terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Viola Avançada disponibiliza EP das músicas produzidas nas experimentações

Projeto criado a partir dos sons das violas brasileiras foi contemplado pelo ProAc, idealizado por Dino Vicente e tem participação de Ricardo Vignini, Edgard Scandurra, Toninho da Viola, Fábio Miranda e Kátya Teixeira

Esse é o projeto musical e audiovisual ‘Viola Avançada’ disponibilizou em dezembro de 2023 o EP com as músicas produzidas nas experimentações sonoras com o instrumento. O EP estará no Spotify e em todas as plataformas de streaming. O link da Pré-Save é tratore.ffm.to/violaavancada Distribuição Tratore BR

‘Rádio Viola’, ‘Deserto’, ‘Atuadores’, ‘Viola Voadora’ e ‘Luthier’ são as canções do ‘Viola Avançada’, projeto idealizado pelo músico, produtor e artista sonoro Dino Vicente, que busca de novas perspectivas sonoras e artísticas para o instrumento, símbolo da cultura popular brasileira.

A partir dessas experimentações, ‘Viola Avançada’ resultou na pesquisa sonora realizada pelos idealizadores do projeto; um curta-documentário dirigido por Mário de Almeida, da Maravilha Filmes; o EP conceitual; 5 vídeos experimentais e o plugin ‘Adeus Viola’, um aplicativo para manipulações sonoras idealizado por Dino Vicente e desenvolvido por Paulo Itaboraí.

‘Rádio Viola’, ‘Deserto’, ‘Atuadores’, ‘Viola Voadora’ e ‘Luthier’ são os videoclipes lançados pela produção e estão disponíveis no www.youtube.com/@violaavancada

‘Viola Avançada’ é uma produção do Programa de Ação Cultural (ProAC Direto 38/2021, Maravilha Filmes e Maracujá Cultural. Realização Cult SP e Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas.

O Projeto

O ponto de partida da viagem musical do ‘Viola Avançada’ foi registrar em áudio e vídeo os violeiros convidados em seus habitats, os diferentes tipos de viola, de gestos e repertório, compondo assim um grande banco sonoro. Dino Vicente explica que desde a captação do áudio e durante as filmagens do projeto ‘Viola Avançada’ foram utilizadas diversas ferramentas digitais, analógicas e mecânicas.
“Nossa proposta fio descobrir novas possibilidades sonoras para as violas brasileiras, a partir do encontro da mesma com a música eletrônica experimental, desconstruindo esse tradicional instrumento. Podemos usar como imagem a ideia de picotar, recortar uma viola brasileira em milhões de pedacinhos até se tornarem grãos e reorganizá-los de outras formas. E daí surge o questionamento: Que tipo de música seria possível obter com esse novo instrumento virtual?”, indaga Vicente.
Uma das características que marca a grandiosidade do desafio de ‘Viola Avançada’ é que o resultado desse processo foi posteriormente apresentado para os músicos sem ensaio prévio. A partir disso, novamente foi registrado em áudio e vídeo as reações e interações com essas outras paisagens sonoras, texturas, pulsos e gestos musicais.

O elenco

Participam do Projeto ‘Viola Avançada’ os músicos: Ricardo Vignini (violeiro e fundador da banda Matuto Moderno e do duo Moda de Rock); Edgard Scandurra (fundador, guitarrista e compositor do IRA!); Toninho da Viola (violeiro, arranjador e tocador de 'Cururu' de Piracicaba); Fábio Miranda (Mestre em Música, produtor cultural, arte-educador) e Kátya Teixeira (cantora, instrumentista e compositora paulistana, pesquisadora da cultura popular brasileira).

Entre as curiosidades do elenco está a participação de Toninho da Viola, violeiro, arranjador e tocador de 'Cururu' de Piracicaba, cidade que durante metade do século 20 reuniu muitos tocadores e cantores do Cururu. “Toninho é uma referência e é considerado um dos últimos tocadores do Estado de São Paulo da época de ouro do Cururu”, salienta Almeida.

Outro destaque do Projeto é presenciar Edgard Scandurra, fundador, guitarrista e compositor do IRA!, tocando viola pela primeira vez. “O Edgard é um ‘estranho’ que quisemos na produção porque ele já tem uma trajetória dentro da música eletrônica e com experimentações. É alguém de fora, que já tem intimidade com as cordas, mas não com a viola. Então o projeto proporcionou ver o Edgard tocando viola”, destaca Almeida.

A experiência dos participantes


“Tocar um instrumento que não domino foi uma experiência interessante. Realmente foi a primeira vez que toquei uma viola. Achei muito bacana. Tenho que me esforçar muito para me considerar algum dia um violeiro. Mas acho que faz parte desse experimentalismo do projeto eu poder dar o meu modo, meu jeito de tocar esse instrumento. São 10 cordas, uma afinação diferente, tem uma sonoridade muito espetacular, peculiar e linda. Foi uma experiencia muito válida que me deu vontade de experimentar de novo, quem sabe com o Dino e com o Ricardo, que fizeram esse convite”, afirma Scandurra, o guitar hero brasileiro.

Questionado sobre o processo de gravação, Edgard Scandurra conta que a abertura para o experimentalismo em cima de um instrumento tão tradicional que é a viola foi o mais lhe chamou a atenção. “Tocar a guitarra, usar a viola, os elementos eletrônicos tudo isso dão um ar muito moderno e diferente para esta viola que é um instrumento do sertão, folclórico. Isso me chamou muito atenção, essa mistura linda”.

Sobre o resultado final das criações sonoras e artísticas originadas durante a experimentação, das imagens do curta-documentário, ele observa a mistura de artistas de diferentes formações musicais criando uma sonoridade muito particular. “Juntando as imagens da gravação e de todo o processo é um documento muito importante para a música brasileira”, afirma.

Kátya Teixeira, cantora, instrumentista e compositora paulistana, pesquisadora da cultura popular brasileira, classifica como ‘uma experiência incrível’ participar dessa produção e destacou o entrosamento da equipe, na forma de vivenciar todo processo. “Foi uma sensação das primeiras descobertas, de redescobrir os instrumentos, ter um outro olhar. Muito interessante a experimentação, reinterpretar o som, ressignificar. Acho que tira a gente do lugar comum e abre muitas possibilidades no som da imagem, do som da imagem e levo isso para mim também. Toda vez que penso em música, penso na minha relação com o tempo, o ambiente, o lugar que estou produzindo, o contato com as pessoas e, de repente, a partir dessa escuta do Viola Avançam me levou para um outro nível de interação e de visão artística, musical, de percepção com o lugar da arte, o lugar da música, que não é exatamente aquela coisa convencional, das convenções que se faz do que é a arte, do que é música, do que é bonito. É simplesmente sentir”, observa.

Para Fábio Miranda, Mestre em Música, produtor cultural, arte-educador, o que mais lhe chamou a atenção durante todo o processo foram as interações e intervenções sonoras realizadas pelo Dino Vicente durante o improviso com as violas. “Foi como um experimento científico de grande precisão e risco. Cada movimento sonoro realizado por mim desencadeava reações e respostas sonoras vindas da interação com a máquina e com o artista manipulador dos sons. O restado foi a soma de tudo aquilo que não sei”, pontua.

Ele define como uma honra e uma alegria muito grande fazer parte do Viola Avançada. “Honra por estar figurando em um projeto com grandes nomes da viola e da música experimental. Alegria por realizar um trabalho que faz uma ponte com uma área da música que sempre me encantou que é da música experimental e eletroacústica. Achei que o projeto e seus conceitos estéticos foram bem pensados, coerentes com o processo musical. Adorei as composições e os clips, a mescla de sons e imagens criando uma experiência única de se escutar o som da viola!”

Experimentações em camadas de imagens e sons

O curta-documentário Viola Avançada, dirigido por Mário de Almeida, foi lançado dia 12 de dezembro de 2023 no Youtube após a live com os realizadores do Projeto Viola Avançada, Dino Vicente (músico, produtor e artista sonoro) e Paulo Itaboraí (artista pesquisador).

O filme acompanha todo processo de produção, desde as saídas para as gravações até as captações dos áudios e imagens dos artistas em seus habitats. “Não é apenas um registro do que acontece, o curta faz parte do processo do registro. Filmar e gravar é uma coisa só. Tanto que os próprios áudios das filmagens e gravações foram utilizados para fazer as faixas do EP e nós estamos presentes enquanto tudo está sendo produzido, criado. Essa faceta do projeto ser o fluxo das coisas acontecendo, não é apenas transmitido ou abordado pelo documentário, ele é próprio documentário”, explica Almeida.

Assim como todos os conteúdos do projeto, o documentário também é experimental, inclusive no sentido de trabalhar audiovisualmente os elementos da música feita pelo Dino Vicente. “A intenção no documentário foi trabalhar musicalmente imagem e som. Trabalhar com os elementos musicais do ritmo com o corte e a harmonia, a combinação de notas com sobreposições de imagens, é uma busca minha desse projeto”, afirma Almeida.

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