segunda-feira, 31 de julho de 2023

Rick Wright, 80 anos: o verdadeiro 'maestro' do Pink Floyd

 Durante muito tempo os fãs de r?ock em geral perguntavam: qual é o Pink Floyd que predomina? O psicodélico com os vocais de Syd Barrett? O progressivo e soturno comas canções cantadas por Roger Waters? As etéreas vocalizadas por David Gilmour? Ou as melancólicas e reflexivas com a voz do tecladista Rick Wright.

Não foram muitas as músicas da banda cantadas pelo tecladista, mas uma é emblemática: "Summer 68", até hoje uma das mais pedidas da banda em emissoras de rock clássico.

A canção pe a obra-prima da carreira musical do tecladista mais subestimado do rock, que estaria fazendo 80 anos no final de julho - ele morreu de câncer aos 65 anos, em 2008.

Para marcar a ocasião, o seu melhor álbum solo, "Wet dreams", de 1978, foi relançado sem grandes novidades, capitaneado pelos filhos do músico, Gala e Jamie. 

É um isco bem razoável, que tenta se equilibrar entre o pop e rock progressivo, mas que sinalizava o descompasso do tecladista com o restante da banda - ele seria demitido em 1979, em plena gravação de "The Wall", um dos clássicos do Pink Floyd.

Instrumentista celebrado ao nível de seus concorrentes - e amigos - Rick Wakeman (Yes), Keith Emerson (Emerson, Lake & Palmer), Gary Brooker (Procol Haru) e Jon Lord (Deep Purple), estudou música erudita, as sempre foi um amante do jazz.

Ao lado do baixista Roger Waters e do baterista Nick Mason, montou o embrião do Floyd em 1964, banda que teve vários nomes, integrantes temporários e vocalistas, entre eles a então namorada, Juliette Gale, com quem foi casado entre 1964  e 1982.

Com a chegada de Syd Barrett e seu psicodelismo radical, os teclados de Wright se tornaram uma cama sonora impressionante para as digressões do grupo e de seu genial guitarrista. É só observar a importância dos teclados no primeiro álbum do Pink Floyd, "The Piper at Gates of Dawn", de 1967.

Ironicamente, a importância dos teclados aumentaram com a saída de Barrett, em 1968, e Wright passou  ser o arranjador da banda e um dos compositores, com o auge ocorrendo em "Summer 68".

A partir do disco 'Wish You Were Here", de 1974, Wright começou a perder espaço, ainda que tenha contribuído em "Aminals", de 1977. 

No entanto, foi vitima das tensões entre todos os integrantes e, surpreendentemente, foi demitido nas gravações de "The Wall". Ele já vinha se desentendendo com Waters, pois supostamente não conseguia executar as músicas criadas pelo baixista. E não teve o apoio de Gilmour e do baterista Nick Mason. "Ele não estava fazendo o que era pago fazer", declarou o guitarrista à época.

O problema é que ninguém mais conseguia executar as músicas e arranjos que estavam na cabeça do baixista genioso e irascível. Wright foi chamado de volta, a contragosto, no final das gravações, mas como músico contratado. Foi nessa condição que foi creditado e, depois, integrado aos poucos shows da turn~e do disco.

Excluído do disco "The Final Cut", o último da banda com Waters, fez alguns trabalhos solo e integrou projetos sem grande repercussão até ser resgatado pelo Pink Floyd em 1987, depois do acordo judicial que selou a saída definitiva do baixista. No entanto, jamais recuperou o status de membro oficial, estando sempre como músico contratado.

David Gilmour, que passou a ser o chefão da banda, remediou esse problema a partir de 1995, com a parada definitiva da banda: sempre que pôde, escalou Wright em suas turnês solo até sua morte.

O último grande momento de Rick Wright foi a reunião da formação clássica do Pink Floyd em 2005, em Londres, por conta da série de shows de protesto contra os líderes dos oito países mais ricos do mundo reunidos na ocasião em Gçasgow, na Escócia. 

Conhecido como "Live 8", em alusão ao "Live Aid", de 20 anos antes, reuniu artistas do mundo todo em várias cidades do mundo, em shows simultâneos. O Pink Floyd tocou quatro músicas, apesar da manifesta hostilidade entre Waters e Gilmour e a inimizade pública entre Wright e Waters. 

Geddy Lee, 70 anos: o maior símbolo do gigantismo do Rush

 O garoto narigudo e desengonçado ligou o baixo no amplificador sob a desconfiança de todos. Tinha só 15 nos, mas o baixo era bom. E não precisou de 15 minutos para ser efetivado em uma banda outrora promissora da região de Toronto, a maior cidade do Canadá - e a mais roqueira.

O garoto Gary, de ascendência croata, não sabia, mas ele nunca mais largaria aquela banda que seria sua. Gary Lee Weintraub ainda demoraria alguns anos para ser Geddy Lee, do Rush, mas seu destino estava traçado desde o momento em que plugou o baixo no amplificador para fazer teste e entrar para o Rush.

Geddy Lee (pronuncia-se guédi, e o nome se deve ao fato de sua avó croata não saber pronunciar Gary) fez 70 anos de idade em julho, ao mesmo tempo em completava 55 anos do dia em que entrou para banda que carregou nas costas ao lado de Alex Zivojnovic (descendente de sérvios que mais tarde adoraria o sobrenome Lifeson), um guitarrista furioso e habilidoso, Neil Peart, um baterista genial e versátil.

É difícil estabelece em que medida Lee transformou o Rush em uma das maiores instituições do rock em todos os temos, já que os três membros são geniais e acrescentaram sua enorme parcela de contribuição. 

Peart sempre frequentou as listas de melhores bateristas de todos os tempos, enquanto Lifeson brilhava na preferência dos garotos com sangue nos olhos aspirando ao Olimpo dos "guitar heroes". E Lee?

Multi-instrumentista e de voz aguda e estridente, o baixista dava o acabamento ao hard rock progressivo e elaborado, criando linhas de baixo tão inacessíveis quanto as viradas de bateria de Peart ou os riffs clássicos e pesados de Lifeson.

Até hoje impressionam as imagens de Geddy Lee cantando, tocando baixo, teclado e modulando o pedal do teclado ao mesmo tempo, exigindo uma coordenação absurda e uma concentração admirável, coisa de gênio mesmo. Como não admirar um músico com essa capacidade?

Muita gente ainda se espanta com a modéstia do músico em reconhecer a sua importância. E muita gente ainda se irrita como ele e seus companheiros são subestimados quando se trata de nomear os nossos heróis do rock.

Isso é o que menos preocupa Lee. Sua trajetória em álbuns do Rush resume o que precisa ser dito. A banda é gigante, ele é gigante. E basta.

Quem o viu anos atrás tocando baixo com Yes quando esta banda inglesa entrou no rock and Roll Hall of Fame se espantou com a humildade com que subiu ao palco e tocou como um coadjuvante. "Um sorridente e feliz coadjuvante", comentou ele depois da festa. 

Substituindo um de seus ídolos, o baixista Chris Squire, morto em 2015, Geddy Lee desfilou elegância, competência e genialidade, arrancando olhares de admiração do exigente guitarrista do Yes, Steve Howe. "Só de estar ali já era o maior dos reconhecimentos", comentou modestamente em entrevista à revista Classic Rock.

Embora não assuma, Lee está semiaposentado desde 2015, quando o Rush fez a sua últim turnê mundial. Os seguidos problemas de saúde de Neil Peart forçaram a parada da banda, que teve o fim decretado com a morte do baterista em 2020. E o que faz Lee atualmente.

Ora, ele é apenas Geddy Lee, e isso já é bastante. Ele simboliza o Rush, e nos lembra sempre que o que tamanho da banda é gigante. 

P.S.: Lee deverá vir ao Brasil em março de 2024 para o lançamento de sua autobiografia, "My Effin’ Life" (ainda sem título em português) com lançamento mundial previsto para 14 de novembro deste ano, inclusive no Brasil, participando apenas de eventos de lançamento do livro, com leituras e bate-papos com os fãs. 

 

Os 55 anos de 'Truth', a obra-prima de estreia solo de Jeff Beck

Ele substituiu Eric Clapton e ainda teve de conviver com o amigo Jimmy Page como par de guitarras por um tempo. Genioso e temperamental, não poderia aguentar tal coisa por muito tempo. Então decidiu cometer um dos melhores e mais emblemáticos álbuns de estreia da história do rock. 

O álbum "Truth", de Jeff Beck Group, nasceu da raiva, da frustração e da ambição de um jovem guitarrista que tinha certeza de que era "o cara". Seu ego e seu imenso talento não cabiam dentro de uma banda – desde que, no entanto, a banda fosse dele e levasse o seu nome.

Então o Jeff Beck Group surgiu para disputar o topo com Cream, de Eric Clapton, com Jimi Hendrix Experiencce, com John Mayall's Bluesbreakers, com o incipiente Fleetwood Mac e com os escombros dos Yardbirds, do amigo Page. 

O cartão de visitas, "Truth", saiu em julho de 1968, há 55 anos. Maus do que blues, trazia música pesada, intensa, agressiva, e uma guitarra poderosa, que serpenteava em temas instrumentais com tal maestria que parecia que nada poderia superá-lo.

A preocupação não era ter músicas originais e autorais, mas simplesmente fazer a música mais poderosa que pudesse existir, desfigurando e distorcendo temas caros ao blues. 

Beck já era gênio do instrumento ainda nos Yardbirds, no qual entrou em 1965 para substituir Clapton, indicado por Jimmy Page, que não aceitou a vaga até então. 

Já era sabido que o moço era temperamental, mas o custo-benefício valeu casa segundo das brigas, birras e altercações: a guitarra de Beck moldou o som e as composições do quinteto.

Mas os Yardbirds eram, um barril de pólvora. Todo mundo gostava de brigar e discutir, e a coisa ficou insustentável para o baixista Paul Samwell-Smith, que saiu e virou produtor musical. Foi a deixa para Jimmy Page entrar como baixista, no começo de 1966, cansado da vida de músico de estúdio.

Mais velho e mais experiente do que o resto da turma, logo Page tomou conta do pedaço e começou a arrumar a casa. Contrariado, Beck manteve a amizade acima de tudo, mas não gostou nada quando Page e o limitado guitarrista base Chris Dreja decidiram trocar de instrumento.

Foi o estopim para que Beck decidisse por mandar no próprio nariz e não ficar à mercê de assembleísmos e das bebedeiras que descambavam para a falta de profissionalismo. 

A dupla de gênios de guitarra tocou pouco tempo junto, mas fizeram duelos memoráveis e construíram nova reputação para os Yardbirds. No final de 1966, Jeff Beck já tinha o seu Jeff Beck Group na manga, criado em segredo, e abandonou o barco.

Ambição e excelência

A molecada que ele recrutou era da pesada. Rod Stewart era um cantor escocês bonachão e com voz de serra elétrica. Tentara a carreira solo, mas empacou aos 21 anos de idade por conta da falta de repercussão. 

Ron Wood era um garoto narigudo de 19 anos que tocava guitarra e baixo, mas que na verdade amava mesmo era desenhar, pintar e fotografar. Por conta insistência do irmão, Art, o líder dos Artwoods, acabou aceitando a vaga de baixista para Beck. Na bateria, o correto Mick Waller, preciso, mas pouco ambicioso.

A banda era um supergrupo antes de existirem os supergrupos – foi criada ao mesmo tempo em que o Cream, de Eric Clapton, Ginger Baker e Jack Bruce. 

Beck queria sair rasgando, causar impacto, e conseguiu, embora tenha sido surpreendido por Jimi Hendrix, que acabara de chegar a Londres. "Shapes of Things" abre "Truth" com um soco na cara – um blues transfigurado de distorção e solos corrosivos de guitarra, em nada lembrando a versão original, dos Yardbirds.

"Let Me Love You" e "Morning Dew" foram duas grandes descobertas na garimpagem de clássicos do cancioneiro norte-americano, onde a voz de Stewart imprimiu um uma mescla de tom bluesy com soul music, especialmente na segunda canção. 

"You Shook Me", de Willie Dixon, definiu para muita gente o que viria a ser o rock pesado, tanto que foi gravada também no álbum de estreia do Led Zeppelin, em 1969. O blues pesado e intenso ganhou uma sobrecarga de energia com um timbre gordo de guitarra e baixo, com palhetadas marcantes de Beck.

Encerrando o lado A do LP, outro clássico, "Ol' Man River", que se tornou um hino gospel de rara beleza. Após recuperar o fôlego, o ouvinte embarca em uma curta viagem renascentista com o violão delicado de "Greensleeves", tema tradicional britânico, para então ser acertado em cheio por outro blues pesado de Willie Dixon, a versão magistral de "I Ain't Superstitious".

Preparando o "gran finale", surge a instrumental com cara de jam "Beck's Bolero", um tema composto por Jimmy Page. Era uma brincadeira de estúdio que ficou séria e se tornou um clássico cult do rock. 

A banda aqui é outra: dos originais, só Jeff Beck, acompanhado por Page na outra guitarra, John Paul Jones (futuro Led Zeppelin) no baixo e teclados, John Entwistle no baixo e Keith Moon na bateria – cozinha de The Who – e o pianista Nicky Hopkins..

Reza a lenda que, nos estúdios, quase surgiu um novo supergrupo: Beck, Page Entwistle e Moon chegaram a cogitar a criação de um projeto. 

Entretanto, Moon descartou logo depois a união: "A chance de dar certo era tão 'grande' quando a possibilidade de um zepelim de chumbo voar", teria dito aos amigos. Page guardou a frase e usou o termo mais importante para dar nome a sua banda um ano depois… 

O álbum termina com uma gravação ao vivo da poderosa "Blues Deluxe", de Jeffrey Rod, com mais de sete minutos de um bluesaço de primeira categoria, onde todos os músicos brilham, com o auxílio esplendoroso do pianista Nicky Hopkins.

Clássico do rock  

"Truth" virou um clássico imediato, mas não foi um estouro de vendas. O ano anterior, 1967, foi um ano difícil por conta da forte concorrência: "Sgt. Pepper's Lonely Heart Club Band", dos Beatles, "Their Satanic Majesties Request", dos Rolling Stones, "The Who Sell Out", do Who, "Piper at the Gates of Dawn", do Pink Floyd, "Little Games", dos Yardbirds, "Days of Future Passed", do Moody Blues", "Are You Experienced", de Jimi Hendrix, "The Doors", "Fresh Cream", do Cream, a estreia dos Doors… E 1968 não aliviou... 

A estreia solo de Beck apontava, com razão, para uma fulgurante carreira, que realmente se concretizou, mas por outros caminhos. A primeira encarnação de Jeff Beck Group foi efêmera, durou pouco mais de dois anos. Rendeu um segundo álbum, "Beck Ola", não tão inspirado, mas de ótima qualidade. No entanto, a banda já tinha se esfacelado.

Obcecado por timbres inusitados, perfeccionista chato e workaholic, Beck começou a perturbar demais os companheiros, especialmente nas turnês pela Europa e pelos Estados Unidos. 

As tensões cresceram muito nos últimos seis meses da formação, e chegou ao auge quando, nos bastidores de uma apresentação em San Francisco, escutou uma conversa no camarim ao lado. Alguém chegou para Rod Stewart e comentou em tom de elogio: "Excelente a sua banda, hein, Jeff? Você canta muito bem, e seu guitarrista também é muito bom."

Possesso com o que considerou uma desfaçatez, teria decidido ali mesmo reformular o grupo quando voltasse a Londres. Era o finalzinho de 1968. 

Pouco tempo depois da volta, acabou surpreendido quando foi informado de que Wood e Stewart tinham se juntado a Ronnie Lane (baixo), Ian McLagan (teclados) e Kenney Jones (bateria) em uma nova banda.

Os três integrantes eram dos Small Faces, que estava acabando naquele começo de 1969 com a saída do guitarrista e vocalista Steve Marriott. 

Com Wood e Stewart, o quinteto passou a se chamar Faces. Quando a Beck, meio desorientado e vendo a concorrência subir cada vez mais alto, ainda mais com a chegada do Led Zeppelin, decidiu mudar seus horizontes musicais. Optou pelo ecletismo e pela fuga do mundo pop.

A segunda encarnação do Jeff Beck Group caiu de cabeça no funk e na soul music, com toques de jazz, nos primeiros anos da década de 1970, até abraçar novamente o hard rock em 1973 com o trio Beck, Bogert & Appice, ao lado dos norte-americanos Tim Bogert (baixo e vocais) e Carmine Appice (bateria).


Ritchie retoma turnê de 40 anos de 'Voo de Coração'

 O garoto inglês conheceu um bando de brasileiros meio malucos em Londres, durante um verão particularmente quente. Sabia onde ficava o Brasil, já tinha viajado pelo undo acompanhando a família em várias ocupações, e mostrou interesse em conhecer os trópicos quando aqueles músicos brasileiros o convidaram para a aventura.

Os músicos eram Os Mutantes, que apadrinharam o inglês Richard Court em São Paulo. Ele viria para ficar pouco tempo, mas nunca mais deixou os trópicos. Richard virou Ritchie, casou-se em São Paulo novinho, radicou-se no Rio de Janeiro, virou músico e professor de inglês - e um dos maiores artistas do país nos anos 80.

Ritchie fez 50 anos de Brasil, e seu maior hit, "Menina Veneno" chegou aos 40 anos. O tempo passou rápido para o maior sucesso da carreira de Ritchie: a música atravessou as últimas quatro décadas sendo cantada por todo mundo, não importa a geração. 

Então, nada mais justo que ele prepare uma grande comemoração para os 40 anos de lançamento do álbum (era assim que se chamava na época) "Voo de coração", da qual "Menina Veneno" faz parte. Ritchie vai sair em turnê com o show "A Vida Tem Dessas Coisas", a segunda parte de seu retorno aos palcos.

No repertório, os sucessos que marcaram a carreira desse inglês que chegou ao Brasil nos anos 70 e não foi mais embora. São músicas que ainda estão e ficarão na memória por muitas tantas décadas. Que o diga as mais de 70 milhões de visualizações de suas músicas, (regravadas no formato "ao vivo no estúdio"), no seu canal exclusivo do YouTube.

Para apresentar ao público canções como, "A Mulher Invisível", "Casanova", "Pelo Interfone", "Transas", além da própria "Menina Veneno" e de "A Vida Tem Dessas Coisas", que empresta o nome à turnê, Ritchie montou um show para marcar época no século XXI.

Seu novo empresário, Steve Altit, responsável por trazer ao Brasil grandes estrelas internacionais e ter empresariado alguns dos mais consagrados artistas brasileiros, reuniu um time de peso para viabilizar o projeto.

 Em "Voo de Coração', Ritchie já falava em holograma, computador pessoal, numa época em que esses equipamentos mal existiam. Vamos ambientar esse espetáculo com a tecnologia atual para reforçar esse lado visionário que Ritchie sempre teve", diz Alexandre Arrabal, ao lado de Kiko Dias, que assinam a direção de arte da turnê. 

Esse conceito ainda vem acompanhado da iluminação de Césio Lima, nome por trás da luz/fotografia dos maiores shows nacionais e internacionais no país. No palco, Ritchie estará acompanhado por um quinteto com alguns dos melhores músicos de São Paulo.

Essa nova jornada de "Menina Veneno", para comemorar seus 40 anos, começa no Rio de Janeiro, dia 11 de agosto, no Vivo Rio. No dia 13 de agosto estará em São Paulo, no Espaço Unimed; no dia 19 de agosto, dividirá o palco com o também inglês Steve Hackett, ex-guitarrista do Genesis oferecendo um show sem cobrança de ingressos, na linda praia de São Francisco em Niterói; dia 15 de setembro o show será em Juiz de Fora (MG) e, no dia 16 de setembro, no charmoso Palácio das Artes em Belo Horizonte, seguindo em outubro para o Sul do país, passando por Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis.

  
AGENDA

11 de Agosto - Rio de Janeiro - Vivo Rio

Av. Infante D. Henrique, 85 - Parque do Flamengo

Phone: 55.21. 2531-1227 - Web: http://www.vivorio.com.br/



13 de Agosto - São Paulo - Espaço Unimed

R. Tagipuru, 795, Barra Funda - São Paulo - SP - ZC 01156-000

Phone: +55 (11) 3864-5566 - Web: http://espacounimed.com.br/



19 de Agosto - Niteroi:

Praia de São Francisco S/N - Aberto ao Público sem cobrança

Praça do Rádio Amador S/N - Praia de Sao Francisco - Niterói - Rio

Telefone: +55(21) 2722-1973 - Web: http://www.niteroi.rj.gov.br



15 de Setembro - Juiz de Fora: Grande Theatro Central

Praça João Pessoa, S/N - Centro, Juiz de Fora - MG, 36010-150

(32) 3215-1400 Web: https://www.theatrocentral.com.br



16 de Setembro - Belo Horizonte: Teatro Palácio das Artes

Avenida Afonso Penas 1.537, Centro Belo Horizonte

Phone :31.3236-7400 Web: http://www.fcs.mg.gov.br



18 de Outubro - Curitiba: Teatro Guaíra

R. XV de Novembro, 971 - Centro, Curitiba - PR, 80060-000

Telefone: (41) 3304-7900 Web: https://www.teatroguaira.pr.gov.br



20 de Outubro - Porto Alegre : Teatro Bourbon Country

Av. Túlio de Rose, 80 - 71 - Jardim Europa, Porto Alegre - RS, 91340-110

Telefone: (51) 3375-3700 Web: https://www.teatrodobourboncountry.com.br/



21 de Outubro - Florianópolis : UFSC - Centro de Cultura e Eventos

R. Des. Vítor Lima, 117 - Trindade, Florianópolis - SC, 88040-400

Telefone: (48) 3721-3853 Web: https://dac.ufsc.br/espacos-culturais/teatro-da-ufsc

domingo, 30 de julho de 2023

Novas vozes (e nem tão novas assim) femininas no rock nacional em 2023

Dois novos projetos envolvendo mulheres e um peso pesado do rock nacional são as novidades deste começo e segundo semestre, mostrando que 2023 será, no mínimo, tão bom quanto o ano anterior em termos de lançamentos autorais - e temos então o Inpurpura e Isa Nielsen Band.

Inpurpura, com N, é um duo de rock nacional mais voltado para o pop, encabeçado pela cantora Nathalia Zukkas e pelo baterista e vocalista Ivan Busic, que toca nas bandas Dr. Sin e Nite Stinger. Ele são casados e gestaram o projeto em casa, nas oras de lazer escutando clássico do rock e brincando com o filho pequeno.

"É uma vontade antiga de fazermos algo juntos e fomos elaborando com muita calma", disse Busic com exclusividade ao Combate Rock. "Desde que eu e meu irmão Andria [Busic, vocalista e baixista do Dr. Sin] fizemos o CD da banda Bisic, em português, eu tinha a intenção de fazer algo mais para o rock nacional e agora deu certo. Não poderia haver parceira melhor (risos)."

Curiosamente, o primeiro teste para ver se funcionava foi a publicação de um clipe em estúdio interpretando uma canção em inglês de uma banda que ficou conhecida recentemente - Honeycomb. A canção escolhida foi "Look At Us Now", que faz parte da trilha sonora da série de TV/streaming norte-americana "Daisy and The Six", que por sua vez é baseada é um romance.

"É uma canção delicada e que tinha a ver com o conceito que pretendíamos adotar", diz Nathália. A repercussão foi tão boa e surpreende que nos impulsionou a mergulhar nas composições e no projeto.

Aprovada a parceria e a química impressionante do casal, veio o desafio de compor a primeira música juntos e, rapidamente, a gravação de clipe e da canção. "Se Quiser Me Levar" é delicada, românica, com astral lá em cima e um clima que remete aos melhores momentos de bandas como Skank.

É pop rock? Sim, mais pop do que rock, ams nada que preocupe Ivan Busic, um baterista que já tocou de tudo e ouviu de tudo - André, o croata que um dia aportou no Brasil no século passado, era um talentoso músico de jazz que chegou a gravar com os filhos um CD com a Top Jazz Band. 
 
"Se Quiser Me Levar" não apresenta novidades e nem prima pela originalidade, mas é um sopro de vitalidade em um formato deu muito certo com o projeto PittyNando, que reuniu Pitty e Nando Reis - o dueto de vozes masculinas e femininas em iguais condições, além de revelar mais um talento vocal, a então pouco conhecida Nathália Zukkas. Inpurpura é uma boa notícia no pop nacional.

No rock mais pesado, a guitarrista Isa Nielsen coloca na praça a sua banda de hard rock e um clipe de sue primeiro single, "Leech". 

A moça é um nome conhecido na praça, tendo trabalhando, entre outros projetos, com Detonator e as Musas do Metal, e tem uma pegada bluesy, que remete a outras duas musas da guitarra - a australiana Orianthi e a inglesa Joanne Shaw Taylor.

"Leech" é interessante pelos timbres modernos de guitarra associados ao hard rock mais moderno europeu, sem excessos na produção e com ênfase nos riffs. Também está longe da originalidade, mas representa um novo caminho , ainda pouco explorado, pelas musicistas brasileiras, cm a honrosa exceção da ótima banda paulista Malvada.

Ela revelou em suas redes sociais o time de músicos que a acompanhará em sua carreira solo. Reconhecida por sua trajetória na música, assumiu os vocais e embarcou em um hard rock de cunho mais festivo e de alto astral. 

Isa mostrou ter uma voz marcante e uma pegada forte na guitarra, demonstrando sua habilidade como instrumentista. Dids Bezerra, da banda Medellin, tem estilo único e inovador, acrescentando uma profundidade cativante à música de Isa Nielsen. Denison Fernandes (Megadeth cover e Brooklin Blues Band) é o guitarrista solo virtuoso e adepto de solos caprichados e bem blues. Allan Juliano (Kiss Cover Brasil) é conhecido por seu talento e energia.

Por falar em Malvada, foi só entrar para banda que a nova vocalista, Indira Castillo, teve a vida devassada por fãs ávidos por saber quem era a "feiticeira" carismática de olhos "enfeitiçantes". O que os fãs encontraram agradou e eles resgataram o primeiro single solo dela.

"Wiser" é um hard rock poderoso, com guitarristas vintage tiradas diretamente do Bad Company ou do Free, duas entidades maravilhosas capitaneadas pelo mago Paul Rodgers. É uma canção poderosa, om um riff de guitarra contagiante e quase hipnótico. 

A voz é uma mistura de influências de cantoras de jazz e blues, influências fortes da moça, mas que guardam semelhanças com artistas atuais, como Rosalie Cunningham (ex-Purson), Amy Winehouse (morta em 2011) e Lynne Jackaman, todas inglesas e vozes roucas, fortes e ligadas ao rhythm & blues.

Outra boa amostra é  segundo single, este em português. "O Tempo" traz um rock mais puxado para uma MPB mais moderna e com letra que foge dos lugares comuns do subgênero.

Fabiano Negri volta ao rock pesado mergulhando nos conto de terror

 Dos pântanos da depressão à série de trabalhos que são os melhores de sua carreira. Se a vida reserva surpresas, então o artista paulista Fabiano Negri foi agraciado várias vezes nos últimos anos. Sorte dde quem gosta de rock autoral bem feito.

Passando por uma fase complicada na vida de compositor e músico underground, o multi-instrumentista pensou em se aposentar depois de 25 anos nos palcos e no mercado fonográfico para se refugiar em ua escola de música e artes em Campinas (SP).

É obvio que a pandemia de covid-19, que o abalroou no meio do caminho piorou as coisas, ms então a luz veio dos Estados Unidos, quando uma gravadora pequena conheceu o trabalho solo de Negri e o incentivou a arquivar os planos de aposentadoria. E então veio a sequência de grandes trabalhos - "Reborn", "ZebathY" e uma apresentação ao vivo que virou CD, "Between Playing and Cursing… Live".

 A sequência impressionante se tornou o que de melhor ele já produziu, direcionando seu trabalho para  rock mais pesado, e ele não tirou o pé do acelerador: o primeiro do singles que pretende lançar até o final do ano chegou ás plataformas digitais mostrando que um eventual novo álbum everá ser melhor do que os lançados recentemente. 

"Vampires", o primeiro single, é um épico de mais de oito minutos que passeia pelo rock pesado e pelo progressivo em uma história de horror escrita com habilidade. 

É quase uma continuação de "ZebathY", com guitarras estridentes e densas, que dão uma textura diferente ao som fortemente calcado nos trabalhos recentes de Alice Cooper.

"Serão faixas mais longas e épicas, então lançando uma por vez as pessoas conseguem apreciar com calma e, com isso, consigo um poder maior de divulgação", explica o músico.

Para quem já vez rock mais suave, soul e rhythm and blues, folk acústico e pop eletrônico, Negri parece ter se encontrado no som mais pesado, a julgar pela ótima receptividade de "ZebathY". a paixão por Black Sabbat e Deep Purple, além de uma série de ecos setentistas, podem ser facilmente identificadas.

 Tudo isso foi intencional, buscando um clima meio gótico/psicodélico, mas mantendo as peculiaridades que acompanham a sua já experiente e longeva carreira.

"Tentei buscar essa sonoridade pensando bastante, também, em Ozzy Osbourne e até Ghost, e fiquei extremamente satisfeito com o resultado", avalia Negri. "A temática é bem interessante, cheia de metáforas, pois basicamente é uma história de amor e paixão, mas com uma roupagem de terror retratada em diversas publicações sobre vampiros. Pode soar estranho, mas fiz "Vampires" como um tributo aos 20 anos de meu casamento (risos)."

Após essa série de singles, Fabiano Negri mergulhará de cabeça em seu novo álbum completo, cuja pré-produção já está finalizada, e promete lançá-lo no primeiro semestre de 2024.

Moda de Rock une rock nacional e viola caipira ao lado de Adriana Farias

A roça encontra o punk. A nova encarnação do projeto Moda de Rock conseguiu um feito e tanto: transformar ouro em um ouro ainda mais valioso com o quarto álbum de estúdio, "moda de Rock Brasil", dedicado a alguns dos clássicos supremos de bandas nacionais vertidos para a viola caipira, aula de dez cordas.

Ao vivo, as novas versões viraram outras músicas, ganhando vida com arranjos inusitados e ares eruditos. Imagine "Medo", clássico punk do Cólera, tornando-se um senhora peça quase erudita? Ou "Heavy metal do Senhor", de Zeca Baleiro, ficando mais soturna e sarcástica?

Os violeiros Ricardo Vignini e Zé Helder continuam a bem-sucedida saga de mostrar os clássicos do rock nacional na viola caipira e se apresentam n Sesc Belenzinho neste domingo, 6 de agosto, tendo a companhia de grande quilate: a violonista Adriana Farias, instrumentista virtuosa do mais brasileiro dos instrumentos, e apresenta seu repertório de carreira, além dos hits da discografia de Adriana.

A ideia é cruzar as boas sacadas que os dois tiveram ao adaptar clássicos do rock para a viola com a música mais tradicional de Adriana, exímia violonista e dona de um repertório autoral surpreendente.
 
São cinco álbuns e um DVD em 13 anos de carreira com o Moda de Rock, projeto que já supera, atualmente, a atividade do Matuto Moderno, o grupo de rock rural da qual Vignini e Zé Hélder fazem parte. 

O Moda de Rock deu certo logo de cara, com um álbum cultuado e um segundo volume que vendeu ainda mais, levando a dupla para tocar no México, EUA, Canadá e Argentina. 

Ouvidos acostumados a não relacionar os dois estilos perceberam que o rock no ambiente da viola caipira e o instrumental brasileiro de raiz geraram uma parceria harmoniosa, entre o metal e o acústico.

Nos álbuns e no DVD tiveram convidados como Andreas Kisser (Sepultura), Lúcio Maia (Nação Zumbi), Edgard Scandurra (Ira!), Robertinho do Recife, Pepeu Gomes, Kiko Loureiro (Angra e Megadeth), o percussionista Marcos Suzano e o cantor e compositor Renato Teixeira.

Em 2022, a dupla lançou o seu quarto disco de estúdio, "Moda de Rock Brasil", dedicado exclusivamente ao rock nacional com arranjos para bandas como Mutantes, Raul Seixas, Novos Baianos, Joelho de Porco, Ira! Plebe Rude, Dorsal Atlântica, Cólera e Camisa de Vênus.  

Adriana Farias, por sua vez, é adepta também da viola caipira e transita em seu repertório entre o rock rural, como a dramática música "Atenda Se Puder", que quase resvala no sertanejo atual, e a música caipira de raiz, como a tradicional "Sereno", tendo espaço ainda para a MPB em "Planeta Água".

Informações sobre ingressos e local do show podem ser obtidas clicando em https://www.sescsp.org.br/programacao/moda-de-rock-convida-adriana-farias/

Dr. Sin celebra 30 anos reorganizando o passado e projetando um futuro diferente

 São tempos que precisam de energia para seguir em frente, mas com suavidade e novas perspectivas. É assim que a banda Dr. Sin estabelece "Acústico" dentro de sua longa carreira de 30 anos no rock nacional.

O aguardado projeto que será lançado em CD e DVD neste ano teve um apresentação de gala em evento importante na zona sul de São Paulo no final de julho e promete inaugurar uma nova fase no trio de hard rock.

A pandemia de covid-19 interrompeu a divulgação do ótimo CD "Back Home Again", de 2019, mas ao menos propiciou o tempo necessário pra elaborar um projeto precioso e há muito tempo gestado.

"Dr. Sin Acústico" é um projeto diferente e vai além de um "requentamento" de uma ideia antiga e desgastada. Por mais esmero que a produção tenha requerido, o trio acertou no conceito básico: o som produzido era realmente "acústico", com os três somente no palco, desplugados, como auxílio luxuoso de uma orquestra de cordas e alguns convidados especiais.

"Nós nos sentimos revigorados e nos forçou a olhar novamente nosso cat´logo cm outro olhos", disse o baterista Ivan Busic. "Foi um trabalho árduo rearranjar o repertório, e creio que conseguimos oferecer algo diferente, ainda nada seja inédito."

  Com um punhado de perolas transformadas, o Dr. Sin resgata um material que se mostrou perfeito para o novo formato em um momento em que outras bandas também apostam no acústico. E exatamente como ele tem de ser: somente os três tocando seus instrumento desplugados. 

É o ponto alto da comemoração dos 30 anos de Dr. Sin, uma banda que sempre esteve no topo do rock nacional mais pesado, ao lado de Sepultura, Angra, Shaman, Krisiu e Korzus.

A beleza dos arranjos e a interpretação descontraída deram a suavidade necessária ao registro. É possível identificar o prazer de estar tocando ao vivo em cada nota e em cada batida, símbolos de uma resiliência típica do rock nacional, em baixa há muito tempo por estas terras.

"O prazer de fazer a música que gostamos e sentimos suplanta outras necessidades. Claro que o mundo é outro, e as pessoas consomem música de outra forma, mas a essência básica conseguimos preservar, e isso tem sido fundamental para atingir novos públicos", afirma o baixista e vocalista Andria Busic.

Ele não despreza o desafio de uma banda classic rock", como a dele, de tentar atingir um público mais jovem e que não vê o rock como o som de sua geração. No entanto, isso não significa ignorar as tendências de mercado, nem ideias novas em busca desse jovem da terceira década do século XXI.

"Temos enfrentando muitas dificuldades de mercado e sobrevivemos. É uma vitória e mostra que ainda temos relevância. Não há receita mágica para atrair os mais jovens, mas sempre contamos com a força da arte e da música que seguem vivas atravessando gerações. Os pais vão levar o legado para os filhos e netos", avalia o baixista.

Para o guitarrista Thiago Melo, que entrou na banda em 2016, "tudo ficou muito bonito, pois as melodias, apesar de complexas, ficaram muito elegantes no violão. Consegui manter tudo original e que soou muito bem no acústico. Foi muito legal ver ela com esses arranjos acústicos”.

A banda teve a participação de Marco Bavini (voz, violão, violão barítono, dobro e viola) protagonizando um quarto elemento na maioria das canções. O show foi gravado no Teatro J.Safra, em São Paulo, com uma produção extremamente elaborada. 

Também participaram Eduardo Ardanuy, a lenda da guitarra e membro da formação original, o  guitarrista Rafael Bittencourt, da banda Angra, e a pianista Juliana D’Agostini, além da orquestra de cordas do maestro Bartolomeu Vaz.

 
 

A coragem necessária em tempos de ódio - mesmo nas derrapadas

 A coragem costuma ser uma virtude bastante apreciada mesmo em situações de imprudência, que podem levar a situações de heroísmo ou simplesmente de pura falta de bom senso. De qualquer forma , é preciso ter coragem para enfrentar a vida, principalmente em tempos difíceis e turbulentos.

Fernanda Lira é uma moça corajosa e resiliente. Enfrentou muitas barras pesadas com altivez e uma postura que incomoda muita gente - sua visão positiva da vida é algo fora do comum, principalmente o meio musical e, mais ainda, dentro do heavy metal. Definitivamente, ela incomoda.

Vocalista e baixista da banda Crypta, banda em ascensão no metal extremo mundial, é frequentemente alvo de machismo e misoginia nas redes antissociais por uma série de motivos - ser mulher, ser mulher bem-sucedida em um meio machista, ser ativista de direitos de humanos, ex-direitista e ex-antipesrista que virou engajada de esquerda, com viés feminista...

Como nunca se importou em ter a vida devassada nas redes antissociais - sabe usá-las como nunca para divulgar a carreira e a banda -, sempre teve habilidade em escapar das armadilhas da superexposição, mas às vezes também escorrega.

Retornando de uma longa turnê europeia com a Crypta, Fernanda resolveu anunciar nas redes mudanças e sua vida pessoal e que partiria para morar sozinha pela primeira vez na vida em São Paulo. E cometeu o "equívoco" de pedir ajuda financeira aos fãs de sua banda para mobilizar minimamente o apartamento, mencionando de leve alguma dificuldade financeira ou "descapitalização".

Foi o que bastou para ser achincalhada pelos detratores de sempre, que a acusaram de abuso financeiro de querer ser sustentada pelos fãs, com extensas doses de machismo, preconceito e misoginia. As críticas, algumas sensatas, a maioria absurdas - foram tantas e tão fortes que fizeram a musicista voltar às redes antissociais para "se desculpar aos que se sentiram ofendidos" e que doaria o que já tinha recebido via pix - algo em torno de R$ 3 mil - para a Cufa (Central Única das Favelas), uma das ONGs mais importantes deste país.

Mesmo sendo uma musicista importante dentro do rock nacional, com uma visibilidade internacional forte dentro do underground do metal extremo, ela se surpreendeu coma  reação negativa e com a sanha destrutiva que viceja mesmo entre seus fãs. E também se surpreendeu com o alcance da própria fama.

Ela não tinha que pedir desculpas. E nem ofendeu ninguém. Em um país onde um ex-presidente nefasto abr uma campanha de arrecadação para custear causas judiciais e investe R$ 17 milhões no mercado financeiro, em algo próximo a um estelionato, soa como piada de mau gosto as críticas a uma musicista talentosa e esforçada.

Quando uma manada de estúpidos resolve dar dinheiro mensalmente para igrejas e seitas, ou para qualquer tipo de picaretagem com forte cheiro de golpe, soa como pida trágica as críticas a Fernanda Lira.

E o que dizer de torcedor de futebol mais estúpido do que nunca que doou dinheiro para uma fantasiosa campanha supostamente para evitar que o melhor jogador do time ficasse e não se transferisse para a Arábia Saudita? Seria o caso de Róger Guedes, do Corinthians...

Qual foi o erro de Fernanda Lira? Ingenuidade? Presunção? Um pouco de falta de noção da realidade? O que é uma campanha de financiamento coletivo de um álbum ou DVD senão uma contribuição do fa que pode ser usada na produção do álbum ou para custear a pizza da banda depois das gravações?

Por que essa indignação seletiva em relação a uma musicista exalando forte cheiro de machismo e misoginia? Se fosse algum membro homem do Sepultura, Angra, Krisiun, Torture Squad ou de qualquer banda a reação seria tão indignada? De ma hora para outra esqueceram o lema "pede quem quer, doa quem pode - e quem quer? 

Por que a atitude de Fernanda foi ilegítima? Por que supostamente ela é uma artista internacional e, portanto, nadando em dinheiro por conta da "fama"?

Recentemente um dos responsáveis por um dos melhores canais de YouTube dedicados ao rock e ao metal no Brasil fez um pedido público de ajuda financeira aos seus seguidores por cont de um acidente automobilístico no qual foi o culpado. Teria de pagar os prejuízos dos dois veículos, incluindo o dele. Em dois dias levantou mais de R$ 5 mil. Por que não foi alvo de críticas? Ele fez algo de ilegal e ilegítimo?

A questão extrapolou o simples pedido feito pelas redes sociais. Transcendeu o mero chiste para se tornar um caso clássico de preconceito e misoginia, com acusações pesadas e despropositadas. Não será a última vez em que ela e outras mulheres que ousaram se dar bem no no rock e no metal serão vítimas de esculhambação apenas por serem mulheres.

Prika Amaral, guitarrista e vocalista de Nervosa, e que conviveu com Fernanda nesta banda, é frequentemente achincalhada or cont das constantes mudanças de formação de sua  banda - e ela nunca escondeu que a Nervosa era a "sua" banda. 

Outros grupos musicais, formado por homens, trocam de integrantes com frequência muito maior e nunca foram alvo de haters e seres desclassificados de todo o tipo, mas a "Alemoa" da Nervosa é taxada de mandona, nazista e arrogante Não é mera coincidência.

Fernanda Lira já tinha sido alvo quando pediu ajuda aos fãs para arrecadar fundos para pagar os prejuízos em uma turnê americana da Crypta em abril - a van da banda foi destruída na passagem de um ciclone na cidade onde estavam. 

Sem seguro pago pela organização da turnê, o veículo teve de ser pago pela banda - uma coisa absurda, mas corriqueira nos Estados Unidos. Em uma semana, a Crypta arrecadou US$ 60 mil (R$ 300 mil) necessários para a maior parte dos custos. 

E nem assim, por uma "causa nobre", ela e a banda foram poupadas pelos incomodados de plantão, acusando a Crypta de "extorquir" os fãs por conta de "insucessos no exterior e falta de público".

São tempos complicados e muitos lugres do mundo, e principalmente no Brasil. O fato de termos nos livrado de um mundo de trevas por conta do bolsonarismo nefasto não ilumina nossos caminhos e nem dissipa as nuvens pesadas do horizonte. 

Os arautos do retrocesso espalharam o ódio de tal forma que contaminaram todos os ambientes a ponto de inviabilizar a convivência sadia e de espantar a inteligência e o bom senso. 

Quem diria que veríamos o dia em que as pessoas perderiam o puder de se mostrar racistas e nazistas, como tem ocorrido com frequência no Brasil desde o ano passado, pelo menos? 

Quem imaginaria que um vagabundo asqueroso faria uma saudação nazista e xingaria o vocalista negro do Sepultura na frente do palco, em um show em Fortaleza? 

Fernanda Lira é u, alvo predileto dos haters e dos preconceituosos de sempre no rock. Se ela tinha dúvidas quando da campanha para diminuir o prejuízo nos Estados Unido, não tem mais depois de pedir dinheiro para comprar a sua geladeira. 

Foi um vacilo, na postura inadequada e infeliz, talvez, mas nada imperdoável. Que esse deslize não a desvie do caminho bonito que vem trilhando, seja nas causas sociais - entrega de comida a sem-teto, arrecadação de donativos para vítimas de tragédias e postura humanista, antirracista e antifascista. 

quinta-feira, 27 de julho de 2023

Insistente no cinema como ator, Mick Jagger comprovou que é um grande cantor

 Houve um tempo em que Mick Jagger considerou a hipótese de largar o rock e virar ator de cinema. Hollywood sempre o fascinou e as constantes crises nos Rolling Stones ao final dos anos 60 provocaram sequelas - as prisões dele e do guitarrista Keith Richards, por posse de drogas, em 1967, e as constantes perseguições da imprensa sensacionalista, além da saída de Brian Jones da banda, morrendo um mês depois, em 1969. 

Ainda assim, ninguém entendeu muito bem a opção pelos cineastas Nicolas Roeg, Donald Cammell, experimentais e geniosos, companheiros de baladas, para dirigir "Performance", a estreia dele nas telas, em 1970 

Com roteiro ruim e direção insana, mão tinha como dar certo. E ainda causou um problema extra - contracenando com Anita Pallenberg, mulher de Richards, companheiro de banda, tiveram cenas quentes de sexo, que muita gente afirma que o clima continuou quente nos bastidores...

A experiência pouco interessante e cheia de críticas na sua estreia não o demoveu da ideia, mas, ao menos, deixou de lado a vontade de sair do rock dos Stones. Mas causou algum ruído na banda uando decidiu aceitar, ainda em 1970, o papel principal em "Ned Kelly", filme australiano de Tony Richardson que retratava um famoso fora-da-lei daquele país.

As criticas foram mais razoáveis naquela foi que foi considerada a sua melhor interpretação no cinema, em um filme que teve bilheteria e audiência apenas razoáveis mesmo na Austrália.

Nos anos 80, ele voltaria às telas para interpretar personagens dos clipes de músicas de sua carreira solo, notadamente "Just Another Night", filmado no Brasil em grande parte entre 1983 e 1984. Nos clipes ele ia bem, ao contrário das telonas, segundo a crítica especializada norte-americana. Em 1989, fez uma pequena participação em "Moonwalker", uma fita musical de cunho infantil estrelada por Michael Jackson,

Insistente, encarou com uma diversão meio "séria" dois filmes na década seguinte - a ficção científica "Freejack", em que fazia o papel de um dos , e "Bent", um drama que fla da perseguição de artistas homossexuais na Alemanha nazista. Seu papel é bem pequeno.

No drama de guerra "Enigma", de 2013, fez uma ponta como um soldado inglês à espera de embarcar para o combate. Seu último papel com alguma relevância foi em 2019, no longa "Tudo Pela Arte", de Giuseppe Capotondi, em que interpreta um colecionado de arte que seduz um crítico renomado a roubar uma peça valiosa de um concorrente.

Entretanto, ele foi bem mesmo, quase sem contestações, na série "O Teatro dos Contos de Fadas", escrito pela atriz Shelley Duvall, e que foi ao ar na TV americana e também na inglesa entre 1982 e 1987. No Brasil, foi exibido pela TV Cultura. No episódio 2, "O Rouxinol", ele interpretou um imperador chinês, recebendo fartos elogios á época. 

Entre os fiascos, está "Running Out of Luck", de 1987, onde ele foi o roteirista, produtor e ator principal. deixando a direção para o renomado Julian Temple, que também assina o roteiro. Em português, o título dado foi "Maré de Azar".

Cantor de rock bem-sucedido, o personagem de Mick Jagger vem ao Brasil para gravar um clipe. Engraça-se com uma moça misteriosa que vivia cercada de travestis, é sequestrado e vira escravo doméstico e sexual. Chega a ser engraçado de tão ruim. Entre os brasileiros do elenco estão Tony Tornado, Raul Gazzola, Norma Benguell, Grande Otelo e José Dumont. Nada como rer tempo e dinheiro para desperdiçar...

Mick Jagger comemora 80 anos lançando linha exclusiva de gaita

Depois de John Lennon e Bob Dylan, Mick Jagger decidiu aderir ao mercado de gaitas diatônicas (de boca) "signature" e lançou um modelo com as suas especificações.

O anúncio ocorreu no mesmo dia de seu aniversário de 80 anos, 26 de julho, e terá, em sua primeira edição, apenas 2,5 mil unidades para dar u ar de "exclusividade". 

A venda dos instrumentos é uma colaboração com o site Whynow Music e a fábrica norte-americana Lee Oskar, uma das mais importantes do mundo.

Entre os artistas de classic rock de primeiro time, Jagger é o melhor gaitista disparado. principalmente tocando blues, uma habilidade que adquiriu antes mesmo de formar os Rolling Stones com Keith Richards e Brian Jones, em 1961.

Seu principais "concorrentes", digamos assim, são Roger Daltrey (The Who), Ian Gillan (Deep Purple) e Ozzy Osbourne (Black Sabbath), que apenas arranham o instrumentos. Jagger não pode ser considerado um grande gaitista, até porque não estudou como deveria, mas domina o instrumento.

"Espero que algumas das gaitas cheguem às mãos de jovens que se tornarão as lendas do futuro," disse Jagger no material de divulgação, em declaração meramente protocolar.

No mesmo comunicado, reproduzido pelo jornal inglês New Musical Express, ele contou: "Comecei a aprender gaita depois de ouvir grandes nomes do blues como Little Walter e Sonny Boy Williamson. Desde então, toquei gaita em muitas faixas e em incontáveis ​​shows ao longo dos anos".

 Por seu um produto exclusivo, o preço unitário é baixo para os padrões europeus: 49,99 libras (R$276,26), Para efeito de comparação, o modelo preferido da maioria dos gaitistas profissionais, a Marine Band, da alemã Hohner, custa entre R$ 300 e R$ 400 no Brasil, assim como alguns dos modelos mais simples da Seydel.

Quando de seu lançamento, a gaita signature John Lennon, da Hohner, chegou a custar algo entre US$ 100 e S$ 150 (entre R$ 500  e R$ 750), sendo que não havia limite de tiragem na fabricação.

A de Bob Dylan, no entanto, manteve uma aura de exclusividade, teve apenas uma tiragem por muito tempo, chegando a custar mais de U$ 200 (R$ 1 mil) , dependendo do modelo.

Festival de Inverno abre as portas para rock pesado em Paranapiacaba



Música pesada estará presente no cardápio da 22º edição do Festival de Inverno de Paranapiacaba, que acontece na tradicional Vila Inglesa localizada em Santo André (ABC Paulista), no domingo (30). A entrada é gratuita.

O Coletivo Rock ABC ocupa o espaço e terá um palco (Rua Vereador João Dias Carrasqueira, s/n) voltado para atrações de peso. Entre os confirmados está o quarteto Torture Squad. Formada por Amilcar Christófaro (bateria) e Castor (contrabaixo), e dois andreenses, Mayara Puertas (voz) e Rene Simionato (guitarra), a banda se apresenta a partir das 19h e aposta em show especial que celebra os 30 anos de carreira.

Quem abre a programação do palco roqueiro é a banda Ezúmia, a partir das 11h, seguida por O Velho Bucaneiro e Decreto Sem Lei. Depois quem toma conta do palco do Coletivo Rock ABC são os grupos The Damnation, Siegrid Ingrid e Flicts.

"Para nós, do Coletivo Rock ABC, é uma imensa honra e um enorme prazer poder realizar tudo isso, pois além de levarmos nomes já consagrados, como Flicts, Torture Squad e Siegrid Ingrid, também damos visibilidade para bandas que estão começando, como o Ezúmia e o Decreto Sem Lei", explica Chrys Clenched, artista plástica e uma das responsáveis pelo Coletivo Rock ABC.

Chrys explica que, "além disso, ainda teremos representantes femininas como a Mayara Puertas, vocalista do Torture Squad, e a banda The Damnnation, que é composta por mulheres, dando assim a representatividade feminina tão necessária na cena roqueira".

Além do palco do Coletivo, o Festival de Inverno de Paranapiacaba, realizado pela prefeitura de Santo André, oferece diversas outras atrações artísticas, todas gratuitas.

O visitante conta com estacionamento localizado na Rodovia Dep. Adib Chammas (km 47). A partir do local, terá acesso a um dos ônibus gratuitos que irão até a parte baixa de Paranapiacaba, com desembarque ao lado da Casa Fox. O valor do estacionamento é: R$ 50 (carros); R$ 40 (motos); R$ 100 (vans fretadas); R$ 200 (ônibus).

Quem optar pelo transporte público conta com as seguintes opções:
Partidas do Terminal Rodoviário de Santo André Leste (TERSA). Linha 040 - Paranapiacaba da Viação Ribeirão Pires.

Trem e ônibus: Ir até a estação terminal Rio Grande da Serra (CPTM) – linha Diamante, caminhar até a rua Pastor Aquilino Sartori, 02 – RGS e pegar as linhas de Ônibus intermunicipais direto a Paranapiacaba.

SERVIÇO

Ocupação do Coletivo Rock no Festival de Inverno de Paranapiacaba
Apresentação: Rodrigo Branco da Kiss FM
Data: 30/07/2023 (domingo)
Horário: 11h às 19h
Local: Vila Ferroviária de Paranapiacaba (Santo André)
Entrada gratuita.

Os abutres apontam os dedos, e Sinéad O'Connor é vilipendiada mais uma vez

 Débora era uma mulher imponente. Cantava bem e vivia o rock com intensidade desde que ingressou na família Made in Brazil - fazia vocais de apoio na banda e era casada ctragédia?om o líder, o baixista e vocalista Oswaldo Vecchione. Quem a conhecia superficialmente achava que ela curtia a vida, até que um dia ela decidiu que não dava mais e optou pelo suicídio.

A narrativa de como foram os anos de convivência com a depressão de Débora é o ponto mais dramático do documentário ótimo sobre a banda paulistana, a mais antiga em atividade na América do Sul - longos 56 ano.

Vecchione conta detalhes do cotidiano ao lado da mulher e companheira de banda ate o desfecho final, quando ela aproveitou um descuido na vigilância doméstica de marido, enteados e amigos para tirar a própria vida. Não há como não se comover.

O viúvo apenas resvalou em um assunto ainda mais complicado e perverso - o sentimento de culpa e os olhares incriminatórios de amigos e parentes. Será que eu e os outros fizemos tudo o que podíamos para evitar a tragédia, pergunta-se o viúvo todos os dias.

Por isso soa oportunista e o deplorável texto que o cantor Morrissey, ex-The Smiths, publicou nas redes sociais, "culpando" o mundo pela morte da cantora irlandesa Sinéad O'Connor, aos 56 anos, nesta semana. A

 causa da morte não foi divulgada. mas as principais desconfianças são de suicídio, já que ela estava em depressão profunda desde que um de seus quatro filhos, de 17 anos, se matou no ano passado.

O texto de Morrissey, na verdade, ataca "todos aqueles que escreveram textos bonitos de condolências e homenagens, mas nunca fizeram nada para ajudar a cantora em seus momentos de depressão e de mergulho em um quase ostracismo".

O cantor inglês investiu contra gravadoras e a "imprensa", sem especificar, por atacá-la e forçar um "afastamento" da via pública, enquanto "sapateavam em cima de uma figura destruída e prostrada".

Ainda que com os costumeiros exageros, Morrissey mais uma vez erra o alvo ao atacar os mesmos de sempre e com o discurso vitimista de sempre. 

Sinéad sabia desde o começo que estava adentrando em um campo minado ao abordar em entrevistas e letras os abusos os quais sofreu na infância e adolescência, além de se engajar no combate à pedofilia (principalmente na forte Igreja Católica irlandesa) e lutar a favor da permissão do abordo.

Corajosa, mesmo se mostrando vulnerável, às vezes, expôs a extrema hipocrisia da sociedade irlandesa, e depois a britânica, no tratamento de crimes sexuais contra crianças e foi a principal voz no rock a favo de medidas e atenção a casos de saúde mental - então considerados meros "mimimis" no anos 90. 

O tempo mostrou que ela tinha razão - Chris Cornell (Soundgarden), Mike Howe (Metal Church), o ator Robin Williams e muitos outros sucumbiram á depressão profunda, com suas mortes devidamente acompanhadas por acusações infundadas e perversas contra amigos e parentes.

Quando ela rasgou a imagem do papa João Paulo II para afrontar a Igreja Católica e o silêncio aos casos de pedofilia na Irlanda e nos Estados Unidos, Sinéad sabia que estava na mira de todos. 

Ao raspar a cabeça anos antes, em protesto contra críticas ao seu visual, desagradou profundamente a sua gravadora e seus empresários, iniciando uam série de embates com o "mercado", perdendo quase sempre.

Um dos poucos amigos que restaram foi Roger Daltrey, vocalista de The Who. Ao comemorar 50 anos de idade, em 1994, ele organizou um concerto solo cheio de convidados onde tocou só músicas compostas por Pete Townshend, seu companheiro de banda.

Entre os convidados, além de Townshend, estava o baixista John Entwistle, outro companheiro de Who, a banda irlandesa de música folk tradicional The Chieftains, Sinéad O'Connor, já sob intensos ataques de todos os lados.

Discreta, ela fez duetos com o aniversariante em "Baba O'Riley", clássico da banda, e "After the Fire", o seu segundo maior sucesso na carreira solo. Foi a única artista convidada a cantar duas músicas no evento.

Os apoios eventuais deram fôlego à carreira dela, mas não muito. Lentamente ela foi ganhando a pecha de excêntrica e de "difícil", o que foi limitando o seu espaço nas TVs e nas rádios. a agenda de shows ficou menos preenchida, o que aumentou o ressentimento e acentuou a gravidade da depressão.

Ainda assim, mesmo quando era procurada, cada vez mais raramente, para entrevistas, fazia defesa apaixonada das políticas públicas de amparo à saúde mental e da necessidade de se tratar essa questão como um dos males do século XXI. Dentro do rock, foi a mais contundente a abordar o assunto, e foi sempre reconhecida por isso.

Era previsível que oportunistas como Morrissey aproveitassem o momento para destilar ressentimento pestilento contra supostos inimigos de sempre. 

Que essas doses de veneno, ao menos, sirvam de alerta, mais uma vez, para a grande causa á qual a cantora irlandesa se dedicou até para diminuir a chance dos abutres de se bauquetear com esse tipo de tragédia.

quarta-feira, 26 de julho de 2023

'Kill'Em All', 40 anos: estreia do Metallica foi o ponto de partida para thrash metal

 Nas costumeiras entrevistas coletivas engessadas e previsíveis que envolvem grandes nomes do rock mundial, algumas se destacam pela inutilidade total e pela presença de penetras. Jornalistas se veem obrigados a dividir espaço com imbecis que estão ali apenas por serem fãs, que "baba ovo" e fazem perguntas igualmente imbecis, atrapalhando a divulgação do evento e do lançamento.

Em um desses eventos meio micados, Lars Ulrich, baterista do Metallica, ficou meio constrangido quando um fã brasileiro perguntou como ele se sentia sendo responsável pela "criação" de um novo gênero musical, ou subgênero, no caso o thrash metal. 

Meio surpreso, ele sorriu largamente e respondeu que nem nos melhores pensamentos ele e seu companheiros de banda tinham a noção de que o som deles se tornaria tão importante a ponto de abrir as portas para o surgimento de uma "nova denominação".

Ele se referia a "Kill'Em All", o álbum de estreia do Metallica, surgido há 40 anos para demolir mentes e derrubar estruturas, levando adiante a agressividade e a potência sonora do então ao heavy metal mais puro praticado por bandas inglesas Iron Maiden, Saxon e Judas Priest. 

A ideia era expandir os limites da "sujeira" e da brutalidade inaugurada por outra banda britânica, o Venom, considerado o pai do thrash, do death e do black metal.

Diante das controvérsias sobre quem inventou o metal extremo, convencionou-se dizer que o Venom abriu as portas e o Metallica formatou a ideia, seguido pelos conterrâneos californianos Slayer, Exous, Death Angel, testament e muitas outras bandas.

Para muita gente sem acesso ao underground inglês, foi o Metallica que escancarou os portões do inferno e fez emergir um som demoníaco, avassalador, potente e brutalmente pesado, acelerando o metal incorporando a sujeira do punk e do hardcore.

As letras pesadas e densas davam um charme diferente a uma devastação sonora até então sem precedentes, apostando em um barulho ensurdecedor como estética de arte agressiva e destruidora.

Se Ulrich e os colegas não tinham muita noção da importância do que estavam criando, sabiam, por outro lado, que era um avanço em relação ao que o movimento punk tinha proposto na década anterior.

 Havia a mesma rebeldia e o mesmo oinconformismo, com um senso de não pertencimento a uma sociedade em constante movimento e mudança, mas com focos de resistência conservadores. 

A diferença é que os punks se autoconsumiram em uma imensa pira de autodestruição, enquanto os "headbangers" miravam o rock pesado britânico, que pretendiam durar mais que os punks propondo novos parâmetros estéticos, refinando a música a ponto de estabelecê-la como uma arte de vnguarda.

Neste ponto, Ulrich assume que havia sim, em 1983, uma certa ambição estética no som agressivo e rebelde de uma juventude desamparada e desprovida de modelos artísticos originais e que pudessem chamar de seus.

E então ocorre a cisão em um espaço dominado pelo glamour e pela onda reformista inspirada na indústria do cinema. 

De um lado aparecem os jovens que enxergam na sofisticação yuppie/hedonista um ideal de vida, com a explosão do hard rock e da volta do glam rock; do outro lado, a a rebeldia de inspiração punk e do resquício da crescente violência urbana em bairros periféricos, com uma falta de perspectiva de ida para os jovens parecida com o que os ingleses observaram na década anterior, época de desemprego em alta e alastramento da pobreza na região metropolitana de Londres.

"Kill'Em All" é produto desse caldeirão de influências e circunstâncias que moldaram parte do pensamento jovem das Américas nos anos 80, com os temas dilacerantes e violentos abordados por bandas pesadas como Slayer, Possessed, Exodus e o próprio Metallica. 

 O álbum ainda estava longe do refinamento de "Master of Puppets" e da sofisticação de "...And Justice For All". Era mais cru e abusava de uma violência estética e sonora até certo ponto calculada, mas extremamente eficiente a ponto de impulsionar o quarteto para liderar aquele "movimento" jovem.

Em um mercado em constante mutação, o Metallica chamou a atenção por sua agressividade e pela extrema honestidade com que abordava temas complicados. Logo todos os selos amis "descolados" queriam ter a sua banda "extrema e violenta", abrindo caminho para o slayer e todas as outras bandas da Bay Area, de San Francisco.

Curiosamente, muitos especialistas resistem a estabelecer "Kill'em All" como um marco histórico do rock e do heavy metal, em relutantes análises que tentam colocar o isco no mesmo balaio de "Black Metal", do Venom. 

A banda inglesa foi a grande influência, mas o pontapé inicial para a tempestade de violência, sangue e porrada sonora de "Kill'Em All" e com a sua sequência extraordinária, "Ride the Lightning", de 1984.

Para uma banda que propunha um som diferente e a estabelecer, ainda que de forma meio acanhada, outros padrões estéticos de som pesado, confeccionar um disco tão contundente era mais do que uma vitória para garotos de 19 e 20 anos de idade.

Ninguém na época esperava por coisas como "The Four Horsemen", um hino apocalíptico e ultrapesado peara os padrões da época, assim como a violenta "Whiplash".

Tinha também a belicosa "Hit the Lights" e a amargurada "No Remorse", que abusavam de riffs hipnóticos e bem construídos, além da insana e declaração de guerra ao mundo "Metal Militia" e do hit supremo do metal de todos os tempos "Seek and Destroy", clássico dos clássicos do thrash metal.

O Metallica pode se vangloriar de ter feito história logo em sua estreia fonográfica, algo que somente Beatles e Ramones podem se orgulhar dentro do rock A importância de "Kill'Em All" ainda está por ser estabelecida e reconhecida como o ponto de partida para as vertentes mais extremas do rock e do metal.


A estreia do Queen em LP, há 50 anos, mostrava um vulcão prestes a explodir

 No princípio era apenas mais uma banda de rock pesado que trilhava o caminho do Led Zeppelin. houve quem dissesse que não passava de Uriah Heep menos inspirado, mas aí as pessoas começaram a prestar a atenção no vocalista e no guitarrista. Foi então que a banda de pub esfumaçado começou a ser otada de outro modo, e o primeiro álbum comprovou que era uma banda diferente.

Há 50 anos o Queen lançava o seu primeiro disco e mostrava que era diferente, embora não em sua totalidade. Foi somente depois que lançou o terceiro, em 1974, o ótimo "Sheer Heart Attack", que ficou realmente famosa e começou a ser reconhecida.

Mas o cartão de visitas, que colocava o grupo em outro patamar naquele ano de 1973, era muito bom e ajudou a abrir muitas portas e enfatizar o que uma parte do público de Londres já sabia: Freddie Mercyry, o cantor, já se comportava como uma diva no palco e cantava divinamente; o guitarrista, Brian May, obteve um timbre único e próprio com seu instrumento construído por ele e seu pai; john Deacon, o baixista, era um compositor inspirado. o bateria, Roger Taylor, um prodígio do instrumento e bastante versátil, além de cantar bem.

A primeira demo, gravada no De Lane Lea Studiosom "Keep Yourself Alive" e "Jesus", foi enviada a diversas gravadoras. A única proposta veio da pequena Charisma Records, que foi recusada por ser demasiado baixa e pelo fato de a banda duvidar da capacidade do selo em fazer uma divulgação adequada.

Quem viu algum potencial non Queen foi o dono do Trident Studios, Norman Sheffield, que virou o empresário, não cobrando pelo uso do estúdio - mas a banda só poderia gravar quando o estúdio estivesse livre, o que a obrigou a trabalhar em horários alternativos, como a madrugada..

Ok, tudo isso não foi percebido ao mesmo tempo no lançamento do trabalho, mas deu estofo para que o Queen conseguisse oportunidades melhores e pulasse na frente de diversos concorrentes de algum peso, como o Mott the Hoople, que patinava mesmo apadrinhado por David Bowie, então astro em ascensão.

"Queen", a estreia, tinha um som cru e ríspido, algo que May criticaria depois em várias entrevistas - para, a produção "sufocou" o som poderoso da banda, e não representava exatamente como ela soava ao vivo.

Entretanto, era o primeiro objetivo atingido depois de três anos de batalha em palcos menores e bares, insistindo em ocar suas próprias músicas e fazendo um incipiente hard rock que ora se parecia com o Led Zeppelin, ora com Deep Purple. 

Uma coisa ficava evidente nestes pubs da vida: Mercury era um showman, um vocalista teatral e de excelentes recursos cênicos, além de cantar muito bem. Quando entrou no estúdio, estava lapidado, embora um pouco mais contido do que o habitual. mais do que nunca, jogava para o time.

Observando 50 anos depois, Queen e um disco muito bom e impressionante por ser um trabalho de estreia de uma banda pouco comentada à época, ate mesmo desprezada. No conjunto, é coeso com boas canções. Se fosse lançado 10 ou 20 nos depois, será considerado um ótimo disco de estreia de uma banda.

Na época, curiosamente, não causou grande impacto, mesmo tendo recebido boas críticas de gente de peso na imprensa britânica. Também houve comentários depreciativos, que incomodaram, principalmente aqueles que teimavam em compará-los ao Led Zeppelin.

Em março de 73 o Queen assinou com a EMI Records, o que possibilitou que o disco saísse na Grã-Bretanha em 13 de julho daquele ano. Se não foi um estouro de vendas, serviu para colocar  Queen no mapa, ficando entre os 30 ami vendidos do Reino Unido e entre os 100 mais dos Estados Unidos em 1973.

"Keep Yourself Alive" é o grande hit e que figurou por anos no repertório da banda com seu riff poderoso e solos inspirado de May. O refrão pegajoso mostrou como a banda tinha potencial pop para escalar as paradas de sucesso.

Entre as joias perdidas estão "Son & Daughter", outra canção com refrão forte e que tem origem na relação meio conflituosa entre Mercury e seu pai, "Liar", outro hit em potencial que acabou obscurecido, e "modern Times Rock'n'Roll", de autoria de Taylor, um som dançante simples e acelerado. 

"Seven Seas of Rhye", de Mercury, curtinha e que encerra o álbum, é talvez a melhor do álbum - pesada, rápida e intensa, com um riff de piano maravilhoso que sustenta uma base pesada de guitarra.

Mick Jagger chega aos 80 anos como o maior vencedor do rock

 Para quem resolveu dobrar a aposta - "não me vejo cantando 'Satisfaction' aos 40 anos de idade", declarou certa vez -, até que os resultados foram muito além do satisfatório. Mick Jagger chega aos 80 anos inteiro e atlético, dando aula de vitalidade nos palcos e encarando turnês mundiais desde sempre.

A voz já não é a mesma? Ainda bem, sinal de que é humano. mas aguenta, e bem, cantar por quase três horas noite após noite há 61 anos, lotando estádios e parando cidades. Um show dos Rolling Stones é mais do que um evento, é uma grande celebração da vida e da arte.

Jagger sempre soube disso, mas também sabia muito mais de economia e show business. Sob a sua tutela, com o auxílio luxuoso de profissionais inteligentes, ousados e criativos, transformou o nome de sua banda em uma marca à prova do tempo, de corrosão e de destruição. Os Stones são tão conhecidos e importantes, como marca, quando a Coca-Cola, a Apple e Pelé. É um dos sinônimos de rock and roll, em todos os sentidos.

|Ainda cursava economia em Londres quando começou a se destacar na cena blueseira da cidade. À frete dos Rolling Stones, nome que detestava, estava submetido à liderança do instável guitarrista Brian Jones, o fundador da banda e que cedia o imóvel onde ele, Jagger e o outro guitarrista, Keith Richards, se amontoavam por volta de 1962.

Ainda faltavam liderança e carisma naquela noite de 12 de junho de 1962, no Marquee Club, quando a banda estreou, mas bastaram dois anos para que assumisse o comando da nau. Descobriu-se, na amarra, um compositor prolífico e habilidoso, assim como um tenaz homem de neóícios. Percebeu muito cedo o valor das coisas a importância do rock e de sua banda.

Em público, nunca encampou a comparação comumente feita pela imprensa inglesa entr4e Beatles e Stones - "a primeira era gerenciada como uma família; a segunda. como uma empresa, o que explicaria a sua longevidade". No entanto, ele perfeitamente poderia personificar esse pensamento.

Sem os Beatles como concorrentes, a partir de 1970, Jagger e os Stones decolaram fora dos palcos. Tornaram-se uma máquina de fazer dinheiro - e vítimas, mas faz parte no mundo dos negócios, não é?

Quando a banda ficou grande demais para o sonhador e ousado Andre Loo-Oldham, o empresário visionário que ajudou aa criar um visual polêmico e agressivo para o grupo, Jagger não hesitou em agradecer para outros rumos. 

Se errou de cara ao substituí-lo pelo norte-americano ganancioso Allen Klein, acertou ao perceber rapidamente o erro e afastar o norte-americano do comando administrativo. 

Teve mais cuidado ao analisar as opções e aceitar a ajuda do amigo Príncipe Rupert Lowenstein, administrador competente com ótimos conhecimentos de contabilidade. 

Os dois transformaram os Stones em uma empresa sólida, valiosa e inovadora no mundo do entretenimento. Jagger se tornou referência em Wall Street e na City londrina, o centro financeiro da Inglaterra.

É ficar no óbvio ao dizer que Mick Jagger é "símbolo de resistência e resiliência dentro do rock", seja pela longevidade, seja pelo talento. Ele é muito mais do que isso.

Mestre do ilusionismo e da dissimulação, encarnou o diabo da juventude para expandir a fama e a marca para depois curtir a vida de "dandi" e celebridade mundial com direito a título de "Sir" - cavaleiro do Império Britânico -, algo repudiado e motivo de chacota do companheiro Richards. 

O "sistema" tentou destruir Jagger e os Stones com perseguição moral e policial nos anos 60, provocado a sua prisão por alguns dias em 1967 por porte de drogas? 

O cantor deu a volta por cima tornando-se parte invejável do sistema, manipulando-o e tornando uma máquina servil a seu favor. Richards nunca entendeu - ou não quis entender - a ironia da história e o ardil montado pelo companheiro. Sempre achou que a aura rebelde era o que matinha os Stones vivos e relevantes. Para a sua sorte - e de sua conta bancária - Jagger pensava e pensa bom diferente.

Mick Jagger chega aos 80 anos de idade em cima dos palcos e encarnando a imagem do polvo que agrega todas as imagens atribuídas a uma instituição do entretenimento, liderando segmentos que vão do sucesso e talento à habilidade nos negócios e esperteza na luta pela sobrevivência artística.

 Até pode ser considerado um exemplo para qualquer artista, mas o que Jagger representa é mais pesado e visível: ele é um vencedor, provavelmente o maior do rock, talvez ao lado de Paul McCartney.

terça-feira, 25 de julho de 2023

Knotfest Brasil 2023 é cancelado; organizadores prometem edição para 2024

 Do site Roque Reverso

A organização do Knotfest Brasil anunciou nesta segunda-feira, 24 de julho, o cancelamento da edição que aconteceria em 2023 na cidade de São Paulo. Não foi informado o motivo, mas o comunicado trouxe a promessa de que o festival voltará a ser realizado em 2024.

O Knotfest Brasil 2023 aconteceria nos dias 21 e 22 de outubro no Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista.

A edição deste ano seria a segunda consecutiva no Brasil e reuniria nomes de peso do heavy metal e do rock pesado, seguindo a proposta do festival, que tem a curadoria da banda norte-americana Slipknot.

“A edição de 2023 do Knotfest precisou ser adiada e não acontecerá mais nos dias 21 e 22 de outubro, em São Paulo”, escreveram os organizadores do evento em comunicado divulgado nas redes sociais. O Knotfest estará de volta em 2024. Nos vemos ano que vem”, finalizaram.

Em 2022, depois de adiamentos gerados pela fase crítica da pandemia de covid-19, o Knotfest Brasil foi realizado em dezembro, com ingressos esgotados, no Sambódromo do Anhembi.

Na ocasião, o line-up foi formado pelo headliner Slipknot, além das bandas Judas Priest, Pantera, Bring Me The Horizon, Sepultura, Trivium, Mr Bungle e Black Pantera.

Com cobertura especial do Roque Reverso, o Knotfest Brasil 2022 gerou grandes e marcantes momentos ao público presente, especialmente pela qualidade dos shows, que eram o ponto central do festival, a despeito das demais atrações além da música.

Para 2023, havia grande expectativa para a vinda de outras bandas. Korn e Evanescence chegaram a ser citados como nomes prováveis, mas nunca foram oficialmente confirmados oficialmente pelos organizadores.

Evanescence confirma local e data de show em São Paulo e data extra em BH



Do site Roque Reverso


O Evanescence confirmou a data e o local do show que fará em São Paulo em outubro. Na capital paulista, o grupo vai se apresentar no dia 21 de outubro no palco do Novo Anhangabaú, na região central da cidade.

A informação foi divulgada na segunda-feira, 24 de julho, quando também foi anunciada uma data extra para Belo Horizonte.

A banda norte-americana liderada pela vocalista Amy Lee voltará ao Brasil em outubro para show em cinco capitais. Vai se apresentar em Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e São Paulo.

Até esta segunda-feira, já eram conhecidos os locais e as datas para os shows de quatro capitais, onde todos os ingressos se esgotaram, e faltava apenas saber quando e onde o grupo tocaria em SP.



A data extra em Belo Horizonte será no dia 26 de outubro no mesmo local do dia 25, o Arena Hall.

Além desses shows, como já é sabido desde junho, as apresentações do grupo acontecerão no dia 19 de outubro, em Curitiba, no Live; no dia 23 de outubro, no Rio de Janeiro, no Qualistage; e, no dia 28 de outubro, em Recife, no Classic Hall.

A passagem do Evanescence pelo Brasil faz parte da turnê de divulgação do bom álbum “The Bitter Truth”, lançado em março de 2021 e que foi bem recebido por crítica e público.

A banda brasileira Ego Kill Talent foi confirmada como grupo de abertura em todas as datas.

A venda oficial de ingressos para os shows de São Paulo e BH (data extra) tem início no dia 26 de julho, às 10 horas (de Brasília), no site da Eventim.

Valores

Para o show em São Paulo, os valores inteiros de ingresso por setor são os seguintes: Pista Premium (R$ 650,00); Pista (R$ 350,00); VIP 1 – Evanescence Soundcheck Package (R$ 2.143,00); e VIP 2 – Evanescence Early Entry Package (R$ 1.385,00).

Quanto ao show em Belo Horizonte, os valores inteiros de ingresso por setor são os seguintes: Pista Premium (R$ 540,00); Arquibancada (R$ 340,00); Camarotes (R$ 480,00); Suítes (R$ 620,00); VIP 1 – Evanescence Soundcheck Package (R$ 2.033,00); e VIP 2 – Evanescence Early Entry Package (R$ 1.275,00).

Para todas as opções, há possibilidade de meia-entrada. Na compra de ingressos apenas pelo site, é possível o parcelamento no cartão em dez vezes.

Entradas VIPs

A modalidade especial de entrada VIP 1 inclui 1 ingresso de Pista Premium; acesso exclusivo ao soundcheck do Evanescence; 1 litografia autografada; 2 itens especialmente desenhados para o merchandising VIP; entrada antecipada VIP no local do show; e acesso à compra de merchandising antes do público geral.

A modalidade especial de entrada VIP 2 inclui 1 ingresso de Pista Premium; entrada antecipada VIP no local do show; 1 litografia autografada; 2 itens especialmente desenhados para o merchandising VIP; e acesso à compra de merchandising antes do público geral.

Oxigênio Festival 2023, em agosto, terá quatro bandas internacionais e 20 nacionais



A edição 2023 do Oxigênio Festival apresenta um lineup diversificado, recheado de bandas importantes e em alta do punk, hardcore e rock alternativo nacional e internacional. São 24 atrações que se apresentarão entre os dias 26 e 27 de agosto, em um amplo hangar do Aeroclube Campo de Marte, em São Paulo.

Assim como nas últimas edições, o Oxigênio Festival 2023 contará com dois palcos no Aeroclube do Campo de Marte, com uma vista para a pista de decolagem e aterrizagem do local.

A oitava edição é uma realização da Gig Music e Hangar 110. Os ingressos continuam à venda em www.oxigeniofestival.com.br.

A área externa é ampla e os palcos ficam distantes o suficiente para que tudo aconteça de forma independente e em horários alternados.

O Oxigênio 2023 recebe, nos dois dias, um dos shows mais esperados em anos: a volta do Rancore com a formação completa, a mesma do emblemático disco Seiva (3º da carreira, lançado em 2011), que mudou paradigmas do rock alternativo do independente nacional.

Bandas internacionais renomadas e com grande público no Brasil também estão no lineup: no sábado, 26/08, Samiam, banda remanescente da cena punk do final da década de 1980 da Califórnia (Estados Unidos) e considerada pioneira do então chamado 'emocore', devido à mistura única de punk rock, hardcore, pop e indie.

Ainda no sábado, The Slackers com seu altíssimo ska, fundado em 1991 em Nova York, o grupo tornou-se um dos mais influentes em todo planeta quando o assunto é tocar ska dos mais tradicionais, repleto de influências do reggae. Dead Fish volta ao Oxigênio com a turnê que celebra 30 anos de intensas atividades dessa principal banda da cena independente nacional.

Quando o assunto é retorno, imprescindível mencionar o Blind Pigs, ícone do punk rock nacional que fez história na década de 90, e farão um show especial para o primeiro dia de festival.

No domingo, uma das atrações internacionais é a sensação do deathcore Chelsea Grin, dos Estados Unidos, que faz a aguardada estreia no Brasil. Mais uma gringa será anunciada em breve para compor o segundo dia do Oxigênio Festival 2023.

Outro nome gringo é o cantor canadense Jonny Craig, uma das vozes mais reconhecidas do rock pela atual carreira solo e também pelos trabalhos do passado enquanto vocalista do Emarosa, Slaves, Dance Gavin Dance e Ghost Runner on Third.

A banda Granada, nome de peso do rock alternativo e que até hoje permeia a lembrança dos fãs do estilo, se apresenta no domingo, 27/08. É mais um show de reunião para tocar músicas dos três discos lançados, assim como aconteceu no Oxigênio 2019.

Day Limns, umas das revelações da música independente nacional, que estourou no Youtube, é mais uma atração no domingo, mesmo dia do Zander, com a nova e enérgica formação, e Hevo84, expoente do emocore de décadas passadas.

Lineup completo por dia
26 de Agosto (Sábado):
Rancore, Samiam (EUA), Dead Fish, The Slackers (EUA), Blind Pigs, Chuva Negra, Colid, Molho Negro, Sapobanjo, Lylith Pop, Refugiadas e Karaokillers

27 de Agosto (Domingo):
Rancore, Chelsea Grin (EUA), Jonny Craig (CAN), Granada, Day Limns, Zander, Hevo84, Mia, Leela, Bad Luv, Putz, The Zasters, Uelo, Karaokillers.

Em paralelo à música rolando nos palcos, o festival terá espaços de arte urbana, fotografia e gastronomia, além de espaço de merchandise oficial.

O Oxigênio Festival 2023 é uma realização da Gig Music e do Hangar 110, com apoio da Oakley, Monster Energy, Xeque-Mate, Jack Daniel's e Fuji Film.

Serviço
Datas: 26 e 27 de agosto de 2023
Local: Aeroclube Campo de Marte (próximo ao Sambódramo do Anhembi)
Endereço: Olavo Fontoura, nº 650 - Santana, São Paulo/SP
Horário: 12h (abertura da casa)
Local: Aeroclube Campo de Marte
Endereço: Avenida Olavo Fontoura, 650, Santana - São Paulo, SP

Ingressos (para cada dia de evento):
Sábado, 26/08
R$200,00 (meia entrada) – Pista 3º Lote
Camarote - ESGOTADO

Domingo, 26/08
R$190,00 (meia entrada) – Pista 2º Lote
R$250,00 (meia entrada) – Camarote 2º Lote (meia entrada)

Passaporte (válido para os dois dias de evento)
ESGOTADOS!

(ingresso pessoal e INTRANSFERÍVEL válido para os dois dias de evento)

Meia/Promo (válidos com a doação de 1kg de alimento não perecível ou apresentação de comprovante meia entrada de acordo com a Lei Federal nº 12.933/2013)

Angra revela detalhes da gravação de DVD acústico em Curitiba

 No dia 12 de agosto (sábado), o Angra subirá ao palco da Ópera de Arame para um show acústico especial. A experiência ao vivo será eternizada com o lançamento de um DVD ao vivo, que será registrado nessa noite. 

A icônica apresentação de um dos baluartes da música brasileira trará, além dos cinco integrantes apresentando seus mais famosos clássicos em formato desplugado, a participação de uma orquestra e de músicos convidados especiais, para celebrar o legado da banda e seus mais de trinta anos de carreira. Explorar a música em todos os seus caminhos nunca foi uma novidade para o Angra. 

Basta notar que no próximo disco de estúdio da banda, "Cycles of Pain", que será lançado em novembro, há uma faixa, "Vida Seca", que conta com participação do lendário Lenine. O peso do metal e as influências de música clássica e regional são a base de uma experiência musical rica e perene. 

O guitarrista e fundador do quinteto, Rafael Bittencourt garante uma apresentação histórica: “Esse show acústico para mim é um sonho realizado, desde a época do André Matos fazíamos acústicos em lojas de discos e até shows acústicos. Sempre quis gravar algo, que não precisa ser exclusivamente com instrumentos acústicos, mas versões suaves e elegantes das músicas do Angra. Nossa ideia é mostrar as músicas em sua essência, despidas dos estereótipos do heavy metal, bumbos rápidos, solos de guitarra e agudos incríveis. Gostaria de provar para as pessoas que, mesmo sem esses elementos, que são marcantes em nosso estilo, as músicas permanecem boas, ricas com suas harmonias, melodias e letras". 

Para o experiente músico, finalmente realizar esse sonho justamente em Curitiba tem um sabor ainda mais especial: "Poder fazer isso na Ópera de Arame, em Curitiba, é mais um sonho realizado! É um dos teatros mais bonitos do Brasil, e é também uma experiência incrível para o público. Tive recentemente a oportunidade de tocar lá, mas, realizar esse show nesse formato tão especial, é para mim uma incrível realização. É um grande momento para a banda poder revisitar e homenagear nosso legado e, ao mesmo tempo, nos prepararmos para o futuro com o novo álbum", conclui Rafael.

Serviço

Acústico do Angra em Curitiba – Gravação de DVD
Data: 12 de agosto de 2022 (sábado)
Local: Ópera de Arame
Endereço: R. João Gava, 920 - Abranches
Classificação etária: 18 anos
Horário: 19h (portões), 21h (show)

Ingressos:

Pista Meia
Pista Meia - Lote 4: R$ 115,00

Pista Inteira
Pista Inteira - Lote 4: R$ 220,00

Holy Stage Experience Promocional
Holy Stage + 1kg de alimento - Lote 1: R$ 480,00

* Holy Stage – Ingresso em área reservada dentro do palco + show exclusivo
** Os setores possuem cadeiras sem marcação

Venda online/Informações: https://www.bilheto.com.br/evento/1527/Angra_-_Gravacao_de_DVD_Acustico

segunda-feira, 24 de julho de 2023

A vida além dos palcos - como os roqueiros nacionais se equilibram em outras atividades

A grande maioria dos músicos profissionais brasileiros - e do mundo - geralmente se divide em outras atividades para ajudar no orçamento ou mesmo manter o sonho vivo de fazer arte.

É uma situação bem complicada e impacta diretamente na vida das pessoas e dos empreendimentos. A banda Malvada, que está em ascensão desde 2020, viu sua vocalista original deixar o grupo em um momento crucial, no auge do reconhecimento.

Entre os motivos da saída, Angel Sberse disse em uma entrevista que a agenda pesada da banda estava interferindo em sua ocupação principal, a de um cargo importante em uma multinacional da área da agronegócio. 

Formada em administração de empresas há 20 anos, ela disse sem meias palavras: era o emprego na empresa que a mantinha e a sustentava, sendo uma mulher solteira e sem família rica.

Fizemos aqui uma rápida compilação de artistas que também de destacam - ou se destacaram - em atividades paralelas, sendo principais ou não na vida destes roqueiro.

- Juh Leidl - Cantora versátil que íntegra a banda Freesome, de Campinas (SP), é uma das mais requisitadas artistas plástica do meio musical brasileiro, sendo responsável pelas capas de CDs, DVDs e LPs, além de camisetas, de dezenas de bandas.

- Gabby Vessoni - Cantora paulistana radicada no Rio de Janeiro, ganhou fama à frente da banda Fleesh, de rock progressivo, que faz versões muito particulares de grandes clássicos do rock e do prog, além de ter lançado dois CDs autorais. Também é uma inspirada e criativa videomaker, assinando a direção de diversos videoclipes e curtas-metragens.

- Marcello Pompeu - Cantor dos mais conhecidos dentro do heavy metal nacional, é o líder da banda Korzus, que comemora mais de 40 anos de estrada. Ao lado do parceiro de banda Heros Trench, engatou uma bem-sucedida carreira de produtor musical, assinando a produção de diversos CDs de bandas brasileiras.

- Thiago Bianchi - Mais um músico que extrapola os palcos e vai para a produção. Bianchi é vocalista da banda Noturnall e comanda o estúdio Fusão, em São Paulo, onde cuidou da produção de dezenas de CDs de artistas de vários estilos.

- Angel Sberse - A ex-vocalista da banda Malvada diminuiu o ritmo nos palcos, mas admite abraçar diversos projetos musicais ainda neste ano enquanto se divide com as funções de gerente comercial de uma área de vendas em uma multinacional da área do agronegócio.

- Andria Busic - Baixista e vocalista do Dr. Sin há anos é um dos mais procurados produtores musicais, comandando o próprio estúdio e assinando vários trabalhos musicais premiados.

- Ricardo Ravache - Baixista do Centúrias se divide há muitos anos entre os palcos, estúdios e as mesas de controle no mercado de investimentos financeiros. É considerado um dos principais especialistas nesta área em São Paulo.

- Dino Linardi - Cantor de hard rock e que liderou o Golpe de Estado por alguns anos também é um criativo luthier e construtor de baterias, em especial as de acrílico transparentes.

- José "Mao" Rodrigues Júnior - O vocalista dos Garotos Podres comemora 40 anos de carreira com a sua banda, mas sua atividade principal é ainda a de professor universitário de história, função que exerce desde os anos 80. Mesmo assim, nunca deixou de ser punk.

- Nina Pará - A baterista da banda ;Ronaldo e os Impedidos e ex-Kavla dividiu o palco por algum tempo com um escritório de advocacia. Viveu por anos correndo de tribunal e tribunal assumir apenas e em tempo integral o rock and roll.

- Valter Mendes Júnior - O ex-guitarrista do Angant e do Código 13 nunca deixou de exercer a advocacia em paralelo ao rock. Atualmente aperfeiçoa a técnica de violão clássico no ABC pauista.

- Fábio e Sandro Silva - Os irmãos guitarristas que levam o Kavla adiante sempre se dividiram entre o rock e a empresa bem-sucedida de informática e soluções digitais de alto nível. 

- Tony Bellotto - Guitarrista dos Titãs também é conhecido como romancista com seus cinco livros com o personagem Bellini, um detetive particular.

- Paulo Miklos - O ex-vocalista dos Titãs é um dos raros músicos brasileiros que se deram bem como atores de cinema e TV. Continua com sua carreira solo entrando na MPB e, de vez em quando, voltando ao rock.

- Clemente Nascimento e João Gordo - Respectivamente vocalistas de Inocentes e Ratos de Porão, há anos mantém carreiras sólidas como apresentadores de TV e programs de vídeo variados. Transformaram-se em referências no setor.

- Felipe Machado - Publicitário de formação, o guitarrista do Viper entrou no jornalismo no fim dos anos 90 trabalhando empresas como O Estado de S. Paulo e revista IstoÉ.

- Indira Castillo - A nova cantora da banda Malvada tem um passado como maquiadora profissional, área em que era considerada uma profissional das mais criativas.

- Wanderlei Perna - Baixista da banda de metal Genocídio também é reconhecido como um artista plástico e gráfico renomado, além de videomaker.

- Tiago Claro - O guitarrista do Seventh Seal reativou a banda, que está á beira dos 30 anos, mas é um competente empresário de bandas e agenciador de shows (booking), tendo como clientes como as bandas malvada, Viper e Golpe de Estado.

- Heleno Vale - Baterista criador do projeto Soulspell, qu é contemporâneo do alemão Avantasia, também é professor de tecnologia e consultor da área.

- Junior Carelli - O tecladista que foi integrante do Shaman e do Noturall mantém o projeto ANIE, como baixista e guitarrista Fernando Quesada, mas sua principal atividade é a produção de videos, estando no comando da produtora Fozzy.

- Fernando Quesada - Outro ex-Shaman e Noturnall, também passou pelo Armored Dawn e é considerado um dos melhores baixistas do país. Em paralelo, é um ativo empresário que administra franquias da marca School of Rock no Brasil. 

- Matheus Vieira - Guitarrista da banda Dead or a Lie, de Araraquara (SP) é jornalista de formação, com passagens pelas principais veículos de sua cidade e região.

- Leko Soares - Guitarrista da banda Lothloryen é um conhecido professor dde história em sua cidade, Poços de Caldas (MG).

Com mais liberdade, bandas brasileiras decidem reinvestir em produtos acústicos

Quando a banda paulistana Ira! decidiu criar o projeto "Ira Folk", com seus sucessos ganhando uma roupagem semiacústica, o vocalista Nasi comentou o que o diferenciava do CD/ DVD acústico, lançado mais de dez anos antes. "Estamos oferecendo algo diferente, ainda que a base seja a mesma. nada de superprodução ou arranjos rebuscados. Só quatro instrumentos no palco e nada mais."

A banda não sabia, mas estava revitalizando naquele ano de 2017 o formato "acústico" que ganharia novo fôlego depois do boom ocorrido nos anos 90 e 2000. Aos poucos a moda foi voltando até explodir em diversas variações durante a pandemia de covid-19, com ótimos resultados.

O evento mais bem-sucedido dos últimos tempos neste formato desplugado foi o projeto "Barão 40", do Barão Vermelho, que regravou ao vivo alguns de seus hits em 2021 com o vocalista Rodrigo Suricato. Com convidados, a banda mostrou que um acústico de verdade era aquele em que os músicos não precisavam de instrumentistas de apoio - a ideia era mostrar versões mis cruas e diferentes.

Deu tão certo que muita gente foi atrás. São pelo menos quatro bandas relevantes e importantes que decidiram apostar no formato, com ou seu apoio de músicos sobressalentes, como uma orquestra ou parte ela.

O primeiro produto que está pronto e sai em breve é o trio paulistano de hard rock Dr. Sin, dentro das comemorações de seus 30 anos de carreira. Era uma ideia que demorou anos para ser digerida e elaborada, o que teve de superar um período longo de hiato  uma mudança de formação.

O trio assumiu os instrumentos acústicos em uma apresentação gravada no ano passado para convidados e com o auxílio luxuoso de uma orquestra.

A banda teve o artista e amigo Marco Bavini (voz, violão, violão barítono, dobro e viola) protagonizando um quarto elemento, engrandecendo ainda mais os arranjos nas versões acústicas. O show foi gravado no Teatro J.Safra, em São Paulo, com uma produção extremamente elaborada. 

Entre os convidados estiveram no palco de Eduardo Ardanuy, a lenda da guitarra e membro da formação original, o guitarrista Rafael Bittencourt, da banda Angra, a pianista Juliana D’Agostini e ainda a  orquestra de cordas do maestro Bartolomeu Vaz.

O Angra, outra banda paulistana que comemora 30 anos de existência, escolheu um palco nobre para gravar o seu primeiro DVD acústico, a Ópera de Arame, em Curitiba (PR), em superprodução a ser realizada no dia 12 de agosto.

O show ocorrerá em 12 de agosto na Ópera de Arame, em Curitiba (PR). O guitarrista e fundador do quinteto, Rafael Bittencourt diz que é a realização de um sonho.

"Desde a época do [vocalista] André Matos, em que a gente costumava fazer alguns acústicos em lojas de discos, e até shows acústicos, que eu tinha a ideia de gravar em vídeo, um show seja para DVD ou qualquer outra finalidade acústico, que não precisa ser exclusivamente com instrumentos acústicos, mas versões suaves e elegantes das músicas do Angra."

O músico recupera a ideia original lá de Nasi, do Ira!, ao afirmar que a ideia é surpreender. "Nossa ideia é mostrar as músicas em sua essência, mas, despidas dos estereótipos do heavy metal, bumbos rápidos, solos de guitarra e agudos incríveis. Poder fazer isso na Ópera de Arame, em Curitiba é mais um sonho realizado."

Entre as bandas de punk rock, nenhuma está mais engajada do que O Inocentes, também paulistana e que anda testando o formato em um formato bastante minimalista.

Desde o ano passado que o guitarrista, vocalista e líder Clemente Nascimento vem se apresentando somente com o seu violão tentando manter a agressividade e o sarcasmo de grandes músicas como "Pânico em SP", "Pátria Amada" e "Rotina".

Neste ano, o parceiro de banda Ronaldo Passos se juntou ao colega para formar um duo que está sendo conhecida como Clemente e Ronaldo, Os resultados t~em sido animadores, e finalmente a banda decidiu gravar o seu DVD acústico.

"Gostei dos resultados até agora destas apresentações acústicas", disse Clemente em conversa com Combate Rock. "Nós vamos fazer o nosso registro acústico, e quero fazer isso ainda neste ano. As músicas não perdem neste formato, ao contrário. Adquirem novas perspectivas sem que percam impacto e contundência."

No Rio de Janeiro, os Detonautas Roque Clube lançaram neste final de julho o primeiro EP extraído do projeto "Detonautas 20 anos Acústico". 

O trabalho, que exalta a trajetória da banda, traz regravações de grandes sucessos e a inédita “Aposta”, que encabeça o EP. 

"Estamos aguardando por esse momento ansiosamente", conta o vocalista Tico Santa Cruz. "Depois de praticamente três anos trabalhando nesse projeto, escolhemos, junto com nossa gravadora, Sony Music, uma música inédita, que se chama ‘Aposta’ – essa é uma canção que fala muito sobre nossa alma e nossas ambições profissionais e existenciais."

O EP que abre "Detonautas Acústico 20 anos" traz ainda mais três músicas. Duas delas, hits de diferentes fases: "O Dia Que Não Terminou" (2004) e "Por Onde Você Anda?" (2017). E conta ainda com "Lógica", uma releitura do álbum "O Retorno De Saturno".

Gravado no palco do teatro Riachuelo, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2023, o projeto traz seus grandes sucessos e canções dos discos lançados entre 2010 e 2022. "Nossa história toda foi contada nesse palco", reforça Tico Santa Cruz. Participaram da celebração: Badauí (CPM22), Lucas Silveira (Fresno) e Di Ferreiro (NX Zero).

sexta-feira, 21 de julho de 2023

Greta Van Fleet faz mais do mesmo em 'Starcatcher', que soa forte e agradável

 Não é tão fácil se livrar de cacoetes musicais ainda amis quando eles são a razão de ser, digamos assim, do sucesso de determinados artistas. "Starcatcher", o terceiro disco de Greta Van Fleet, é bom e mais pesado do que o anterior, mas transpira Led Zeppelin nos mínimos detalhes e em todas as notas. Até quando?

O recém-lançado álbum é marcado pelo esmero e pelos detalhes de produção que o tornam um grande trabalho. É o melhor da discografia até agora, em que todo mundo evoluiu de meninos interioranos fanáticos por Led Zeppelin a músicos tarimbados e habilidosos compositores.

As influências setentistas, como já dissemos em textos anteriores, são boas e más. Por um lado, são o alicerce de boa música, algo que é inegável que o Greta faz; por outro, é lastreado demais no som zeppelininano, principalmente vocais e guitarra.

Josh Kiszka, o vocalista, evoluiu demais, agora é um verdadeiro intérprete sem a necessidade guitar o tempo todo, mas não consegue fugir do total decalque de Robert Plant, o icônico vocalista do Led. Todos os maneirismos do veterano artista aparecem no modo de cantar do líder do Greta. Claro que isso é intencional, mas até que ponto isso freia a originalidade da banda?

As guitarras de Jake Kiszka estão mais trabalhadas e inventivas, com fraseados que empurram a banda, como em "Fate of the Faithful", que abre "Starcatcher", onde o irmão gêmeo Josh dá um show de feeling. 

No entanto, em "The Falling Sky", a coisa desanda um pouco por conta da excessiva "cópia" dos timbres da gaita processada e dos solos de guitarra. Até os violões de "Waited All Your Life" parecem decalques de "Led Zeppelin III".

E o começo de "Sacred the Thread"? O quarteto vai dizer que foi intencional a homenagem a "When the Levee Break", do "Led Zeppelin IV", mas isso me parece um grande exagero, assim coo a estrutura da música, que é alicerçada na canção citada.

Se no disco anterior, "The battle of the Garden's Gate", a banda parecia estar se afastando, ainda que lentamente, da influência dos ídolos, em "Starcatcher" eles tornam a beber na fonte até quase o afogamento. Perderam os pudores e as preocupações de serem acusados de copiar a banda de Jimmy Page e Robert Plant. Se isso lhes tira um peso das costas, será fonte de eterna de aborrecimento.

Sem os citar diretamente, os integrantes da banda norte-irlandesa The Answer se perguntaram porque o Greta Van Fleet explodiu e eles, não. 

Com notórias influências de Led Zeppelin, o quarteto surgiu dez anos antes e causou furor com seu som pesado e despojado, mas com certa originalidade, fugindo do padrão d excessos de Def Leppard e The Darkness. 

O som ganhou personalidade, afastando-se do hard rock setentista, e essa busca de originalidade causou certo estranhamento, afastando parte do público. Fica claro, com a existência do Greta, que o público "moderno" de hard rock queria uma novo Led, e em todos os sentidos.

Até o blues dos garotos norte-americanos recende a Zeppelin, como na interessante "Frozen Light", com guitarras bem trabalhadas e uma letra mais intimista e densa.

Esse é outro ponto em que o Greta Van Fleet avançou. Os temas estão mais soturnos e sérios, digamos assim, como aconteceu no disco anterior. São mais reflexivos e um pouco pesados, o que eleva Josh Kiszka como letrista a outro patamar. A revelação de que o vocalista mantém há anos uma relação homoafetiva explica, em parte,  direcionamento temático.

"Starcatcher" é um disco muito bom, feito para quem gosta de rock direto, bem feito e, ao mesmo tempo, nostálgico, como fica claro no final, com "The Archer" e "Meeting the Master". O espectro do Led Zeppelin não cancela os méritos do disco e da banda, por mais que decepcione quem espera um pouco mais de originalidade.