outubro, no Mister Rock.



A maratona brasileira continua no Rio de Janeiro, no dia 23 de outubro, no Circo Voador; em Porto Alegre, no dia 24, no Opinião; em Curitiba, no dia 25, no CWB Hall; e, em São Paulo, no dia 26 de outubro, no Vip Station.

Os ingressos para a maioria dos shows no Brasil serão vendidos no site Bilheto.

Nem todos das gerações mais recentes conhecem, mas o velho e bom Napalm Death é uma das bandas mais pesadas da história do rock. Precursor do Grindcore, o grupo influenciou uma série de bandas pesadas desde a década de 80.

Além do peso e da rapidez das músicas, o Napalm Death também é lembrado pelas letras bastante politizadas. Nem todo fã de rock gosta dos vocais guturais do estilo grindcore, mas a visita às letras do grupo do britânico valem a pena e retratam a indignação com diversos problemas da sociedade.

A formação do grupo atualmente tem Mark “Barney” Greenway (vocal), Shane Embury (baixo), John Cooke (guitarra) e Danny Herrera (bateria).

Eloy Casagrande: as diferentes réguas para medir importantes decisões pessoais

No futebol costuma ser mais comum do que se imagina: o carque do time está sossegado, como destaque do campeonato, mas aí, de uma hora para a outra, o Real Madrid, time mais rico do mundo e melhor da década, faz aquela proposta irrecusável para todos: salário 30 vezes maior e valor irrecusável para o clube.

O jogador será chamado de mercenário, de traidor, mas seguirá o seu caminho, será eleito melhor do mundo e multicampeão. Alguém lembra de Vinícius Jr.? Neymar?

Ainda sem ter a totalidade das versões e das informações, é o que podemos especular a respeito da saída do baterista Eloy Casagrande do Sepultura, a maior banda brasileira de todas, mas que está em processo de encerramento de suas atividades. 

Às vésperas do início da importante turnê mundial de dois anos de despedida, o baterista pediu para sair de forma imediata, afirmando que tem outros projetos em vista.

Claro que a decisão e a mudança trazem complicadores para o Sepultura, até porque a decsião de parar e se despedir por dois anos do público foi muito planejada e organizada, só que nunca dá para prever quando vai aparecer um Real Madrid da vida para alterar os planos.

A comoção pela saída de Eloy está sendo grande, assim como a solidariedade aos outros integrantes da banda - e suas vitimizações. O ex-baterista se tornou um vilão, um ingrato, um sacana, alguém que "não cumpre contratos" e que larga os companheiros na mão - tudo tão previsível quanto infantil em casos semelhantes.

É o típico caso em que a régua usada para medir a coisa - no caso, condenar imediatamente Casagrande - é inversamente proporcional ao comportamento ético que cada um dos críticos teria se estivesse no lugar do músico que, aparentemente, largou tudo em prol de uma proposta mais vantajosa em todos os sentidos.

Ora, ora, não exatamente o que Eloy Casagrande fez quando surgiu adolescente como baterista da banda André Matos e a trocou pela banda Gloria, então grande sensação do rock pesado/emo brasileiro lá pelos idos de 2010, inclusive com o baterista se apresentando com o grupo no Rock in Rio no ano seguinte? 

E, curiosamente, não foi o que o mesmo baterista fez no final daquele ano ao sair do Gloria em direção ao Sepultura? E o que dizer de Kiko Loureiro quando aceitou o convite para tocar no Megadeth, em 2015? E o que dizer de Marcelo Barbosa, que saiu do Almah para substituir Kiko no Angra?

Com paixões demais e informações de menos na área, as condenações se tornam fáceis, assim como as injustiças; Os tribunais da internet funcionam a todo vapor e não hesitaram em rotular Eloy Casagerande como vilão, enquanto os "coitados" do Sepultura só tiveram 20 dias para achar um substituto, Greyson Nekrumat, americano que toca no Suicidal Tendencies.

Não se trata aqui de querer minimizar o tamanho do problema causado e da suposta quebra de confiança entre os antigos companheiros. mesmo no fim da carreira, o Sepultura estabeleceu uma marca importante: o quarteto Eloy, Andreas Kisser (guitarra), Paulo Xisto Jr (baixo) e Derrick Green Ovocais) foi a formação que mais tempo tocou na banda, superando a clássica, aquela que tebv os irmãos Cavalera (Max, guitarra e vocais, e Iggor, bateria, os fundadores), entre 1987 e 1996.

É muito justo que os integrantes da banda estejam muito irritados, como demonstraram na nota oficial de anúncio da saída onde elencam todo o processo longo e trabalhoso para planejar a despedida e a imensa turnê final. É compreensível que estejam bravos e que sintam que Eloy foi ingrato, mas não dá para ignorar o fator "Real Madrid".

Que o comportamento infantil dos f]as mais radicais predomine, como na eterna discussão sobre a volta dos irmãos Cavalera, é até esperado e também compreensível, mas vai passar. Cabe, de certa forma, à banda colocar um certo imite no processo de "demonização" do ex-integrante.

Foi o que o Sepultura fez, de forma elegante, em 2011, quando o baterista mineiro Jean Dolabella, que substituiu Iggor Cavalera, anunciou a sua saída. Rapidamente os integrantes cortaram pela raiz o boato de que Jean tinha "sucumbido" a uma exigência da esposa para excursionar menos pelo mundo, algo impensável.

O nome de Eloy Casagrande é frequentemente cotado para substituir grandes instrumentistas em bandas importantes, isso pelo menos desde 2019. Em 2023, surgiram rumores nos Estados Unidos de que poderia ser convidado para integrar o Slipknot, banda americana de nu metal e ainda hoje um gigante do rock.

Os boatos se intensificaram quando os americanos demitiram Jay Weinberg e, semanas depois, o Sepultura anunciou que iria encerrar as atividades em 2025. 

Por mais que a decisão do Sepultura tenha sido consensual ao ser anunciada, sempre ficou aquela dúvida a respeito do futuro dos integrantes. Andreas, Paulo e Derrick são pessoas maduras, com idades variando entre 53 e 56 anos de idade, com larga quilometragem, dentro do rock. Eloy tem ao menos 20 anos a menos de idade e um futuro mais do que promissor . 

Faz bastante sentido que ele tenha recebido uma ótima proposta de quem quer que seja e tenha, por exigência, que abandonar de imediato o Sepultura embicando para o fim - ainda que isso implicasse atrapalhar bastante o planejamento do Sepultura. O que você faria na mesma situação?

Muitos fãs mais radicais do Angra questionaram Kiko Loureiro por ter trocado a banda pelo Megadeth; Como assim? Mesmo hoje alguém aina tem dúvidas a respeito da diferença de tamanho entre as duas bandas? Da mesma forma que hoje, dá para ter alguma dúvida a respeito do tamanho entre o Sepultura e o Slipjnot?

Tudo era previsível assim que o anúncio da saída de Eloy surgisse. Paixões viriam à tona e as sentenças do tribunal de internet seriam proferidas imediatamente. No entanto, é lamentável que tais comportamentos sejam vistos também em declarações e comentário de jornalistas especializados que deveriam prezar pela informação completa e pela análise imparcial.

Eloy Casagrande deixa o Sepultura antes da turnê de despedida

 Em uma prova de resiliência e de uma estrutura maleável e equilibrada, o grupo brasileiro Sepultura inicia a sua turnê de despedida com uma frande mudança, e de última hora: o baterista Eloy Cadagrande, considerado um dos melhores do mundo na área do metal, não faz mais parte da banda.

Em comunicado surpreendente divulgado na manhã desta terça-feira (27), a banda anunciou a saída em termos não muito amistosos, já nomeando um substituto: o americano Greyson Nekrutman. de 21 anos, atualmente na veterana banda Suicidal Tendencies. Ele será o baterista até o fim da turnê, em dezembro de 2025;

O grupo brasileiro já tinha chocado o mercado ao anunciar em dezembro que encerraria as atividades dentro de dois anos em comemoração aos 40 anos de fundação, uma decisão enigmática, já que que era consenso de que o Sepultura ainda tinha bastante tempo de sobra para se manter no auge com a atual formação.

Com a decisão de parar, logo se especulou sobre o destino de Casagrande, na banda desde 2011, e um músico cobiçado por grupos grandes, como o Slipknot. Gente ligada a essa banda realmente cogitou o nome depois que o baterista Jay Weinberg foi demitido.

Casagrande é o mais novo de idade entre os quatro integrantes e aquele que mais opções recebia para seu futuro fora da banda. 

Entretanto, o comunicado da banda deixou claro que a decisão de sair foi do baterista e de forma imediata, ocorrida em reunião no dia 6 de fevereiro, "por conta de ter de assumir outros projetos profissionais". 

O tom do comunicado foi ácido e pouco amistoso, citando os meses de preparação e ensaios para aquela de seria a "a grande turnê do Sepultura dos últimos anos, que envolveria a gravação de um vídeo de show e documentário".

E assim termina, de forma melancólica e triste, a formação mais duradoura do Sepultura: foram quase 13 anos de união entre Casagrande, Andreas Kisser (guitarra), Paulo Xisto Jr (baixo) e Derrick Green (vocais), superando até mesmo a clássica, que tinha os irmãos Max (guitarra e vocais) e Iggor Cavalera (bateria), que durou de 1987 a 1996.

Não é uma história tranquila a trajetória do Sepultura, mas a característica que sempre dominou foi a da resiliência e da superação de problemas. A questão não deverá atrapalhar os planos até o encerramento das atividades, mas fica o gosto amargo de desavença naquela que foi a formação mais duradoura.

Veja a nota oficial do Sepultura:

Depois de 2 anos de concepção e muito trabalho, que envolve a banda, os empresários, a equipe de roadies, gravadoras, advogados, promotores locais e agentes de viagem…

Depois de firmar um acordo com a 30e no Brasil e a Cobra Agency no resto do mundo para anunciar uma tour de despedida, anúncio feito no dia 8 de Dezembro de 2023, para celebrar 40 anos de história intitulada ‘Celebrating Life through Death’…

Depois de abrir as vendas dos ingressos e de ter tido uma resposta maravilhosa dos nossos fãs, esgotando várias praças pelo mundo, abrindo novas datas e criando uma expectativa mágica e muito positiva…

Depois dos ensaios marcados e confirmados, de toda a estrutura pronta para encarar os próximos 18 meses de shows e celebrações…

No último dia 6 de Fevereiro, em uma reunião extraordinária, o baterista Eloy Casagrande comunicou à banda e aos empresários que está se desligando do Sepultura pra seguir carreira em outro projeto.

Fomos pegos de surpresa, sem aviso prévio ou qualquer tipo de debate sobre como fazer a transição. A comunicação foi feita e ele se desligou imediatamente da banda, abandonando tudo relacionado ao Sepultura.

A nossa história é feita de desafios e são eles que alimentam nossa criatividade e determinação. Não seria agora, depois de tudo que passamos nesses 40 anos, que iríamos desistir, pelo contrário!

Sendo assim, estamos muito felizes em anunciar o espetacular baterista Greyson Nekrutman, que será o nosso parceiro nas baquetas para honrar o compromisso que temos com a Sepulnation e com todos que fazem parte desta celebração!

Sempre fortes e unidos na energia positiva de respeito e gratidão. Nos vemos na estrada!

Vamos celebrar,
Andreas Kisser, Derrick Green e Paulo Xisto




domingo, 25 de fevereiro de 2024

Personificar a música pesada brasileira é a missão de Jairo Guedz

Artista underground se tornou um termo ou uma categoria muito associada à palavra credibilidade e , por conta disso, uma importante ferramenta de marketing cultural. mesmo longe de pertencer à 'categoria", muita gente faz de tudo para se "inserir no contexto" e ganhar pontos.

O guitarrista mineiro Jairo Guedz pode se orgulhar de ser um verdadeiro artista underground antes mesmo que essa categoria existisse. E, assim como músicos contemporâneos, como os membros do Ratos de Porão e Dorsal Atlântica, personifica o termo por ter militado toda a carreira fora do holofotes maiores.

Com tamanha credibilidade um currículo rico que inclui uma passagem fundamental pelo Sepultura nos ano 80 - saiu em 1987, sendo substituído por Andreas Kisser -, Guedz é uma pessoa ue precisa ser ouvida quando se fala em heavy metal brasileiro e desenvolvimento do rock fora dos grandes eventos.

Com a banda The Troops of Doom, o guitarrista voltou a ganhar destaque no cenário há alguns anos depois de dois EPs e um álbum elogiadíssimo, que frequentou as listas de melhores do ano de vários veículos no Brasil e no exterior, 

Na iminência de lança mais um álbum com a banda e de celebrar 40 anos de estrada na música pesada, Jairo Guedz faltou com exclusividade ao Combate Rock sobre o momento atual do rock, que oferece possibilidades diferentes, sobre Sepultura e o equilíbrio necessário para se dar bem no underground, algo bem difícil em um país onde o rock perdeu espaço.

Quando se fala em metal extremo no Brasil, as bandas costumam ou enveredar por uma linha old school tipo Sepultura, em um death metal mais ríspido, ou caem para a linha escandinava, um pouco mais reta e técnica. The Troops of Doom surgiu com um som mais moderno e com muitas variações, quase progressivo. Era essa a intenção?

A minha intenção, quando criamos a banda, era partir do ponto onde eu abandonei o barco em 1988. Como uma continuidade do que eu estava fazendo na época, na linha do "Morbid Visions" [álbum do Sepultura] e o que eu faria após isso. Gostamos de usar nossas influências em comum, como Slayer, Death, Kreator, Possessed, Sodom, Celtic Frost e como essas influências se remodelaram ao longo dos anos 80 e 90. Acho que, por isso, pode parecer que temos uma pegada moderna com uma atmosfera doa anos 80/90. Mas não curto muito comparações com coisas modernas. Não são uma influência minha ou dos caras da banda hoje em dia...mas, talvez pela mixagem e qualidade de áudio que o mercado exige, algo possa parecer mais moderno que o desejado.

Depois de Krisiun, Crypta e Nervosa, muita gente diz que a bola da vez para a carreira internacional é The Troops of Doom. Há planos para expandir a marca no exterior com turnês e contrato com gravadora europeia?

 Primeiro, é um grande prazer dividir esse "pódio" com bandas tão boas e expressivas! Obrigado! Nós estamos terminando de fechar uma tour pela Europa em agosto/2024 que deve ter um total de 25 shows em 30 dias, em 11 países. Será parte da divulgação do nosso novo álbum, "A Mass to the Grotesque", mas queremos fazer o Brasil antes disso;

Percebe-se nos trabalhos até agora lançados que a banda fez uma pesquisa para encontrar timbres de guitarra que pudessem destacar The Troops of Doom em um mercado competitivo demais. Recentemente, somente Krisiun e Nervosa realizaram tal coisa, o que reflete os bons resultados que estão tendo, e isso não é coincidência. Como vocês chegaram a tais timbres?

Nós temos muito claro para todos nós o tipo de som que queremos para banda. A maior dificuldade é atingir esse nível de qualidade sonora que o mercado exige sem parecer moderno demais, comprimido demais...mas sempre trocamos essa ideia com os produtores e quem vai trabalhar na mix. Esse resultado vem da soma do nosso trabalho com a experiência de quem está na mix. Até o momento estamos muito satisfeitos com essa sonoridade!

Em um momento em que o rock deixou de ter a preferência dos jovens, as vertentes mais extremas do metal ainda mantêm um público fiel entre a garotada, com shows nacionais e internacionais lotados no Brasil. Por que isso ocorre? Como bandas como a sua conseguem manter uma boa audiência mesmo com o rock sumido entre as playlists da maioria dos jovens?

Eu tenho visto em nossos shows uma legião de fãs jovens, dos 10 aos 20 anos, e sempre estão acompanhados de seus pais, tios...então eu acredito que, mais do que uma nova tendência entre esses jovens, está a continuidade de uma tendência doa próprios pais e familiares, que fazem parte das primeiras gerações do metal nacional, lá nos anos 80 ! O Heavy Metal tb é uma "doença" hereditária kkkkk ! Claro que também estamos sendo testemunhas de um novo ciclo do metal, como a volta do glam metal e um retorno natural ao início desse ciclo lá nos anos 70 e 80...mas tenho visto muito jovem acompanhado dos pais e mães nos nossos shows, e isso é motivo de muita alegria e orgulho pra mim.

 Como você compara os seus trabalhos com The Troops of Doom e The Darkness Foundation? Quais as diferenças fundamentais entre as duas bandas?

The Troops of Doom é um resgate de tudo que eu fazia nos anos 80 com o Sepultura. As mesmas influências, os mesmo gostos, a mesma atmosfera. Um death e thrash metal agressivo, letras ofensivas, temas religiosos e políticos. The Darkness Foundation é um projeto paralelo que me permite explorar mais minhas influências menos agressivas e pesadas, e posso explorar mais as minhas influências sombrias, densas, mais pop, mais dark e mais eletrônicas. Minhas influências, e dos demais membros para esse projeto vão de The Sisters of Mercy a Ministry, passando por Depeche Mode e Tiamat.

A Folha de S. Paulo soltou agora o livreto do Sepultura dentro da série sobre grandes nomes do rock que está promovendo. Quem fez a apresentação no jornal diz que Sepultura tornou o rock brasileiro relevante internacionalmente, o que é verdade. Depois de 40 anos de criação da banda, você consegue medir o tamanho de seu legado para a própria banda e para o rock nacional?

Eu nunca tenho uma ideia exata sobre essa medida, sobre o meu legado (e não parei ainda kkkk) para música pesada nacional e mundial. Mas todos os dias eu tenho alguma prova de que esse legado é de extrema importância e representatividade. Bandas gringas, pequenas e famosas, sempre me trazem informações de que se inspiraram em nós (Sepultura nos anos 80) e o quão importante foram os dois primeiros álbuns. que eu gravei com eles...eu só posso medir minha importância e/ou relevância no cenário do metal nacional e mundial através do carinho e do respeito que recebi todos esses anos e continuo recebendo agora com The Troops of Doom  E eu agradeço todos os dias por esse carinho e respeito.


Você algum dia imaginou um mundo sem o Sepultura? Muita gente acredita que o buraco será enorme sem a banda. Acredita que poderia haver algum tipo de celebração com ex-membros antes do fim, ainda que os irmãos Cavalera não participem?

 O Sepultura é uma daquelas bandas que nunca imaginamos nossa vida sem elas. Como o Slayer, Metallica e outras, parecem que serão bandas eternas. Mas infelizmente isso não é a realidade. Eu fico muito sentido com o final da banda, mas respeito a decisão dificílima que os caras chegaram...e tenho certeza de que fizeram uma escolha certa e pensada, para que eles possam desfrutar de mais tempo com a família, os filhos, as esposas; além de cuidar mais da saúde e de outras prioridades! E adoraria que houvesse algum tipo de celebração com ex-membros. Seria muito bacana isso!

Muito se fala sobre o surgimento de uma cena extrema em Belo Horizonte antes mesmo de essa vertente se consolidar, no metal, em São Paulo e no Rio. Há até um certo ciúmes entre os paulistanos nesta questão, que muito tempo alimentaram, sem razão, o fato de a metrópole industrial ser o berço da fúria roqueira. Mais de 40 anos depois você encontra uma explicação para o fato de os mineiros terem liderado esse processo? Por que a música extrema explodiu em BH com muito mais força antes de São Paulo?

Existem algumas teorias sobre essa realidade. O metal mais extremo surgido no Brasil teve o seu berço em Belo Horizonte, sem dúvida alguma! Minas sempre foi um estado mais calmo, mais agrícola, um povo mais interiorano, menos metropolitano, mais religioso...talvez TUDO isso junto tenha sido munição para um explosivo mais forte e barulhento que os demais espalhados pelo país. Acho que queríamos ser os jovens mais podres, sujos e agressivos do planeta...por causa dessas tradições e do peso da religião que a cultura do povo mineiro sempre carregou.

Com as mudanças de hábito de consumo de música neste século, em que tudo ficou quase de graça na internet, as bandas novas e as do underground encontram alguma dificuldades para conseguir espaço. Tudo está muito pulverizado e gravadoras e imprensa especializada praticamente não existem mais. Enquanto o segmento não sem reinventa, como encontrar motivação para fazer música e tentar viver dela?

Na realidade, eu vejo que todos os envolvidos nesse processo de mercado musical já estão se reinventando e se readaptando de alguma maneira. Os novos formatos de comércio de música são apenas mais uma ferramenta a ser explorada, mas não enterram por completo os demais processos e formatos. No nosso caso, do The Troops of Doom, , temos em contrato com nossa gravadora AlmaMater, de Portugal (gravadora de propriedade de Fernando Ribeiro, vocalista da banda Moonspell), a obrigação de fabricar CD, Vinil e L7 de nossas obras, e, além disso, claro, temos um acordo com outra gravadora (Blood Blast/Nuclear Blast), que é responsável pela distribuição mundial do nosso material em formato digital. É importante estar em todas as plataformas de mercado, digital e físico, ao mesmo tempo, e não ficar apenas reclamando que o mundo não é mais o mesmo. Algumas coisas ainda não mudam, principalmente no meio do metal, como shows ao vivo e merchandising. Basta saber trabalhar com tudo isso de forma equilibrada e vai dar tudo certo. Todos saem ganhando com isso.

Estruturas underground de fomento ao metal e vertentes mais extremas, como selos e gravadoras tipo Cogumelo, fazem muita falta hoje em dia? A Cogumelo, da forma como existiu, faria sentido hoje?

Acho que a Cogumelo como existiu não sobreviveria hoje ! Mas som, faz muita falta ! O que resta pra gravadoras, produtoras, distribuidoras, é se reinventarem pra não perder uma fatia tão grande do mercado. Os formatos de contratos precisam mudar. As partes precisam trabalhar mais de forma cooperativa, redefinir metas e regras e aprender à delegar funções, deveres e direitos de cada um sob um modelo menos selvagem e explorador.

O blues empolgante e diferente de Taryn Szpilman em São Paulo

 Da bossa nova aos clássicos do Led Zeppelin, passando por Beatles, reggae e Billie Holiday, par coroar com uma versão pesada e emocionante de Belchior. O vasto repertório de uma artista singular e versátil serviu de base para um interessante e diferente espetáculo em São Paulo neste final de semana.

A cantora carioca Taryn Szpilman, nome clássico da música do Rio de Janeiro, principalmente no jazz, é uma pessoa que toma conta de tal forma de um palco, magnetizando a plateia, que consegue transportar o ambiente para onde ela quiser.

Sua experiência como atriz é fundamental para transformar qualquer show em um musical da Broadway, transformando um show em uma miríade de possibilidades, tudo corado com uma voz estupenda.

No Sesc Ipiranga,  ela apresentou o espetáculo "Divas do Jazz e do Blues: de 1920 a 2020", onde desfilou sua elegância por 100 minutos de nostalgia e inovação ao vestir grandes clássicos da música mundial com arranjos diferentes e inusitados. Não chega a desconstruir, mas oferecer uma visão diferente para um blues e um jazz mais modernos

"Stairway to Heavn", do Led Zeppelin, que ela diz amar, irou um gostoso reggae com toques orientais, assim como "Kashmir", da mesma banda, um clássico do rock progressivo com ares indianos, ressurge como um blues à la "Nova Orleans" mesmo sem teclados.

A abertura com "I Put A Spell on You", de Nina Simone, soou diferente, ams nada do outro muno, mas aí vieram as peças de resistência como "Oh! Darling", dos Beatles, menos visceral meio "vaudeville", e "Piece of My Heart", de Janis Joplin, travestida de soul music a melhor qualidade. 

Contando causos e pedaços da história do blues e do jazz, Taryn esbanjou categoria ao cantar Billie Holiday e Stevie Wonder, passando pelo blues de Chicago com LitttleWalter o melhor de todos os gaitistas - com a participação especial do gaitista paulista Little Will.

Teve até uma versão bossa nova para Burt Bacharah, mas o ponto alto foi "Como Nossos Pais", de Belchior, imortalizada por Elis Regina, mas que ganhou uma versão maravilhosa em forma de blues épico, onde a cantora mostrou toda a sua competência na interpretação.

Foi uma noite empolgante, em que ficou evidente que é possível inovar e surpreender mesmo mexendo em canções imortais e sagradas. Para isso ela contou com uma banda ótima - Edosn Guidetti na guitarra, Cristiano Rocha na bateia e Samuel Ramos no baixo e no trombone. 

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Bruce Dickinson explora novos caminhos no ótimo 'The Mandrake Project'

Uma das brincadeiras que rolavam quando do retorno de Bruce Dickinson ao Iron Maiden, em 2000, era que a banda tinha jogado a toalha e readmitido o vocalista porque este lançava discos solo melhores do que os da banda na época - assim as comparações terminavam...

Não era de todo absurda a premissa se formos analisar a qualidade de álbuns como "Accidente of Birth" e "The Chemical Wedding", clássicos do metal dos anos 90 aclamados por imprensa e público, onde Dickinson provou que era um compositor muito bom e totalmente diferente do que o Iron Maiden preconizava.

Quase 19 anos depois de "Tyranny of Souls", de 2005, o cantor inglês volta a lançar um disco solo onde esbanja elegância e ousadia ao fazer um trabalho moderno m "The Mandrake Project", que é conceitual e recupera alguns dos bons momentos de seu período fora do Maiden.

Assim como naquela época, qualquer comparação com o que a banda faz atualmente soa indevida e oportunista. As guitarras de metal tradicional somem em "The Mandrake Project" e dão lugar a timbres mais pesados, mas que não necessariamente se transformam em típicas melodias do gênero. Hard rock e heavy metal convivem bem diante de temas mais fortes e densos

Para a sonoridade específica e característica dos trabalhos solo de Dickinson ressurgir tinha estar presente no projeto Roy Z, guitarrista e produtor americano que trabalhou com o cantor em praticamente dos os seus trabalhos solo.

É o sétimo álbum solo de Bruce Dickinson, para quem o novo trabalho é uma jornada muito pessoal cujo resultado o deixou extremamente orgulhoso:

“Roy Z e eu planejamos, escrevemos e gravamos há anos, e estou muito animado para que as pessoas finalmente ouçam. Estou ainda mais animado com a perspectiva de cair na estrada com essa banda incrível que montamos, para poder dar vida a este projeto. Estamos planejando fazer o máximo de shows que pudermos, em tantos lugares quanto possível, para o máximo de pessoas que conseguirmos atingir", disse o músico inglês quando do anúncio do novo álbum.

Bem calibrado e com ótimas canções, o novo disco é tudo aquilo que os saudosos do Iron Maiden otentista gostariam de ouvir na banda - músicas menso rebuscadas, com melodias cativantes e riffs menos óbvios.

"Afterglow to Ragnarok", o primeiro single e a abertura do álbum, é longa e progressiva, mas mantém o peso lá em cima e equilibra bem doses de guitarras pesadas e intensas com climas mais etéreos e dinâmicos. 

A estrutura do disco é a tradicional de artistas de heavy metal, mesclando temas grandiosos e épicos com músicas mais rápidas e de absorção mais fácil, mas a qualidade das canções é bem superior á da média dos lançamentos da atualidade; Flui bem e chega a emocionar em alguns momentos, como na dobradinha de encerramento, a semiacústica "Shadow of the Gods", com seu ar de balada, e a época e progressiva "Sonata (Immortaql Beloved)".

Até mesmo uma canção "recauchutada" ficou boa e caiu bem dentro do contesto. "Eternity Has Falied" teve poucos acréscimos e mudanças de arranjos em relação a "If Eternity Should Fail", que abriu o álbum "The Book of Souls", do Iron Maiden, de 2015. No disco solo de Brice ela está menos metal e maqis sombria.

Entre as boas ideias que soam mais acessíveis estão a ótima "Face in the Mirror", a mais próxima do que o Iron Maiden costuma fazer, com riff intenso e ritmo mais veloz, e "Ressurrection Men"m que segue a mesma trilha. Também agradam as boas "Fingers in the Wounds", mais para o hard rock e com guitarras mais econômicas, e "Masters of Mercy", mais direta e simples.

Não é surpreendente que "The Mandrake Project" seja muito bom, mas é agradavelmente ótimo, superando mesmo as grandes expectativas.


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Slayer surpreende e anuncia shows 5 anos após turnê de despedida

 Do site Roqye Reverso

O mundo do heavy metal ficou de cabeça para baixo nesta quarta-feira, 21 de fevereiro, depois de o Slayer anunciar dois shows nos Estados Unidos. A informação surpreendente de retorno acontece cerca de 5 anos após a turnê oficial de despedida da banda norte-americana de thrash metal.

As apresentações do Slayer foram confirmadas em dois festivais dos EUA em setembro. No dia 22 de setembro, o grupo sobe ao palco do Riot Fest, em Chicago. Já no dia 27, será a vez do Louder Than Life, em Lousville.

Em vídeo postado pela banda no YouTube e compartilhado no site oficial do Slayer e em todas as redes oficiais do grupo, aparecem cenas de shows dos quatro membros que estiveram na até então última apresentação da história da banda, em Los Angeles, em novembro de 2019: o baixista e vocalista Tom Araya, os guitarristas Kerry King e Gary Holt e o baterista Paul Bostaph.

O anúncio surpreende não apenas porque o Slayer deixou claro que não voltaria mais aos palcos, mas também porque Araya alegava problemas de saúde ligados à sua coluna, com dores crônicas. E também porque Kerry King deu declarações recentes à imprensa de que seu relacionamento com o baixista não era dos melhores – e que não conversavam desde o show de Los Angeles.

O próprio King liberou na segunda-feira, 5 de fevereiro, o seu primeiro single em carreira solo e deu indicações de que partiria para um projeto pessoal, envolvendo outros músicos, como os que gravaram com ele o disco “From Hell I Rise”, que será lançado oficialmente no dia 17 de maio.

No álbum, Kerry King é acompanhado pelo vocalista Mark Osegueda (Death Angel), o guitarrista Phil Demmel (Vio-lence, ex-Machine Head), o baixista Kyle Sanders (ex-Hellyeah) e o baterista Paul Bostaph.

Não há mais detalhes além do vídeo (confira abaixo) postado pela banda. Ficam porém, a partir de agora, a expectativa por parte dos fãs que o grupo anuncie mais novidades, até mesmo uma turnê de retorno, o que faria o Slayer repetir um procedimento (prometer parar e voltar depois) já adotado por nomes do hard rock e do metal, como Ozzy Osbourne, Scorpions, KISS e Mötley Crüe.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Kaiser Chiefs lança a música ‘Beautiful Girl’, de álbum novo previsto para março

 Do site Roque Reverso

O grupo Kaiser Chiefs lançou no dia 13 de fevereiro a música “Beautiful Girl”. É uma das amostras no novo álbum da banda britânica previsto para o primeiro trimestre de 2024.

“Kaiser Chiefs’ Easy Eighth Album”, cuja capa acompanha este texto, chegará aos fãs no dia 1º de março pela V2 Records.

O disco, como o próprio nome indica, será o oitavo de estúdio da carreira do grupo e sucederá “Duck”, de 2019.

A produção do álbum é assinada por Amir Amor, do Rudimental, e um dos destaques é a colaboração especial do guitarrista e produtor Nile Rodgers, lenda da música e um dos fundadores da banda Chic. O grupo promete com o disco retornar à sonoridade indie.

Antes do lançamento da música “Beautiful Girl”, Kaiser Chiefs já havia liberado outras quatro faixas do álbum para audição: “How 2 Dance”, “Jealousy”, “Feeling Alright” e “Burning in Flames”.

“Fazer parte do Kaiser Chiefs é uma jornada repleta de desafios e conquistas. Lançar uma canção que nos emociona profundamente é o que nos motiva a continuar. ‘Easy Eighth Album’ é um testemunho da nossa paixão pela música e do desejo de compartilhar novas experiências com nosso público”, afirma Ricky Wilson, vocalista da banda, em comunicado divulgado à imprensa sobre o novo disco.

https://youtu.be/Numv_G4ywUA?list=OLAK5uy_n42pdsTQmGO8bug2x84MvLcjysU8iSc00

Ana Cañas homenageia Belchior celebrando a vida e o amor

Ana Canãs é uma cantora brasileira das mais versáteis e gosta de frisar que não se prende a rótulos e que seus projetos são definidos pela qualidade do repertório e, em muitos casos, pela sofisticação do material envolvido.

Ela está encerrando uma temporada em que revisitou o cancioneiro de Belchior, cantor cearense de MPB que mais se aproximou do rock entre seus contemporâneos e que morreu aos 70 anos, em 2017.

A temporada termina em São Paulo com uma apresentação no Tokio Marine Hall em 10 de março. O bem-sucedido começou em sua primeira apresentação: uma live, em plena pandemia, assistida por mais de 600 mil pessoas. 

“Essa turnê me emocionou tanto... é o momento mais bonito de toda a minha carreira! Encerrá-la com apresentações especiais em casas incríveis, acima de tudo, é o que o Belchior merece! Vai ser muito emocionante!”, diz a artista.

Devido à imensa repercussão e pedidos acalorados do público, o que era para ser uma apresentação única se transformou no show que já passou por mais de 150 palcos pelo Brasil e recebeu o prêmio de Show do Ano pela APCA - Associação Paulista dos Críticos de Arte.

Em entrevista ao Combate Rock, Ana Cañas comentou mais a respeito de sua conexão com o o cantor e compositor cearense  e o próprio rock and roll.

O culto a Belchior aumentou bastante depois de sua morte, o que rendeu muitas homenagens, mais do que merecidas. O que você pensou em fazer de diferente para os shows atuais?

O que mais aprendi nessa travessia, cantando a obra de Belchior, foi "Eu sou como você que me ouve agora" ("Fotografia 3x4"). Demorei um pouco para entender esse verso numa camada mais profunda, mas hoje o enxergo como um convite à própria essência. Entendi que não havia outro caminho para chegar a qualquer coração humano, brasileiro, que não fosse pela verdade e entrega absolutas. Trazer o feminino, ressignificando minha própria jornada - dos bares há 20 anos, das pedras e dores da vida, na interpretação. Simplifiquei os arranjos para colocar a palavra no centro de tudo e o encaixe da dicção foi muito importante para alcançar isso. No resto, foi deixar a emoção aflorar. Não houve um único show - nesses 150 até aqui, que não fui às lágrimas, muitas vezes, ainda na passagem de som. 

Qual foi o impacto da obra do cantor Belchior em sua carreira?

Imenso. Houve um reentendimento da palavra "artista" - que perpassa pela própria jornada humana da vida de Belchior, a aproximação com os filhos (Camil e Mikael) e uma nova compreensão do fazer musical, do compositor. Alterou estruturas muito profundas sobre a vivência musical e um olhar muito mais amplo sobre o país em que vivemos - dicotomias, paradigmas e subjetividades. Pude alcançar cidades muito pequenas do interior do Brasil aos maiores teatros nas capitais com esse projeto e muita coisa mudou na minha cabeça e no meu coração.

Muitas canções de Belchior são reverenciadas por artistas de rock por conta de suas similaridades com o estilo e pelos temas que ele abordava. Você pensa dessa forma? Acredita que as músicas de Belchior a aproximam um pouco do rock?

Com certeza! Elas se aproximam pelas temáticas das canções, pela visceralidade na sua personalidade e nos versos diretos e atuais. Belchior era muito autêntico, único e isso o coloca em diálogo com a metafísica do rock. Em diversos shows, observamos pessoas que amam o rock presentes, cantando suas letras, com camisetas que remetem à grandes bandas (Misfits, Led Zeppelin, Stones, Beatles, Metallica) e é um grande barato essa conversa. Muitos chegam sem conhecer o meu trabalho, vão pelo Belchior mesmo e sempre foi interessante notar essa emoção peculiar, eu adoro!

Seu trabalho é conhecido pela versatilidade e pela simplicidade em arranjos para grandes canções. Houve algum desafio a mais para adaptar as músicas e Belchior ao seu estilo?

As letras do Belchior são um grande desafio a qualquer intérprete. Elas contam histórias que são profundamente dele, mas que servem à todos - e esse é o poder mágico dos gênios e da arte. Então, com letras grandes e até difíceis de memorizar, são um convite a encontrar a sua própria voz, do contrário, seria apenas um "cover". É como se fossem um grande espelho existencial e, aí, cabe a cada um escolher como o fazer. 

 Houve um momento neste século em que muitas cantoras apareceram dentro dos estilos pop e MPB mostrando variedade e ousadia em muitos casos. No entanto, muitos ainda insistem em que todas são iguais, cantam as mesas coisas e mesmo umas imitam as outras, misturando  na mesma praia Ana Carolina, Tupia Ruiz, Ana Cañas, Vanessa Moreno e até Sandy. Chega a ser bizarro, mas tem gente no mercado que compra essa ideia. Marina de la Riva chegou a reclamar em uma de suas apresentações há uns dois anos. Isso te incomoda?

Eu acredito que isso seja um reducionismo exacerbado de quem ouve. Não acho uma crítica totalmente infundada, pois existem "nortes energéticos" que nos interseccionam, mas é bastante superficial a leitura de que essas vozes são a mesma! Todas possuem idiossincrasias lindas em seus trabalhos (independente se a pessoa gosta ou não) e totalmente assimiláveis. 

Como surgiu a sua parceria com Ney Matogrosso?

Ney é um amigo muito especial que a vida me trouxe. Nos conhecemos há 15 anos e ele possui um papel importantíssimo na minha vida, muito além do encontro musical. Conselhos, afetividade, presença, amizade profunda e verdadeira. Sou muito grata por tudo que ele fez e faz na música brasileira e também no espectro particular. É um ser humano belíssimo, sensível, de muito caráter e um artista verdadeiramente entregue à sua arte. Me ensina muito e estou muito feliz que vamos dividir o palco mais um vez, no derradeiro show em São Paulo.

 Seu prestígio está em alta ao receber uma canção inédita de Belchior de presente dos filhos dele. O que representa isso em sua carreira?

Foi uma emoção imensa ouvir canções inéditas de Belchior, na sala de minha casa, trazidas por Camila e Mikael (seus filhos). Eles estão realizando um trabalho belíssimo e recuperando o acervo inédito do pai. Escolhi, dentre algumas que ouvi, a que mais me identifiquei chamada "Um Rolê no Céu". Ela foi escrita em 1987 com seu querido e profícuo parceiro, Gracco. Me parece ser uma mensagem dele do astral, citando o amor como mote essencial da vida e trazendo a ideia de que os computadores teriam um papel importante em nossas vidas. É simplesmente genial! Tocaremos ela nesse shows finais.

Depois de Belchior vem o que a seguir?

O projeto cantando Belchior se encerra dia 26 de maio com o último show, no Rio de Janeiro, no Vivo Rio. Vou lançar um especial - um show gravado em Sobral (CE), sua cidade natal, como registro definitivo do projeto (no Youtube e Plataformas Digitais). Nesse momento, estou em estúdio gravando um disco novo que sai no segundo semestre, retomando o autoral. Estou muito feliz, cercada de pessoas competentes que estão contribuindo muito nesse novo capítulo, vivendo o momento mais bonito de toda minha vida / carreira e só agradeço à todos que nos prestigiaram, fazendo parte dessa caminhada, que nasceu de uma live na pandemia. O amor vence!

Serviço:

Participação especial: Ney Matogrosso
10 de março, 20h
Tokio Marine Hall
End.: R. Bragança Paulista, 1281 – Vila Cruzeiro
Informações:(11) 2548-2541 | contato@tokiomarinehall.com.br
Ingressos: A partir de R$ 120,00
Vendas online: https://www.tokiomarinehall.com.br/compre-seu-ingresso/?esid=3553840

Carl Palmer repassa a sua carreira em caixa dom quatro discos

O baterista inglês Carl Palme deverá ser o responsável pelo principal lançamento dorock progressivo do primeiro semestre de 2024.  Ex-integrante do Emerson, Lake & Palmer, decidiu repassar a sua carreira em uma caixa história co canções e e um DVD autobiográfico.

“Fanfare For The Common Man” será lançado pela BMG em 5 de abril e terá quatro discos com músicas deEmersonm Lake & Pakmer, Asia e de suas bandas solo, além de Atomic Rooster e colaborações com diversos artistas. 

A cixaa também conta com um Blu-ray apresentando “The Rhythm of Life”, um documentário audiovisual narrado pelo próprio Palmer, com imagens exclusivas dos bastidores e ao vivo de seu trio principal, do Asia, Crazy World Of Arthur Brown, Carl Palmer Band e ELP Legacy, e participações de Frank Sinatra, Carmine Appice, Buddy Rich, Tony Iommi, Alice Cooper, entre outros. 
A autobiografia de 200 páginas de Carl Palmer, ilustrada com fotos de seu arquivo pessoal, também está incluída.

Carl Palmer fará 74 anos em breve e é o único ex-integrante de Emerson, Lake & Palmer vivo. Considerado um instrumentista prodígio, disputava a primazia de melhor baterista de sua geração com Bill Bruford (Yes) e Ian Paice (Deep Purple). 

Carl Palmer: Fanfare For The Common Man tracklist

CD1: Emerson, Lake & Palmer, Carl Palmer & Joseph Horovitz
1.Carl Palmer & Joseph Horovitz – Concerto For Percussion (Part Rock) 2. Emerson, Lake & Palmer – The Enemy God Dances With The Black Spirits
3. Emerson, Lake & Palmer – Bullfrog
4. Emerson, Lake & Palmer – Toccata
5. Emerson, Lake & Palmer – Close But Not Touching
6. Emerson, Lake & Palmer – LA Nights
7. Emerson, Lake & Palmer – Canario
8. Emerson, Lake & Palmer – Tank
9. Emerson, Lake & Palmer – Karn Evil 9 1st Impression, Part 2
10. Emerson, Lake & Palmer – Two Part Invention In D Minor
11. Emerson, Lake & Palmer – Fanfare For The Common Man

CD2: Carl Palmer various other band recordings
1. The Craig – I Must Be Mad
2. The Craig – Suspense
3. Chris Farlowe – Everyone Makes A Mistake
4. Atomic Rooster – Friday The 13th
5. Atomic Rooster – Decline And Fall
6. Carl Palmer’s PM – You’ve Got Me Rockin’
7. Mike Oldfield – Mount Teidi
8. Mike Oldfield – Ready Mix
9. Asia – Heat Of The Moment
10. Asia – Wildest Dreams
11. Asia – Time Again
12 Asia – Tomorrow The World
13. 3 – Desde La Vida (I. La Vista, II. Frontera, III. Sangre De Toro)
14. 3 – Eight Miles High
15. Carl Palmer and the Buddy Rich Orchestra – Shawnee (Live)

CD3: Carl Palmer Band ‘Working Live’ & Carl Palmer’s ELP Legacy ‘Live’
1. Carl Palmer Band – Carl Palmer Band – Bullfrog
2. Carl Palmer Band – Canario
3. Carl Palmer Band – Carmina Burana
4. Carl Palmer Band – Trilogy
5. Carl Palmer Band – Hoedown
6. Carl Palmer Band – Carl Palmer Band – Romeo And Juliet
7. Carl Palmer Band – In A Moroccan Market
8. Carl Palmer’s ELP Legacy – Toccata and Fugue in D minor
9. Carl Palmer’s ELP Legacy – Jerusalem
10 . Carl Palmer’s ELP Legacy – Fanfare For The Common Man / Drum Solo

Disc 4: Blu-Ray Video The Rhythm of Life

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

O primeiro álbum do Kiss faz 50 anos: um tiro certeiro em uma trajetória vitoriosa

Eles tocavam em apartamentos imundos e porões infectos de Nova York, mas não havia limites para o quarteto, porque o negócio era tocar rock a noite toda e viver em festa odos os dias, como dia a letra de uma de suas principais canções.

Não era só uma banda de rock pesado mascarada querendo chocar. Era uma banda que queria pegar todo mundo pelo pescoço e ganhar o planeta; assustava de imediato? Melhor assim, pois chamavam bastante a atenção;

Quando o Kiss lançou o seu primeiro álbum, em fevereiro de 1974, apostou em um som rústico, ams pegajoso, e lançou as bases do hard rock como o conhecemos hoje. 

Se Alice Cooper inspirou os quadro nas máscaras e na teatralidade, o quarteto inspirou milhões de seguidores e transformou o rock e a maneira de e fazer negócios no entretenimento; Os mascarados se tornaram uma verdadeira indústria, e tudo começou com aquele disco gravado rapidamente e de maneira simples com o apoio de um selo/gravadora Casablanca. Foi uma descoberta e tanto.

Há 50 anos o mundo do rock descobriu que "Rock and Roll All Night" iria empurrar toda uma geração de roqueiros e endeusar uma banda que abriu as porta do gênero musical para todos nós. Fanáticos pelos Beatkes, Gene Simmons (baixo e vocais), Paul Stanley (guitarra e vocais), Ace Freheçey (guitarra e vocais) e Peter Criss  (bateria e vocais) levaram a música pop ás última consequência e a odos os topos. E o Kiss se tornou o "maior espetáculo da Terra".

"Kiss", o álbum de estreia, tinha vários hits, mas não pegou de imediato. Os quatro músicos tiveram de batalhar muito para colocar suas canções nas emissoras de rádio e promover o álbum, que foi lentamente alcançando venda expressivas.

Em menos de um mês, o quarteto, produzido por Kennie Kerner e Richie Wise, gravou o LP homônimo no estúdio Bell Sound, em Hollywood. 

A maquiagem preta e branca tinha motivos juvenis, ma acertaram em chio na estratégia;  Nos palcos, Stanley é uma estrela, Simmons, o demônio, Frehley, um extraterrestre e Criss, um felino. Nenhum é mais do que o outro e, juntos, eles são um artista só. 

Somando as pinturas à performance teatral dos shows da banda – repletos de sinalizadores, sangue falso, guitarras destruídas – e ao figurino de couro, o Kiss se consagrou como uma das mais marcantes experiências visuais da história do rock n’ roll, como bem definiu um texto interessante do site Omelete.

Se não vendeu muito na sua estreia, o Kiss sabia que tinha um material poderoso a ponto de reunir futuros clássicos como "Cold Gin" e "Black Diamond". Não ultrapassou o 87º lugar das paradas da Billboard. A Casablanca Records não conseguiu emplacar os hits nas rádios, o que fez com que as primeiras turnês da banda fossem verdadeiros fiascos de público.

A batalha foi dura e form necessários mais dois álbuns gravados a toque de caixa para que finalmente o Kiss começasse a chamar a atenção. 

Ainda em 1974, a banda lançou seu segundo LP, "Hotter than Hell". O terceiro, "Dressed to Kill,"  apresentou ao público  "Rock and Roll All Night", um hino definitivo do rock..

O single "Rock and Roll All Night", dessa vez gravado com o solo completo de guitarra, foi o primeiro do grupo a chegar ao Top 40 da Billboard. 

Mas foi "kiss", o primeiro álbum, que sedimentou a caminhada dos gigantes que dominaram a Terra com tamanha maestria que nenhum detrator conseguiu sequer arranhar a imagem de super-heróis dos  quatro músicos. 

O Kiss faz parte de nossa história, uma trajetória que começou há 50 anos com um álbum poderoso e eficiente. O Kiss acertou desde o primeiro tiro e se tornou uma instituição gigantesca.

Black Pantera e Eskröta anunciam turnê no Nordeste

Uma das maiores bandas de rock da atualidade, o Black Pantera vem rodando o país com a turnê “Ascensão” desde que o disco foi lançado, em 2022. Foram mais de 150 apresentações, incluindo festivais como Rock In Rio, Lollapalooza, Primavera Sound e shows fora do Brasil. Agora finalmente eles chegam ao Nordeste para tocar em sete cidades. 

“Para nós é algo muito importante, nunca passamos tanto tempo na região e sabemos que temos um público fiel. O Brasil é um país muito grande, é sempre dispendiosa a locomoção e poder passar esses dias todos lá será maravilhoso e histórico, estar no Nordeste que a gente tanto ama” – comentou o baixista Chaene da Gama.

Nesta turnê o Black Pantera estará com a banda Eskröta, que vai apresentar o show do álbum “Atenciosamente, Eskröta”, lançado em 2023. Formada por Tamy Leopoldo (baixo/backing), Yasmin Amaral (vocal/guitarra) e Jhon França (bateria), a banda de crossover faz um rock pesado com letras em português, abordando temas sociais e empoderamento feminino. “É uma banda que a gente gosta muito, dentro e fora dos palcos, e será ótimo estar com elas nessa temporada” – disse Chaene.

O Black Pantera, que além de Chaene é composto por Charles Gama (vocal/guitarra) e Rodrigo Pancho (bateria), recebeu duas indicações para o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), “Melhor Show” e “Melhor Disco”, este pelo EP “Griô”, cantado em inglês. Nesta apresentação a banda vai tocar músicas de “Ascensão”, como “Fogo nos Racistas”, “Padrão é o Caralho”, “Não Fode Meu Rolê”, entre outras.

Datas da Turnê do Nordeste:

26/04 – Fortaleza/CE

27/04 – Natal/RN

28/04 – Campina Grande/PB

30/04 – Juazeiro do Norte/CE

01/05 – Sousa/PB

02/05 – João Pessoa/PB

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Viola Avançada disponibiliza EP das músicas produzidas nas experimentações

Projeto criado a partir dos sons das violas brasileiras foi contemplado pelo ProAc, idealizado por Dino Vicente e tem participação de Ricardo Vignini, Edgard Scandurra, Toninho da Viola, Fábio Miranda e Kátya Teixeira

Esse é o projeto musical e audiovisual ‘Viola Avançada’ disponibilizou em dezembro de 2023 o EP com as músicas produzidas nas experimentações sonoras com o instrumento. O EP estará no Spotify e em todas as plataformas de streaming. O link da Pré-Save é tratore.ffm.to/violaavancada Distribuição Tratore BR

‘Rádio Viola’, ‘Deserto’, ‘Atuadores’, ‘Viola Voadora’ e ‘Luthier’ são as canções do ‘Viola Avançada’, projeto idealizado pelo músico, produtor e artista sonoro Dino Vicente, que busca de novas perspectivas sonoras e artísticas para o instrumento, símbolo da cultura popular brasileira.

A partir dessas experimentações, ‘Viola Avançada’ resultou na pesquisa sonora realizada pelos idealizadores do projeto; um curta-documentário dirigido por Mário de Almeida, da Maravilha Filmes; o EP conceitual; 5 vídeos experimentais e o plugin ‘Adeus Viola’, um aplicativo para manipulações sonoras idealizado por Dino Vicente e desenvolvido por Paulo Itaboraí.

‘Rádio Viola’, ‘Deserto’, ‘Atuadores’, ‘Viola Voadora’ e ‘Luthier’ são os videoclipes lançados pela produção e estão disponíveis no www.youtube.com/@violaavancada

‘Viola Avançada’ é uma produção do Programa de Ação Cultural (ProAC Direto 38/2021, Maravilha Filmes e Maracujá Cultural. Realização Cult SP e Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas.

O Projeto

O ponto de partida da viagem musical do ‘Viola Avançada’ foi registrar em áudio e vídeo os violeiros convidados em seus habitats, os diferentes tipos de viola, de gestos e repertório, compondo assim um grande banco sonoro. Dino Vicente explica que desde a captação do áudio e durante as filmagens do projeto ‘Viola Avançada’ foram utilizadas diversas ferramentas digitais, analógicas e mecânicas.
“Nossa proposta fio descobrir novas possibilidades sonoras para as violas brasileiras, a partir do encontro da mesma com a música eletrônica experimental, desconstruindo esse tradicional instrumento. Podemos usar como imagem a ideia de picotar, recortar uma viola brasileira em milhões de pedacinhos até se tornarem grãos e reorganizá-los de outras formas. E daí surge o questionamento: Que tipo de música seria possível obter com esse novo instrumento virtual?”, indaga Vicente.
Uma das características que marca a grandiosidade do desafio de ‘Viola Avançada’ é que o resultado desse processo foi posteriormente apresentado para os músicos sem ensaio prévio. A partir disso, novamente foi registrado em áudio e vídeo as reações e interações com essas outras paisagens sonoras, texturas, pulsos e gestos musicais.

O elenco

Participam do Projeto ‘Viola Avançada’ os músicos: Ricardo Vignini (violeiro e fundador da banda Matuto Moderno e do duo Moda de Rock); Edgard Scandurra (fundador, guitarrista e compositor do IRA!); Toninho da Viola (violeiro, arranjador e tocador de 'Cururu' de Piracicaba); Fábio Miranda (Mestre em Música, produtor cultural, arte-educador) e Kátya Teixeira (cantora, instrumentista e compositora paulistana, pesquisadora da cultura popular brasileira).

Entre as curiosidades do elenco está a participação de Toninho da Viola, violeiro, arranjador e tocador de 'Cururu' de Piracicaba, cidade que durante metade do século 20 reuniu muitos tocadores e cantores do Cururu. “Toninho é uma referência e é considerado um dos últimos tocadores do Estado de São Paulo da época de ouro do Cururu”, salienta Almeida.

Outro destaque do Projeto é presenciar Edgard Scandurra, fundador, guitarrista e compositor do IRA!, tocando viola pela primeira vez. “O Edgard é um ‘estranho’ que quisemos na produção porque ele já tem uma trajetória dentro da música eletrônica e com experimentações. É alguém de fora, que já tem intimidade com as cordas, mas não com a viola. Então o projeto proporcionou ver o Edgard tocando viola”, destaca Almeida.

A experiência dos participantes


“Tocar um instrumento que não domino foi uma experiência interessante. Realmente foi a primeira vez que toquei uma viola. Achei muito bacana. Tenho que me esforçar muito para me considerar algum dia um violeiro. Mas acho que faz parte desse experimentalismo do projeto eu poder dar o meu modo, meu jeito de tocar esse instrumento. São 10 cordas, uma afinação diferente, tem uma sonoridade muito espetacular, peculiar e linda. Foi uma experiencia muito válida que me deu vontade de experimentar de novo, quem sabe com o Dino e com o Ricardo, que fizeram esse convite”, afirma Scandurra, o guitar hero brasileiro.

Questionado sobre o processo de gravação, Edgard Scandurra conta que a abertura para o experimentalismo em cima de um instrumento tão tradicional que é a viola foi o mais lhe chamou a atenção. “Tocar a guitarra, usar a viola, os elementos eletrônicos tudo isso dão um ar muito moderno e diferente para esta viola que é um instrumento do sertão, folclórico. Isso me chamou muito atenção, essa mistura linda”.

Sobre o resultado final das criações sonoras e artísticas originadas durante a experimentação, das imagens do curta-documentário, ele observa a mistura de artistas de diferentes formações musicais criando uma sonoridade muito particular. “Juntando as imagens da gravação e de todo o processo é um documento muito importante para a música brasileira”, afirma.

Kátya Teixeira, cantora, instrumentista e compositora paulistana, pesquisadora da cultura popular brasileira, classifica como ‘uma experiência incrível’ participar dessa produção e destacou o entrosamento da equipe, na forma de vivenciar todo processo. “Foi uma sensação das primeiras descobertas, de redescobrir os instrumentos, ter um outro olhar. Muito interessante a experimentação, reinterpretar o som, ressignificar. Acho que tira a gente do lugar comum e abre muitas possibilidades no som da imagem, do som da imagem e levo isso para mim também. Toda vez que penso em música, penso na minha relação com o tempo, o ambiente, o lugar que estou produzindo, o contato com as pessoas e, de repente, a partir dessa escuta do Viola Avançam me levou para um outro nível de interação e de visão artística, musical, de percepção com o lugar da arte, o lugar da música, que não é exatamente aquela coisa convencional, das convenções que se faz do que é a arte, do que é música, do que é bonito. É simplesmente sentir”, observa.

Para Fábio Miranda, Mestre em Música, produtor cultural, arte-educador, o que mais lhe chamou a atenção durante todo o processo foram as interações e intervenções sonoras realizadas pelo Dino Vicente durante o improviso com as violas. “Foi como um experimento científico de grande precisão e risco. Cada movimento sonoro realizado por mim desencadeava reações e respostas sonoras vindas da interação com a máquina e com o artista manipulador dos sons. O restado foi a soma de tudo aquilo que não sei”, pontua.

Ele define como uma honra e uma alegria muito grande fazer parte do Viola Avançada. “Honra por estar figurando em um projeto com grandes nomes da viola e da música experimental. Alegria por realizar um trabalho que faz uma ponte com uma área da música que sempre me encantou que é da música experimental e eletroacústica. Achei que o projeto e seus conceitos estéticos foram bem pensados, coerentes com o processo musical. Adorei as composições e os clips, a mescla de sons e imagens criando uma experiência única de se escutar o som da viola!”

Experimentações em camadas de imagens e sons

O curta-documentário Viola Avançada, dirigido por Mário de Almeida, foi lançado dia 12 de dezembro de 2023 no Youtube após a live com os realizadores do Projeto Viola Avançada, Dino Vicente (músico, produtor e artista sonoro) e Paulo Itaboraí (artista pesquisador).

O filme acompanha todo processo de produção, desde as saídas para as gravações até as captações dos áudios e imagens dos artistas em seus habitats. “Não é apenas um registro do que acontece, o curta faz parte do processo do registro. Filmar e gravar é uma coisa só. Tanto que os próprios áudios das filmagens e gravações foram utilizados para fazer as faixas do EP e nós estamos presentes enquanto tudo está sendo produzido, criado. Essa faceta do projeto ser o fluxo das coisas acontecendo, não é apenas transmitido ou abordado pelo documentário, ele é próprio documentário”, explica Almeida.

Assim como todos os conteúdos do projeto, o documentário também é experimental, inclusive no sentido de trabalhar audiovisualmente os elementos da música feita pelo Dino Vicente. “A intenção no documentário foi trabalhar musicalmente imagem e som. Trabalhar com os elementos musicais do ritmo com o corte e a harmonia, a combinação de notas com sobreposições de imagens, é uma busca minha desse projeto”, afirma Almeida.

Blackberru Smoke lança o álbum 'Be Right Here'

Henrique Neal - especial para o Combate Rock (com assessoria de imprensa)

Quando Charlie Starr começou a compor as músicas que se tornariam o novo álbum do Blackberry Smoke, "Be Right Here", a primeira música que o vocalista/guitarrista principal elaborou foi “Dig A Hole”. Formada por um antigo riff de guitarra combinado com um riff de coro Wurlitzer escrito pelo tecladista Brandon Still, a música de rock psicodélico pantanosa é uma declaração poderosa sobre a escolha do seu caminho na vida – se você quer ceder à tentação ou seguir uma estrada mais justa.

“Na vida, todos nós nos deparamos com escolhas”, diz Starr. “Vamos fazer o bem ou vamos fazer o mal? Vamos amar ou vamos odiar? Temos um tempo finito, cada um de nós nesta Terra. Então, provavelmente, queremos tirar o melhor proveito dele em vez de desperdiçar tempo.”

“Dig A Hole” é a faixa principal de "Be Right Here" e dá o tom para outro conjunto expansivo de rock’n’roll do Blackberry Smoke. Como sempre, a banda sediada na Geórgia – Starr, Still, o guitarrista/vocalista Paul Jackson, o baixista/vocalista Richard Turner e o baterista Brit Turner – inspira-se no rock sulista, no rock clássico com tendência ao blues e no country vintage com raízes. Mas em Be Right Here, o Blackberry Smoke soa ainda mais seguro de si, desde a força de suas composições até sua execução musical.

Nas últimas duas décadas, o Blackberry Smoke desenvolveu essa confiança e acumulou uma base de fãs fiéis, levando seus últimos cinco álbuns completos a alcançar grande sucesso nas paradas, incluindo You Hear Georgia, de 2021, que alcançou o primeiro lugar na parada de álbuns Americana/Folk da Billboard. Escute em https://ffm.to/bbsberighthere;

A banda escreveu e gravou "You Hear Georgia" durante os períodos mais intensos da pandemia, mas adiou o lançamento até que pudessem sair em turnê novamente. Starr diz que o Blackberry Smoke adotou a mesma abordagem deliberada com "Be Right Here", que foi gravado no final de 2022 e início de 2023, mais ou menos na mesma época em que o baterista Brit Turner foi diagnosticado com um tipo de tumor cerebral conhecido como glioblastoma. “Não sentimos muita pressão para gravar esse álbum rapidamente”, compartilha Starr. Hoje, Turner continua recebendo tratamento e permanece ativo e firme na banda.

Trabalhando mais uma vez com Dave Cobb, produtor vencedor do Grammy, o Blackberry Smoke criou uma obra crua e impactante. Eles gravaram o álbum ao vivo no mesmo espaço; uma abordagem que Cobb também prefere, já que se presta a uma energia mais livre. “Lembro-me de várias vezes em que eu dizia: ‘Acho que deveríamos refazer isso’, e ele dizia: ‘Não, deixe desse jeito. Assim é mágico”, lembra Starr. “É tão natural e real quanto possível.”

A localização também influenciou o som de "Be Right Her"e, pois eles gravaram a maior parte do álbum no amado RCA Studio A, em Nashville, e depois o finalizaram no estúdio de Cobb em Savannah, Geórgia. “É uma região de baixa altitude e é lindo”, diz Starr sobre o espaço, chamado Georgia Mae. “Esse álbum tem um toque de ousadia, uma sensação profunda e envolvente. Esses ambientes ajudaram a dar essa sensação ao disco.”

As letras de "Be Right Here" são particularmente literárias, cheias de personagens vívidos e identificáveis, o que faz com que as músicas muitas vezes se assemelhem a contos detalhados. Por exemplo, “Whatcha Know Good”, uma composição conjunta com Brent Cobb, é uma “música para se sentir bem”, conduzida por um narrador amigável que se dá bem com todo mundo e não gosta de negatividade. “Há muitas notícias ruins quando você liga a televisão”, diz Starr. “O cara dessa música não quer mais ouvir isso. Ele quer ir pescar e falar sobre boas notícias. Ficamos rindo o tempo todo porque conhecemos esse cara. Talvez sejamos esse cara.”

Um toque de guitarra descontraído, semelhante ao dos Stones, do ex-guitarrista do Buckcherry, Keith Nelson, inspirou “Like It Was Yesterday”, ajudando Starr a conjurar outro personagem muito específico: um jovem sincero que não tem muita experiência de vida, mas sabe do que gosta e é grato pelos bons momentos. “Eu o imagino deitado no capô do carro com sua namorada, olhando para a lua e as estrelas”, diz Starr. “É a ideia de se apegar a esse momento fugaz, porque ele pode escapar de você.”

Outros destaques de "Be Right Here" incluem “Azalea” e “Little Bit Crazy”, ambas escritas em parceria com Travis Meadows, colaborador frequente de Starr na composição de músicas. A última música, que começa com um coro de cantores gospel cheios de alma antes de se transformar em um lânguido rocker sulista, apresenta um narrador que está envolvido em um relacionamento divertido, mas não necessariamente saudável.

Enquanto isso, a encantadora balada folk “Azalea” é centrada em alguém que parece emocionalmente desprovido e espiritualmente perdido, mas está se esforçando para encontrar o caminho de volta para casa. “É uma música pesada. Não é uma música feliz, de fato”, diz Starr. No entanto, “Azalea” tem um toque distinto de otimismo perto do final, o que Starr diz ser intencional: “Há um pouco de esperança nela também. Isso vem do fato de Travis e eu sermos pais. Agarre-se a seus filhos o máximo que puder sem sufocá-los.”

O delicado equilíbrio da proteção familiar também permeia a tranquila “Other Side of the Light”, uma composição conjunta com Levi Lowrey. Escrita sob a perspectiva de um garoto em uma viagem cheia de obstáculos, a música enfatiza que ele encontrará abrigo e segurança com sua mãe. Em contraste, a batida “Hammer and the Nail”, que Starr escreveu com Nelson, aborda de outra forma os laços familiares – nesse caso, um filho que precisa decidir se vai ceder ao seu lado selvagem e seguir o exemplo do pai rebelde. De forma apropriada, o violão acústico animado dá lugar a um refrão explosivo com um piano de blues e riffs elétricos estridentes.

"Be Right Here" termina com uma mensagem confiante, a balada poderosa e orgânica, “Barefoot Angel”. Starr diz que não escreve muitas canções de amor, mas abriu uma exceção aqui. “Ou sou eu cantando sobre minha esposa ou algum cara cantando sobre sua esposa que está na mesma situação, ou seja, eu não seria capaz de fazer nada sem ela. Quando estou preocupado e me sentindo mal, ela torna tudo melhor.”

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Projeto 'Viola Avançada' será lancado hoje

Criar novos sons a partir do recorte de violas brasileiras em vários fragmentos, reagrupados de maneira diferente. Partindo dessa busca de novas perspectivas sonoras e artísticas para o instrumento, símbolo da cultura popular brasileira, foi desenvolvido o projeto musical e audiovisual ‘Viola Avançada’ que será apresentado no próximo dia 20 de fevereiro, às 14h, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo.

Idealizado pelo músico, produtor e artista sonoro Dino Vicente, o Projeto Musical ‘Viola Avançada’ é composto pela pesquisa sonora; um curta-documentário dirigido por Mário de Almeida, da Maravilha Filmes; um EP conceitual disponível nas plataformas digitais; cinco vídeos experimentais e o plugin ‘Adeus Viola’, um aplicativo desenvolvido por Paulo Itaboraí para manipulações sonoras.

‘Viola Avançada’ é uma produção do Programa de Ação Cultural (ProAC Direto 38/2021, Maravilha Filmes e Maracujá Cultural. Realização Cult SP e Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas.

Participam do Projeto ‘Viola Avançada’ os músicos: Ricardo Vignini (violeiro e fundador da banda Matuto Moderno e do duo Moda de Rock); Edgard Scandurra (fundador, guitarrista e compositor do IRA!); Toninho da Viola (violeiro, arranjador e tocador de 'Cururu' de Piracicaba); Fábio Miranda (Mestre em Música, produtor cultural, arte-educador) e Kátya Teixeira (cantora, instrumentista e compositora paulistana, pesquisadora da cultura popular brasileira).

Para participar do lançamento, que terá a participação de Dino
Vicente, Mário de Almeida, Paulo Itaboraí e Ricardo Vignini, é preciso se inscrever gratuitamente pelo e-mail centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br (com nome, nome da atividade e e-mail). As vagas são limitadas.

Palestrantes

Dino Vicente: Músico, produtor, artista sonoro e vem atuando em diversas áreas ao longo de 50 anos de carreira. Trabalhou com diversos artistas como Cesar Camargo Mariano, Arrigo Barnabé, Rita Lee, Belchior. Produtor e compositor de trilhas sonoras para longas e documentários. 

Mário de Almeida: Documentarista, diretor, roteirista e produtor. Pesquisa cultura e música popular, temáticas sobre as quais já realizou diversos documentários de curta e longa-metragem.

Paulo Itaboraí: Artista-pesquisador, tecnólogo musical, e físico. Atua na área de computação musical e performance com eletrônica em tempo real. Pesquisa aplicações de tecnologias emergentes (como computação quântica), na música experimental e contemporânea. 

Ricardo Vignini: Membro fundador da banda Matuto Moderno (1999), pioneira na fusão de rock com música caipira, também faz parte do duo Moda de Rock com o violeiro Zé Helder, apresentando releituras de clássicos do rock. Tem diversos álbuns solos gravados, entre eles, os mais recentes "Cubo" (2020) e "Raiz" (2021).

Uma homenagem às mulheres que caem de cabeça no rock pesado

Uma homenagem bacana e necessária às mulheres que fazem heavy metal foi feita pela organização do festival Summer Breeze Brasil, que ocorre em abril deste ano, em São Paulo. 

Ainda que reconheça que haja um desequilíbrio histórico de representatividade de gênero no rock e no metal, que ainda persiste, o texto publicado e divulgado ressalta a presença cada vez maior delas ,algo que o Combate Rock registra com bastante frequência desde a sua criação, em 2010. 

Que o espaço delas seja cada vez maior e mais significativo nos palcos brasileiros e que tenhamos mais Cryptas, Nervosas e Malvadas demolindo as paredes do sexismo, do machismo e do preconceito.

O heavy metal, há muito tempo visto como um bastião da masculinidade, tem testemunhado uma revolução silenciosa e estrondosa. À medida que os riffs poderosos e a percussão intensa ecoam, uma nova narrativa está sendo tecida nos palcos do mundo, uma narrativa onde as mulheres são não apenas participantes, mas líderes inovadoras. 

O festival Summer Breeze Open Air Brasil, previsto para agitar o Memorial da América Latina em São Paulo, entre os dias 26 e 28 de abril, vem sendo uma vitrine espetacular dessa transformação.

A edição anterior do evento contou com a presença de grupos pioneiros como VIXEN e CRYPTA, além de uma palestra com Simone Simons, da banda EPICA. Este ano, o festival destaca bandas influentes como EPICA, WITHIN TEMPTATION, BATTLE BEAST e LACUNA COIL, cujas vocalistas femininas têm transformado o cenário do metal com potência e emoção.

Simone Simons, do EPICA, se tornou notável pela fusão da música clássica com o metal, enquanto Sharon den Adel, do WITHIN TEMPTATION, encanta com metal sinfônico. Noora Louhimo lidera o BATTLE BEAST com energia reminiscente dos anos 80, e Cristina Scabbia dá ao LACUNA COIL uma identidade única com seu metal gótico.

O poder feminino brasileiro também brilha com as bandas TORTURE SQUAD e NERVOSA. Mayara "Undead" Puertas do TORTURE SQUAD e a formação totalmente feminina do NERVOSA provam que o Brasil é uma voz forte no metal mundial.

Promovendo "Jailbreak", sucessor do aclamado "Perpetual Chaos" (2021), a banda NERVOSA marca a estreia da guitarrista fundadora Prika Amaral como vocalista permanente e apresenta Helena Kotina como segunda guitarrista, além de ter Hel Pyre no baixo e Gabriella Abud na bateria. Mantendo o estilo calcado no thrash e death metal, o novo álbum destacou os singles "Endless Ambition", "Seed of Death" e "Jailbreak".

Enriquecendo ainda mais o line up, artistas como Emilia Moncayo da banda uruguaya MINIPONY, a baixista Becky Baldwin do headliner dinamarquês MERCYFUL FATE e as backing vocals da banda sueca THE NIGHT FLIGHT ORCHESTRA, Åsa Lundman e Anna Brygård, mostram a versatilidade e o alcance das mulheres no gênero no mundo todo. Além disso, uma participação especial da vocalista americana LEATHER LEONE com o TORTURE SQUAD promete um crossover histórico entre o legado e a vanguarda do metal feminino.

A presença de LEATHER LEONE no Summer Breeze Open Air Brasil será um momento especial, pois além de um medley do clássico "For Those Who Dare" do CHASTAIN, ela também colaborará com o TORTURE SQUAD em "Warrior", faixa do mais recente álbum de estúdio, "Devilish", unindo forças em uma performance que certamente capturará a atenção dos fãs. Com uma carreira que atravessa décadas, LEATHER LEONE continua a ser uma força formidável no heavy metal, uma verdadeira embaixadora do poder vocal feminino na música pesada.

Essas artistas não só participam ativamente do desenvolvimento do heavy metal, mas também inspiram uma nova geração a ver o gênero como um espaço inclusivo e inovador. Com cada riff e melodia, elas desafiam estereótipos e superam barreiras, solidificando seu papel vital na música que amam.

O Summer Breeze Open Air Brasil vai além de um mero evento musical; é um testemunho do dinamismo e da diversidade do heavy metal, celebrando as mulheres que têm sido fundamentais na evolução do gênero. Este festival não só homenageia as conquistas femininas, mas também destaca a contínua expansão e renovação do metal, com as mulheres à frente dessa transformação.


Dorsal Atlântica ressignifica o temo relevância no rock brasileiro

Todo artista adora bradar que seu maior compromisso é com a arte e com a integridade e seu trabalho. É raro detectar autenticidade neste tipo de declaração, mas não dá para duvidar de tal coia quando o artista em questão é tão obcecado por integridade a ponto de, algumas vezes, se autossabotar, digamos assim, para manter suas convicções. 

Carlos Lopes, um carioca sem medo de afirmar, com muita propriedade, que é um dos idealizadores e introdutores e do heavy metal no Brasil, já recusou propostas vantajosas para levar a sua banda, a Dorsal Atlântica, a situações e patamares diferentes do underground onde sempre militou. E ele conta isso com orgulho, no palco, em pleno show de metal. E a plateia delira.

Guitarrista e vocalista dos mais criativos, além de quadrinista e escritor - e eventualmente jornalista -, Lopes levou a dorsal Atlântica para um show isolado no Sesc Santo André em 17 de fevereiro e fez a festa de um bom público que esperava pela oportunidade há muito tempo.

Celebrando os 43 anos de fundação daquela que é a banda de metal mais longeva do Brasil - e muitos dizem que é a primeira do estilo por aqui - Carlos Lopes dedicou a apresentação á memória do irmão Cláudio, ex-baixista da Dorsal que morreu no ano passado. 

Para a sorte de todos, ele não economizou na autossabotagem e fez o que costuma fazer: metal incendiário e engajado, com forte discurso humanista e progressista, além de profundamente antifascista.

A última passagem da Dorsal pelo ABC tinha sido 18 meses antes, em São Benardo, em show lotado no parque da Juventude, durante a campanha presidencial que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva. Foi ovacionado, mas também vaiado por quem acha que "rock e política não devem se misturar".

Em Santo André, com um equipamentos melhores, Lopes disse se sentir em casa e finalmente louvou o fato de "termos nos livrado das trevas e um protofascismo e de estarmos em plena normalidade democrática", em alusão à derrota do nefasto ex-presidente Jair Bolsonaro, um de seus alvos preferidos.

Foi uma apresentação de 94 minutos de contação e causos e de muita aula de história do Brasil, tudo recheado com músicas pesadas e violentas com forte carga emocional e política. Como é bom ouvir hinos pesados do passado como "Tortura" e "Inveja", tão atuais coo sempre foram.

Das mais recentes, "Belo Monte", do magistral álbum "Canudos", e "Burro", de "Pandemia", talvez o mais político de todos os trabalhos da banda, mostraram a veterana Dorsal Atlântica rejuvenescida e ainda relevante, antenada com a era em que vivemos e com os desafios cada vez maiores e perigososo em nossa sociedade.

Para os fãs mais radicais e sedentos por raridades, teve uma canção em inglês, "Straight", pesadíssima, grava originalmente em Londres e eco de um momento em que o grupo almejava o mercado internacional, mas sem que isso fosse condicionado a abrir mão de conceitos e posturas.

CArlos Lopes é uma das personalidades mais fascinantes do meio artístico brasileiro, seja pela postura, pela qualidade do trabalho ou pela articulação sociopolítica que desenvolve no trabalho e no dia a dia. 

Se ainda existe algo que se pode chamar de cultura underground nestes tempos difíceis nestes, velozes e indefinidos, a Dorsal Atlântica e Lopes são a sua personificação completa O trio completado por Braulio Drummond (bateria) e Alexandre Castelan (baixo e vocais) transpira arte bruta e inteligência, que o torna cada vez mais relevante e necessário no anódio e insípido rock nacioanal.